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CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS: UMA ERA DE CORRELAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO


CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

UMA ERA DE CORRELAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO

AO LONGO DOS ANOS1as Autoridades Gerais tomaram providências para assegurar que a Igreja e seus programas estivessem aperfeiçoando os santos e preparando um povo digno de estabelecer Sião na Terra. Suas preocupações tornaram-se mais prementes quando o número de membros dobrou em apenas uma década e meia e ultrapassou o marco de dois milhões de pessoas, em 1963. Os líderes da Igreja ficaram cada vez mais conscientes de que as diversas organizações precisavam trabalhar em harmonia, sob a direção do sacerdócio, de que as famílias precisavam ser fortalecidas e que a administração precisava ser dirigida para atender de modo mais adequado às complexas necessidades dos santos. O crescimento sem precedentes da Igreja durante a década de 1950 tornou necessária a ênfase dada na correlação e a consolidação, que caracterizaram a década de 1960 e o início de década de 1970. Para isso, foram realizadas avaliações periódicas para garantir que todas as organizações da Igreja e suas atividades fossem devidamente correlacionadas.

ÊNFASE NA CORRELAÇÃO DO SACERDÓCIO

Um diligente esforço de correlação teve início em 1960, quando a Primeira Presidência ordenou que o Comitê Geral do Sacerdócio, sob a direção do Élder Harold B. Lee do Quórum dos Doze Apóstolos realizasse “exaustiva e fervorosa análise e avaliação” de todos os programas e currículos tendo em mente os objetivos principais da Igreja “para que a Igreja possa ter a maior colheita possível por meio da devoção da fé, inteligência, capacidade e conhecimento de nossas diversas Organizações Auxiliares e Comitês do Sacerdócio”.2O Élder Lee e seu comitê perceberam que seria necessário mais do que apenas garantir que todos os assuntos relacionados ao evangelho fossem adequadamente abordados no currículo da Igreja. Deram-se conta de que seria necessário haver uma organização a nível geral da Igreja para correlacionar o ensino da doutrina nos vários quóruns e organizações auxiliares do sacerdócio.

Na conferência geral do outono de 1961, o Élder Lee apresentou um esboço dos princípios básicos que regeriam o que se tornaria conhecido como a correlação do sacerdócio. Ele citou a comparação feita por Paulo entre a Igreja e um corpo humano funcionando perfeitamente (ver I Coríntios 12:14–28) e depois citou uma revelação moderna, que declarava: “Portanto, que todo homem ocupe seu próprio cargo e trabalhe em seu próprio chamado; e que a cabeça não diga aos pés não ter deles necessidade; porque, sem os pés, como se sustentaria o corpo? Também o corpo tem necessidade de todos os membros (…)”. (D&C 84:109–110)

O Élder Lee salientou: “Cada organização deve ter sua função específica, sem invadir o campo de ação da outra, que seria como se o olho dissesse à mão ‘não tenho necessidade de ti’”. Ele também reenfatizou a declaração feita pela Primeira Presidência em 1940: “o lar é a base de uma vida digna e nenhuma outra organização poderá tomar seu lugar nem cumprir suas funções essenciais, e o melhor que as auxiliares poderão fazer será auxiliar o lar em seus problemas, oferecendo ajuda e socorro sempre que necessário”. Os líderes da Igreja freqüentemente referiram-se à família como a unidade central da organização da Igreja.

Nessa mesma época, o Élder Lee anunciou a formação de um conselho de coordenação de toda a Igreja composto de algumas Autoridades Gerais e executivos de várias organizações da Igreja. O propósito do conselho seria elaborar normas que regeriam o planejamento e a implementação de todos os programas da Igreja. Sob a direção desse conselho, comitês distintos para as crianças, jovens e adultos deveriam elaborar cursos de estudo e coordenar as atividades para suas respectivas faixas etárias. As diversas organizações auxiliares então implementariam os programas preparados por esses três comitês. Sob a direção do conselho de coordenação da Igreja, quatro comitês gerais do sacerdócio dirigiam e incentivavam os programas de ensino familiar, genealogia e trabalho do templo, missionário e de bem-estar de toda a Igreja. O Élder Lee explicou ainda: “Adotando esse programa, temos a esperança de conseguir consolidar e simplificar os currículos, publicações, edifícios, reuniões e muitos outros aspectos importantes do trabalho do Senhor”.3

Em 1962, o Élder Richard L. Evans, um membro do Quórum dos Doze Apóstolos que trabalhava no programa de correlação, explicou a intenção:

“Que o evangelho seja ensinado do modo mais completo possível, pelo menos três vezes durante esses três períodos da vida: infância, juventude e maturidade.

Dentro desses três grupos mais importantes existem vários outros grupos menores, levando-se em conta a escola, os interesses sociais, as faixas etárias do sacerdócio, a missão, o casamento e outros fatores…

O programa básico para as diversas faixas etárias serão flexíveis o suficiente para atender às diversas necessidades e condições das pessoas, alas, estacas, ramos e missões.”4

Apesar de muitos passos importantes terem sido dados na coordenação do planejamento dos programas a nível geral, mais precisava ser feito nas alas e estacas. As primeiras providências foram tomadas em 1964. Nas reuniões semanais do comitê executivo do sacerdócio da ala, o bispado e os líderes do Sacerdócio de Melquisedeque dirigiam e coordenavam todas as atividades da ala. Conselhos de ala mensais também incluíam os líderes das auxiliares e outras pessoas; nelas seriam correlacionados horários e atividades e, mais importante, seriam discutidos como os programas da ala poderiam atender melhor às necessidades individuais dos membros e famílias. Organizações semelhantes foram implementadas a nível de estaca, três anos depois.

Um passo extremamente importante na correlação do sacerdócio a nível local foi o início do trabalho de ensino familiar, ocorrido em 1964. Os mestres familiares tornaram-se o meio mais importante de levar os diversos programas da Igreja à família. Eles substituíram os contatos feitos anteriormente de modo independente pelos professores da ala, representantes dos quóruns do sacerdócio ou membros das classes das auxiliares. As visitas periódicas dos mestres familiares, geralmente realizadas uma vez por mês, proporcionaram um canal de comunicação de mão dupla entre a família e os líderes do sacerdócio da ala.

O novo manual do Sacerdócio de Melquisedeque publicado em 1964 declarava que a Igreja tinha três objetivos principais.

