A Liahona
Bem-vindos à Igreja da Alegria
Novembro de 2024


13:2

Bem-vindos à Igreja da Alegria

Devido à vida e missão redentoras do nosso Salvador, Jesus Cristo, podemos — e devemos — ser as pessoas mais alegres à face da Terra!

Fui batizado n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na véspera de Natal de 1987, há quase 37 anos. Esse foi um dia verdadeiramente maravilhoso na minha vida e na minha jornada eterna, e agradeço de coração aos amigos que prepararam o caminho e me levaram às águas desse novo nascimento.

Quer o vosso batismo tenha sido ontem ou há muitos anos, quer se reúnam num grande edifício da Igreja com várias alas ou debaixo de uma palhota, quer recebam o sacramento em memória do Salvador em tailandês ou em suaíli, gostaria de vos dizer: Bem-vindos à igreja da alegria! Bem-vindos à igreja da alegria!

A Igreja da Alegria

Devido ao plano de amor do nosso Pai Celestial para cada um dos Seus filhos, e devido à vida e missão redentoras do nosso Salvador, Jesus Cristo, podemos — e devemos — ser as pessoas mais alegres à face da Terra! Mesmo quando as tempestades da vida num mundo muitas vezes conturbado se abatem sobre nós, podemos cultivar um sentimento crescente e permanente de alegria e paz interior devido à nossa esperança em Cristo e à nossa compreensão do nosso próprio lugar no belo plano de felicidade.

O apóstolo sénior do Senhor, o Presidente Russell M. Nelson, falou sobre a alegria que advém de uma vida centrada em Jesus Cristo em quase todos os discursos que proferiu desde que se tornou Presidente da Igreja. Ele resumiu-o de forma tão concisa: “A alegria vem d’Ele e por causa d’Ele. […] Para os Santos dos Últimos Dias, Jesus é alegria!”

Nós somos membros d’A Igreja de Jesus Cristo. Nós somos membros da igreja da alegria! E em nenhum outro lugar, a nossa alegria como povo deve ser mais evidente do que quando nos reunimos a cada Dia do Senhor, nas nossas reuniões sacramentais, para adorar a fonte de toda a alegria! Aqui, reunimo-nos com a família da nossa ala e ramo para celebrar o sacramento da Ceia do Senhor, a nossa libertação do pecado e da morte e a poderosa graça do Salvador! É aqui que vivenciamos a alegria, o refúgio, o perdão, a ação de graças e a pertença que encontramos em Jesus Cristo!

É este o espírito de regozijo coletivo em Cristo que encontram? É este o sentimento que trazem? Talvez pensem que isto não tem muito a ver convosco, ou talvez estejam simplesmente habituados à forma como as coisas sempre foram feitas. Mas todos podemos contribuir, independentemente da nossa idade ou chamado, para que as nossas reuniões sacramentais sejam a hora repleta de alegria, centrada em Cristo e acolhedora que podem ser, vivificadas com um espírito de alegre reverência.

Alegre Reverência

Alegre reverência? “Isso é possível?”, podem perguntar-se. Bem, sim, é possível! Amamos, honramos e respeitamos profundamente o nosso Deus, e a nossa reverência flui de uma alma que se regozija no abundante amor, misericórdia e salvação de Cristo! Esta alegre reverência ao Senhor deve caracterizar as nossas sagradas reuniões sacramentais.

No entanto, para muitos, a reverência significa apenas isto: cruzar os braços, inclinar a cabeça, fechar os olhos e ficar quieto — por tempo indeterminado! Esta pode ser uma forma útil de ensinar crianças pequenas e cheias de energia, mas, à medida que crescemos e aprendemos, constatemos que a reverência é muito mais do que isso. Era assim que estaríamos se o Salvador estivesse connosco? Não, pois “na [Sua] presença há fartura de alegrias”!

Bem, para muitos de nós, esta transformação nas reuniões sacramentais requer prática.

Assistir versus Adorar

Não nos reunimos no Dia do Senhor simplesmente para assistir à reunião sacramental e riscar um item da nossa lista. Reunimo-nos para adorar. Existe uma diferença significativa entre os dois. Assistir significa estar presente. Mas adorar é louvar e adorar o nosso Deus intencionalmente de uma forma que nos transforma!

No Púlpito e na Congregação

Se nos reunimos para recordar o Salvador e a redenção que Ele tornou possível, os nossos rostos devem refletir a nossa alegria e gratidão! O Elder F. Enzio Busche, contou certa vez a história de quando era presidente de ramo e um rapaz da congregação olhou para ele no púlpito e perguntou em voz alta: “O que está aquele homem com cara de mau a fazer ali em cima?” Aqueles que se sentam atrás do púlpito — oradores, líderes, coros — e os que se reúnem na congregação comunicam uns aos outros as “boas-vindas à igreja da alegria” através das suas expressões faciais!

