Cumes Espirituais
A força de um testemunho de Jesus Cristo é uma das grandes e inesgotáveis fontes de orientação em nossa vida hoje.
Tive, recentemente, a oportunidade de assistir a reuniões em Jackson Lake, nas majestosas Montanhas Teton, do Wyoming, na parte ocidental dos Estados Unidos. Os picos escarpados das montanhas e a belíssima e empolgante paisagem juntavam-se ao ar fresco e revigorante do outono para elevar e restaurar o ânimo de quase todos os visitantes.
Tenho que admitir que o trabalho para o qual eu fora enviado parecia ser muito menos árduo do que o que realizamos diariamente. O cenário tranqüilo das montanhas causou em mim e nos outros presentes um efeito revigorante. Os problemas do mundo pareceram menos difíceis. Os desafios que eu enfrentava pareciam muito menos ameaçadores. Saí de lá com mais confiança e um espírito iluminado por novas esperanças e entusiasmo.
Aquelas montanhas altaneiras fizeram-me refletir a respeito de ou-tras coisas. Esta manhã gostaria de contar-lhes algumas delas.
O Senhor tem usado freqüentemente os cumes das montanhas como santuários. Na época do Velho Testamento, quando não havia templos, o Senhor usou os cumes das montanhas como lugares sagrados para revelar verdades a Seus profetas. Da mesma forma, o Novo Testamento e o Livro de Mórmon descrevem sagrados cumes de montanhas onde Deus revelou verdades a Seus servos. Joseph Smith, ajoelhado no Bosque Sagrado, estava, em sentido figurado, ajoelhando-se no cume de uma grande montanha espiritual.
Hoje em dia, o Senhor nos concede diversas oportunidades que, de uma forma pessoal, torna-se nosso próprio cume de montanha espiritual, onde recebemos a verdade e inspiração. Examinar as escrituras, por exemplo, pode responder a muitas das perguntas de nossos dias, elevando nosso espírito a alturas que nos permitam ter uma visão clara. Além disso, o mundo está pontilhado de templos sagrados nos quais podemos entrar e receber instruções e inspiração, assim como realizar ordenanças sagradas. Conferências como esta, pronunciamentos proféticos de nossos amados líderes, nossas próprias reuniões sacramentais e conferências de estaca—todas essas ocasiões fornecem-nos oportunidades magníficas de ouvir a verdade e permitir que ela cale fundo em nossa alma.
Podemos criar em nossa vida, em nosso mundo rotineiro de trabalho diário, nossa própria “experiência do cume da montanha”, tão única e pessoal, que fico imaginando por que um maior número de pessoas não faz isso imediatamente. O píncaro espiritual de que falo é o desenvolvimento e refinamento de um testemunho de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Da mesma forma que podemos colocar-nos no alto de qualquer grande montanha e apreciar uma imponente paisagem, creio que podemos permanecer em nossos próprios lugares e experimentar uma esmagadora reverência por sabermos que o Salvador, num ato de amor que desafia a compreensão mortal, deu a vida ao tomar sobre Si nossas dores e sofrimentos.
A mim me parece que o poder de um testemunho de Jesus Cristo é hoje uma das grandes e inesgotáveis fontes de orientação em nossa vida. Estou convencido de que cada um de nós, não importa quão bons, leais ou dedicados tentemos ser no evangelho e na Igreja, poderia fazer muito mais se o fizesse com o poder e a influência de uma fé inabalável no Senhor. Eis um exemplo:
Creio que a maioria dos pais que me ouvem tentam ensinar seus filhos a diferença entre o bem e o mal, a serem honestos, respeitarem os outros e suas propriedades, a terem uma vida moralmente pura e a amarem a família. Esforçam-se muito para ensinar-lhes a importância das ordenanças salvadoras, como o batismo para a remissão dos pecados. Na idade adequada, desejam que seus filhos sejam ordenados ao sacerdócio. Ensinam seus filhos a saber que casar-se no lugar correto, com a pessoa certa, no tempo certo e pela autoridade correta é decisivo para a exaltação.
Essas importantes lições e outras tão decisivas quanto elas para todo santo dos últimos dias são a marca indicativa de tudo aquilo em que cremos e a que damos valor. Se essas lições forem aprendidas por meio do Espírito e ensinadas sob a vigorosa influência de um forte testemunho da expiação do Salvador, elas serão ensinadas e aprendidas em uma atmosfera de amor e confiança que muito contribuirão para serem retidas. Como ensinam as escrituras: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6) A crença, e finalmente a convicção de que Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, o Redentor de Israel—sim, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo—deu a vida em um sacrifício abnegado para que pudéssemos ter imortalidade e vida eterna concentre todos os outros ensinamentos que transmitimos a nossos filhos e a outros por quem somos responsáveis.
Às vezes acho que tememos por demais vincular todos os nossos ensinamentos a este alicerce de ⌦verdades evangélicas. É possível que, com muita freqüência, ensinemos nossos filhos a obedecer determinada lei ou princípio porque nossa família conta com essa obediência. Pode ser que eles obedeçam a outra verdade para agradar a um vizinho ou a um bispo, e ainda a outra por qualquer razão diferente. Quando ensinamos a nossos filhos uma verdade eterna e não a explicamos no contexto de um firme testemunho do Salvador, deixamos passar o poder do exemplo do maior de todos os mestres que o mundo já conheceu.
