CAPÍTULO QUATRO
PERÍODO DE PREPARAÇÃO, 1823–1829
JOSEPH SMITH nunca seria o mesmo depois de sair do bosque naquela bela manhã de primavera de 1820. Ele sabia que o Pai e o Filho viviam e testificaria essa verdade por toda a vida. No entanto, somente três anos após a grandiosa experiência de ter visto Deus foi que Joseph recebeu mais instruções sobre o importante trabalho ao qual fora chamado.
Nesse período, Joseph atravessou a adolescência, um período em que professores amáveis e uma sociedade compreensiva deveriam tê-lo fortalecido. Joseph, porém, recebeu pouca educação formal e, como mencionado, seu testemunho provocou hostilidade. Mesmo alguns de seus amigos mais leais voltaram-se contra ele; mas Joseph sempre contou com o amor e o apoio da família.
Joseph reconhece que durante esse período “[caiu] freqüentemente em muitos erros tolos, exibindo as fraquezas da juventude e as debilidades da natureza humana”. (Joseph Smith — História 1:28) Sendo alegre por natureza, associou-se algumas vezes a companheiros joviais e foi culpado de comportamento frívolo, o que considerava incompatível com o caráter de uma pessoa que havia sido chamada por Deus. (Ver v. 28.) Não era, porém, culpado de “quaisquer pecados grandes ou malignos”. (Ver v. 28.) De acordo com sua mãe, pouca coisa de importância aconteceu nesse período. Joseph trabalhou como de costume com o pai na fazenda da família, cultivando os campos, cortando árvores ou extraindo seiva de bordo. (Bordo: árvore da família das aceráceas) Às vezes, conseguia um ou outro trabalho temporário, como cavar os alicerces de uma casa ou trabalhar na plantação de milho de Martin Harris. Esse período de três anos deu ao jovem Joseph a oportunidade de crescer, amadurecer, adquirir experiência e aprender com seus pais.
A PRIMEIRA VISITA DE MORÔNI
Em 1822, Joseph começou a ajudar seu irmão mais velho Alvin a construir uma nova casa de madeira para a família. Em setembro de 1823, dois andares estavam concluídos, mas ainda faltava o telhado. A família continuava a morar na pequena cabana de madeira.
Nessa cabana, a altas horas da noite de 21 de setembro de 1823, domingo, Joseph, então com dezessete anos, retirou-se para seu quarto. Preocupado com sua situação perante o Senhor, orou fervorosamente pedindo perdão por seus pecados. Tinha certeza de que receberia outra manifestação divina. De repente, o quarto encheu-se de luz e um mensageiro celestial apareceu ao lado de sua cama, cumprindo parte da grandiosa profecia do Apóstolo João. (Ver Apocalipse 14:6–7.) Joseph descreveu esse ser ressurreto:
“Vestia ele uma túnica solta, da mais rara brancura. Era uma brancura que excedia a qualquer coisa terrena que eu já vira; nem acredito que qualquer coisa terrena possa parecer tão extraordinariamente branca e brilhante. Tinha as mãos descobertas e os braços também, um pouco acima dos pulsos; os pés também estavam descobertos, bem como as pernas, um pouco acima dos tornozelos. A cabeça e o pescoço também estavam nus. Verifiquei que não usava outra roupa além dessa túnica, pois estava aberta, de modo que lhe podia ver o peito.
Não somente sua túnica era muito branca, mas toda a sua pessoa era indescritivelmente gloriosa e seu semblante era verdadeiramente como o relâmpago. O quarto estava muito claro, mas não tão luminoso como ao redor de sua pessoa. No momento em que o vi, tive medo; mas o medo logo desapareceu.” (Joseph Smith — História 1:31–32)
O mensageiro disse chamar-se Morôni, um profeta que vivera no continente americano. Sendo o portador das chaves da “vara de Efraim” (ver D&C 27:5), Morôni apareceu no momento determinado para revelar a existência de um registro escrito sobre placas de ouro que havia permanecido escondido no solo por quatorze séculos. Era o registro de “antigos habitantes deste continente. (…) Disse também que o livro continha a plenitude do evangelho eterno, tal como fora entregue pelo Salvador aos antigos habitantes”. (Joseph Smith — História 1:34) Joseph deveria traduzir o registro e publicá-lo; por esse trabalho e outras coisas que viria a realizar, seu nome seria conhecido por bem ou por mal entre todas as nações. (Ver v. 33.)
Morôni citou várias passagens da Bíblia, citando profetas como Malaquias, Isaías, Joel e Pedro, mencionando preparativos que deveriam ser feitos nos últimos dias para o reino milenar de Cristo. Assim teve início o aprendizado que Joseph receberia de Morôni.
