Influenciar Vidas ⌦pela Fé
Tenham a certeza de que Ele fará com que vocês, Seus servos, ajudem-No a influenciar vidas pela fé, no intuito de proporcionar a vida eterna ao homem.
Sinto-me grato por estarmos aqui reunidos esta noite como sacerdócio de Deus, presididos pelo profeta que possui e exerce as chaves do santo sacerdócio em todo o mundo. Quase no final de seu discurso da sessão matutina de domingo, na conferência de abril passado, o Presidente Hinckley disse:
“Irmãos e irmãs, desejo agora, ao concluir, deixar-lhes um pensamento que, espero, nunca irão esquecer.”
Com essa introdução, que certamente captou nossa atenção, disse o seguinte:
“Esta Igreja não pertence a seu presidente. Seu líder é o Senhor Jesus Cristo, cujo nome cada um de nós tomou sobre si. Estamos todos juntos neste grande empreendimento. Estamos aqui para ajudar nosso Pai em Sua obra e Sua glória— ‘proporcionar a imortalidade e a vida eterna ao homem.’ (Moisés 1:39) A obrigação de cada um é tão séria em sua esfera de responsabilidade quanto o é em minha esfera. Não há chamado nesta Igreja que seja pequeno ou de pouca conseqüência. Todos nós, ao cumprirmos nossas responsabilidades, tocamos as vidas de outrem. A cada um de nós, em nossas respectivas responsabilidades, o Senhor disse:
‘Portanto, sê fiel; permanece no cargo para o qual te designei; socorre os fracos, ergue as mãos que pendem e fortalece os joelhos enfraquecidos.’ (D&C 81:5)” (A Liahona, julho de 1995, p. 76).
A idéia de que nossos chamados têm uma carga de responsabilidade tão séria quanto o dele talvez nos deixe admirados, mas podemos compreender por que deve ser assim. Tanto ele quanto nós fomos chamados pelo Salvador, a quem pertence esta Igreja. Estamos empenhados no mesmo trabalho, que é o de ajudar o Senhor a proporcionar a vida eterna ao homem. Em nosso chamado, influenciamos a vida das pessoas. A vida daqueles que tocamos é tão preciosa para Deus quanto qualquer outra. Por isso, o modo como influenciamos a vida das pessoas é uma responsabilidade tão séria para nós quanto o seria para qualquer outro servo de Deus.
Essa seriedade decorre do propósito para o qual fomos designados. Temos a responsabilidade de influenciar a vida das pessoas, para que elas tomem decisões que as conduzam à vida eterna, que é o maior de todos os dons de Deus. Alguns de vocês, rapazes, talvez duvidem que simples designações ou atos cotidianos possam ter conseqüências eternas.
Mas podem já ter feito mais do que imaginam. Seu presidente do quórum de diáconos poderá pedir, na próxima semana, que convidem um menino, cuja família nunca freqüenta as reuniões, a acompanhá-los à reunião de domingo. Talvez venham a cumprir penosamente a designação de passar pela casa dele e acompanhá-lo até a Igreja por algumas semanas, quando então ficarão sabendo que ele foi embora da cidade. Poderão achar que o que fizeram não teve muita importância. Entretanto o avô de um menino nessas condições procurou-me durante uma conferência de estaca, descrevendo detalhadamente como um diácono fez exatamente isso por seu neto, mais de dez anos atrás e do outro lado do país, pedindo-me, com lágrimas nos olhos, que expressasse em nome dele sua gratidão ao diácono, que já havia crescido, sem se dar conta de que o Salvador tinha tocado a vida de uma pessoa por meio de um servo de doze anos, designado por um presidente de quórum de treze.
Alguns de vocês devem compreender o que aquele avô estava sentindo. A mãe daquele neto criara-o sozinha, sem nenhum contato com a Igreja. O avô tentara por todos os meios influenciar a vida deles, pois amava-os. Sentia-se responsável por ela e pelo neto. E sabia tanto quanto vocês que, algum dia, quando eles viessem a enxergar as coisas como realmente são, iriam desejar de todo o coração terem tomado as decisões que os conduziriam à vida eterna, as quais não podem ser tomadas sem fé em Jesus Cristo suficiente para a salvação.
Muitos de nós já sentimos essa mesma dor por pessoas que amamos mas não conseguimos tocar. Essa dor pode levar-nos a ponderar e orar pela resposta a esta pergunta: Como posso tocar a vida de uma pessoa com fé?