“1. Aperfeiçoar os santos: Manter os membros da Igreja no caminho de seu pleno dever e ajudá-los a andar em retidão diante do Senhor.

2. Obra missionária: Ensinar o evangelho àqueles que ainda não ouviram falar dele ou ainda não o aceitaram.

3. Trabalho no Templo: Fazer com que cada membro digno vá ao templo para receber sua própria investidura e ser selado a sua família. Também realizar pesquisa genealógica e as ordenanças vicárias do templo para que os falecidos justos possam participar das bênçãos do evangelho”.5

Outras medidas para correlacionar as atividades da Igreja continuaram a ser implementadas. Um importante melhoramento surgiu em 1967, com a adoção de um ano uniforme pela Igreja. Anteriormente algumas organizações da Igreja começavam suas aulas no início do ano letivo local, enquanto outras seguiam o calendário anual. A partir de então, todo o sacerdócio e as organizações auxiliares passaram a iniciar suas aulas ao mesmo tempo. Além disso, os grupos etários foram padronizados em todas as organizações, de modo que os professores das diversas organizações da ala pudessem trabalhar em conjunto para atender às necessidades de qualquer grupo de jovens.

Durante a década de 1960, os santos dos últimos dias de várias partes do mundo passaram a ser cada vez mais ativos no trabalho de compartilhar o evangelho com seus amigos, e foram formados os comitês missionários da juventude. Em 1967, esses comitês foram ampliados para o conselho da juventude do bispado, que reunia jovens e líderes adultos uma vez por mês em cada ala para avaliar as necessidades dos jovens e coordenar as atividades. Além disso, os estoques de material didático anteriormente guardados para cada organização passaram a ser reunidos em uma única biblioteca da ala. De modo semelhante, os programas de treinamento didático promovidos individualmente pelas auxiliares foram combinados em um único diretor de aperfeiçoamento didático da ala.

FORTALECIMENTO DA FAMÍLIA

Um dos mais importantes avanços da correlação do sacerdócio foi o fortalecimento das famílias SUD. Os líderes da Igreja deram renovada ênfase às reuniões de noite familiar. A partir de 1965, a Igreja passou a publicar manuais com aulas semanais para serem usados pelas famílias de todo o mundo. Enquanto as aulas do sacerdócio e das auxiliares apresentavam princípios do evangelho, as atividades para o lar enfocavam a aplicação prática diária desses princípios. Além dos manuais de reuniões familiares, várias organizações publicavam sugestões para atividades da família. A Sociedade de Socorro fornecia materiais especificamente voltados para as mães, e os quóruns do Sacerdócio de Melquisedeque cuidavam da instrução dos pais.

O Élder Harold B. Lee testificou que esse programa era inspirado: “Sintome plenamente convencido de que em 1964 e no ano anterior recebemos importante e relevante orientação divina, da mesma forma que em outros períodos da história da Igreja, por meio do profeta e líder que hoje exerce o cargo de Presidente desta Igreja”.6

No prefácio do primeiro manual de reuniões familiares, o Presidente David O. McKay declarou: “Não há lugar, organização ou meio em que os problemas destes tempos difíceis possam ser melhor solucionados do que no lar, com amor e retidão, preceito e exemplo e dedicação ao dever”.7

Um manual posterior continha a seguinte promessa: “A família que fervorosamente preparar e constantemente realizar a Reunião Familiar semanal e esforçar-se em família durante a semana para aplicar as aulas na vida prática será abençoada. Haverá melhores sentimentos entre o marido e a mulher, entre os pais e filhos e entre os filhos. Nesse lar, o Espírito do Senhor se manifestará”.8

Incentivados por essas promessas, os pais SUD de todo o mundo passaram a utilizar esse novo programa com gratidão. Quer fosse realizada em um apartamento de Nova York, uma cabana navajo ou uma casa de telhado de sapé da polinésia, a reunião familiar geralmente tinha alguns elementos em comum: os membros da família revezavam-se na direção do programa, nas orações, na regência do hino e na apresentação da lição. As famílias freqüentemente combinavam esses elementos da noite familiar com atividades recreativas especiais e quase sempre serviam algo para comer e beber. Em 1970, os líderes da Igreja anunciaram que a noite de segunda-feira seria reservada para essas reuniões de família, e nenhuma outra atividade da Igreja deveria ser realizada nessa noite.

Até o trabalho missionário foi afetado pela ênfase da Igreja na família. O bom relacionamento familiar foi tema de uma série de pequenos anúncios da Igreja produzidos para o rádio e a televisão. Muitas dessas mensagens “HomeFront” ganharam prêmios de excelência de grupos religiosos e da mídia. Mostrar às famílias como realizar reuniões familiares era um meio eficaz de os missionários apresentarem o evangelho a aqueles que não eram membros. Depois desse contato inicial, os missionários freqüentemente eram convidados a voltar para apresentar as palestras normais de proselitismo.

O Presidente David O. McKay freqüentemente salientou a importância da família. Numa declaração bastante citada, ele disse: “Nenhum sucesso compensa o fracasso no lar.9O mais pobre casebre em que reine o amor numa família unida é de maior valor para Deus e para o futuro da humanidade do que o mais rico banco da Terra. Em um lar assim, Deus pode realizar milagres e certamente o fará. (…) O coração puro em um lar digno sempre está a um passo do céu”.10Depois do falecimento do Presidente McKay no início da década de 1970, seus sucessores continuaram a dar importância à correlação do sacerdócio e à família.

OS PRESIDENTES JOSEPH FIELDING SMITH E HAROLD B. LEE

Durante o início da década de 1970, a Igreja foi dirigida por dois importantes profetas SUD. Joseph Fielding Smith serviu como Presidente da Igreja por dois anos e meio, e Harold B. Lee ocupou o cargo por dezoito meses. Em ambos os casos, esse curto período na presidência culminou uma longa e significativa vida de serviço na Igreja.

Joseph Fielding Smith, que se tornou Presidente da Igreja na década de 1970, nasceu em 1876, um ano antes da morte de Brigham Young. Diversas experiências e designações durante sua longa vida prepararam-no bem para fazer uma contribuição importante para o progresso do trabalho de Deus na Terra. Em 1910, ele foi apoiado como membro do Quórum dos Doze e foi ordenado Apóstolo por seu pai, o Presidente Joseph F. Smith. Joseph Fielding Smith serviu no Quórum por sessenta anos, mais tempo que qualquer outro de seus integrantes. O Élder Smith também foi designado historiador e registrador da Igreja em 1921, cargo que ocupou até ser apoiado como Presidente da Igreja, meio século mais tarde.

