Mantenham o Curso — Conservem a Fé
Este é o Seu trabalho. Nunca se esqueçam disso. Abracem-no com entusiasmo e amor.
Meus irmãos e irmãs, obrigado pelo apoio dado por seus braços erguidos e por seu coração; obrigado por sua demonstração de confiança e amor. Minha fé neste grande trabalho tem sido fortalecida pelo que tenho visto e ouvido ao viajar pela igreja nos últimos seis meses.
Tenho o desejo de estar com os santos dos últimos dias de todo o mundo, de olhá-los no rosto, de apertar-lhes a mão, sempre que possível, e de partilhar com vocês de um modo mais pessoal e íntimo meus sentimentos a respeito desta obra sagrada; e de sentir seu espírito e o amor que vocês têm pelo Senhor e Sua grande causa. Gostaria de ser capaz de agradecer-lhes individualmente a gentileza que têm demonstrado para conosco de tantos modos diferentes. Sei que devemos conquistar seu respeito, confiança e amor por meio do serviço que prestamos. Tenho um só desejo, que é, enquanto o Senhor me der forças, servi-Lo fielmente, servindo a Seus filhos e filhas, vocês, meus irmãos e irmãs. A esse propósito consagro minha força, meu tempo e qualquer talento que possua.
Amo esta Igreja. Amo o Profeta Joseph, a quem Deus, nosso Pai Eterno, e o Senhor Ressuscitado falaram com a mesma liberdade que lhes falo hoje. Amo todos os que aceitaram seu testemunho naqueles primeiros anos difíceis. A vida deles constitui o início deste trabalho. É maravilhoso ter raízes tão fortes e profundas. É delas que surgiu o grande movimento mundial que conhecemos como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Agradeço ao Senhor por ter colocado em meu coração, enquanto eu era ainda menino, amor pelo Profeta Joseph Smith, amor pelo Livro de Mórmon, amor pelos grandes homens e mulheres que tanto sofreram para estabelecer o alicerce sobre o qual construímos este reino. Amo o sacerdócio que está entre nós, essa autoridade concedida aos homens para falar em nome de Deus. Sou grato por seu poder e autoridade, que ultrapassa o véu da morte. Amo os santos onde quer que vivam com fé e fidelidade. Sou grato pela força de seus testemunhos e pelo que há de bom em suas vidas. Amo os missionários que estão na linha de frente, prestando testemunho ao mundo da restauração do evangelho. Oro por eles para que sejam protegidos e guiados àqueles que estão prontos para receber sua mensagem.
Amo os jovens desta igreja, muitos dos quais fazem tudo com ardor, buscando a verdade, orando e tentando fazer o que é certo. Tenho grande amor e respeito pelas mulheres da Sociedade de Socorro, pelas Moças em sua organização, pelas crianças da Primária, que são belas em todos os lugares, não importanto a cor de sua pele e as circunstâncias em que vivam.
Sinto uma enorme gratidão por nossos bispos e por aqueles que servem com eles, por nossos presidentes de estacas e seus auxiliares, pelos irmãos recém chamados como Autoridades de Área e por meus irmãos que são Autoridades Gerais. Sinto um forte e encorajador otimismo a respeito desta obra. Já vivi o bastante para ver o milagre de seu crescimento. Tive a maravilhosa oportunidade de ajudar a estabelecê-la em quase todo o mundo. Ela se fortalece em toda a parte e, atinge um número cada vez maior de pessoas.
Nossos estatísticos dizem-me que, se a tendência atual continuar, no mês de fevereiro de 1996, daqui a uns poucos meses, haverá mais membros da Igreja fora dos Estados Unidos do que nos Estados Unidos.
Cruzar essa linha é algo que tem um significado maravilhoso. Isso representa o fruto de um enorme trabalho para se atingir o próximo.
O Deus do Céu, de quem somos servos, nunca teve a intenção de que este trabalho fosse limitado a um só lugar. João, o Revelador, viu “outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo”. (Apocalipse 14:6) Esse anjo veio. Seu nome é Morôni. É dele a voz que fala do pó, trazendo outra testemunha da viva realidade do Senhor Jesus Cristo.
Ainda não levamos o evangelho a toda a nação e tribo e língua e povo. Já fizemos, porém, um grande ⌦progresso. Já chegamos a todos os lugares onde nos foi permitido chegar. Deus está no comando e as portas serão abertas por Seu poder, de acordo com Sua divina vontade. Tenho confiança nisso. Tenho certeza disso.
Não consigo entender os de visão limitada, que encaram este trabalho como limitado e provinciano. Essas pessoas não têm uma visão ampla desta obra. Tão certo quanto existe um Pai Todo-Poderoso no Céu e tão certo como Seu Filho, nosso Redentor Divino, existe, este trabalho está destinado a chegar a todas as pessoas de todos os lugares.