Podemos começar a ponderar essa questão, estudando o exemplo do Salvador e Seus discípulos. No início de Seu ministério mortal, os discípulos desejaram que o Salvador os tocasse com a fé.
“Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé.
E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.” (Lucas 17:5–6)
Não é de surpreender que o Senhor tenha mencionado uma semente. A primeira coisa que devemos saber a respeito da fé no Salvador é que seu crescimento se assemelha ao de uma árvore. Lembram-se de como Alma usou essa ilustração? A semente é a palavra de Deus. Deve ser plantada no coração da pessoa a quem servimos e cuja fé queremos que aumente. Alma descreve o que deve acontecer, da seguinte forma:
“Comparemos a palavra a uma semente. Ora, se derdes lugar em vosso coração para que uma semente seja plantada, eis que, se for uma semente verdadeira, ou seja, uma boa semente, se não a lançardes fora por vossa incredulidade, resistindo ao Espírito do Senhor, eis que ela começará a inchar em vosso peito; e quando tiverdes essa sensação de crescimento, começareis a dizer a vós mesmos: Deve ser uma boa semente, ou melhor, a palavra é boa porque começa a dilatar-me a alma; sim, começa a iluminar-me o entendimento; sim, começa a ser-me deliciosa.
Ora, eis que isso não aumentaria a vossa fé? Digo-vos que sim ( … ).” (Alma 32:28–29)
Assim como o solo precisa ser preparado para receber a semente, o mesmo acontece com o coração do homem, para que a palavra de Deus crie raízes. Antes de dizer às pessoas que plantassem a semente, Alma disse-lhes que tinham o coração preparado. Haviam sido perseguidos e expulsos das igrejas.
O amor de Alma e as circunstâncias em que viviam tornaram aquelas pessoas humildes e prepararam-lhes o coração. Estavam prontas para ouvir a palavra de Deus. Se decidissem plantá-la no coração, ela certamente lhes cresceria na alma, resultando em aumento da fé.
Não é difícil perceber por esses exemplos o que podemos fazer para influenciar a vida de uma pessoa com fé. Para começar, é preciso compreender que a decisão delas e o que o Salvador fez por elas têm mais importância do que tudo o que fizermos. Existem, porém, algumas coisas que podemos fazer para tornar mais provável que as pessoas tomem decisões que as conduzam à vida eterna.
Em primeiro lugar, para plantar a semente as pessoas devem fazer mais do que simplesmente ouvir a palavra de Deus. Precisam tentar cumprir os mandamentos. O Senhor declarou essa verdade da seguinte maneira:
“Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo.” (João 7:16–17)
Não é suficiente apenas ouvir a palavra de Deus. É necessário cumprir os mandamentos por sentir o desejo de conhecer a vontade do Pai Celestial e de obedecer a ela. Essa submissão dificilmente ocorrerá, a menos que a pessoa sinta que é amada e perceba algum mérito em tornar-se dócil e humilde de coração.
Podemos ajudar por meio do exemplo. Se as amarmos porque sentimos o amor de Deus por elas, as pessoas sentirão o mesmo. Se formos dóceis e humildes por sentirmos que dependemos de Deus, elas também sentirão o mesmo.
Além do exemplo, podemos ensinar a palavra de Deus de modo que as pessoas sintam o desejo de arrepender-se e de tentar viver o evangelho. Talvez sintam que ouviram pregações demais, porém precisam fazer mais do que ouvir a palavra de Deus. Devem plantá-la no coração, procurando vivê-la.
Podemos favorecer essa decisão, se lhes falarmos da palavra de Deus de modo que sintam o quanto Ele as ama, e como elas precisam Dele.
Aarão, um dos grandes missionários do Livro de Mórmon, sabia ensinar dessa forma. Lembram-se de como ele ensinou o pai do rei Lamôni?
O coração do rei já havia sido preparado, por ter visto o amor e a humildade com que o irmão de Aarão tratara Lamôni, seu filho. Mesmo sabendo que o coração do velho rei já fora preparado, Aarão ensinou a palavra de Deus de modo a salientar o amor do Pai Celestial e a necessidade que temos Dele. Ouçam o relato de como ele fez isso:
“E aconteceu que Aarão, quando viu que o rei acreditaria em suas palavras, começou a ler-lhe as escrituras, desde a criação de Adão: como criou Deus o homem a sua própria imagem e que Deus lhe deu mandamentos; e que, por causa da transgressão, o homem caiu.
