“Honrar o Sacerdócio”
“Devemos ampliar nossa consciência como quoruns e indivíduos e aumentar nossa capacidade de cuidar do próximo.”
Quando Bob Barfuss estava na missão, sua mãe, Mary, orava diariamente, lembrando ao Senhor, em detalhes, as necessidades de seu filho. Certo dia ela chegou à conclusão de que talvez não devesse tomar tanto tempo do Senhor com. sua longa lista de preocupações. Ela conta: “Passei, então, a fazer um resumo: Pai Celestial, por favor abençoa Bob, para que honre o sacerdócio.”
Irmãos, se esse apelo se realizasse inteiramente em nossa vida, satisfaria as nossas necessidades e evitaria a maior parte dos problemas. “Abençoa-me, Pai, para que honre o sacerdócio.” Esta deveria ser nossa petição diária.
Em uma reunião recente de estaca, um jovem foi apoiado para receber o Sacerdócio de Melquisedeque. Quando o cumprimentaram, a resposta dele foi surpreendente: “Por que? Isso não é tão importante, é?”
Não é importante? Se ele soubesse o quanto é importante! Pensei em como ele havia chegado a essa conclusão. Se eu fosse seu pai, seu bispo, seu consultor do quorum, como me sentiria ao ouvir aquela resposta?
Quando jovens, às vezes dizemos coisas impensadas, que provavelmente não diríamos se fôssemos mais amadurecidos. Espero que aquele jovem agora esteja cumprindo missão e tendo uma idéia melhor do que realmente significa ser portador do Sacerdócio de Melquisedeque.
O Presidente Benson disse: “O maior poder existente neste mundo é o poder do sacerdócio… Homem nenhum pode receber maior honra ou bênção do que a autoridade para agir em nome de Deus” (The Teachings of Ezra Taft Benson, Salt Lake City: Bookcraft, 1988, p. 219). Que grande privilégio! Que responsabilidade suprema!
Permiti que vos ofereça duas sugestões, para ajudar-vos a honrar melhor o sacerdócio:
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Vivei retamente, para merecer o poder do sacerdócio.
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Procurai, com empenho, oportunidades de servir no quorum.
Receber o sacerdócio não nos abençoa automaticamente com poder, assim como receber uma carta de motorista não nos torna motoristas responsáveis. O Senhor declarou: “Os poderes dos céus não podem ser controlados… a não ser pelo princípio da retidão” (D&C 121:36.)
O poder do sacerdócio é adquirido gradualmente. Mesmo nosso Salvador teve que dominar a carne e crescer “de graça em graça” até receber a plenitude. (D&C 93:12-13). O mesmo acontecerá conosco, se formos verdadeiros e fiéis aos convênios.
Podemos, entretanto, perder o poder do sacerdócio, se transgredirmos. Os poderes espirituais são sensíveis e afastam-se das influências malignas. Como admoestou Pedro, devemos fugir “da corrupção que há no mundo” (II Pedro 1:4.)
Orgulhei-me de um jovem sacerdote, Rick Dove, de Tucker, Georgia, que relatou sua experiência em um concerto de rock. Ele observou as bebidas, o vestuário, a linguagem profana e a rudeza geral dos jovens ao seu redor. Ele declarou: “De repente, lembrei-me de quem eu era e senti-me deslocado; então fui embora.”
As vezes nos esquecemos de quem somos. Dias atrás parei numa banca de revistas para comprar um jornal. Fiquei horrorizado ao ver um homem que eu conhecia bem, um sumo sacerdote, examinando a seção “só para adultos” de uma revista. Ele não percebeu minha presença. Fiquei muito desapontado. Pensei, então: E se eu fosse o seu filho, que considerasse o pai como um herói?
Lembrei-me da conversa de um pai com seu filho, na peça de Arthur Miller, All My Sons. O filho descobre que o pai havia violado alguns princípios éticos nos negócios. Sabendo que perder a estima do filho seria uma das maiores perdas que ele poderia sofrer, o pai disse: “Filho, eu sei; eu sinto muito. Na verdade, não sou pior do que os outros.”