Da mesma forma que vários outros presidentes da Igreja, Joseph Fielding Smith fez uma de suas maiores contribuições à Igreja nos anos que precederam seu chamado como Presidente da Igreja. Todo o seu ministério apostólico foi caracterizado por sua admirável defesa dos ensinamentos e doutrinas do Profeta Joseph Smith e da mensagem da Restauração.

Joseph Fielding Smith recebeu sua bênção patriarcal do Patriarca Joseph D. Smith, em 1913. Em sua bênção, ele recebeu a promessa de que jamais seria confundido ao defender a divindade da missão do Profeta Joseph Smith: “Foste abençoado com a capacidade de compreender, analisar e defender os princípios da verdade mais do que muitos de seus companheiros, e tempo virá em que o acúmulo de evidências que reunires tornar-se-á uma muralha de defesa contra os que procuram e desejam destruir a evidência da divindade da missão do Profeta Joseph ; e ao defender essas coisas, jamais serás confudido”.11

Pensem na influência que apenas um dos mais de vinte livros que escreveu — Ensinamentos do Profeta Joseph Smith — teve sobre o entendimento e a clareza da doutrina na Igreja. O diário de Joseph Fielding Smith explica que o livro foi compilado porque muitos professores da Igreja “aceitavam muito facilmente os pontos de vista de educadores não inspirados”.13Desde a sua primeira edição, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith tornou-se uma referência básica para a interpretação das doutrinas, a elaboração de normas e administração da Igreja.

Justificando tudo o que havia escrito e dito nas cinco décadas em que serviu como Apóstolo, o Presidente Joseph Fielding Smith declarou em sua primeira mensagem como Presidente da Igreja:

“Por toda a vida tenho estudado as escrituras e procurado a orientação do Espírito do Senhor para chegar ao entendimento de seu verdadeiro significado. O Senhor foi bondoso para comigo e regozijo-me no conhecimento que Ele me concedeu e pelo privilégio que tive e tenho de ensinar Seus princípios de salvação.

Tudo o que ensinei e escrevi no passado eu ensinaria e escreveria novamente, sob as mesmas circunstâncias.”14

Nos dois anos e meio de sua administração, o Presidente Smith continuou a proclamar os princípios básicos da Restauração, conforme revelados ao Profeta Joseph Smith. Sua administração salientou e interpretou os eternos ensinamentos e doutrinas do Profeta Joseph Smith, para uma Igreja que rapidamente se expandia internacionalmente, na década de 1970. Alguns trechos de discursos que ele fez como Presidente da Igreja ilustram como o Presidente Smith dava ênfase e interpretava os ensinamentos do Profeta Joseph Smith para a Igreja.

“Deus é nosso Pai. (…) Ele é onipotente e onisciente; Ele tem todo o poder e toda a sabedoria (…)

(…) Sinto-me grato por sabermos que Ele é um ser infinito e eterno que conhece todas as coisas e tem todo o poder e cujo progresso não está em obter mais conhecimento e poder, nem em aperfeiçoar Seus atributos divinos, mas no crescimento e na multiplicação de Seus reinos. Isso também foi o que o Profeta ensinou.”15

“O Profeta Joseph Smith ensinou que o homem é salvo na medida que obtém conhecimento de Jesus Cristo e das verdades salvadoras do evangelho e ninguém pode ser salvo na ignorância dessas coisas.”16

O Presidente Smith assumiu a liderança na idade avançada de noventa e três anos. Com a ajuda de seus dois capazes conselheiros, Harold B. Lee e N. Eldon Tanner, o Presidente Smith dirigiu a implementação de diversos melhoramentos nos programas e atividades da Igreja. Ele viajou muito, dirigiu conferências, dedicou edifícios e fortaleceu a Igreja e seus membros de várias outras maneiras. Depois de servir como Presidente da Igreja por quase trinta meses, Joseph Fielding Smith morreu tranqüilamente, apenas duas semanas antes de completar noventa e seis anos de idade.

Depois da morte do Presidente Smith, Harold B. Lee foi apoiado como o décimo primeiro Presidente da Igreja. Tal como seu antecessor, o Presidente Lee tinha feito muitas contribuições importantes que tiveram ampla influência na Igreja e seus programas. Talvez o seu papel mais conhecido tenha sido nos projetos inovadores que influenciaram o plano de bem-estar que ele mais tarde ajudou a introduzir em toda a Igreja e sua liderança no desenvolvimento do programa de correlação do sacerdócio. No final da década de 1930, ele viajou muito, instruindo os líderes das estacas a respeito do novo programa de bem-estar.

O Élder Lee foi apoiado como membro do Quórum dos Doze Apóstolos em abril de 1941. Depois do início da Segunda Guerra Mundial, ele foi nomeado como o primeiro presidente do comitê de membros da Igreja servindo nas forças armadas, em outubro de 1942. Em 1960, ele tornou-se presidente do Comitê Geral do Sacerdócio. Foi nesse cargo que ele recebeu a designação de realizar um extenso estudo do currículo e dos programas da Igreja. Durante os anos seguintes, ele relatou nas conferências gerais o progresso da correlação do sacerdócio e a introdução de atividades importantes como o ensino familiar, os comitês executivos do sacerdócio, os conselhos de correlação da ala e as reuniões de noite familiar. Todas essas experiências deram a Harold B. Lee um rico embasamento para seu serviço como Presidente da Igreja.

Em uma entrevista coletiva à imprensa, na ocasião em que assumiu a liderança da Igreja, o Presidente Lee declarou: “A segurança da Igreja depende da maneira como os membros guardarem os mandamentos. Não existe nada mais importante que eu possa dizer. Se eles guardarem os mandamentos, as bênçãos virão.”17O Presidente Lee dirigiu a Igreja por apenas um ano e meio antes de falecer inesperadamente no dia 26 de dezembro de 1973. Apesar de breve, sua administração deu continuidade a importantes projetos que foram iniciados por seus antecessores, em particular no que se refere à consolidação e a dinamização dos programas da Igreja em meio a seu rápido e constante crescimento.

