A Liahona
Alinhar a Nossa Vontade com a D’Ele
Novembro de 2024


15:20

Alinhar a Nossa Vontade com a D’Ele

Seguir a vontade do Senhor na nossa vida permitir-nos-á encontrar a pérola mais preciosa do mundo — o reino dos Céus.

Numa certa ocasião, o Salvador falou de um comerciante que procurava “boas pérolas”. Durante a sua procura, o comerciante encontrou uma “de grande valor”. No entanto, para adquirir a magnífica pérola, este homem tinha de vender todos os seus bens, o que fez prontamente e com alegria.

Através desta curta e ponderada parábola, o Salvador ensinou maravilhosamente que o reino dos Céus é comparado a uma pérola de valor inestimável, verdadeiramente o tesouro mais precioso que deve ser desejado acima de tudo. O facto do comerciante ter vendido prontamente todos os seus bens para obter aquela pérola valiosa indica claramente que devemos alinhar a nossa mente e os nossos desejos com a vontade do Senhor, e fazer de bom grado tudo o que pudermos durante a nossa jornada mortal para alcançar as bênçãos eternas do reino de Deus.

Para sermos dignos desta grande recompensa precisamos certamente, entre outras coisas, de dar o nosso melhor para deixar de lado todas as buscas egocêntricas e abandonar qualquer emaranhamento que nos impeça de nos comprometermos totalmente com o Senhor e os Seus caminhos mais elevados e santos. O Apóstolo Paulo refere-se a estas buscas santificadoras como “[ter] a mente de Cristo”. Como exemplificado por Jesus Cristo, isto significa “[fazer] sempre o que agrada [ao Senhor]” na nossa vida, ou como algumas pessoas dizem hoje em dia, isto é “fazer o que funciona para o Senhor”.

No sentido do evangelho, “[fazer] sempre o que agrada [ao Senhor]” diz respeito a submeter a nossa vontade à vontade d’Ele. O Salvador ensinou cuidadosamente a importância deste princípio ao instruir os Seus discípulos:

“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

E a vontade do Pai que me enviou é esta: que de todos quantos me deu nenhum se perca, mas que o ressuscite no último dia.

E a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.

O Salvador alcançou um nível perfeito e divino de submissão ao Pai ao permitir que a Sua vontade fosse absorvida pela vontade do Pai. Ele disse certa vez: “E aquele que me enviou está comigo; o Pai não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada”. Ao ensinar o Profeta Joseph Smith sobre as angústias e agonias da Expiação, o Salvador disse:

“Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam; […]

Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —

Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei [os] meus preparativos para os filhos dos homens”.

Durante a nossa permanência na mortalidade, muitas vezes lutamos com o que achamos que sabemos, o que achamos que é melhor e o que presumimos que funciona para nós, em vez de compreender o que o Pai Celestial realmente sabe, o que é melhor numa perspetiva eterna e o que realmente funciona para os Seus filhos dentro do Seu plano. Esta grande luta pode tornar-se muito complexa, especialmente se considerarmos as profecias contidas nas escrituras para os nossos dias: “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias […] haverá homens amantes de si mesmos, […] mais amantes dos deleites do que amantes de Deus”.

Um sinal que indica o cumprimento desta profecia é a crescente tendência atual do mundo, adotada por muitos, de pessoas egocêntricas que proclamam constantemente: “Aconteça o que acontecer, eu vivo a minha própria verdade e faço o que funciona para mim”. Como disse o Apóstolo Paulo, eles “buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus”. Esta forma de pensar é muitas vezes justificada como sendo “autêntica” por aqueles que se entregam a objetivos egocêntricos, que se focam nas suas preferências pessoais, ou que querem justificar certos tipos de comportamento que, frequentemente, não correspondem ao plano de amor de Deus e à Sua vontade para eles. Se deixarmos que o nosso coração e a nossa mente adotem esta forma de pensar, podemos criar obstáculos significativos para nós próprios na aquisição da pérola mais preciosa que Deus preparou amorosamente para os Seus filhos — a vida eterna.

Embora seja verdade que cada um de nós percorre uma jornada pessoal de discipulado no caminho do convénio, ao nos esforçarmos por manter o coração e a mente centrados em Cristo Jesus, precisamos de ter cuidado e estar constantemente vigilantes para não sermos tentados a adotar este tipo de filosofia do mundo na nossa vida. O Elder Quentin L. Cook disse que “sermos sinceramente semelhantes a Cristo é uma meta muito mais importante do que sermos autênticos”.

Meus queridos amigos, quando decidimos deixar que Deus seja a influência mais poderosa na nossa vida em vez das nossas buscas egoístas, podemos progredir no discipulado e aumentar a nossa capacidade de unir a nossa mente e coração ao Salvador. Por outro lado, quando não deixamos que o caminho de Deus prevaleça na nossa vida, ficamos entregues a nós mesmos e, sem a orientação inspiradora do Senhor, podemos justificar quase tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Também podemos inventar desculpas para nós mesmos ao fazer as coisas à nossa maneira, nomeadamente ao dizer: “Estou apenas a fazer as coisas à minha maneira”.

