História da Igreja
19. O poder da oração: Ellenor G. Jones


“19. O poder da oração: Ellenor G. Jones”,Ao Púlpito: 185 anos de discursos proferidos por mulheres santos dos últimos dias, 2017, pp 75–77

“19. Ellenor G. Jones,” Ao Púlpito, pp. 75–77

19

O poder da oração

Ala Salt Lake City 11, Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças

Salt Lake City, Território de Utah

1º de fevereiro de 1882

Ellenor Georgina Reed Jones (1832–1922) ensinou as moças da Ala Salt Lake City 11, em 1882, sobre o poder da oração. Não se tem muitas informações sobre sua vida pessoal. Ela nasceu em Nashville, Tennesse; em 1850, morava em Cincinnati, Ohio.1 Em 1860 casou-se com Berry Jones e foi morar com o marido em San Mateo, Califórnia, onde o casal teve três filhos.2 Depois da morte de Berry, em 1863, Ellenor Jones casou-se com Hugh Jones, em São Francisco, em 1865.3 Eles tiveram dois filhos e se separaram. Hugh faleceu em 1893.4 Nas décadas de 1870 a 1890 ela viajou várias vezes entre a Califórnia e Utah. Um diretório da cidade de São Francisco de 1873 menciona que ela era viúva.5 Ela faleceu em Redding, Califórnia, em 1922.6

Tendo nascido em uma família multirracial e sido criada no sul dos Estados Unidos, no auge da escravidão e da hostilidade em relação aos negros livres, Ellenor Jones provavelmente vivenciou o preconceito racial. Os registros do censo indicam que sua mãe, Mary Jones, nasceu em Kentucky, e que seu esposo, Thomas Jones, da Virgínia, era “negro”. Ellenor Jones, a mãe, os irmãos e as irmãs — nascidos no Mississippi, Ohio e Tennessee — estão listados no censo como “mulatos”.7 Posteriormente, Ellenor Jones foi registrada nos censos de Utah e da Califórnia, como branca. Não há menção à herança multirracial de Ellenor em Utah ou nos registros mórmons, o que era especialmente importante na época da Guerra Civil, da agitação racial e da proibição da Igreja de ordenar homens negros ao sacerdócio e não permitir a entrada de mulheres e homens negros no templo.8

As poucas informações deixadas nos registros históricos sobre Ellenor indicam que ela era um membro devotado da Igreja. Junto com a família, ela conheceu a Igreja no Tennessee, na década de 1840. A irmã mais velha, Margaret, foi batizada em 1842, seguida por Ellenor em 1844. Ellenor Jones recebeu sua investidura na Casa de Investiduras em Salt Lake City em 1869 e morou na Ala 11.9 Ela escreveu para Brigham Young em 1875, esperando que pudesse visitá-lo antes de retornar para a Califórnia. Ela comentou em uma reunião da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M) sobre como era a vida com pessoas de outras religiões na Califórnia.10 Todos os seus quatro filhos aparecem nos registros de alas. Ela e os filhos doaram dinheiro para a construção do templo de Salt Lake, em 1892.11 Ellenor Jones e seus familiares realizaram o trabalho do templo em prol de seus antepassados no templo de Logan, nos anos de 1880 a 1890, quando a adoração no templo era negada aos descendentes de africanos.12

Ela escreveu um artigo para o jornal manuscrito da AMM-M da ala, o Improvement Star.13 Várias organizações de ala produziam jornais manuscritos, que eram compostos, editados e escritos à mão por uma pessoa, para cada assunto — e depois eram lidos em voz alta e debatidos. Nas reuniões semanais da AMM-M da Ala 11, as moças e as líderes liam lições, discursos e editoriais do Improvement Star e do Juvenile Instructor, e também alguns capítulos das escrituras.14 Mary Ann Freeze, presidente da AMM-M, incentivava as participantes a ler e escrever para o jornal.15 O discurso a seguir foi lido em uma reunião da AMM-M e depois publicado no Woman’s Exponent, em 1º de fevereiro de 1882. Embora o discurso não ofereça informações biográficas, os ensinamentos de Ellenor sobre o princípio da oração mostram seu relacionamento de confiança com Deus e sua ligação profunda com o divino em um mundo instável.

A oração é a chave que abre a câmara do conhecimento.16

A oração é a pedra fundamental na vida de todos os cristãos e podemos afirmar com segurança, que ninguém pode alcançar uma posição favorável no reino de Deus sem conhecimento.

Aprendemos que nosso Salvador, a quem todos deveríamos escolher como nosso padrão, orava com frequência, e lemos no santo evangelho segundo São Lucas, capítulo 22, versículos 39 e 40, que, depois de ter oferecido a última ceia a Seus apóstolos, Ele: “Saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: ‘Orai, para que não entreis em tentação’”.17

Aprendemos, com essas poucas palavras proferidas por nosso Salvador, que a oração é também uma proteção, que nos impede de praticar o mal no momento da tentação.

Por meio da oração, nossa fé é fortalecida, nossa capacidade de compreensão é acelerada e recebemos poder para discernir entre o bem e o mal.