CONSOLIDAÇÃO DURANTE O INÍCIO DA DÉCADA DE 1970

Durante os quatro anos em que Joseph Fielding Smith e Harold B. Lee lideraram a Igreja, o número de membros passou de 2,8 para 3,3 milhões. No início de 1970, no dia do falecimento do Presidente David O. McKay, foi organizada a qüingentésima estaca da Igreja. Naquele mesmo ano, sessenta e quatro novas estacas foram formadas (no ano anterior havia sido registrada a formação de vinte e nove estacas). Entre elas estavam as estacas de Tóquio, Japão, a primeira da Ásia; Johannesburgo, África do Sul, a primeira da África; e Lima, Peru, a primeira na costa ocidental da América do Sul. Mais de seis milhões de pessoas visitaram o pavilhão da Igreja na “Expo 70”, em Osaca, Japão. Isso tornou os programas e ensinamentos da Igreja mais conhecidos do que nunca no Japão e em outros países do leste asiático. Em 1972, a Igreja inaugurou um centro de visitantes em San Diego onde o Batalhão Mórmon havia terminado sua marcha épica. A Igreja também abriu um escritório de relações públicas na Cidade de Nova York. No ano seguinte, um conjunto de edifícios restaurados foi dedicado em Nauvoo, e foram iniciados os roteiros em língua japonesa no centro de visitantes do Templo de Laie Havaí.

Mas o início da década de 1970 não foi apenas uma era de crescimento e expansão. Esses anos também testemunharam a consolidação das responsabilidades administrativas da sede da Igreja, num esforço contínuo de melhorar os diversos programas da Igreja e o maior desejo de ajudar cada membro individualmente a enfrentar os crescentes desafios do mundo moderno.

Algumas reorganizações importantes na sede da Igreja agruparam atividades e funções em vários grandes departamentos. Um dos departamentos reuniu as responsabilidades de escrever, editar e traduzir revistas, manuais de aulas e outros materiais didáticos. O Departamento de Comunicações Públicas passou a coordenar as transmissões de rádio e televisão, os centros de visitantes e outras atividades de relações públicas. Os bens imóveis, a construção e a manutenção de edifícios tornaram-se responsabilidade do Departamento do Patrimônio. O Departamento Histórico recebeu a responsabilidade de reunir e preservar os registros e torná-los acessíveis para pesquisas. Uma consolidação tangível da administração da Igreja ocorreu com a construção de um edifício de escritórios de vinte e oito andares, pouco ao norte do Edifício de Administração da Igreja em Salt Lake City. Quando esse edifício foi inaugurado, em 1972, os escritórios anteriormente localizados em espaços alugados em diversos edifícios do centro da cidade foram reunidos em um único local.

Nesse espírito de correlação e consolidação, várias atividades anteriormente independentes da Igreja foram combinadas. Por exemplo: o programa dos Rapazes do Sacerdócio Aarônico e da Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes foram combinados. Os consultores dos quóruns tornaram-se a presidência dos Rapazes da ala. Uma reorganização semelhante reduziu o número de líderes e professoras da AMM das Moças. A partir de 1971, a Igreja passou a publicar apenas três revistas: a Ensign para os adultos, a New Era para os jovens e a Friend para as crianças. As auxiliares e outras organizações da Igreja anteriormente publicavam suas próprias revistas. A partir de então, uma única equipe, sob a direção das Autoridades Gerais, passou a cuidar da edição e da distribuição.

As alterações ocorridas nesse período fizeram com que fossem abandonados antigos nomes de programas da Igreja. Após noventa e nove anos, o título “União Deseret das Escolas Dominicais” foi substituído por “Escola Dominical de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Outros nomes que foram abandonados nessa época incluíram Bandeirantes (meninos de nove a onze anos da Primária), Cavalheiros e Ceifeiras (jovens adultos solteiros) e até mesmo o nome da própria Associação de Melhoramentos Mútuos, ou AMM. A mudança de Sacerdócio Aarônico sênior para élder em perspectiva, para os membros masculinos adultos que não possuíam o Sacerdócio de Melquisedeque, representou uma nova ênfase para o programa. O antigo título parecia refletir o fracasso passado em avançar além do sacerdócio menor, enquanto o novo título demonstrava esperança de progresso futuro. Ao ser dado ao quórum de élderes o encargo de reativar os homens sob sua responsabilidade colocou os élderes em perspectiva bem no meio das atividades e programas do sacerdócio. Missionários que haviam regressado recentemente do campo, geralmente membros do quórum de élderes, podiam utilizar as mesmas habilidades usadas para ensinar os que não eram membros ao trabalharem com os irmãos inativos.18

O interesse do Presidente Joseph Fielding Smith pela erudição no evangelho ficou demonstrada em outro melhoramento das atividades da Igreja. Em 1972, a classe de Doutrina do Evangelho de adultos da Escola Dominical iniciou um estudo sistemático das obras padrão. Até aquela época, diversos manuais haviam sido preparados para essa classe, mas a partir de 1972, as próprias escrituras tornaram-se o material de estudo. O Velho Testamento, o Novo Testamento, o Livro de Mórmon e Doutrina e Convênios passaram a ser estudados sucessivamente a cada período de dois anos (posteriormente um ano). A Pérola de Grande Valor era estudada em conjunto com partes relevantes das outras obras padrão. Os líderes da Igreja esperavam um revigoramento espiritual como resultado do maior contato dos santos com as escrituras.

Sob a liderança dos Presidentes Smith e Lee foi dado continuidade ao trabalho do templo. Em 1972 foram dedicados os templos de Ogden Utah e Provo Utah. Com a utilização de avançada tecnologia em áreas de grande população de membros da Igreja, eles tornaram-se quase imediatamente os templos mais produtivos em número de ordenanças realizadas. A construção do Templo de Washington, D. C., o maior já construído pela Igreja, teve início em 1971. Foi também anunciado o trabalho de reforma de cinco dos templos já existentes. Passou a ser permitido que o nome de pessoas fosse submetido individualmente para as ordenanças do templo, em vez de apenas em grupos familiares, o que provocou um grande crescimento da atividade genealógica e do templo.

DIRETRIZES PARA O SISTEMA EDUCACIONAL DA IGREJA

Em harmonia com o objetivo de combinar atividades relacionadas, o Sistema Educacional da Igreja foi simplificado. Em 1970, Neal A. Maxwell, um administrador da Universidade de Utah, foi chamado como comissário de educação. Ele e sua equipe ponderaram muito sobre os esforços educacionais da Igreja e publicaram um relatório em 1971, identificando três princípios mais importantes.