Cantar Hinos

Quando cantamos, será que estamos a unir-nos para louvar o nosso Deus e Rei, independentemente da qualidade das nossas vozes, ou estamos apenas a balbuciar as palavras? As escrituras registam que “o canto dos justos é uma prece a [Deus]”, no qual a Sua alma se deleita. Por isso, vamos cantar! E louvá-Lo!

Discursos e Testemunhos

Centramos os nossos discursos e testemunhos no Pai Celestial, em Jesus Cristo e nos frutos de viver humildemente o Seu evangelho, frutos que são “mais [doces] que tudo [o] que é doce”. E assim, vamos verdadeiramente “banquetear-[nos] […] até [nos fartarmos], de modo que não [teremos] fome nem [teremos] sede”, e os nossos fardos tornam-se leves através da alegria do Filho.

O Sacramento

O ponto central glorioso das nossas reuniões de adoração é a bênção e distribuição do sacramento, o pão e a água em representação da dádiva expiatória do nosso Senhor e a razão de ser da nossa reunião. Este é um “momento sagrado de renovação espiritual” quando testemunhamos novamente que estamos dispostos a tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo e a fazer novamente o convénio de nos lembrarmos sempre do Salvador e guardarmos os Seus mandamentos.

Em algumas épocas da vida, podemos abordar o sacramento com um coração pesado e fardos esmagadores. Noutras ocasiões, vimos livres e aliviados de preocupações e problemas. Ao ouvirmos atentamente a bênção do pão e da água e participarmos desses símbolos sagrados, podemos refletir sobre o sacrifício do Salvador, as Suas agonias no Getsémani, a Sua angústia na cruz e as tristezas e dores que Ele suportou em nosso favor. Isto é o que nos irá aliviar a alma, à medida que ligamos o nosso sofrimento ao d’Ele. Noutras alturas, sentiremos gratidão e admiração pela alegria “bela e doce” daquilo que a magnífica dádiva de Jesus tornou possível nas nossas vidas e nas nossas eternidades! Regozijar-nos-emos pelo que ainda está para vir — o nosso querido reencontro com o nosso amado Pai e o Salvador ressuscitado.

Podemos ter sido condicionados a supor que o objetivo do sacramento é sentarmo-nos na cadeira a pensar exclusivamente em todas as coisas que fizemos de mal durante a semana anterior. Mas vamos inverter esta prática. Na quietude, podemos refletir acerca das muitas formas como vimos o Senhor a perseguir-nos incansavelmente com o Seu maravilhoso amor nessa semana! Podemos refletir sobre o que significa “descobrir a alegria do arrependimento diário”. Podemos dar graças pelas vezes em que o Salvador entrou nas nossas lutas e nos nossos triunfos, e pelas ocasiões em que sentimos a Sua graça, o seu perdão e o seu poder a dar-nos força para superar as nossas dificuldades e suportar os nossos fardos com paciência, e até mesmo com alegria.

Sim, refletimos sobre os sofrimentos e as injustiças infligidas ao nosso Redentor por causa do nosso pecado e isso leva a uma reflexão séria. Mas, por vezes, ficamos presos aí — no jardim, na cruz e dentro do túmulo. Não conseguimos elevar-nos para a alegria do túmulo aberto, da derrota da morte e da vitória de Cristo sobre tudo o que nos pode impedir de alcançar a paz e regressar ao nosso lar celestial. Quer derramemos lágrimas de tristeza ou lágrimas de gratidão durante o sacramento, que o façamos em espantosa admiração pela boa nova da dádiva feita pelo Pai ao dar o Seu Filho!

Pais com Filhos Pequenos ou com Necessidades Especiais

Agora, para os pais de crianças pequenas ou com necessidades especiais, muitas vezes não existe um momento de silêncio e de reflexão tranquila durante o sacramento. Mas, em pequenos momentos ao longo da semana e através do vosso exemplo, podem ensinar o amor, a gratidão e a alegria que sentem pelo Salvador e que vem d’Ele, ao cuidarem constantemente dos Seus cordeirinhos. Neste sentido, nenhum esforço é em vão. Deus está ciente de vocês.

Conselhos de Família, Ala e Ramo

Da mesma forma em casa, podemos começar a aumentar as nossas esperanças e expectativas do tempo que passamos na igreja. Nos conselhos de família, podemos debater sobre como cada indivíduo pode contribuir de forma significativa para acolher todos na igreja da alegria! Podemos planear e esperar ter uma experiência alegre na igreja.

O conselho da ala ou ramo pode visionar e criar uma cultura de reverência alegre para a nossa hora sacramental, ao identificar passos práticos e dicas visuais para ajudar.