A importância de sua mensagem e a necessidade de gravá-la na mente do jovem Profeta fizeram com que Morôni voltasse duas vezes naquela noite e repetisse as mesmas instruções, acrescentando outras informações a cada vez. Durante a primeira “entrevista”, Joseph teve uma visão do local em que se encontravam as placas. (Ver v. 42.) Estavam enterradas na encosta de um morro a aproximadamente quatro quilômetros de sua casa. Na segunda visita, Joseph foi instruído a respeito dos julgamentos que cairiam sobre a Terra. (Ver v. 45.) No final da terceira visita, Morôni alertou Joseph de que Satanás iria tentá-lo a ficar com as placas por seu valor material, devido à pobreza da família. Morôni instruiu o rapaz de dezessete anos que seu único propósito ao receber as placas deveria ser glorificar a Deus. Apenas um único motivo deveria influenciá-lo, e esse era o estabelecimento do reino de Deus. (Ver v. 46.) Nos eventos subseqüentes, o Profeta ficou sabendo por que Morôni fizera aquelas recomendações e admoestações. As entrevistas de Joseph com Morôni duraram quase a noite inteira, pois no final da terceira visita ele ouviu o galo cantar. De fato, um novo dia de luz espiritual estava para raiar. Isaías profetizou a respeito desse dia, em que haveria “uma obra maravilhosa e um assombro”. (Isaías 29:14)
A PRIMEIRA VISITA A CUMORA
Naquela manhã, Joseph foi ao campo trabalhar como de costume com seu pai e seus irmãos. Por ter ficado sem dormir e ter estado na presença de um ser ressurreto e glorificado durante a maior parte da noite, sentia-se tão fraco que não conseguia trabalhar. Percebendo as condições do filho e achando que estivesse doente, o pai de Joseph disse-lhe que voltasse para casa. No caminho de casa, Joseph desmaiou. A primeira coisa que percebeu foi alguém que o chamava pelo nome. Ao recobrar a consciência, viu Morôni pela quarta vez.3O anjo então repetiu a mesma mensagem transmitida anteriormente para Joseph e ordenou-lhe que contasse a seu pai a respeito da visão e dos mandamentos que recebera.
Joseph voltou e explicou tudo a seu pai, que lhe assegurou que aquilo provinha de Deus e instruiu o rapaz a fazer tudo o que lhe havia sido ordenado. Joseph relata: “Deixei o campo e fui até o local onde o mensageiro dissera estarem depositadas as placas; e, devido à nitidez da visão que tivera, referente ao local, reconheci-o no instante em que lá cheguei”. (Joseph Smith — História 1:50.) Próximo ao cume do monte, Joseph encontrou uma grande pedra. “No meio, na parte superior, essa pedra era grossa e arredondada; era, porém, mais fina na direção das extremidades (…).” (V. 51) Era a tampa de uma caixa de pedra. Podemos apenas imaginar qual deve ter sido sua excitação ao abrir a caixa. Dentro dela, escondida por séculos, estavam as placas, o Urim e o Tumim e o peitoral, exatamente como Morôni lhe dissera.
“(…) A caixa na qual se encontravam era formada de pedras unidas por uma espécie de cimento. No fundo da caixa havia duas pedras colocadas transversalmente e sobre elas estavam as placas e as outras coisas.” (Joseph Smith — História 1:52)
Enquanto estava na mortalidade, Morôni profetizou que as placas não poderiam ser usadas para lucro material devido ao mandamento do Senhor, mas seriam de “grande valor” para as gerações futuras, proporcionando-lhes o conhecimento de Deus. (Mórmon 8:14–15)
Quando Joseph seguia em direção ao monte Cumora, passaram-lhe pela mente a pobreza de sua família e a possibilidade de que as placas ou a popularidade da tradução lhe proporcionassem suficiente riqueza para “elevá-lo acima das condições financeiras de seus conhecidos, livrando sua família de privações”.5Quando tentou apanhar as placas, recebeu um choque, sendo impedido de retirá-las da caixa. Fez mais duas tentativas e foi novamente repelido. Frustrado, clamou em voz alta: “Por que não posso apanhar este livro?” Morôni apareceu-lhe e explicou que era porque não havia guardado os mandamentos, mas cedera à tentação de Satanás e desejara ficar com as placas devido a seu valor material, não com os olhos fitos na glória de Deus como lhe havia sido ordenado.6