Por meio da oração, somos levados a buscar a verdade e aprendemos a amar e a guardar as leis da retidão, estabelecidas em Sua Igreja e Reino, e que podem nos levar de volta à santa e divina presença de nosso Deus.

Por meio da oração, as janelas dos céus são abertas e bênçãos são derramadas sobre nossa cabeça e sobre aqueles a quem amamos e por quem oramos.18

Por meio da oração, a escuridão que pairou por séculos sobre esta Terra rompeu-se e a luz da verdade eterna voltou a brilhar; pois, foi enquanto Joseph Smith, um menino na época, orava a Deus para saber qual das diferentes doutrinas pregava a verdade, que a verdade foi revelada, para que os que viviam nos dias de Joseph, o Profeta, e as gerações vindouras pudessem conhecê-la.

Se lerem a Bíblia, o Livro de Mórmon e outros bons livros, aprenderão que todas as pessoas boas e grandes oravam a Deus, pois essa é a única maneira de tornar-se bom e grande. E, minhas jovens amigas, é bom que se lembrem enquanto caminham pela jornada da vida, que não há prisão tão escura, poço tão profundo ou expansão tão ampla, onde o Espírito de Deus não possa entrar; e, quando todos os outros privilégios nos forem negados, ainda podemos orar e Deus nos ouvirá.19 Ninguém pode tirar isso de nós. Mas lembrem-se que a oração é um dom muito precioso, que deve ser cultivado; e quando a voz mansa e delicada sussurra: “Vá e ore”, vocês devem obedecê-la; pois se não o fizerem, o Espírito se ofenderá e Sua voz, com o passar do tempo, ficará em silêncio.

Sempre que se sentirem sobrecarregadas, desanimadas ou tristes, lembrem-se de que, embora suas orações possam parecer com o choro fraco de um bebezinho, Deus, sendo mais amoroso do que a mais terna mãe, as ouvirá e responderá.20 Mas não podemos dizer que Ele sempre responderá de acordo com os desejos de sua mente; mas, em Sua grande sabedoria, Ele vê e sabe o que é melhor para vocês e responderá de acordo com Sua sabedoria.

Aos jovens, dizemos: orem sempre; peçam a Deus para inspirar seu coração com nobres aspirações e ajudá-los a se tornarem bons e grandes em Sua Igreja e Reino. E quando sua vida aqui terminar, que vocês encontrem o espírito de paz que estava com nosso Senhor quando apareceu a Seus discípulos, depois da Ressurreição, ao pronunciar estas doces palavras: “Paz seja convosco”.21

Que o Senhor vos abençoe com Seu Espírito e que possam sempre buscá-lo, é a minha oração, em nome de Jesus. Amém.

  1. Ellen Jones, Censo americano de 1850, Ala 4 Cincinnati, Condado de Hamilton, OH. Os membros da família estão registrados como “moradores livres”. (Ala 11, Estaca Salt Lake, Registro de Membros, “Temple Donations Paid from April 1st 1892 to the Dedication of the Temple” [Doações ao templo pagas de 1º de abril de 1892 até a dedicação do templo], Biblioteca de História da Igreja; Atestado de Óbito, Redding, Condado de Shasta, CA, 21 de março de 1922.)

  2. Ellen Jones, Censo americano de 1860, Township 1, Condado de San Mateo, CA; Escrituras, San Mateo, CA, 3 de agosto de 1869, 10, pp.358–365. O terceiro filho deles, Joseph M. Jones, faleceu em 1869, aos quatro anos, em São Francisco. (Califórnia, Registros da Funerária da Área de São Francisco, N. Gray e Co., Registros, 1863–1878, p. 286, Centro Histórico de São Francisco, Biblioteca Pública de São Francisco.)

  3. “Married” [Casados], Sacramento Daily Union, 20 de novembro de 1865. Não se sabe se havia alguma relação entre Berry Jones e Hugh Stevenson Jones. Ellenor Jones tinha uma boa situação financeira. Ela atuou como administradora da propriedade do primeiro marido, que valia entre seis a dez mil dólares. (“[Sem Título]” Daily Alta California, 9 de agosto de 1866; Escrituras, Condado de San Mateo, CA, 3 de agosto de 1869, 10, pp. 358–365; 27 de novembro de 1872, 18, pp. 334–336; 5 de abril de 1875, 24, pp. 400–401; 10 de outubro de 1882, 34, pp. 589–591.)

  4. “H. S. Jones 1832–1893” Lápide, Gavilan Hills Memorial Park, Gilroy, CA; Ellinor Jones, Censo americano de 1870, Ala 13 Salt Lake City, Condado de Salt Lake, Território de Utah; Elenor Jones, Censo americano de 1880, Ala Salt Lake City 11, Condado de Salt Lake, Território de Utah; Hugh S. Jones, Censo americano de 1880, Gilroy, Condado de Santa Clara, CA.

