O Espírito de Revelação
Jovens santos dos últimos dias, coloquem sua vida em ordem! Aceitem suas responsabilidades! Assumam o controle de sua vida! Assumam o controle de sua mente e de seus pensamentos!
Dirijo-me às crianças e aos jovens e sugiro que digam a seus pais e avós que fiquem quietos e não os incomodem por alguns minutos enquanto conversamos.
Gostaria de transmitir-lhes algo que aprendi de meu irmão, que foi um escudo e proteção para mim. Já falei dele antes, mas não tão minuciosamente como o farei agora.
Terminei o curso e recebi minha insígnia de piloto dois dias antes de completar vinte anos. Depois, fui designado a uma base em Langley Field, Virginia, como co-piloto de uma tripulação de bombardeiro B-24 treinada a usar uma nova arma secreta: o radar.
Meu irmão, o coronel Leon C. Packer, estava servindo no Pentágono, em Washington, D. C. Ele recebeu muitas condecorações como piloto de B-24, chegando a ser general-de-brigada da força aérea.
Enquanto eu servia em Langley Field, a guerra na Europa terminou, então fui designado a servir no Pacífico. Passei alguns dias com Leon, em Washington, antes de ser enviado para a frente de batalha.
Ele contou-me algumas coisas que havia aprendido quando estava sob fogo do inimigo. Ele voou do norte da África em ataques ao sul da Europa. Bem poucos aviões retornaram dessa missão.
No dia 16 de abril de 1943, ele era capitão de um bombardeiro B-24 que retornava para a Inglaterra, depois de uma missão de bombardeio na Europa. Seu avião, o Yard Bird, tinha sido muito danificado pela artilharia anti-aérea e saiu da formação.
Eles ficaram, então, sozinhos e foram atacados por caças.
No seu relato de uma página a respeito da experiência, ele escreveu: “O motor número três estava em chamas e a hélice caíra. O tubo de combustível para o motor quatro tinha sido destruído. Os cabos do aileron direito e dos estabilizadores tinham sido destruídos. Os lemes estavam parcialmente travados. O rádio tinha sido destruído. Havia enormes buracos na asa direita. Os flaps tinham sido destruídos. Toda a parte posterior da fuselagem estava cheia de buracos. O sistema hidráulico tinha sido destruído. A metralhadora traseira não estava funcionando”.
Uma história da Oitava Força Aérea, publicada há apenas dois anos, contém um relato daquele vôo escrito por um dos tripulantes.1
Com um motor em chamas, os outros três perderam potência. O avião começou a perder altitude. O alarme começou a tocar ordenando que abandonassem a aeronave. O encarregado das bombas foi o único que conseguiu sair do avião e saltar no Canal da Mancha.
Os pilotos saíram de seus lugares e foram para o compartimento de bombas para poder saltar. De repente, Leon ouviu um motor dar sinal de vida. Ele rapidamente voltou a seu lugar e conseguiu tirar suficiente potência dos motores para alcançar a costa da Inglaterra. Então, os motores falharam de vez, e o avião foi ao solo.
O trem de aterrissagem foi arrancado pelo cume de um monte; o avião passou pelo meio de um arvoredo e arrebentou-se todo. A fuselagem encheu-se de terra.
Por incrível que pareça, embora alguns tenham sofrido lesões graves, todos sobreviveram. O encarregado das bombas morreu, mas provavelmente salvou a vida dos outros nove. Quando os caças viram fumaça saindo de um dos motores e avistaram o seu pára-quedas, suspenderam o ataque.
Essa não foi a única vez em que Leon caiu com seu avião.
Leon contou-me como conseguiu manter a calma em meio ao ataque. Ele disse: “Tenho um hino preferido”, e disse-me qual era. “Quando as coisas ficam difíceis, começo a cantá-lo silenciosamente para mim mesmo, e então sinto uma fé e segurança que me mantêm no rumo.”
Ele enviou-me para a frente de combate com essa lição.
Na primavera de 1945, pude colocar à prova a lição que Leon tinha-me ensinado alguns meses antes.