Arrependido, Joseph orou humildemente ao Senhor e sentiu-se cheio do Espírito. Teve uma visão na qual “a glória do Senhor resplandeceu a sua volta e desceu sobre ele (…) Joseph viu o príncipe das trevas (…) O mensageiro celestial [Morôni] disse: ‘Tudo isso te é mostrado, o bem e o mal, o sagrado e o impuro, a glória de Deus e o poder das trevas, a fim de que conheças daqui por diante os dois poderes e nunca sejas influenciado ou sobrepujado pelo maligno’. (…) Sabes agora por que não pudeste obter o registro; que o mandamento era severo, e que se algum dia obtiveres essas coisas será por meio da oração e da fidelidade em obedecer ao Senhor. Elas não foram guardadas aqui no intuito de proporcionar riqueza ou a glória do mundo; foram seladas pela oração da fé, e devido ao conhecimento que contêm não são de valor para os filhos dos homens, mas apenas para seu conhecimento”.7Morôni concluiu sua admoestação dizendo a Joseph que ele não teria permissão de obter as placas “até que tivesse aprendido a guardar os mandamentos de Deus. Somente as receberia quando tivesse não apenas vontade mas também capacidade para isso (…)
Na noite seguinte, quando a família estava reunida, Joseph informoulhes tudo o que contara ao pai no campo, também que havia encontrado o registro, assim como tudo o que acontecera entre ele e o anjo, no local onde as placas estavam escondidas”.8
A CONTINUAÇÃO DA PREPARAÇÃO DE JOSEPH
O enorme trabalho de trazer à luz o Livro de Mórmon foi predito pelos antigos profetas. (Ver Isaías 29; Ezequiel 37:15–20; Moisés 7:62.) Uma obra desse porte exigia cuidadosa preparação. No caso de Joseph, foram necessários quatro anos de aprendizado. Durante esse período, Joseph encontrou-se anualmente com Morôni no monte Cumora a fim de receber instruções em preparação para receber as placas. Outros profetas nefitas que tinham grande interesse no surgimento do Livro de Mórmon também desempenharam um importante papel na preparação de Joseph. Néfi, Alma, os doze Apóstolos escolhidos pelo Salvador na América e Mórmon, todos instruíram Joseph.9Seu aprendizado foi bastante intenso nesse período.
Sua mãe, Lucy, descreve as conversas que tiveram à noite: “Joseph ocasionalmente nos contava as coisas mais divertidas [interessantes] que se pode imaginar. Descrevia os antigos habitantes deste continente, seus trajes, meios de transporte, os animais que montavam; suas cidades, seus edifícios, com todos os detalhes; seu modo de guerrear e também sua adoração religiosa. Fazia-o com grande naturalidade, como se tivesse passado a vida inteira entre eles”.10
EVENTOS OCORRIDOS NESSE PERÍODO
Desde a primeira visita de Morôni até o recebimento das placas, vários eventos significativos ocorreram na vida de Joseph. Em novembro de 1823, uma tragédia acometeu a família Smith. Alvin, o irmão mais velho de Joseph, ficou doente; o pai Smith não conseguiu encontrar o médico da família. Quando finalmente encontrou um médico que o atendesse, este administrou-lhe calomelano (cloreto de mercúrio), um laxante que na época era usado para tratar várias enfermidades. O medicamento, porém, ficou retido no estômago de Alvin, piorando seu estado. Ele faleceu no dia 19 de novembro de 1823, após quatro dias de sofrimento. Alvin era um rapaz fervoroso e sério, e Joseph idolatrava-o. Joseph considerava-o uma pessoa sem pecado que sempre se portara de modo digno. Alvin também gostava muito de Joseph e estava muito interessado no registro sagrado. Quando sentiu que iria morrer, deu a Joseph o seguinte conselho: “Quero que seja um bom menino e faça tudo que estiver a seu alcance para obter o Registro. Seja fiel ao receber instruções e no cumprimento de todo mandamento que receber”.11Joseph ficou sabendo, anos mais tarde, por meio de revelação, que Alvin herdara o reino celestial. (Ver D&C 137:1–6.)
Depois da morte de Alvin, a família Smith enfrentou problemas financeiros. Joseph e seus irmãos trabalhavam como diaristas em qualquer serviço que encontrassem. A caça de tesouros, ou “cavar dinheiro” como era chamado na época, era uma obsessão nos Estados Unidos naquela época. Em outubro de 1825, Josiah Stowell, de South Bainbridge, Nova York, fazendeiro, proprietário de uma madeireira e diácono da igreja presbiteriana, procurou Joseph pedindo-lhe que o ajudasse num desses empreendimentos. Stowell tinha parentes em Palmyra e provavelmente ouviu falar de Joseph por meio deles. Stowell estava procurando uma lendária mina de prata perdida que se supunha ter sido aberta pelos espanhóis no norte da Pensilvânia. Stowell ficou sabendo que Joseph podia discernir coisas que eram invisíveis e quis sua ajuda naquele projeto. O Profeta relutou em aceitar o emprego, mas como Stowell insistisse e a família de Joseph estivesse passando necessidades, Joseph e seu pai, juntamente com outros vizinhos, concordaram em trabalhar para Stowell. Essa foi uma decisão que teve grande importância na vida de Joseph e no futuro da Igreja.