  5. Ellinor Jones, Censo americano de 1870, Ala 13 Salt Lake City, Condado de Salt Lake, Território de Utah; Elenor Jones, Censo americano de 1880, Ala Salt Lake City 11, Condado de Salt Lake, Território de Utah. Eleanor G. Jones está reigstrada como viúva no Diretório de São Francisco, 1873, São Francisco: Henry G. Langley, 1873, p. 333.

  6. Califórnia, Índice de Óbitos, 1905–1939, Sobrenomes E–L, 5503; Atestado de Óbito.

  7. Thomas Jones, Censo americano de 1880, New Jasper, Condado de Greene, OH. O Censo americano de 1850 registra Ellenor, os irmãos e a mãe, Maria Jones, como “mulatos.” Uma das irmãs de Ellenor casou-se com um “negro livre”. (Ellen Jones, Censo americano de 1850, Ala 4 Cincinnati, Condado de Hamilton, OH; Jesse Beckley, Censo americano de 1840, Alexandria, Condado de Alexandria, Distrito de Colúmbia; Jesse Beckley, Censo americano de 1850, Ala 4 Cincinnati, Condado de Hamilton, OH.)

  8. W. Paul Reeve, Religion of a Different Color: Race and the Mormon Struggle for Whiteness [Religião de Diferentes Cores: As Raças e a Luta Mórmon pela Brancura], New York: Oxford University Press, 2015, pp. 140–170.

  9. Casa de Investidura, Investidura dos Vivos, vol. G, 1868–1872, Eleanor Georgina Jones, 6 de setembro de 1869, p. 109, microfilme 1,239,501, Biblioteca de História da Família; Casa de Investidura, Investidura dos Vivos, vol. H, 1872–1878, Margaret Elizabeth Reed Beckley, 29 de novembro de 1877, p. 385, microfilme 183,407, Biblioteca de História da Família.

  10. Ellenor G. Jones para Brigham Young, 1º de novembro de 1875, Brigham Young Incoming Correspondence [Correspondências Recebidas de Brigham Young], 1839–1877, Biblioteca de História da Igreja; Ala 11, Estaca Salt Lake, Young Women’s Mutual Improvement Association Minutes and Records [Registros e Atas da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], vol. 2, 1878–1889, 1º de agosto de 1881, p. 219, Biblioteca de História da Igreja.

  11. Registro de Membros da Ala 11.

  12. Em 1896, Ellenor Jones foi procuradora no selamento do segundo marido, Hugh Stevenson Jones com sua primeira esposa. Em 1898, a filha de Ellenor Jones foi procuradora no selamento do primeiro marido da mãe, Berry Jones, com sua primeira esposa. Em 1885, Ellenor Jones foi procuradora para sua mãe no trabalho do templo. Ellenor Jones foi selada na Casa de Investidura, em 15 de setembro de 1869, ao bispo Alexander McRae, da Ala Salt Lake City 11, tornando-se sua terceira esposa, mas ela nunca usou o nome dele, eles nunca viveram juntos e nem tiveram filhos. (Templo de Logan, Selamentos dos Mortos, vol. E, 1896–1903, Hugh Stevenson Jones e Mary Francis Blain, 2 de outubro de 1896, p. 21, e Berry Jones e Mary Stevenson Jones, 19 de janeiro de 1898, p. 101, microfilme 178,064, Biblioteca de História da Família; Templo de Logan, Investiduras dos Mortos, vol. A, 1884–1885, Maria Maxwell, 4 de março de 1885, p. 367, microfilme 177,955, Biblioteca de História da Família; Casa de Investidura, Selamentos dos Vivos, vol. F, 1869–1870, Alexander McRae e Eleanor Georgena Jones, 15 de setembro de 1869, p. 19, microfilme 1,149,515, Biblioteca de História da Família.)

  13. Este assunto foi editado por Gertie Sampsom. Em 2 de fevereiro de 1882, Gertie Sampson e outras irmãs leram no Improvement Star, e a presidente da AMM-M, Mary Ann Freeze disse que “o último discurso lido era muito importante e continha uma boa mensagem. Ela disse: ‘Não penso que o Senhor ouvirá e responderá nossas orações a menos que nossa vida esteja em harmonia com elas’”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11], 2 de fevereiro de 1882, p. 243.)

  14. Ver Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 22 de janeiro de 1882, p. 242.

  15. Mary Ann Freeze disse que “ela estava feliz com o jornal, pois ele continha muitos bons conselhos. Devemos manter nosso jornal e escrever artigos para ele. Todos os dias estamos ouvindo coisas boas e se não o melhoramos, é porque não sabemos como fazê-lo”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 16 de janeiro de 1882, p. 241; ver também 19 de dezembro de 1881, p. 238.)

  16. Uma câmara é “um edifício onde os governantes ou os legisladores das nações se reúnem”. (Oxford English Dictionary, s.v. “state house.”)

  17. Ver também Marcos 14:38.

  18. Ver Malaquias 3:10.

  19. Ver Doutrina e Convênios 122:6–9.

  20. Ver Isaías 49:15; 66:13.

  21. Lucas 24:36.