O filho respondeu: “Eu sei, pai, mas pensava que você fosse melhor.”
Para os portadores do sacerdócio, jovens ou adultos, só existe um padrão de decência moral. Qualquer filme, programa de televisão, música ou literatura impróprio para os jovens, é também impróprio para os pais.
Os que racionalizam a aceitação de coisas imorais, valendo-se da maturidade ou sofisticação, estão muito enganados. Os que justificam a transgressão, dizendo: “Ora, não sou perfeito”, devem lembrar-se de que o pecado consciente está muito longe da perfeição. Seria melhor considerarmos este conselho do Presidente Brigham Young: “Sede… o mais perfeito que puderdes, pois isso é tudo o que podeis fazer… Pecado… é não fazerdes o melhor que sabeis” (em Journal of Discourses, 2:129-130).
O profeta Alma, que padeceu “quase até a morte” (Mosiah 27:28) arrependendo-se de sua rebeldia e transgressões, suplicou: “Afastai-vos dos malvados, conservai-vos separados e não toqueis em coisas imundas” (Alma 5:57). A nós, que portamos os vasos sagrados do Senhor, ele ordenou: “Sede limpos” (D&C 38:42.)
O quorum do sacerdócio foi designado pelo Senhor para ser a melhor fraternidade a serviço do próximo, no mundo. Se tivéssemos sabedoria e fé para utilizar o quorum como o Senhor determinou, seríamos engrandecidos diante do Salvador, e todo membro da Igreja, abençoado. Não é esse o propósito do sacerdócio — abençoar, encorajar e exaltar? O quorum é a expressão máxima do bem proveniente da combinação da fraternidade e do serviço.
Permiti-me falar de alguns exemplos do sacerdócio em ação.
Um belo funeral foi realizado para um rapaz de dezoito anos, que chamaremos de John. Ele era um jovem notável, que lutou corajosamente contra a distrofia muscular e perdeu. Passou os anos de seu Sacerdócio Aarônico confinado a uma cadeira de rodas.
Estavam presentes ao funeral dedicados membros de seu quorum no sacerdócio. John exercera sobre eles uma profunda influência, embora jamais tivesse jogado uma partida de futebol ou acampado com seus cpmpanheiros, tampouco dançado ou participado das atividades comuns aos rapazes da sua idade. Foi a fé e o compromisso com a Igreja que os sensibilizou. Acima de tudo — ele proporcionou ao quorum a oportunidade de servir com amor.
Como diácono, ele desejava distribuir o sacramento. Um jovem foi designado para empurrar a cadeira de rodas, enquanto John segurava a bandeja sobre as pernas. Pareceu difícil no começo, mas logo outros se dispuseram a ajudá-lo a realizar seu dever no sacerdócio.
Na época em que John foi ordenado sacerdote, era muito fraco e não podia ajoelhar-se para abençoar o sacramento. O quorum encontrou uma solução. Levaram sua cadeira de rodas para perto da mesa do sacramento. Um sacerdote partia o pão, depois se ajoelhava por ele perto da cadeira de rodas, segurando um microfone, enquanto John pronunciava as palavras sagradas. Logo cada membro do quorum passou a considerar uma honra fazer aquilo por seu irmão.
Os membros do quorum seguiam entusiasticamente a liderança de John, como primeiro assistente do quorum de sacerdotes. Por ser incapaz de realizar o sonho de ser escoteiro, os sacerdotes levantaram fundos para comprar uma plaqueta de mérito especial, que lhe foi entregue numa reunião sacramental. Nela se lia: “Oferecida a John, por notáveis serviços prestados a seu quorum e por ser um grande exemplo para todos nós.”