(1) “A alfabetização e a educação básica são necessidades do evangelho (…) A educação freqüentemente não é apenas a chave para o futuro econômico do membro, mas também para suas oportunidades de auto-realização, sua plena capacidade de servir na Igreja e contribuir para o mundo a sua volta.” A fim de atender a essa necessidade, a Igreja abriu setenta e cinco escolas primárias e secundárias na América Latina e no Sul do Pacífico. Sem elas, os membros que moravam nessas regiões tinham poucas oportunidades de educação. Mais tarde, porém, quando os governos locais começaram a proporcionar melhores condições de ensino público, algumas dessas escolas da Igreja foram fechadas.

(2) “Os programas da Igreja não proverão oportunidades já disponíveis, especialmente no ensino superior.” O comissário salientou que o ensino superior estava ao alcance da maioria dos membros da Igreja. “Dos mais de 200.000 membros (…) matriculados em faculdades e universidades, apenas 32.000 deles estão freqüentando escolas da Igreja. Contudo, 50.000 alunos universitários SUD em 321 outras universidades estão matriculados em institutos de religião SUD para obter ensino religioso e desfrutar de oportunidades sociais e culturais.”

(3) “O objetivo final é que todo estudante secundário ou universitário SUD tenha acesso ao ensino religioso nos dias da semana, simultaneamente ao ensino secular. O maior impacto, em termos de número de pessoas que servem nos programas educacionais da Igreja, está nos programas de seminário e instituto, nos quais estão matriculados 190.000 estudantes”, concluiu o comissário.19

A formação da Associação de Estudantes SUD (LDSSA), iniciada em 1966 no campus da Universidade de Utah e do Sul da Califórnia, foi um exemplo específico de como a correlação se aplicava ao programa educacional da Igreja. Sob a direção de líderes do sacerdócio, a LDSSA coordenou os esforços de alas e ramos de estudantes, bem como institutos de religião e organizações sociais ligadas à Igreja. Em vez de competirem uns com os outros, esses programas funcionavam em conjunto para promover o desenvolvimento espiritual e intelectual dos estudantes. A LDSSA também promoveu atividades próprias e às vezes proporcionava um elo de ligação entre os programas da Igreja e as organizações estudantis nas universidades.

A convenção internacional da LDSSA, realizada em 1969 no instituto da Universidade de Utah, foi uma memorável experiência espiritual para os mais de trezentos estudantes presentes. Os líderes da Igreja desejavam fortalecer esses líderes estudantis cuidadosamente escolhidos nas universidades dos Estados Unidos e Canadá, para que eles se tornassem uma luz em uma época de tumulto e confusão entre os estudantes universitários. O Élder Harold B. Lee foi o orador principal da convenção.

“Ele contou experiências pessoais de verdadeiros milagres modernos que ocorreram em sua vida (…)

Depois, mais para o final de seu discurso de uma hora e quinze minutos, seu estado de espírito mudou (…)

O Élder Lee concluiu seu discurso bastante emocionado, testemunhando com firmeza e fervor da veracidade do que declarara acreditar e prestando seu testemunho pessoal e sincero de que Deus vive. Ele falou sobre a maneira pela qual havia chegado a esse conhecimento como uma de suas testemunhas especiais nesta Terra. Todos sentiram que ele sabia!” Por algum tempo depois da última oração, todos permaneceram sentados em silêncio. Ninguém queria desfazer o espírito que reinava na ocasião. O Élder Marion D. Hanks, que dirigira a reunião, acompanhou o Élder e a irmã Lee até o salão de entrada. “O Élder e a irmã Lee apertaram a mão de um grupo de jovens que se enfileiraram para cumprimentá-los, todos absolutamente emudecidos e muitos com lágrimas nos olhos.”20

ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS

Nas décadas subseqüentes à Segunda Guerra Mundial houve uma desintegração geral das instituições e tradições que nos anos anteriores havia proporcionado estabilidade social e segurança. O índice de crimes aumentou. O crescente número de divórcios dividiu as famílias. Mais pessoas passaram a morar em regiões urbanas do que nas zonas rurais. A vida na cidade era tipicamente caótica, com uma infinidade de atrações que impeliam os membros da família em diversas direções. Apesar de o evangelho oferecer uma defesa contra esses problemas sociais, os santos dos últimos dias não estavam imunes. O Presidente Harold B. Lee estava preocupado com essas dificuldades e salientou a necessidade de que todo membro da Igreja fosse abençoado com o programa completo da Igreja. Alguns dos maiores desafios para os membros estavam nas áreas de bem-estar emocional e saúde física. Para enfrentar esses problemas, a Igreja estabeleceu os programas de serviço social e saúde.

Ao longo dos anos, a Igreja estabeleceu três programas para cuidar de problemas sociais específicos: O departamento de bem-estar social da Sociedade de Socorro cuidava da adoção e da procura de lares substitutos para crianças carentes. Desde a metade da década de 1950 o programa de intercâmbio de estudantes índios ajudou milhares de crianças a terem uma educação melhor. O programa de orientação de jovens proporcionava aconselhamento, adoção e alojamento para jovens necessitados. A lei exigia que nos três programas fossem contratados assistentes sociais profissionais e licenciados. Em 1969, os programas foram unificados para formar o novo departamento de Serviços Sociais da Igreja.

Desde o início, o programa foi ampliado para proporcionar diversos tipos de serviços. Lares adotivos especiais auxiliavam mães solteiras e os líderes da Igreja incentivavam-nas a casarem-se, quando isso fosse propício. O escritório de adoção da Igreja ajudava casais sem filhos a encontrarem crianças para serem adotadas e procurava lares SUD para crianças que necessitavam de adoção. Os serviços prestados a membros da Igreja na prisão e seus familiares incluíam aconselhamento e reabilitação. Eram realizadas reuniões familiares especiais para os presidiários. Ao trabalhar com membros que tinham problemas com álcool ou drogas, os Serviços Sociais da Igreja coordenavam seus esforços com organizações públicas e também fornecia orientação para os líderes locais da Igreja. Nas áreas em que havia maior concentração de membros da Igreja, particularmente no oeste dos Estados Unidos e Canadá, a Igreja estabeleceu escritórios de serviços sociais. Neles eram contratados profissionais treinados e licenciados, funcionando de acordo com as leis governamentais.21

Desde seu princípio, a Igreja sempre salientou a importância da saúde física, tendo na Palavra de Sabedoria um exemplo bem conhecido desse fato. Na segunda metade do século XX, o número de hospitais dirigidos pela Igreja em Utah, Idaho e Wyoming chegou a quinze. Mas no início da década de 1970 foi dada nova e maior ênfase ao programa de saúde da Igreja.