Joseph e seus companheiros hospedaram-se na pensão de Isaac Hale, no município de Harmony, Pensilvânia. A vila de Harmony ficava a vários quilômetros dali, num local onde uma curva do rio Susquehanna cruzava a região nordeste da Pensilvânia, não muito longe da suposta localização da mina. Enquanto se hospedava com a família Hale, Joseph ficou interessado pela filha de cabelos escuros de Isaac, Emma. Ela correspondeu, apesar de ser um ano e meio mais velha que Joseph. O namoro, porém, não foi aprovado pelo pai de Emma, que não apreciava caçadores de tesouros e desprezava a falta de estudos de Joseph. Sua educada filha era professora, e ele queria alguém melhor para desposá-la. Nesse ínterim, a procura da mina de prata mostrou-se improdutiva. Depois de quase um mês de trabalho, Joseph conseguiu persuadir Josiah Stowell de que seus esforços tinham sido em vão, e a busca da mina em Harmony foi abandonada.
Desde a época desses acontecimentos, os inimigos de Joseph usaram o que chamavam de seu trabalho como “cavador de dinheiro” para atacar seu caráter, questionar suas intenções e semear dúvidas sobre a igreja por ele organizada. A situação seria mais bem compreendida no contexto da época e local. Na Nova Inglaterra e no oeste de Nova York, essas atividades não eram consideradas indignas como passaram a ser mais tarde. Anos depois, Joseph inocentemente admitiu sua participação naquele empreendimento, mas salientou ter sido algo sem importância.13
Enquanto trabalhava nos arredores de Nova York e Pensilvânia, Joseph conheceu uma pessoa que seria importante em sua vida e no início da Igreja em Nova York. Joseph Knight Sênior, um amigo de Josiah Stowell, era um humilde fazendeiro e moleiro que vivia em Colesville, condado de Broome, Nova York. Joseph Smith também trabalhou para ele por algum tempo e tornou-se muito amigo dele e de seus filhos, Joseph Jr. e Newel. Eles aceitaram o testemunho do jovem Profeta quando este lhes contou suas experiências sagradas.
Nos intervalos de seu trabalho para Josiah Stowell e Joseph Knight Sênior e suas visitas à família, em Manchester, Joseph continuou a cortejar Emma Hale. Como o pai dela opunha-se firmemente ao casamento, Joseph e Emma fugiram para casar-se. O casamento foi realizado por um juiz de paz em South Bainbridge, Nova York, em 18 de janeiro de 1827. Imediatamente após o casamento, Joseph mudou-se com a esposa para a casa da família Smith, em Manchester, onde passou o verão seguinte trabalhando na fazenda de seu pai. Emma foi bem recebida pela família de Joseph, e uma grande amizade desenvolveu-se entre Emma e Lucy Mack Smith.
AS PLACAS SÃO CONFIADAS A JOSEPH
Pouco se sabe sobre as visitas de Morôni a Joseph entre 1824 e 1827, mas algum tempo antes do outono de 1827, Joseph voltou para casa, certa noite, mais tarde do que de costume. Afamília estava preocupada, mas ele explicou que havia-se atrasado por ter recebido uma severa reprimenda de Morôni. Narrou o que lhe acontecera ao passar pelo monte Cumora: “O anjo apareceu-me e disse que eu não estava me dedicando o suficiente no trabalho do Senhor; que havia chegado o tempo de o registro ser trazido à luz e que eu devia empenhar-me para fazer o que o Senhor me havia ordenado”.14
Muita coisa deve ter acontecido durante os quatro anos de preparação de Joseph. Ele atravessou a adolescência quase sem ser influenciado pelos preceitos dos homens. Gozava do apoio emocional de sua família e assumiu as responsabilidades associadas ao casamento. Os anjos prepararam-no para traduzir um registro divinamente inspirado e ensinaram-lhe a necessidade da autodisciplina e da obediência. Certamente ele devia estar ansioso para iniciar a tradução do Livro de Mórmon. Naquela época, Joseph Knight e Josiah Stowell estavam em Manchester visitando a família Smith. Pode ser que já estivessem prevendo o recebimento das placas por Joseph.
ensinaram-lhe a necessidade da autodisciplina e da obediência. Certamente ele devia estar ansioso para iniciar a tradução do Livro de Mórmon. Naquela época, Joseph Knight e Josiah Stowell estavam em Manchester visitando a família Smith. Pode ser que já estivessem prevendo o recebimento das placas por Joseph.