Da mesma forma, muitos de nós temos alcançado um nível de que, sistematicamente guardamos a letra da lei. Não cometemos pecados graves. Ao olharmos a nossa volta, verificamos que não nos saímos pior do que a família vizinha, e nos sentimos satisfeitos. Somos comparáveis com outros em nosso patamar a meio caminho do cume da montanha. Gostamos dessa posição de onde temos uma bela vista, onde temos sob controle tudo que podemos ou não podemos fazer. Precisamos aprender—e então ensinar—que somos obedientes às leis e princípios do evangelho por causa de nossa crença, conhecimento, testemunho e fé em Jesus Cristo. Néfi, que afirma nas escrituras que “sua alma se deleita em esclarecer”, faz-nos lembrar, no 25º capítulo de ⌦2 Néfi, “falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo com nossas profecias, para que nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados”. (Versículo 26).
Talvez sabendo que, por vezes seria difícil para nós colocar nossa fé tão plenamente em nosso testemunho do Salvador, o Presidente Harold B. Lee nos admoestou: “Andem até a borda da luz, e mesmo alguns passos para dentro da escuridão, e descobrirão que a luz aparecerá e se movimentará a sua frente” (Citado por Boyd K. Packer, Seminário dos Representantes Regionais, 1 de abril de 1977).
É no desenvolvimento de nosso testemunho, no escalar mesmo que seja apenas parte da montanha e sairmos de onde nos sentimos à vontade, que acho que começamos a aproximar-nos de nosso próprio píncaro espiritual, onde poderemos receber inspiração e verdade como nunca antes. É ali, assim como senti nos cumes das montanhas Teton, que podemos pensar com mais clareza, ver mais as coisas como realmente são, e compreender a verdade sob uma luz que é pura e estimulante. Ali, com o Espírito Santo para nos guiar e influenciar, começamos a entender, a saber como ensinar, ou abençoar a vida de outros com novo significado e mais ⌦percepção.
Se apenas um desejo meu pudesse ser satisfeito esta manhã, eu ⌦gostaria de incutir profundamente em seus corações a lembrança inabalável de Jesus Cristo. Em nossos dias, o Presidente Howard W. Hunter inspirou-nos a todos dizendo: “Precisamos conhecer Cristo melhor do que já O conhecemos; precisamos lembrar-nos Dele com mais freqüência; precisamos servi-Lo com mais valentia”. (A Liahona, julho de 1994, “Que Classe de Homens Devereis Ser?” pág. 72).
Talvez o que o Presidente Hunter nos tenha pedido para fazer naquelas palavras desafiadoras fosse o mesmo que o profeta Alma nos ensinou a respeito de experimentar uma vigorosa mudança em nosso coração. Alma ensinou aos membros da Igreja em Zaraenla que precisavam elevar seus corações a um nível espiritual mais alto. Falou da necessidade de confiar em Deus, e lhes disse como era importante exercer a fé. E então, fez esta importante pergunta que precisamos nos fazer hoje: “E agora, eis que eu vos digo, meus irmãos, se haveis experimentado uma mudança no coração, se haveis sentido o desejo de cantar o cântico do amor que redime, eu perguntaria: Podeis agora sentir isso?” (Alma 5:26)
Irmãos e irmãs, nossa bondade—todos os nossos empenhos dignos—nossas boas obras, nossa obediência, e nossos esforços para abençoar os outros devem estar ancorados em nossa fé em Cristo e impulsionados por ela, por nosso testemunho de Sua missão e sacrifício, e por nossa disposição de sairmos de nossos confortáveis patamares. Até que encontremos meios de fortalecer, ampliar e magnificar nosso testemunho de Jesus Cristo e o efeito da expiação em nossa vida, seremos incapazes de responder afirmativamente à pergunta de Alma.
Satanás não deseja que alcançemos aquele píncaro que nos permitirá desenvolver um testemunho tão forte que o impeça de nos influenciar. Seu trabalho é frustrar nossos esforços, mas o Senhor nos aconselhou, “não temais, pequeno rebanho; fazei o bem; deixai que a terra e o inferno se unam contra vós, pois se estiverdes estabelecidos sobre a Minha rocha, eles não poderão prevalecer” (D&C 6:34).
Temos plena confiança de que a Terra e o inferno não os surpreenderão, mas será necessário que vocês abandonem seus platôs e se elevem a níveis mais altos.
Quero terminar com as vigorosas palavras de nosso querido profeta, Gordon B. Hinckley:
“Prossigam. A melhor parte de sua vida está para vir. Introduzam na vida de nossos jovens mais espiritualidade; cultivem no coração de cada rapaz e moça um senso de seu relacionamento com o Senhor—à medida que se familiarizarem com o Salvador do mundo, entendendo alguns elementos da expiação do Redentor, por meio da qual a vida eterna se torna possível a cada um de nós” (Gordon B. Hinckley, Formatura do Seminário de West High, Cidade de Salt Lake, ⌦14 de maio de 1995; Reunião ⌦de Liderança do Sacerdócio, Conferência Regional de Heber City/Springville, Utah, 13 de maio de 1995).
Deus os abençoe, pais. Nós os amamos. Sabemos que não é fácil fazer o que estão fazendo. Sabemos que cada novo dia traz desafios e tribulações que muitas vezes parecem insuperáveis. Que vocês possam encontrar, por meio de sua fé ampliada e da confiança no Senhor, força renovada, vigor e poder de recuperação, ao ensinar e abençoar a vida daqueles sobre quem possuem responsabilidade paterna. Que descubram nos conselhos do Presidente Howard W. Hunter, do Presidente Gordon B. Hinckley, e todos os que se levantaram para prestar firme testemunho de Jesus Cristo, que é somente por meio do amor e devoção aos ensinamentos Daquele de quem testificamos, e pelas bênçãos de Sua expiação em nosso favor, que somos capazes de ensinar com o poder de abençoar e redimir nossas famílias no Reino de Deus. Isto testifico no santo nome de Jesus Cristo. Amém. 9