A Liahona
A Sua Mão Pronta para Nos Ajudar
Novembro de 2024


10:13

A Sua Mão Pronta para Nos Ajudar

Se nos aproximarmos de Jesus Cristo com fé, Ele estará sempre presente.

Quando eu era criança, fomos de férias em família para uma praia na costa do meu país natal, o Chile. Estava ansioso por passar alguns dias a desfrutar do verão com a minha família. Também estava entusiasmado porque pensava que podia finalmente fazer o que os meus dois irmãos mais velhos costumavam fazer para se divertirem na água.

Um dia, os meus irmãos foram brincar para a zona de rebentação das ondas e eu sentia-me suficientemente grande e maduro para os seguir. Ao me dirigir para esse local, apercebi-me que as ondas eram maiores do que pareciam ser, vistas da costa. De repente, uma onda aproximou-se rapidamente de mim e apanhou-me de surpresa. Senti-me como se a força da natureza se tivesse apoderado de mim e me arrastasse para as profundezas do mar. Não conseguia ver nem sentir nenhum ponto de referência enquanto era atirado de um lado para o outro. Quando já pensava que a minha aventura na Terra estava prestes a terminar, senti uma mão a puxar-me para a superfície. Finalmente, consegui ver o sol e recuperar o fôlego.

O meu irmão Cláudio tinha visto as minhas tentativas de me comportar como um adulto e veio em meu socorro. Eu não estava longe da costa. Embora a água fosse pouco profunda, estava desorientado e não me tinha apercebido de que podia ter-me safado sozinho. O Cláudio disse-me que eu tinha de ter cuidado e que, se eu quisesse, ele podia ensinar-me. Apesar dos litros de água que engoli, o meu orgulho e o desejo de ser um rapaz crescido foram mais fortes, e eu disse: “Claro que sim”.

O Cláudio disse-me que eu precisava de atacar as ondas. Disse a mim próprio que iria certamente perder aquela batalha contra o que parecia ser uma enorme parede de água.

Quando uma nova onda gigante se aproximou, o Cláudio disse rapidamente: “Olha para mim, é assim que se faz”. O Cláudio correu para a onda que se aproximava e mergulhou nela antes que esta rebentasse. Fiquei tão impressionado com o seu mergulho que perdi de vista a onda que se aproximava. Então, mais uma vez, fui enviado para as profundezas do mar e atirado pelas forças da natureza. Alguns segundos depois, uma mão agarrou a minha e fui novamente puxado para a superfície onde havia ar. A chama do meu orgulho estava a extinguir-se.

Desta vez, o meu irmão convidou-me para mergulhar com ele. A convite dele, segui-o e mergulhámos juntos. Senti-me como se estivesse a vencer o desafio mais complicado. É certo que não foi muito fácil, mas consegui, graças à ajuda e ao exemplo do meu irmão. A sua mão salvou-me duas vezes, o seu exemplo mostrou-me como lidar com o meu desafio e sair vitorioso naquele dia.

O Presidente Russell M. Nelson convidou-nos a pensar celestial e eu quero seguir o seu conselho e aplicá-lo à minha história de verão.

O Poder do Salvador sobre o Adversário

Se pensarmos de forma celestial, compreenderemos que as nossas vidas enfrentarão desafios que parecem maiores do que a nossa capacidade de os ultrapassar. Durante o nosso tempo na mortalidade, estamos sujeitos aos ataques do adversário. Tal como as ondas que tinham poder sobre mim naquele dia de verão, podemos sentir-nos impotentes e querer ceder a um destino mais forte. Aquelas “ondas maliciosas” podiam empurrar-nos de um lado para o outro. Mas não se esqueçam de quem tem poder sobre essas ondas e, na verdade, sobre todas as coisas, que é o nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele tem o poder de nos ajudar a sair de qualquer condição miserável ou situação adversa. Independentemente de nos sentirmos, ou não, próximos d’Ele, Ele pode chegar até nós onde estamos e tal como nos encontramos.

À medida que nos aproximamos d’Ele com fé, Ele vai estar sempre presente e, no Seu devido tempo, estará pronto e disposto a agarrar a nossa mão e a puxar-nos para um lugar seguro.

O Salvador e o Seu Exemplo de Ministração

Se pensarmos de forma celestial, reconheceremos Jesus Cristo como um exemplo de ministração perfeito. Há um padrão para nós nas escrituras quando Ele ou os Seus discípulos estendem as mãos para alguém que precisa de ajuda, socorro ou bênção. Tal como na minha história, eu sabia que o meu irmão estava lá, mas estar lá para mim não era suficiente. O Cláudio sabia que eu estava em dificuldades e foi ajudar-me para conseguir sair da água.

Por vezes, pensamos que só é necessário estar presentes quando alguém precisa de ajuda, mas, muitas vezes, podemos fazer mais do que isso. Ter uma perspetiva eterna pode ajudar-nos a receber revelação para oferecer ajuda atempadamente a outros necessitados. Podemos confiar na orientação e inspiração do Espírito Santo para discernir que tipo de ajuda é necessária, quer se trate de apoio temporal, como conforto emocional, alimento ou ajuda nas tarefas diárias, ou orientação espiritual para ajudar outros na sua jornada de se preparar, fazer e honrar convénios sagrados.