ensinaram-lhe a necessidade da autodisciplina e da obediência. Certamente ele devia estar ansioso para iniciar a tradução do Livro de Mórmon. Naquela época, Joseph Knight e Josiah Stowell estavam em Manchester visitando a família Smith. Pode ser que já estivessem prevendo o recebimento das placas por Joseph.placas em um tronco oco próximo de sua casa. Os amigos do Profeta não eram os únicos que aguardavam ansiosamente o recebimento das placas. Outras pessoas dos arredores haviam ouvido falar que Joseph estaria levando para casa as placas de metal precioso. Provavelmente algumas delas haviam participado da procura da mina de prata e sentiam-se no direito de exigir uma parte de qualquer tesouro encontrado por ele. Joseph logo ficou sabendo por que Morôni o havia admoestado tão severamente a proteger as placas. “Foram empregados os mais tenazes esforços” para tirá-las dele (v. 60). Willard Chase, por exemplo, um fazendeiro vizinho, juntamente com outros caçadores de tesouros, contratou uma feiticeira para procurar o local em que as placas estavam enterradas. Quando a família Smith ficou sabendo do plano, enviou Emma para avisar Joseph, que na época estava trabalhando em Macedon, alguns quilômetros a oeste de Palmyra. Ele voltou imediatamente e retirou as placas de seu esconderijo. Embrulhando-as em um casaco de linho, começou a caminhar pelo bosque, achando que isso seria mais seguro do que seguir pela estrada. Mas assim que pulou um tronco, foi golpeado pelas costas com o cabo de uma espingarda. Joseph, porém, conseguiu derrubar seu atacante e fugir. Menos de um quilômetro adiante, foi novamente atacado, mas conseguiu escapar. Pouco antes de chegar a sua casa, foi atacado pela terceira vez. Sua mãe conta que ao chegar em casa, ele estava “totalmente sem fala de medo e cansaço da fuga”.15
Intensificaram-se as tentativas de roubar as placas, mas a promessa de proteção feita por Morôni também se cumpriu. Joseph mudou várias vezes as placas de esconderijo, poucos minutos antes da chegada dos caçadores de tesouro. Escondeu-as, certa vez, sob uma pedra da lareira de sua casa. Um grande grupo de homens reuniu-se em frente da casa, mas foram dispersados por Joseph e seus irmãos, que simularam um contra-ataque, saindo correndo pela porta da frente, gritando e berrando como se um grande grupo de homens os estivesse ajudando. Joseph então escondeu a caixa embaixo do piso de madeira da oficina da fazenda, mas foi inspirado a mudá-la de lugar, escondendo-a debaixo dos fardos de linho no sótão. Naquela noite, seus inimigos arrebentaram o piso da oficina, mas as placas permaneceram seguras.
O CUMPRIMENTO DA PROFECIA DE ISAÍAS
Durante esse período, Joseph correu risco de vida, por isso decidiu levar Emma de volta para Harmony, onde esperava ter a tranqüilidade necessária para começar a traduzir. Antes de partir, Martin Harris, um preeminente cidadão de Palmyra que mais tarde viria a desempenhar um papel importante na Restauração, ofereceu-lhe ajuda. Martin Harris era dono de tecelagem, comerciante e fazendeiro. Ele havia conhecido a família Smith logo após terem-se estabelecido em Palmyra e já contratara vários membros da família para trabalhar para ele ao longo dos anos. Ele forneceu o dinheiro para que Joseph e Emma pudessem saldar suas dívidas e também lhes deu cinqüenta dólares para a viagem. Levando as placas escondidas em um barril de feijões no fundo do carroção, eles saíram de Palmyra em um frio dia de inverno, em dezembro de 1827, rumo a Harmony. Já haviam combinado que se hospedariam temporariamente na casa dos pais de Emma.
Depois de passarem um breve período na casa da família Hale, Joseph e Emma compraram uma casa do irmão mais velho de Emma, Jesse. Era um pequeno sobrado localizado em uma fazenda de cinco hectares, às margens do rio Susquehanna. Pela primeira vez em semanas Joseph pôde trabalhar em relativa paz. Entre dezembro de 1827 e fevereiro de 1828, ele copiou muitos dos caracteres das placas e traduziu alguns deles usando o Urim e o Tumim. Nos estágios iniciais do trabalho, Joseph passou tempo e esforços consideráveis familiarizando-se com a língua das placas e aprendendo como traduzi-la.