E Aarão explicou-lhe as escrituras, desde a criação de Adão, expondo-lhe a queda do homem e seu estado carnal; e também o plano de redenção que havia sido preparado desde a fundação do mundo, por meio de Cristo, para todos os que acreditassem em seu nome.” (Alma 22:12–13)
Não será sempre que veremos resultados tão notáveis quanto os que Aarão teve. Depois de ouvir a palavra de Deus ensinada daquela maneira, que as escrituras muitas vezes chamam de o plano de felicidade, o velho rei disse que renunciaria a tudo para livrar-se da iniqüidade e alcançar a vida eterna. Quando Aarão lhe pediu que clamasse a Deus em oração, suplicando-Lhe perdão, o rei ajoelhou-se. A semente fora plantada. Ele estava fazendo a vontade de Deus. (Ver versículos 15–18.)
Para tocar o coração das pessoas a quem iremos servir, não é preciso que façamos tudo exatamente como Aarão fez, mas algumas das coisas serão as mesmas: Ajudaremos as pessoas a sentir que Deus as ama, pelo modo como as tratamos; seremos humildes, de modo que elas decidam ser dóceis e humildes de coração; ensinaremos a palavra de Deus, quando o Espírito nos sussurrar, testificando sobre o amor de Deus e a necessidade que elas têm da expiação de Jesus Cristo; e ensinaremos mandamentos que elas tenham condições de cumprir. É por isso que, no campo missionário, aprendemos a fazer com que as pessoas se comprometam a orar, ler o Livro de Mórmon, assistir à reunião sacramental ou ser batizadas. Sabemos que, ao guardar os mandamentos, elas estarão plantando a semente, e que essa semente irá crescer e dilatar-lhes a alma. Quando isso acontecer, sua fé aumentará.
Não apenas saberemos o que fazer, mas sentiremos o Espírito inspirar-nos a fazê-lo no momento certo. As pessoas estarão mais propensas a tomar a decisão de cumprir a palavra de Deus e de arrepender-se, quando começarem a sentir o amor de Deus e sua dependência Dele.
Por exemplo: Os bispos aprenderam que esse momento pode ocorrer nos funerais. Quando há um falecimento, o bispo, os membros do quórum, os mestres familiares e as professoras visitantes confortam a família porque a amam. A família geralmente sente-se humilde, necessitando de consolo e paz. Muitas terão o coração preparado para ouvir a palavra de Deus.
O bispo saberá o que fazer ⌦ao planejar o serviço fúnebre. Providenciará para que sejam prestados testemunhos do plano de salvação, da expiação de Jesus Cristo, da Ressurreição e da gloriosa reunião da família, porque isso traz consolo e esperança. Tais ensinamentos, porém, farão mais do que isso! A palavra de Deus será ensinada a pessoas cujo coração foi abrandado pelo amor e pela dor e que estão, portanto, mais propensas a tomarem a decisão de viver o evangelho de modo mais pleno. Quando isso acontecer, sua fé aumentará e haverá mudanças nas pessoas, que as conduzirão à vida eterna.
As oportunidades não surgirão apenas nos momentos de tragédia ou extrema necessidade. A vida tem momentos de desafio, que fazem com que até mesmo as pessoas de espírito mais insensível em relação às coisas espirituais digam: “Será que não existe um propósito maior nesta vida?” Se tivermos sido amigos fiéis, se tivermos provado nosso amor a elas, servindo-as e sendo, portanto, dignos de confiança, elas irão procurar-nos com essa dúvida. Quando isso acontecer, poderemos dizer, sabendo que o coração delas já foi preparado: “Existe, sim, e posso dizer-lhes onde se encontra e como podem encontrá-lo”.
Esse processo de ensino será facilitado, se as pessoas a quem iremos ajudar procurarem viver a palavra de Deus. Por exemplo: Um diácono ou élder poderá decidir seguir o mandamento de estudar as escrituras e, assim, ler passagens que ensinem a respeito da honra e glória que lhe são concedidas por meio do santo sacerdócio (D&C 124:34). Por ter obedecido ao mandamento de estudar as escrituras, poderá ouvir o Espírito Santo sussurrar-lhe que, tendo tamanha honra e chamado sagrado, deveria vestir-se melhor do que nos dias comuns ao realizar as ordenanças do sacerdócio, ou usar uma linguagem mais respeitosa em todas as ocasiões. Como existem muitos que não honram o sacerdócio dessa maneira, tal obediência requer fé. A fé, porém, aumenta quando é exercida; e esse crescimento da fé irá proporcionar ao portador do sacerdócio maior capacidade de ouvir e obedecer.