O Salvador Está Pronto para Nos Salvar

Quando Pedro, o apóstolo sénior, “andava sobre as águas, para ir ter com Jesus […] teve medo; e, começando a afundar-se”, então “clamou, dizendo: Senhor, salva-me”. Jesus conhecia a fé que Pedro tinha exercido para caminhar até Ele sobre as águas. Ele também estava consciente do medo de Pedro. De acordo com o relato, Jesus “logo […] estendendo a mão, segurou-o”, dizendo as seguintes palavras: “Homem de pouca fé, porque duvidaste?” As suas palavras não foram para repreender Pedro, mas sim para o fazer lembrar que Ele, o Messias, estava com ele e com os discípulos.

Se pensarmos de forma celestial, receberemos a confirmação no nosso coração de que Jesus Cristo é de facto o nosso Salvador, o nosso Advogado junto do Pai e o nosso Redentor. Se exercermos fé n’Ele, Ele salvar-nos-á do nosso estado decaído, para além dos nossos desafios, enfermidades e necessidades nesta vida temporal, e dar-nos-á o maior de todos os dons, que é a vida eterna.

O Salvador Não Desiste de Nós

Naquele dia, o meu irmão não desistiu de mim, mas persistiu para que eu aprendesse a fazê-lo por mim mesmo. Ele persistiu, mesmo que para isso tivesse de me salvar duas vezes. Ele persistiu, mesmo que eu não o conseguisse fazer no início. Ele persistiu para que eu pudesse ultrapassar aquele desafio e ter sucesso. Se pensarmos de forma celestial, perceberemos que o nosso Salvador estará presente quantas vezes forem necessárias para nos ajudar, se quisermos aprender, mudar, superar, enfrentar ou ter sucesso em qualquer coisa que traga felicidade verdadeira e eterna à nossa vida.

As Mãos do Salvador

As escrituras imortalizam o símbolo e o significado das mãos do Salvador. No Seu sacrifício expiatório, as Suas mãos foram trespassadas por pregos para O fixar na cruz. Depois da Sua Ressurreição, apareceu aos Seus discípulos num corpo perfeito, mas as marcas nas Suas mãos permanecem como uma lembrança do Seu sacrifício infinito. A Sua mão estará sempre presente para nós, mesmo que não a possamos ver nem sentir no início, pois Ele foi escolhido pelo Pai Celestial para ser o nosso Salvador, o Redentor de toda a humanidade.

a mão estendida do Salvador

Within Our Grasp (Ao Nosso Alcance), de Jay Bryant Ward

a mão salvadora do Salvador

The Hand of God (A Mão de Deus) de Yongsung Kim.

Se penso celestial, sei que não estamos sozinhos nesta vida. Embora tenhamos de enfrentar desafios e provações, o nosso Pai Celestial conhece as nossas capacidades e sabe que podemos suportar ou ultrapassar as nossas dificuldades. Temos de fazer a nossa parte e voltarmo-nos para Ele com fé. O Seu Filho Amado, Jesus Cristo, é quem nos salva e estará sempre presente. Em Seu nome, o nome sagrado de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. Ver Russell M. Nelson, “Pensem Celestial!,” Liahona, nov. 2023:

    “Quando fizerem escolhas, convido-vos a ter uma visão a longo prazo — uma visão eterna. Coloquem Jesus Cristo em primeiro lugar, porque a vossa vida eterna depende da vossa fé n’Ele e na Sua Expiação. […]

    Quando forem confrontados com um dilema, pensem de maneira celestial! Quando forem testados pela tentação, pensem de maneira celestial! Quando a vida ou entes queridos vos desiludirem, pensem de maneira celestial! Quando alguém morre prematuramente, pensem de maneira celestial. Quando alguém se debate com uma doença devastadora prolongada, pensem de maneira celestial. Quando as pressões da vida se abaterem sobre vós, pensem de maneira celestial! Quando estiverem a recuperar de um acidente ou de uma lesão, como eu neste momento, pensem de maneira celestial!”

  2. Ver Marcos 4:35–41.

  3. Embora acreditemos que o nosso Pai Celestial e Jesus Cristo têm a capacidade de nos ajudar sempre que precisamos, a Sua ajuda pode nem sempre vir da forma que esperamos. É importante confiar que Eles nos conhecem melhor do que nós próprios e que nos darão o apoio e a assistência que melhor nos convém no momento certo: “Sabe, meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência, e serão para o teu bem” (Doutrina e Convénios 122:7).

    As provações e os desafios que enfrentamos ajudam-nos a desenvolver a força e o caráter para resistir à tentação e vencer o homem natural.

  4. Ver Mateus 14:31; Marcos 1:31; 5:41; 9:27; Atos 3:7; 3 Néfi 18:36.

  5. Quando o Presidente Russel M. Nelson nos convidou a ministrar de uma maneira renovada e mais sagrada (ver “Ministrar”, Liahona, maio de 2018, p. 100), ele também nos pediu que entendêssemos que essa nova maneira de ministrar não tem a ver connosco e nem com o que queremos oferecer, mas com o que os outros precisam. Jesus Cristo está a dar-nos a oportunidade de amar o nosso próximo (ver Lucas 10:27) de uma forma mais elevada e mais santa.

  6. Mateus 14:29–30.

  7. Mateus 14:31.

  8. Para compreendermos verdadeiramente a felicidade, precisamos de compreender o papel das bênçãos nas nossas vidas. A definição de bençãos ajuda a esclarecer este conceito: “Conceder favores divinos a alguém. Tudo o que contribui para a verdadeira felicidade, o bem-estar ou a prosperidade é uma bênção” (Guia para Estudo das Escrituras, “Abençoado, Abençoar, Benção”, Biblioteca do Evangelho). O mundo confunde muitas vezes a verdadeira felicidade com o prazer temporário, que imita uma “felicidade” de curta duração.

  9. Ver Isaías 49:16.