A guerra no Pacífico terminou antes de chegarmos às Filipinas, de modo que recebemos ordem de ir para o Japão.
Um dia decolamos do campo de aviação de Atsugi, próximo a Yokohama, a bordo de um bombardeiro B-17 em direção a Guam, para apanhar uma bóia luminosa.
Depois de nove horas de vôo, vimo-nos completamente perdidos em meio às nuvens. Nosso rádio não estava funcionando. Mais tarde descobrimos que tínhamos ido parar no meio de um tufão.
Voando pouco acima do mar, começamos a esquadrinhar a área em busca de pontos de referência. Em meio a essa situação desesperadora, lembrei-me das palavras de meu irmão. Descobri que podemos orar e até cantar, sem emitir um único som.
Depois de algum tempo, sobrevoamos uma fileira de recifes apontando da superfície do oceano. Seriam eles parte do arquipélago das Marianas? Nós os seguimos. Em pouco tempo, avistamos a ilha Tinian e pousamos com literalmente alguns segundos de combustível restando no tanque. Enquanto taxiávamos pela pista, os motores, um a um, pararam.
Senti, por experiência própria, o poder da oração e da música sagrada. Aprendi que podemos utilizá-las silenciosamente e de maneira muito pessoal.
Embora essa experiência tenha sido marcante, foi mais tarde que descobri o maior valor da lição de Leon, no dia-a-dia, quando tive de enfrentar as mesmas tentações que vocês, crianças e jovens, enfrentam atualmente.
Com o passar dos anos, descobri que, embora não fosse fácil, eu podia controlar meus pensamentos se tivesse um lugar para onde dirigi-los. Vocês podem substituir os pensamentos de tentação, raiva, desapontamento e medo por outros melhores, por meio da música.
Gosto imensamente da música sagrada da Igreja. Os hinos da Restauração inspiram-nos e proporcionam proteção.
Também sei que algumas músicas são espiritualmente destrutivas, maléficas e perigosas! Jovens, não as ouçam!
Sei também por que Leon aconselhou a seus filhos: “Lembrem-se de que os ataques sempre são mais pesados quando estamos perto do alvo”.
Os pensamentos são as conversas que temos com nós mesmos. Percebem por que as escrituras nos dizem para fazermos com que “a virtude adorne teus pensamentos incessantemente” e prometem que se assim o fizermos nossa “confiança se fortalecerá na presença de Deus; e a doutrina do sacerdócio destilar-se-á sobre [nossa] alma como o orvalho do céu” e então “o Espírito Santo será [nosso] companheiro constante”?2
“[O] Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.”3
Jovens, a voz do Espírito é mais sentida do que ouvida. Vocês podem aprender enquanto são ainda muito jovens a maneira pela qual o Espírito Santo age.
As escrituras estão repletas de advertências sobre como o bem pode influenciar sua mente, e o mal pode controlá-los, se o permitirem. Essa batalha nunca terá fim. Lembrem-se, porém, disto:
Toda a água do mundo,
Por mais que tente,
Jamais afundará o menor dos ⌦barquinhos
A menos que entre dentro dele.
E todo o mal do mundo,
O pecado mais tenebroso,
Não pode feri-lo de modo algum
A menos que você permita.4
Se aprenderem a controlar seus pensamentos, estarão seguros.
Um homem que conheço disse o seguinte: Sempre que um pensamento indigno tenta entrar em sua mente, ele esfrega o polegar em sua aliança de casamento. Isso interrompe o mau pensamento e se tornou para ele um meio quase automático de afastar os pensamentos e idéias indesejáveis.
Não posso deixar de contar-lhes outra coisa que aconteceu quando visitei meu irmão em Washington. Ele tinha de levar um bombardeiro B-25 para o Texas a fim de apanhar uma encomenda e levá-la de volta para Washington no dia seguinte. Eu acompanhei-o. Essa foi a única vez em que voamos juntos.
Muitos anos depois, fui homenageado pela Universidade Estadual de Weber, onde nós dois nos formamos. Ele foi líder estudantil na época em que estava na faculdade. Como eu estaria na América do Sul, ele concordou em participar do banquete e aceitar a homenagem em meu nome.