Momentos grandiosos ocorrerão no serviço ao próximo, quando as pessoas descobrirem a fonte da fé e, por causa dessa fé, decidirem passar pelo doloroso processo de arrependimento, a fim de obterem a paz proporcionada pelo perdão.
Mesmo as pessoas que já desenvolveram a fé por meio da obediência, e cujos pecados já foram limpos precisam, da ajuda que podemos oferecer, a fim de renovarem e fortalecerem sua fé. Existem razões para isso. Se deixamos de reconhecer que as bênçãos provêm do Pai Celestial, tornamo-nos orgulhosos. A paz proporcionada pelo perdão pode tornar-nos excessivamente confiantes, fazendo-nos esquecer de orar sempre. Mesmo alguns que tiveram fé suficiente para testemunhar grandes experiências espirituais apostataram ou foram vencidos pelas tribulações da vida. Todas essas pessoas precisam de nossa ajuda, a fim de nutrirem sua fé e aprenderem a colocar toda a sua confiança em Deus.
O modo de ajudar as pessoas é praticamente o mesmo, sejam quais forem as provas que elas estejam enfrentando na vida. Precisamos amá-las. Devemos incentivá-las quando decidirem ser humildes. Devemos ensinar-lhes a palavra de Deus, ajudando-as a tomarem a decisão de exercerem fé suficiente para o arrependimento, descobrindo, assim, que existem mais coisas que Deus espera delas. Isso irá ajudá-las a perseverar na fé.
Talvez consideremos demasiadamente grande a responsabilidade de influenciar a vida das pessoas. Podemos encontrar alento no fato de termos sido chamados pelo Salvador. Temos a mesma promessa que Ele fez aos que chamou no início de Seu ministério mortal. Primeiramente chamou homens humildes, iletrados, com menos estudos e conhecimento do evangelho que a maioria dos que são ordenados atualmente. Ouçam, porém, o que Ele lhes disse, que também se aplica a nós:
“E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André; os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores;
E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no.” (Mateus 4:18–20)
Ele fará de vocês pescadores de homens, por mais inadequados que se sintam no momento. Isso não acontecerá por meio de um processo misterioso, mas será conseqüência natural de sua decisão de seguir o Salvador. Imaginem o que significa ser um pescador de homens: Influenciar a vida das pessoas pela fé, em nome Dele. Vocês precisarão amar as pessoas a quem irão servir. Deverão ser humildes e cheios de esperança. Precisarão ter a companhia do Espírito Santo para saberem quando falar, o que dizer e como testificar.
Tudo isso, no entanto, acontecerá naturalmente, com o tempo, por meio dos convênios que fizerem e guardarem ao seguir o Salvador. Eis a descrição do que acontecerá, de acordo com o oitavo capítulo de Morôni, versículos 25 e 26:
“E o primeiro fruto do arrependimento é o batismo; e o batismo vem pela fé, para cumprirem-se os mandamentos; e o cumprimento dos mandamentos traz remissão de pecados.
E a remissão de pecados traz mansidão e humildade; e a mansidão e a humildade resultam na ⌦presença do Espírito Santo, o Consolador, que nos enche de esperança e perfeito amor, amor que se conserva pela diligência na oração até que venha o fim, quando todos os santos habitarão com Deus.”
Pode ser que ainda não tenham observado essas grandes mudanças em vocês mesmos, mas elas ocorrerão, se continuarem a seguir o Salvador. Tenham a certeza de que Ele fará com que vocês, Seus servos, ajudem-No a influenciar vidas pela fé, no intuito de proporcionar a vida eterna ao homem. Encontrarão, nesse serviço, satisfação maior do que jamais sonharam.
Testifico que Deus o Pai vive e que Ele os ama. Testifico que Jesus é o Cristo e que Ele nos chamou e expiou nossos pecados e os pecados de todos a quem iremos servir. Testifico que o Presidente Gordon B. Hinckley possui as chaves que nos permitem oferecer aos filhos do Pai Celestial os convênios e ordenanças que os tornarão merecedores da vida eterna. Oro de todo o coração para que consigamos tocar a vida das pessoas com fé suficiente para que se arrependam e guardem esses convênios sagrados. Em nome de Jesus Cristo. Amém. 9