Conforme haviam acertado previamente, Martin Harris visitou Joseph em Harmony por volta de fevereiro de 1828. Nessa altura, o Senhor já havia preparado Martin para ajudar Joseph em sua missão. De acordo com seu próprio testemunho, Martin fora instruído pelo Senhor, em 1818, a não filiar-se a qualquer igreja até que as palavras de Isaías fossem cumpridas. Algum tempo mais tarde, foi revelado a Martin que o Senhor tinha um trabalho para ele. Em 1827, várias experiências espirituais convenceram Martin Harris de que Joseph Smith era um profeta e que ele deveria ajudar Joseph a trazer à luz o Livro de Mórmon para a geração atual. Por esse motivo, Martin foi até Harmony para conseguir uma cópia de alguns dos caracteres das placas, no intuito de mostrá-las a vários lingüistas famosos da época, cumprindo a profecia de Isaías 29:11–12, para ajudar a convencer um mundo descrente.16
Martin visitou pelo menos três consagrados lingüistas. Em Albany, Nova York, ele conversou com Luther Bradish, um viajado diplomata, político e estudioso das línguas. Na Cidade de Nova York, ele visitou o Dr. Samuel Mitchill, vice-presidente do Rutgers Medical College. Também visitou um homem que conhecia diversas línguas, inclusive o hebraico e o babilônico. Era o Professor Charles Anthon, da Faculdade Colúmbia, Nova York, talvez o mais qualificado dentre as pessoas entrevistadas por Martin para julgar os caracteres encontrados no documento. Anthon era um dos mais importantes eruditos nas línguas clássicas de sua época. Na ocasião em que Martin Harris o visitou, Charles Anthon era professor adjunto de grego e latim. Conhecia o francês, o alemão, o grego e o latim, e tinha conhecimento, a julgar pelos livros encontrados em sua biblioteca, das últimas descobertas referentes à língua egípcia, incluindo os primeiros trabalhos de Champollion.17
De acordo com Martin Harris, o Professor Anthon examinou os caracteres e sua tradução e voluntariamente lhe entregou um certificado, declarando aos cidadãos de Palmyra que os escritos eram autênticos. Além disso, Anthon disse a Martin que os caracteres se pareciam com egípcio, caldeu, assírio ou árabe, e expressou sua opinião de que a tradução estava correta. Martin colocou o certificado no bolso e estava prestes a partir, quando Anthon o chamou de volta e perguntou-lhe como Joseph Smith havia encontrado as placas de ouro no monte. Martin explicou que um anjo de Deus revelou o local a Joseph, depois do que Charles Anthon pediu-lhe que devolvesse o certificado que ele lhe dera. “Ele tomou o certificado e rasgou-o em vários pedaços, dizendo que não existiam coisas como anjos ministradores e que se eu [Martin] lhe levasse as placas, ele as traduziria. Informei-lhe que parte das placas estava selada, e que me era proibido levar-lhe as placas. Ele respondeu: ‘Não posso ler um livro selado’.”18
A viagem de Martin Harris foi importante por vários motivos. Em primeiro lugar, mostrou que os estudiosos demonstraram interesse pelos caracteres e estavam dispostos a considerá-los seriamente, até que um anjo entrasse na história. Em segundo lugar, essa foi, na opinião de Martin e Joseph, um cumprimento literal da profecia relacionada ao Livro de Mórmon. Em terceiro lugar, essa foi uma demonstração de que a tradução do registro exigia a ajuda de Deus; de que apenas o intelecto não seria suficiente. (Ver Isaías 29:11–12; 2 Néfi 27:15–20.) Por fim, isso fortaleceu a própria fé exercida por Martin. Ele voltou a Nova York confiante de ter evidência suficiente para convencer seus vizinhos do trabalho de Joseph Smith. Estava pronto para dedicar-se de coração e com todos os seus meios para ajudar a trazer à luz o Livro de Mórmon.
O MANUSCRITO PERDIDO
A esposa de Martin, Lucy, desconfiava de Joseph Smith. Ela o interrogou a respeito das placas e exigiu vê-las. Ele lhe disse que não poderia vê-las “porque ele não tinha permissão de mostrá-las a ninguém, exceto aos que o Senhor designasse a prestar testemunho delas”. Naquela mesma noite, Lucy teve um sonho: “Uma pessoa apareceu-lhe e disse que ela havia discutido com um servo do Senhor (…) e fizera algo errado à vista de Deus. Depois, disse a ela: “Eis as placas. Olhe e creia”. Infelizmente, as dúvidas de Lucy não foram dissipadas pelo sonho. Ela estava ressentida porque o marido passava muito tempo longe dela e achava que a família Smith estava tentando enganá-lo. Insistiu em voltar para Harmony, mas dessa vez, anunciou a Joseph que não iria embora sem ver as placas. Vasculhou a casa inteira, mas não conseguiu encontrá-las. A partir de então, passou a dizer a todos que descobrira que seu marido havia sido enganado por um “grande impostor”. Depois de duas semanas, Martin levou-a de volta para casa. Apesar das tentativas de Lucy em dissuadi-lo, Martin voltou a Harmony. Na ausência dele, Lucy continuou com suas críticas em Palmyra.19
Na Pensilvânia, Joseph e Martin trabalharam juntos na tradução, até 14 de junho de 1828. Nessa época, a tradução tinha 116 páginas aproximadamente do tamanho de papel ofício. Martin pediu para levar os manuscritos para sua casa a fim de mostrá-los para a esposa e amigos. Esperava que isso convencesse Lucy de que o trabalho era autêntico, fazendo-a parar com suas críticas. Joseph consultou o Senhor por meio do Urim e do Tumim. A resposta foi negativa. Sem se dar por satisfeito, Martin insistiu que Joseph pedisse novamente ao Senhor. A resposta novamente foi negativa. Os pedidos e súplicas de Martin prosseguiram. Joseph desejava satisfazer os desejos de seu benfeitor. Era jovem e inexperiente, e confiava na idade e maturidade de Martin. Além disso, Martin era a única pessoa do círculo de amizades de Joseph que estava disposto a trabalhar como escrevente e financiar a publicação do livro. Essas considerações levaram-no a pedir novamente ao Senhor. Por fim, o Senhor concedeu uma permissão sob certas condições. Martin concordou por escrito que apenas mostraria o manuscrito a quatro ou cinco pessoas, que incluíam sua esposa; seu irmão, Preserved Harris; seu pai; sua mãe e a irmã de Lucy, a Srta. Polly Cobb. Martin voltou para Palmyra levando a única cópia do manuscrito.