Em seu discurso, ele contou esta história, que é parcialmente verdadeira. Ele disse que no Texas estávamos lado a lado na pista de decolagem, prontos para alçar vôo. Ele falou comigo pelo rádio, dizendo: “Vejo você lá em cima, se é que acha que vai conseguir chegar lá!”
Ele então disse que depois que me tornei Autoridade Geral da Igreja, de vez em quando, observava seu comportamento e dizia: “Vejo você lá em cima, se é que acha que vai conseguir chegar lá!”
Bem, Leon conseguiu. Ele está agora onde espero chegar algum dia.
Jovens santos dos últimos dias, coloquem sua vida em ordem! Aceitem suas responsabilidades! Assumam o controle de sua vida! Assumam o controle de sua mente e de seus pensamentos! Se tiverem amigos que não sejam uma boa influência, mudem, mesmo que tenham de ficar sozinhos e ser rejeitados.
Se já cometeram erros graves, sempre há um modo de consertar as coisas de modo que no final será como se não tivessem acontecido.
Às vezes o sentimento de culpa controla nossa mente e nos aprisiona em nossos pensamentos. É uma tolice permanecer nessa prisão se a porta está aberta para vocês. Não digam a si mesmos que o pecado não tem importância. Isso não ajuda, mas o arrependimento, sim.
Assumam o controle de sua própria vida. Como é maravilhoso ser um jovem santo dos últimos dias nesta época, maravilhosa, cheia de desafios.
Paulo disse ao jovem Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade”.5
Louisa May Alcott tinha apenas 14 anos quando escreveu:
Possuo um pequeno reino,
Onde habitam meus pensamentos ⌦e sentimentos.
É muito difícil a tarefa
De governá-los bem; ( … )
Não peço nenhuma coroa
Além daquela que todos podem receber,
Não pela conquista de um mundo
A não ser aquele que temos dentro de nós.6
Vocês podem fazê-lo. Precisam fazê-lo! Nosso futuro depende de vocês, nossas crianças, nossos jovens.
Bem, esse é o meu conselho. Agora acordem seus pais e digam-lhes que aprenderam um meio de ajudar a si mesmos a serem perfeitos. Talvez não consigam ser totalmente perfeitos, mas podem chegar bem perto.
Quero dar-lhes o seguinte incentivo: Um professor, tentando explicar uma teoria, fez esta pergunta: “Se levarem uma carta até a metade da distância que os separa da caixa do correio e então pararem, depois começarem novamente a andar até chegarem à metade da distância restante, e então repetirem esse processo vez após outra, teoricamente falando, vocês conseguirão chegar à caixa do correio?” Um aluno brilhante disse: “Não, mas chegaremos suficientemente perto para colocar a carta na caixa”.
Vocês, jovens, chegarão suficientemente perto da perfeição para terem uma vida cheia de desafios e problemas, de inspiração, felicidade e alegria eterna.
O Senhor prometeu: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”.7
“Eu te falarei em tua mente e em teu coração, pelo Espírito Santo que virá sobre ti e que habitará em teu coração. ( … )
Este é o espírito de revelação ( … )
Portanto este é teu dom; usa-o e serás abençoado, porque te livrará.”8
Que Deus os abençoe. Vocês já cantaram para nós: “Eu sei quem sou eu e o plano de Deus com fé eu seguirei”.9 Algum dia vocês poderão prestar seu testemunho a seus netos, e seus netos aos netos deles, e eles para outra geração, e assim por diante.
Olhem para a frente, para uma vida longa, um longo futuro que se coloca diante desta Igreja, diante das crianças e dos jovens, diante de todos nós como santos dos últimos dias. E presto-lhes meu testemunho, meus jovens, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Como avô e como bisavô, sei o quanto os amamos. Eu lhes digo o quanto nós os amamos, o quanto vocês são amados nesta Igreja, e invoco as bênçãos do Senhor sobre vocês ao defrontarem-se com a vida maravilhosa que está diante de vocês como jovens santos dos últimos dias. Isso eu faço como servo do Senhor e em nome de Jesus Cristo. Amém. 9