Com o passar dos anos, os jovens do quorum de John participaram de muitas atividades divertidas, mas nenhuma causou maior impacto ou ensinou-lhes mais a respeito de magnificar chamados no sacerdócio e de amarem uns aos outros, que a extraordinária experiência que tiveram com seu amigo John.
Esperamos muito dos irmãos do Sacerdócio Aarônico e, se adequadamente treinados, eles raramente nos decepcionam. Lembro-me de quando o Dr. Harold Hume serviu como consultor do bispado para o quorum de diáconos. Eles foram convidados a visitar um hospital. Quando ele apresentou o quorum às enfermeiras, uma delas disse: “Que estranho! Os diáconos da minha igreja são mais idosos.” Ao que o Dr. Hume respondeu: “Bem, nossos diáconos são jovens notáveis. Eles têm capacidade para servir, já aos doze anos de idade!”
Lembram-se de alguns anos atrás, quando um terrível incêndio queimou uma grande floresta ao sul da Califórnia? Quando sopraram os ventos inclementes, o público foi afastado da área pela polícia. Poucas famílias tiveram permissão de ficar, a fim de salvarem seus lares.
Não demorou muito e um caminhão chegou a uma das casas, cheio de irmãos do quorum, carregando suas pás. Perguntaram-lhes: “Como conseguiram atravessar a barricada policial?” Um deles respondeu: “Foi fácil. Apenas lhes dissemos que nosso irmão mora aqui.’”
Logo havia trinta e nove irmãos, que ajudaram a cavar uma vala para impedir o avanço do fogo. Um policial curioso apareceu e disse: “Quero conhecer o homem que tem trinta e nove irmãos!
O Elder Matthew Cowley perguntou certa vez a um presidente de quorum de élderes se havia um bom relacionamento entre eles. “Vocês fazem alguma coisa para ajudar uns aos outros?” “Sim”, foi a resposta. “Um membro do nosso quorum está hospitalizado no Novo México. Era um jovem vigoroso, estava comprando uma fazenda, era trabalhador e tinha uma família adorável. Um dia ele ficou muito doente.” Aquilo poderia ter significado o fim de sua fazenda e da segurança da família.
O presidente do quorum de élderes disse: “Era uma grande perda, tanto para nosso quorum como para sua família. Portanto, assumimos as responsabilidades dele e passamos a dirigir a fazenda. Ele agora deve preocupar-se apenas com seu restabelecimento.”
Muitas vezes magnificamos nossos chamados individual e tranqüilamente, sem fazer alarde. Vem-me à memória um presidente do quorum de élderes, Kirk Barnett, de Las Vegas. Certa manhã, visitando um hospital, ele foi inspirado a perguntar se ali estava outro santo dos últimos dias. Disseram-lhe que havia uma senhora idosa, aguardando ser operada de uma hemorragia cerebral. Ela não tinha família ou amigos, ninguém para encorajá-la, e achava-se numa situação desoladora. O presidente Barnett sentou-se ao lado dela por duas horas. A mão dele ficou branca de tanto que ela a apertou. A senhora disse umas vinte vezes que o amava.
Irmãos, somos ós filhos de Deus. Fomos comissionados por Jesus Cristo para portar o santo sacerdócio e edificar sua Igreja. Devemos ampliar nossa consciência como quoruns e indivíduos, e aumentar nossa capacidade de cuidar do próximo. Vivamos dignamente e estendamos o poder sanador do sacerdócio, por meio de serviço amoroso, para “(socorrer) os fracos, (erguer) as mãos que pendem e (fortalecer) os joelhos enfraquecidos” (D&C 81:5).
Encerrando sua derradeira e afetuosa epístola a Morôni, Mórmon disse: “Sê fiel a Cristo, meu filho” (Moro. 9:25). Creio ser este o terno conselho que todo pai ou mãe daria a seu filho: Sê fiel em Cristo. Que nós sejamos fiéis e honremos seu sacerdócio. Em nome do Senhor Jesus Cristo, amém.