Pouco depois da partida de Martin, Emma Smith deu à luz um menino, Alvin, que morreu no mesmo dia em que nasceu. Emma quase morreu também, e Joseph passou duas semanas ao lado do leito dela. Quando Emma melhorou, Joseph lembrou-se do manuscrito. Martin já se ausentara por três semanas, sem dar notícias, mas não passara o tempo todo ocioso. Ficou algum tempo junto da esposa, cuidou de seus negócios em Palmyra e serviu em um júri.
Emma incentivou Joseph a tomar a diligência para Palmyra a fim de verificar o que acontecera. Depois de viajar de Harmony para os arredores de Palmyra e caminhar os últimos trinta quilômetros durante a noite, Joseph finalmente chegou à casa de seus pais em Manchester. Ele imediatamente mandou um recado para Martin. Martin geralmente atendia rapidamente, por isso a família preparou o desejejum para recebêlo. Passaram-se várias horas antes que Martin finalmente aparecesse caminhando lentamente pela calçada, cabisbaixo. Sentou-se na cerca e permaneceu ali com o chapéu cobrindo-lhe os olhos. Por fim, entrou na casa e sentou-se à mesa posta, mas não conseguiu comer. Lucy Mack Smith, a mãe do Profeta, relata: “Ele pegou o garfo e a faca como se fosse usá-los, mas largou-os logo em seguida. Observando isso, Hyrum perguntou: ‘Martin, por que não está comendo? Está doente?’ Ao que o Sr. Harris levou as mãos à cabeça e clamou profundamente angustiado: ‘Oh, eu perdi minha alma! Perdi minha alma!’
Joseph, que não havia expressado seus temores até então, ergueu-se da mesa de um salto, exclamando: ‘Martin, você perdeu aquele manuscrito? Quebrou seu juramento, trazendo condenação sobre a minha e a sua cabeça?’
‘Sim; ele desapareceu’, respondeu Martin. ‘Não sei onde está’.
O Profeta viu-se tomado pelo medo e pela culpa. Ele exclamou: ‘Tudo está perdido! Tudo está perdido! O que farei? Pequei. Fui eu que desafiei a ira de Deus. Devia ter-me contentado com a primeira resposta que recebi do Senhor, pois Ele disse-me que não era seguro deixar que o manuscrito saísse de minhas mãos’. Chorou e lamentou-se, andando continuamente de um lado para o outro.
Por fim, disse a Martin que fosse para casa e procurasse novamente.
‘Não’, disse Martin. ‘É inútil; já cheguei a rasgar os colchões e travesseiros [à procura do manuscrito]. Sei que não está lá.’
‘Então’, disse Joseph, ‘devo voltar com essa notícia? Não ouso fazê-lo. Como irei encarar o Senhor? Que reprimenda não mereço do anjo do Altíssimo? (…)
Na manhã seguinte, ele voltou para sua casa. Despedimo-nos com o coração oprimido, pois parecia que tudo que ele havia antecipado tão ansiosamente e que fora motivo de muita satisfação pessoal tinha sido desfeito em um momento, para sempre”.20
Depois de retornar a Harmony sem as 116 páginas do manuscrito, Joseph imediatamente pôs-se a orar ao Senhor, pedindo perdão por agir de modo contrário a Sua vontade. Morôni apareceu a Joseph e exigiu que ele devolvesse as placas e o Urim e o Tumim, mas prometeu-lhe que os receberia de volta depois de ter-se humilhado e arrependido. Algum tempo mais tarde, ele recebeu uma revelação que o repreendia por sua negligência e por “[ter ignorado] os conselhos de Deus”, mas, também o consolava, dizendo que ainda era escolhido para realizar o trabalho de tradução, caso se arrependesse. (Ver D&C 3:4–10.) Joseph arrependeu-se e recebeu de volta as placas e o Urim e o Tumim, juntamente com a promessa de que o Senhor enviaria um escrevente para ajudá-lo na tradução. Havia uma mensagem especial: “O anjo parecia satisfeito comigo (…) e disse que o Senhor me amava por minha fidelidade e humildade”.21
Tendo recuperado o dom divino, Joseph soube, por revelação, que homens iníquos haviam alterado as palavras do manuscrito, no intuito de armar-lhe uma cilada. Se retraduzisse o mesmo material e o publicasse, diriam que Joseph não pudera traduzir a mesma coisa duas vezes e, portanto, o trabalho certamente não era inspirado. (Ver D&C 10.) Deus, contudo, havia preparado um meio de contornar a situação. O documento perdido era o livro de Leí, extraído do resumo das placas maiores de Néfi. Mórmon, porém, fora inspirado a colocar as placas menores de Néfi junto com seu registro, para “um sábio propósito” que ele não entendia na ocasião. (Ver Palavras de Mórmon 1:3–7.) Essas placas menores continham um relato semelhante ao do livro de Leí. Joseph foi instruído a não retraduzir, mas prosseguir de onde havia parado e incluir o registro das placas menores de Néfi no momento adequado. Esse registro continha o relato de Néfi, que o Senhor declarou ser “mais minucioso quanto às coisas que, segundo [Sua] sabedoria, [Ele] levaria ao conhecimento do povo”. (D&C 10:40)
A PREPARAÇÃO DO PROFETA
Os cinco anos e meio que se passaram entre setembro de 1823 e abril de 1829 foram importantes na prepração de Joseph Smith para a tradução do Livro de Mórmon e a direção da Igreja na dispensação da plenitude dos tempos. Ele estava na época com vinte e três anos de idade. Era alto e forte; trabalhava na fazenda, no campo e em trabalhos temporários. Apesar de ter tido poucos estudos, Joseph tinha uma mente ávida e curiosa. Ele gostava de descobrir as coisas por si mesmo e procurar as respostas nas escrituras. (Ver Joseph Smith — História 1:11–12.) Essa sua sede de conhecimento, especialmente de conhecimento espiritual, nunca desapareceu.