A história de Calebe e Josué e outros espiões de Israel sempre me intrigou. Moisés conduziu os filhos de Israel pelo deserto. No segundo ano em que vagavam pelo deserto, ele escolheu um representante de cada uma das doze tribos para procurar a terra de Canaã e fazer um relatório a respeito de seus recursos e seu povo. Calebe representava a tribo de Judá, e Josué, a tribo de Efraim. Os doze entraram na terra de Canaã e descobriram que ela era fértil. Após quarenta dias trouxeram de volta com eles “as primícias das uvas”, como evidência da produtividade da terra. (Números 13:20)
Diante de Moisés, de Aarão e de toda a congregação dos filhos de Israel disseram, a respeito da terra de Canaã: “Verdadeiramente mana leite e mel, e este é o seu fruto.” (V. 27)
Dez dos espiões, porém, foram vítimas de suas próprias dúvidas e temores. Fizeram um relatório negativo a respeito do número e da estatura dos cananitas. Eles concluíram que “aquele povo ( … ) é mais forte do que nós”. (V. 31) Eles compararam-se a gafanhotos em relação aos gigantes que haviam visto na terra e foram vítimas de sua própria timidez.
Josué e Calebe falaram então ao povo: “A terra pela qual passamos a espiar é terra muito boa.
Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nesta terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel.
Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais.” (14:7–9)
Mas o povo estava mais propenso a acreditar nos dez que duvidaram do que em Calebe e Josué.
Foi então que o Senhor declarou que os filhos de Israel vagariam pelo deserto durante quarenta anos, até que a geração daqueles que duvidaram e temeram tivesse passado. As escrituras registram o seguinte: “Aqueles mesmos homens que infamaram a terra, morreram de praga perante o Senhor.
Mas Josué ( … ) e Calebe ( … ), que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram com vida”. (Vv. 37–38) Eles foram os únicos daquele grupo que sobreviveram às quatro décadas em que o povo vagou pelo deserto, e que tiveram o privilégio de entrar na terra prometida, a respeito da qual haviam feito um relatório positivo.
Vemos alguns entre nós que são indiferentes a respeito do futuro desta obra, que são apáticos, que falam de limitações, que demonstram temores, que passam seu tempo procurando e escrevendo sobre o que consideram fraquezas, mas que são, realmente, coisas sem quaisquer conseqüências. Com suas dúvidas a respeito do passado, não têm uma visão do futuro.
Já foi dito que “não havendo profecia, o povo perece”. (Provérbios 29:18) Não há lugar neste trabalho para os que acreditam somente num evangelho de pessimismo e melancolia. O evangelho representa boas novas. É uma mensagem de triunfo. É uma causa em que se embarca com entusiasmo.
O Senhor nunca disse que não haveria problemas. Nosso povo conheceu aflições de toda espécie, perseguido pelos que se opõem a esta obra. Mas a fé mostrou-se através de todos os seus sofrimentos. O trabalho prossegue e nunca retrocedeu desde que foi iniciado. Penso no menino Joseph, perseguido e ridicularizado pelos mais velhos. A dor dessa perseguição, porém, foi moderada pela declaração de Morôni, que lhe disse ter Deus um trabalho a ser feito por ele; e que seu nome “seria conhecido por bem ou por mal entre ( … ) todos os povos”. (Joseph Smith 2:33)
Ele e seu irmão Hyrum foram assassinados em 27 de junho de 1844. Seus inimigos pensavam que isso encerraria a causa pela qual haviam dado a vida. Não perceberam que o sangue dos mártires nutriria as tenras raízes da Igreja.
Ainda outro dia estive nas velhas docas de Liverpool, na Inglaterra. Não havia praticamente movimento algum naquela manhã de sexta-feira em que lá estivemos, mas houve uma época em que eram como uma verdadeira colméia. No século passado, dezenas de milhares dos de nosso povo caminharam sobre as mesmas calçadas de pedra em que caminhamos naquela manhã. Vinham de todas as Ilhas Britânicas e das terras da Europa esses conversos da Igreja. Vinham com um testemunho nos lábios e fé no coração. Será que foi difícil abandonar o lar e dirigir-se a um mundo desconhecido? É claro que sim. Eles, porém, fizeram-no com otimismo e entusiasmo. Embarcaram em navios à vela. Sabiam que a viagem seria, no mínimo, perigosa. Logo descobriram que, para a maioria, seria terrível. Seus alojamentos, onde passaram diversas semanas, estavam superlotados. Atravessaram tempestades, sofreram enjôo e doenças. Muitos morreram no caminho e foram sepultados no mar. Era uma travessia árdua e assustadora. Eles tinham dúvidas, sim, mas sua fé suplantava essas dúvidas. Seu otimismo estava acima dos temores. Possuíam o sonho de Sião e estavam a caminho de realizá-lo.
Com imenso espírito de otimismo, sedimentado no sólido alicerce da fé, construíram o Tabernáculo onde hoje nos reunimos. Durante quarenta anos, construíram o templo que está aí ao lado. Durante todas as suas lutas, mantiveram uma visão maravilhosa e resplandecente do crescimento deste trabalho.