Alegria

A alegria é vista de forma diferente por pessoas diferentes. Para alguns, pode ser uma saudação exuberante à porta. Para outros, pode ser ajudar discretamente as pessoas a sentirem-se confortáveis, sorrindo e sentando-se ao seu lado com um coração bondoso e aberto. Para aqueles que se sentem excluídos ou à margem, o calor deste acolhimento será crucial. Em última análise, podemos questionar-nos sobre como é que o Salvador gostaria que fosse a nossa hora do sacramento. Como é que Ele iria querer que cada um dos Seus filhos fosse recebido, cuidado, nutrido e amado? Como é que Ele iria querer que nos sentíssemos quando vimos para ser renovados através da nossa lembrança e adoração a Ele?

Conclusão

No início do meu percurso de fé, a alegria em Jesus Cristo foi a minha primeira grande descoberta e isso mudou o meu mundo. Se ainda não encontraram esta alegria, embarquem à sua procura. Este é um convite para receber a dádiva de paz, luz e alegria do Salvador, para nos deleitarmos, maravilharmos e regozijarmos com ela, todos os Dias do Senhor.

Amon, no Livro de Mórmon, expressa os sentimentos do meu coração quando diz:

“Ora, não temos razão para regozijar-nos? Sim, eu vos digo que, desde o começo do mundo, nunca existiu alguém que tivesse tão grandes razões para regozijar-se, como nós; sim, e minha alegria transborda, a ponto de gloriar-me em meu Deus; porque ele tem todo o poder, toda a sabedoria e todo o entendimento; ele compreende todas as coisas e é um Ser misericordioso, que salva aqueles que se arrependem e acreditam em seu nome.

Ora, se isso é vangloriar-se, eu então me vanglorio; porque isso é [a] minha vida e [a] minha luz […] [a] minha alegria e [a] minha grande gratidão”.

Bem-vindos à igreja da alegria! Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

  1. O Presidente Russell M. Nelson ensinou: “A alegria é poderosa, e concentrar-nos na alegria traz o poder de Deus à nossa vida. Como em todas as coisas, Cristo é o nosso exemplo por excelência, ‘o qual pela alegria que lhe estava proposta suportou a cruz’ [Hebreus 12:2]. Pensem nisso! Para que Ele suportasse a experiência mais dolorosa alguma vez suportada na Terra, o nosso Salvador concentrou-se na alegria! E qual foi a alegria que foi colocada diante d’Ele? Por certo, incluía a alegria de nos purificar, curar e fortalecer; a alegria de pagar pelos pecados de todos os que se arrependessem; a alegria de possibilitar que todos nós regressássemos a casa — limpos e dignos — para viver com os nossos Pais Celestes e com as nossas famílias. Se nos concentrarmos na alegria que nós, ou aqueles que amamos, iremos receber, o que será que seremos capazes de suportar e que, atualmente, nos parece ser avassalador, doloroso, assustador, injusto ou simplesmente impossível?” (“Alegria e Sobrevivência Espiritual”, Liahona, nov. 2016).

  2. Salmos 16:11.

  3. F. Enzio Busche, “Lessons from the Lamb of God”, Religious Educator, vol. 9, n.º 2 (2008), p. 3; apenas disponível em inglês.

  4. Doutrina e Convénios 25:12.

  5. Ver Salmos 100:1.

  6. Alma 32:42.

  7. Ver Alma 33:23.

  8. Manual Geral: Servir [n’A] Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 29.2.1.1, Biblioteca do Evangelho.

  9. Ver Russell M. Nelson, comentário feito num seminário de liderança missionária, jun. 2019; citado em Dale G. Renlund, “Um Compromisso Inabalável com Jesus Cristo”, Conferência Geral, out. 2019.

  10. Gordon B. Hinckley ensinou: “Quando , como sacerdotes, se ajoelham à mesa do sacramento e proferem a oração, que veio por revelação, colocam toda a congregação sob convénio com o Senhor. Será que isto é uma coisa pequena? Isto é deveras importante e extraordinário” (“The Aaronic Priesthood—a Gift from God”, Ensign, mai. 1988; apenas disponível em inglês).

    Aqueles que preparam, abençoam ou distribuem o sacramento estão a administrar esta ordenança a outras pessoas em nome do Senhor. Cada portador do sacerdócio deve encarar esta tarefa com uma atitude solene e reverente. Deve estar bem arranjado, limpo e vestido de forma modesta. A aparência pessoal deve refletir o caráter sagrado da ordenança” (“As Ordenanças e Bênçãos do Sacerdócio”, Guia da Família [2006], p. 22).

  11. Alma 36:21.

  12. Russell M. Nelson, “O Poder do Ímpeto Espiritual”, Conferência Geral, abr. 2022.

  13. Ver Mosias 24:13–15.

  14. Ver João 3:16–17.

  15. Alma 26:35–37.