Em 1971, a Igreja chamou seus primeiros missionários de saúde. Além de fazer o proselitismo normal, eles ofereciam orientação especializada em princípios de sáude, nutrição e higiene. Enquanto as organizações governamentais e religiosas geralmente patrocinavam clínicas em que os médicos podiam cuidar de relativamente poucas pessoas, os missionários de saúde da Igreja enfatizavam a prevenção de doenças por meio da eduação e assim eram capazes de servir milhares de pessoas. Esses missionários trabalhavam por intermédio das organizações comuns da Igreja. Usando cartazes e outros auxílios didáticos, eles ensinavam às crianças da Primária a importância de lavar as mãos antes de comer e instruíam as mulheres da Sociedade de Socorro sobre métodos de preservar e preparar alimentos saudáveis. Mais recentemente, eles receberam designações mais amplas e passaram a ser chamados de missionários de bem-estar ou missionários com designação especial.

Essa nova ênfase no programa de saúde da Igreja foi demonstrada na decisão tomada em 1974 de privatizar os hospitais da Igreja. A Primeira Presidência declarou: “A crescente responsabilidade mundial da Igreja torna difícil justificar o patrocínio de serviços médicos em uma única região geográfica com boas condições econômicas”. Em vez disso, a Igreja decidiu utilizar seus recursos para melhorar as condições de saúde dos membros de todo o mundo por meio da educação. Uma empresa independente, a Intermountain Health Care, Inc., foi designada a dirigir e administrar os hospitais que anteriormente pertenciam à Igreja.22

Em 1973, o Programa Geral de Bem-Estar, os Serviços de Saúde e os Serviços Sociais foram reunidos no novo departamento de Serviços de Bem-Estar, sob a supervisão do Bispado Presidente. Isso foi feito para “unificar as atividades no atendimento das necessidades do ser humano como um todo”.23

Ao longo dos anos, a Igreja publicou livros em braille e produziu gravações para membros cegos da Igreja. O contínuo esforço para atender às necessidades especiais dos membros deficientes foi ampliado. Seminários educacionais especiais foram providenciados para pessoas com deficiências de aprendizado. Os bispos receberam instruções sobre como envolver os deficientes físicos de modo mais completo. Pessoas com visão normal foram convidadas a ajudar professores cegos a prepararem suas aulas. Os mestres familiares podem ajudar membros em cadeiras de rodas a irem para a Igreja. Os jovens aprenderam a línguagem de sinais e serviram de intérpretes nas reuniões da Igreja para amigos surdos. O número de ramos especiais para surdos foi ampliado em todos os Estados Unidos. Uma conferência realizada em 1972 discutiu maneiras pelas quais a Igreja poderia atender melhor às necessidades dos santos dos últimos dias surdos. Um filme foi produzido para os surdos a fim de mostrar como as ordenanças do sacerdócio podem ser realizadas sem a utilização da fala, e um dicionário foi compilado para padronizar os sinais usados para interpretar termos específicos do evangelho ou relacionados à Igreja.24

O início da década de 1970 foi uma era de crescimento da consciência das minorias. Os grupos étnicos passaram a ter maior orgulho de seu legado especial. A Igreja tomou providências para atender às necessidades particulares desses grupos. Em 1970, o nome do comitê indígena foi mudado para Comitê dos Lamanitas e Outras Culturas, para indicar seu maior âmbito de ação. Esse comitê não administrava programas próprios mas coordenava os esfroços de organizações existentes da Igreja em prol de vários grupos minoritários. O comitê estudava diferentes modos em que os princípios do evangelho poderiam ser ensinados de forma mais eficaz para o entendimentos de vários grupos culturais. Ele também procurava “reunir e preservar as contribuições de diversos grupos culturais que pudessem beneficiar outros membros da Igreja”.25

Em 1972, o Presidente Harold B. Lee e seus conselheiros instruíram os líderes locais do sacerdócio a assumirem a responsabilidade de atender adequadamente às necessidades de grupos minoritários que residissem dentro de suas jurisdições. Como resultado, foram providenciados equipamentos de tradução, aulas ensinadas na língua das minorias ou mesmo ramos ou alas independentes. Apesar de ser salientada a importância de atender às necessidades particulares, a meta principal era envolver os membros pertencentes a minorias tão plenamente quanto possível nas atividades da Igreja.

Outro grupo com necessidades especiais era o crescente número de adultos solteiros da Igreja. As atividades tradicionais planejadas para casais não atendiam adequadamente às necessidades dessas pessoas. Um ramo para adultos solteiros foi inaugurado em agosto de 1973 em Salt Lake City. Mais tarde, alas foram organizadas para atender às necessidades de adultos solteiros. A Igreja também ampliou suas atividades para solteiros por meio de programas promovidos pelo Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro.

A formação de programas relacionados ao bem-estar social e à saúde no século XX demonstram como, sob direção inspirada, a Igreja pode atender às necessidades que surgem com o passar do tempo.

LINHAS DE COMUNICAÇÃO MUNDIAL

Durante esses anos em que as atividades existentes foram sendo melhoradas e correlacionadas e quando outras surgiram em resposta a novas necessidades que foram aparecendo, as Autoridades Gerais sentiram profundamente a necessidade de melhorar os canais de comunicação a fim de fortalecer os santos e seus líderes em todo o mundo. Isso foi realizado de pelo menos três maneiras distintas.

Em 1936, foram formadas regiões no intuito de coordenar os esforços de diversas estacas na administração de projetos de bem-estar. Em 1964 o âmbito de ação dessas regiões foi ampliado para envolver todas as atividades promovidas pelo sacerdócio. Três anos depois, a Primeira Presidência anunciou a designação de Representantes Regionais, homens experientes que ofereceriam maior orientação e liderança aos líderes das estacas.26Sob a direção das Autoridades Gerais eles realizavam reuniões de instrução em suas regiões designadas para introduzir ou enfatizar programas e atividades da Igreja. Originalmente sessenta e nove Representantes Regionais foram chamados. Nos anos subseqüentes, o número e os encargos desses homens foram bastante aumentados.