Mal consigo compreender a magnitude da fé de Brigham Young ao conduzir milhares de pessoas para um deserto. Ele jamais havia visto esta região, a não ser em visão. Foi um ato de coragem que quase transcende nosso entendimento. Para ele, chegar aqui fazia parte do crescimento e destino deste trabalho. Para os que o seguiram, era como ir ao encontro de um grande sonho.
Assim aconteceu na segunda metade do século passado. Parecia que o mundo inteiro estava contra nós. Os fiéis sabiam, porém, que havia a luz do sol além das nuvens escuras e que, se mantivessem o rumo, a tempestade cessaria.
Hoje caminhamos à luz da benevolência. Alguns têm a tendência de se tornarem indiferentes. Outros se desviam, buscando os atrativos do mundo, abandonando a causa do Senhor. Vejo outros que consideram certo baixar seus padrões, talvez em pequenas doses. Ao fazê-lo, perdem o entusiasmo por esta obra. Pensam, por exemplo, que o fato de não guardarem o dia do Senhor é algo sem importância. Não comparecem às reuniões. Tornam-se críticos. Falam mal dos outros. Em pouco tempo, afastam-se da Igreja.
O Profeta Joseph declarou uma vez: “Onde há dúvidas, a fé não tem poder.” [Lectures on Faith (Discursos sobre a Fé), Cidade de Salt Lake: Deseret Book Co., 1985, p. 48.]
Convido os que se afastaram a retornarem ao firme ancoradouro que é a Igreja. Esta é a obra do Todo-Poderoso. Depende de nós, como indivíduos, prosseguirmos. A Igreja, porém, jamais deixará de ir em frente. Lembro-me de uma velha música, cantada de maneira comovente por um coro masculino: “Dê-me dez homens corajosos e logo lhes darei dez mil mais.” [Oscar Hammerstein, Stouthearted Men (Homens Corajosos).]
Quando Deus levou Moisés para junto de Si, disse Ele a Josué: “Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” (Josué 1:9.) Este é o Seu trabalho. Nunca se esqueçam disso. Abracem-no com entusiasmo e amor.
Não tenhamos medo. Jesus é nosso líder, nossa força, nosso rei.
Esta é uma época de pessimismo. Nossa missão é uma missão de fé. A meus irmãos e irmãs de todos os lugares, exorto-os a reforçarem sua fé, a darem prosseguimento a esta obra em todo o mundo. Ela pode ser fortalecida pela sua maneira de viver. Que o evangelho seja sua espada e seu escudo. Cada um de nós faz parte da maior causa que existe na Terra. Sua doutrina foi-nos dada por meio da revelação; seu sacerdócio, por concessão divina. Outra testemunha foi acrescida ao seu testemunho do Senhor Jesus Cristo. É literalmente a pedra do sonho de Daniel que, “cortada da montanha, sem mãos, rolará adiante até que encha toda a terra”. (D&C 65:2)
“Irmãos, não prosseguiremos em tão grande causa? Ide avante e não para trás. Coragem, irmãos; e avante, avante para a vitória!” (D&C 128:22) Assim escreveu o Profeta Joseph num salmo de fé.
Quão glorioso é o passado desta grande causa. Ele está repleto de heroísmo, coragem, valentia e fé. Quão maravilhoso é o presente, ao abençoarmos a vida de pessoas, onde quer que ouçam a mensagem dos servos do Senhor. Quão magnífico será o futuro à medida que o Todo-Poderoso prosseguir Seu glorioso trabalho, influenciando positivamente todos os que aceitarem e viverem Seu evangelho, abençoando eternamente Seus filhos e filhas de todas as gerações por meio do trabalho altruísta daqueles cujo coração está cheio de amor pelo Redentor do mundo.
Nos dias da grande depressão, um cartaz pendia da cerca enferrujada de arame farpado de uma fazenda. O proprietário escrevera:
Meus campos estão secos,
Meus campos foram inundados,
Minha colheita foi destruída pelos coelhos,
O xerife voltou-se contra mim,
Mas continuo firme aqui!
Assim acontece conosco. Houve quem nos ameaçasse, quem se voltasse contra nós e quem dissesse que a Igreja estava fadada a desaparecer. Tentaram de todos os modos possíveis prejudicar ou destruir esta Igreja. Porém, ainda estamos aqui, mais fortes e mais determinados a prosseguir. É animador. É maravilhoso. Sinto-me como Amon, que disse: “Ora, não temos razão para regozijar-nos? Sim, eu vos digo que, desde o começo do mundo, nunca existiu alguém que tivesse tão grandes razões para regozijar-se, como nós; sim, e minha alegria transborda, a ponto de gloriar-me em meu Deus; porque ele tem todo o poder, toda ⌦a sabedoria e todo o entendimento ⌦( … ).” (Alma 26:35)
Convido todos, onde quer que se encontrem, como membros desta Igreja, a erguerem-se e, com alegria no coração, prosseguirem vivendo o evangelho, amando ao Senhor e construindo o reino. Juntos manteremos o curso conservaremos a fé, com o Todo-Poderoso como nossa força. Em nome de Jesus Cristo. Amém. 9