Em certa ocasião, enquanto o Salvador estava a declarar a Sua doutrina, algumas pessoas, particularmente fariseus arrogantes, rejeitaram a Sua mensagem e declararam ousadamente que eram filhos de Abraão, dando a entender que a sua linhagem lhes concederia privilégios especiais aos olhos de Deus. Essa mentalidade levou-os a apoiar-se no seu próprio entendimento e a não acreditar no que o Salvador estava a ensinar. A reação dos fariseus a Jesus foi uma evidência clara de que a sua atitude presunçosa não deixou lugar nos seus corações para as palavras do Salvador e para o caminho de Deus. Em resposta, Jesus sábia e corajosamente declarou que, se eles fossem verdadeiros filhos do convénio de Abraão, fariam as obras de Abraão, especialmente ao considerar que o Deus de Abraão estava diante deles e a ensinar-lhes a verdade naquele exato momento.

Irmãos e irmãs, como podem ver, agir de acordo com esta ginástica mental de “o que funciona para mim” versus fazer “o que sempre agrada ao Senhor” não é uma nova tendência exclusiva dos nossos dias. É uma mentalidade antiga que atravessou os séculos e que muitas vezes cega os autoproclamados sábios e confunde e esgota muitos dos filhos de Deus. Esta mentalidade é, na verdade, um velho truque do adversário; é um caminho enganoso que, cuidadosamente, desvia os filhos de Deus do verdadeiro e fiel caminho do convénio. Embora circunstâncias pessoais como a genética, geografia e desafios físicos e mentais influenciem a nossa jornada, nas coisas que realmente importam, há um espaço interior onde somos livres para escolher se decidiremos ou não seguir o padrão que o Senhor preparou para a nossa vida. Verdadeiramente: “Na terra o Mestre nos mostrou a senda que conduz [à Vida Eterna]”.

Como discípulos de Cristo, desejamos trilhar o caminho que Ele traçou para nós durante o Seu ministério mortal. Não só desejamos fazer a Sua vontade e tudo o que Lhe agrada, mas também procuramos emulá-Lo. Ao nos esforçarmos por ser fiéis a todos os convénios que fizemos e vivermos de acordo com “toda [a] palavra que sai da boca de Deus”, estaremos protegidos do risco de sermos vítimas dos pecados e dos erros do mundo — erros de filosofia e doutrina que nos afastariam dessas pérolas mais preciosas.

Tenho sido pessoalmente inspirado pela forma como essa submissão espiritual a Deus tem tido impacto na vida dos fiéis discípulos de Cristo, à medida que estes escolhem fazer as coisas que funcionam e são agradáveis aos olhos do Senhor. Sei de um jovem rapaz que estava inseguro quanto a servir uma missão, mas que se sentiu inspirado a ir e servir o Senhor quando ouviu um líder mais velho da Igreja partilhar o seu testemunho pessoal e a sua experiência sagrada de servir como missionário.

Nas suas próprias palavras, este rapaz, que agora já voltou da missão, disse: “Ao ouvir o testemunho de um apóstolo do Salvador Jesus Cristo, pude sentir o amor de Deus por mim e desejei partilhar esse amor com outras pessoas. Naquele momento, soube que deveria servir missão, apesar dos meus medos, dúvidas e preocupações. Senti total confiança nas bênçãos e promessas de Deus para os Seus filhos. Hoje, sou uma nova pessoa; tenho um testemunho de que este evangelho é verdadeiro e que a Igreja de Jesus Cristo foi restaurada na Terra”. Este jovem escolheu o caminho do Senhor e tornou-se um exemplo de um verdadeiro discípulo em todos os aspetos.

Uma jovem fiel decidiu não comprometer os seus padrões quando lhe foi pedido que se vestisse imodestamente para se enquadrar no departamento comercial da empresa de moda onde trabalhava. Ao compreender que o seu corpo é uma dádiva sagrada do nosso Pai Celestial e um lugar onde o Espírito pode habitar, ela foi levada a viver segundo um padrão mais elevado do que o do mundo. Ela não só ganhou a confiança daqueles que a viram viver segundo a verdade do evangelho de Jesus Cristo, mas também conseguiu manter o emprego que, por momentos, esteve em risco. A sua disposição de fazer o que era agradável aos olhos do Senhor, em vez do que funcionava para o mundo, deu-lhe confiança no seu convénio perante escolhas difíceis.

Irmãos e irmãs, somos constantemente confrontados com decisões semelhantes na nossa jornada diária. É preciso um coração corajoso e solícito para fazer uma pausa e uma introspeção honesta e humilde para reconhecer a presença de fraquezas da carne na nossa vida, que podem impedir a nossa capacidade de nos submetermos a Deus e, por fim, decidirmos adotar o Seu caminho em vez do nosso. O teste final do nosso discipulado encontra-se na disposição de abdicar e abandonar o nosso velho “eu” e entregar o coração e toda a nossa alma a Deus, para que a Sua vontade se torne a nossa.

Um dos momentos mais gloriosos da mortalidade ocorre quando descobrimos a alegria que advém quando o fazer sempre as coisas que “funcionam e agradam ao Senhor” e fazer “o que funciona para nós” se tornam a mesma coisa! Fazer a vontade do Senhor de forma decisiva e inquestionável requer um discipulado majestoso e heroico! Nesse momento sublime, tornamo-nos consagrados ao Senhor e entregamos-Lhe totalmente a nossa vontade. Tal submissão espiritual, por assim dizer, é bela, poderosa e transformadora.

Testifico-vos que seguir a vontade do Senhor na nossa vida permitir-nos-á encontrar a pérola mais preciosa do mundo — o reino dos Céus. Oro para que cada um de nós, a seu próprio tempo, seja capaz de declarar, com confiança no convénio, ao nosso Pai Celestial e ao Salvador Jesus Cristo que “o que funciona para Vós, funciona para mim”. Digo estas coisas, no sagrado nome do Salvador Jesus Cristo. Amém.