As conferências de área, iniciadas em 1971, tornaram-se outro meio de melhorar a comunicação com os membros da Igreja em todo o mundo. A primeira dessas conferências foi realizada em Manchester, Inglaterra, em agosto daquele ano. A imprensa fez uma grande cobertura quando se aproximava a data marcada para a conferência. Extensos artigos publicados em importantes jornais britânicos, como o Guardian, Times, e o Sunday Telegraph relataram o progresso da Igreja na Inglaterra, fazendo comentários positivos a respeito de princípios como a Palavra de Sabedoria e profecias modernas. Os mórmons também foram o tema de um documentário de cinqüenta minutos transmitido pela emissora de televisão BBC. As reuniões principais foram realizadas no Belle Vue Exhibition Centre em King’s Hall, que assumiu a aparência do Tabernáculo de Salt Lake, com as Autoridades Gerais ocupando cadeiras de espaldar vermelho e alto. Cerca de doze a quatorze mil pessoas assistiram às reuniões gerais, um número aproximadamente equivalente a um quinto da população total de membros na Inglaterra. Ao dirigir-se a essa vasta audiência, o Presidente Joseph Fielding Smith declarou:

“Somos membros de uma igreja mundial, uma igreja que tem o plano da vida e salvação, uma igreja estabelecida pelo próprio Senhor nestes últimos dias para levar mensagem de salvação a todos os Seus filhos na Terra.

Muito tempo se passou desde a época em que as pessoas cultas pensavam em nós como um grupo estranho que morava no alto das Montanhas Rochosas na América (…)

Hoje estamos alcançando a maturidade como igreja e povo.”27

Falando na última sessão da tarde de domingo, o Representante Regional Derek A. Cuthbert, que havia coordenado os preparativos locais para a conferência, disse: “Não há mais a necessidade de os membros ingleses da Igreja deixarem sua terra natal para partilhar das bênçãos de pertencerem à Igreja”.28

Ao término da conferência, toda a congregação ergueu-se enquanto o Presidente Joseph Fielding Smith preparava-se para sair. Ninguém se moveu e todas as conversas foram feitas em sussurros. “Foi como se não quisessem deixar o espírito que havia reinado na reunião. Havia um ambiente sagrado no King’s Hall e como testemunho do espírito a congregação espontaneamente começou a cantar ‘Graças Damos Ó Deus Por um Profeta’.” Depois cantaram “Deus Vos Guarde”.29

Uma conferência semelhante foi realizada na Cidade do México no ano seguinte, apenas um mês após Harold B. Lee ter-se tornado Presidente da Igreja. Um grupo de Tijuana, México, viajou cinqüenta e três horas de ônibus, alternando- se nos assentos, porque o ônibus tinha mais passageiros do que lugares. O programa cultural “Folklorico” do sábado à noite mostrou músicos e dançarinos talentosos de todo o México e da América Central. Na noite de sábado, o Presidente Lee falou ao Sacerdócio Aarônico, às Moças, à Sociedade de Socorro e aos grupos do Sacerdócio de Melquisedeque reunidos simultaneamente em diversos lugares na Cidade do México. O Presidente Lee participou alternadamente das várias reuniões, inspirando os presentes com seus discursos. O Coro do Tabernáculo apresentou seu programa da manhã de domingo no auditório nacional do parque Chapultepec. O coro levou lágrimas aos olhos de muitos ao apresentar vários números em espanhol. Durante a sessão da manhã, a nova Primeira Presidência, com todos os três membros presentes, foi apoiada pela primeira vez em uma conferência geral de área.

Nessa conferência, o Élder Bruce R. McConkie declarou claramente a interpretação atualizada do princípio de coligação: “O local de coligação dos santos mexicanos é no México; o local de coligação dos santos guatemaltecos é na Guatemala; o local de coligação dos santos brasileiros é no Brasil; e assim por diante, por toda a Terra. O Japão é para os japoneses; a Coréia para os coreanos; a Austrália para os australianos; toda nação é o local de coligação para seus habitantes”.30

Nos anos seguintes, várias conferências de área semelhantes foram realizadas na Alemanha, Suécia e outras partes do mundo. Os santos dessas áreas foram igualmente edificados e inspirados.

A Missão Internacional, organizada em 1972, tornou-se o terceiro meio de manter contato com os membros da Igreja em todo o mundo, em especial com aqueles que não moravam dentro dos limites de uma estaca ou missão organizada. Milhares de santos dos últimos dias moravam espalhados pelo mundo em lugares como a Tanzânia, Zâmbia, Marrocos, Guiana, Nova Guiné, Hungria e a antiga União Soviética. Geralmente eram diplomatas ou correspondentes enviados ao exterior, representantes de empresas importantes ou consultores agrícolas ou de outros projetos de desenvolvimento. Muitas vezes essas pessoas estavam acompanhadas da família; outros estavam sozinhos. Apesar de a maioria ser proveniente dos Estados Unidos ou Canadá, havia alguns da Inglaterra, França, Alemanha, Escandinávia e muitas outras partes do mundo.

Onde quer que morassem, esses santos geralmente davam valor à sua condição de membro e à atividade na Igreja. O Élder Bernard P. Brockbank, o primeiro presidente da Missão Internacional, explicou:

“A organização dessa missão foi sábia no sentido de que o membro não precisa se sentir sozinho. Ele tem alguém com quem entrar em contato para pedir suprimentos, para responder a suas perguntas, para aconselhamento ou simplesmente para manter contato com a Igreja (…)

Onde quer que ele esteja, (…) a Igreja estará tão perto dele quanto a caixa de correio mais próxima”.31

Principalmente por meio de correspondência, a Missão Internacional facilitou os pedidos de materiais da Igreja, a manutenção de fichas de membros, o recebimento e a emissão de recibos de dízimos e outras ofertas e a coordenação de entrevistas para o avançamento no sacerdócio e para recomendação para o templo. Posteriormente, a Missão Internacional também desempenhou importante papel na abertura de novas áreas do mundo para a pregação do evangelho e atividade da Igreja. Com essas linhas de comunicação abertas, e com seus programas mais perfeitamente correlacionados, a Igreja estava pronta para alargar seus passos no cumprimento de sua missão global.

NOTAS

  1. Este capítulo foi escrito para o Sistema Educacional da Igreja; também publicado em Richard O. Cowan, (Salt Lake City: Bookcraft, 1985), pp. 254–55, 305–8, 310–12, 315–16, 324–26, 333, 336, 338–57, 414–15, 417–18, 421.

  2. Harold B. Lee, Conference Report, abr. 1963, p. 83.

  3. Conference Report, set. 1961, pp. 77, 79, 81.

  4. Conference Report, out. 1962, pp. 74, 76.

  5. Manual do Sacerdócio de Melquisedeque, 1964, pp. 18–19.

  6. Conference Report, out. 1964, p. 137.

  7. Manual de Reunião Familiar, 1965, p. iii.

  8. Manual de Reunião Familiar, 1967, pp. iii–iv.

  9. David O. McKay expressou esse pensamento pela primeira vez na conferência geral de abril de 1935 (p. 116). Ele estava citando J. E. McCulloch, Home: The Savior of Civilization (Lar: O Salvador da Civilização) (Washington, D.C.: Southern Cooperative League, 1924), p. 42.

  10. Conference Report, abr. 1935, p. 116.

  11. Joseph Fielding Smith, Jr., and John J. Stewart, The Life of Joseph Fielding Smith (A Vida de Joseph Fielding Smith) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1972), p. 195.

  12. “Joseph Fielding Smith—Our New President”, (Joseph Fielding Smith, Nosso Novo Presidente) Instructor, mar. 1970, p. 78.

  13. Smith e Stewart, Life of Joseph Fielding Smith, p. 212.

  14. Conference Report, out. 1970, p. 5.

  15. Joseph Fielding Smith, “The Most Important Knowledge”, (O Conhecimento mais Importante) Ensign, maio 1971, p. 3.

  16. Citado em Joseph Fielding Smith Scrapbooks, 1970–1972, discurso proferido no Southern Utah State College, 28 maio 1971, LDS Historical Department, Salt Lake City, p. 5.

  17. “Presidency Meets the Press” (Entrevista à Imprensa da Presidência), Church News, 15 julho 1972, p. 3.

  18. Ver “Elders Presidency Magnified” (Ampliadas as Responsabilidades do Quórum de Élderes), Church News, 29 jan. 1972, p. 3.

  19. “Seek Learning Even By Study and By Faith” (Buscai mesmo pelo Estudo e pela Fé), relatório de 1971 do Comissário de Educação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, p. 1.

  20. L. Brent Goates, Harold B. Lee, Prophet and Seer (Harold B. Lee, Profeta e Vidente) (Salt Lake City: Bookcraft, 1985), pp. 394, 396.

  21. Ver Marvin J. Ashton, “The Church Focuses on Social and Emotional Problems”, (A Igreja Enfoca os Problemas Sociais e Emocionais), Ensign, jan. 1971, pp. 30–31; “Help Available Here”, (Procure Auxílio Aqui), Ensign, dez. 1973, pp. 54–56.

  22. “Church Divests Self of Hospitals”, (Igreja Desfaz-se de Hospitais), Church News, 14 set. 1974, p. 3.

  23. “Three Welfare Units Joined”, (União de Três Unidades de Bem-Estar), Church News, 7 abr. 1973, p. 4.

  24. Ver “Needs Identified at Seminar for LDS Deaf”, (Necessidades Avaliadas no Seminário para Surdos SUD), Church News, 19 ago. 1972, pp. 7, 12.

  25. “New Name, More Duties Given Church Indian Committee”, (Novo Nome e Novas Atribuições para o Comitê Indígena da Igreja), Church News, 27 junho 1970, p. 6.

  26. Ver Conference Report, out. 1967, pp. 25–26.

  27. Conferência de Área de Manchester, Inglaterra, 1971, p. 5.

  28. “No Longer Need to Leave Homeland, Members Told”, (Membros São Instruídos a Não Deixarem Sua Terra Natal), Church News, 4 set. 1971, p. 13.

  29. “Prophet Leads Conference; British Saints Rejoice”, (Profeta Dirige Conferência; Santos Britânicos Regozijam-se), Church News, 4 set. 1971, p. 3.

  30. Conferência de Área do México e América Central 1972, p. 45.

  31. “Unique Mission Serves World”, (Missão Especial Serve o Mundo), Church News, 1º fev. 1975, p. 3.

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

1961

Estabelecido o conselho da Igreja para correlacionar o currículo e as atividades das crianças, jovens e adultos

1964

Início do ensino familiar, dos comitês executivos do sacerdócio e conselhos de ala

1965

Publicação dos primeiros manuais de reunião familiar

Out. 1967

São chamados os primeiros representantes regionais

Out. 1969

Organizado o Departamento de Serviços Sociais Unificados

23 jan. 1970

Joseph Fielding Smith tornase Presidente da Igreja

1971

Lançamento das revistas Ensign, New Era e Friend

1971

O número de membros da Igreja ultrapassa três milhões de pessoas

1971

Realizada a primeira conferência de área em Manchester, Inglaterra

Jul. 1972

Harold B. Lee torna-se Presidente da Igreja

26 dez. 1973

Falecimento do Presidente Harold B. Lee

scenes from Homefront ad

This is one of the series of the Homefront messages, “I’ll Always Make Time for You,” produced by the Church:

I’ll always make time for you.
Cause there’s nothin’ that I’d rather do.
Than to sit down beside you and hear all about you.
No, there’s nothin’ that I’d rather do.
I promise, I’ll always be there for you.
No, there’s nothin’ that you and I can’t get through.
As long as we sit down together and hear out each other.
Oh, I’ll always make time for you.

Families grow closer
One conversation at a time.

Joseph Fielding Smith

Joseph Fielding Smith (1876–1972). Soon after President Smith was called as President of the Church, Elder Bruce R. McConkie said, “Our new president is a doctrinal teacher, a theologian, a scriptorian, a preacher of righteousness in the full and true sense of the word.”12

books by Joseph Fielding Smith

These books written by Joseph Fielding Smith are representative of twenty-five he wrote.

Harold B. Lee

Harold B. Lee (1899–1973)

Washington D.C. Temple

The site for the Washington D.C. Temple was dedicated in 1968 by President Hugh B. Brown of the First Presidency. President Spencer W. Kimball dedicated the completed temple in November 1974.

Mary Jane Pulley

Mary Jane Pulley (1900–1997) began her work at the training school for handicapped people in American Fork, Utah, in 1957. In 1967 she was called to organize a seminary at the school. It was the first seminary for the handicapped in the Church.

Howard W. Hunter at England area conference

The first area conference of the Church was held in England in August 1971 under the direction of President Joseph Fielding Smith. Fourteen General Authorities attended the conference and participated in the various sessions. Elder Howard W. Hunter is pictured speaking from the podium.

Courtesy of Deseret News