Em junho de 1843, Joseph disse aos santos: “Sou uma pedra bruta. Nunca tinha ouvido o som do martelo e do cinzel até o Senhor tomar-me pela mão”.22Coragem, otimismo e fé eram a marca de sua personalidade. Ele demonstrou muita coragem quando ainda bem jovem, ao suportar as dores de uma operação na perna. Mais tarde, enfrentou as pessoas que se reuniram para tentar roubar-lhe as placas. Apesar de sua pobreza e falta de estudos, era otimista a respeito de si mesmo e da vida. Repreendido pelo Senhor e corrigido por Morôni, sempre se mostrou submisso, arrependido e entusiasmado. Enfrentou o desespero quando as 116 páginas foram perdidas, mas dessa experiência aprendeu obediência e declarou mais tarde: “Fiz dessa a minha regra pessoal:Quando o Senhor ordenar, faça-o”. ”23Ele também aprendeu importantes lições a respeito do controle de seus desejos e ambições, sendo, portanto, capaz de manter os “olhos fitos na glória de Deus” (D&C 4:5) e focalizar suas energias e pensamentos na edificação do reino.
Nessa época, Joseph Smith já havia adquirido suficiente experiência por meio de diversas revelações. Ele havia comungado com Deus e Seu Filho, e com mensageiros angelicais. Ele tivera visões, sentira a influência do Espírito e aumentara sua capacidade de usar o Urim e o Tumim. Não devemos concluir que receber revelações fosse algo fácil para ele, pois outra lição que aprendeu durante essa época foi que precisava pagar o preço da fé, diligência, persistência, dignidade e obediência para receber uma comunicação de Deus.
TERMINOLOGIA ÚTIL NA COMPREENSÃO DOS ESTADOS DO LESTE AMERICANO
O nome de lugares relacionados ao princípio da história da Igreja no leste dos Estados Unidos freqüentemente confunde os leitores atuais. Isso acontece porque muitas pessoas não estão familiarizadas com as subdivisões políticas da maioria dos estados do leste e dos diferentes significados de palavras comuns que dizem respeito a esses estados. Se entendermos a terminologia usada no leste dos Estados Unidos, desfaz-se a confusão e torna-se mais fácil compreender a história da Igreja.
A palavra town não significa vila, povoado ou cidade; é na verdade a forma abreviada da palavra township, (município), que se refere à divisão administrativa de um condado. Um condado pode ser subdividido em muitos townships. Por exemplo: o condado de Windsor, Vermont, é dividido em vinte e quatro townships, um deles chamado Sharon. Quando lemos na História da Igreja que Joseph Smith nasceu na “town” de Sharon, no Condado de Windsor, Vermont, não significa que ele tenha nascido no povoado ou comunidade de Sharon, mas no township (município) de Sharon.
O nome desses municípios (townships) foi e é usado muitas vezes em contratos e testamentos. Esses municípios possuem também seu próprio governo local e funcionários públicos eleitos, que diferem muito dos encontrados nos povoados e comunidades do município (township).
Freqüentemente os povoados ou pequenas comunidades têm o mesmo nome do município, o que aumenta a confusão. Em alguns casos, porém, as comunidades de um estado têm o mesmo nome de certo município, mas não pertencem a ele. Assim, ao afirmarmos que Joseph e Emma moraram na comunidade de Harmony, Pensilvânia, e procurarmos o local no mapa, iremos encontrá-lo no condado de Butler, no extremo oeste do estado. Não foi aí, porém, que eles moraram, mas, sim, no município (town ou township) de Harmony, situado no condado de Susquehanna, no nordeste da Pensilvânia.
Um dos modos encontrados pelos habitantes do leste dos Estados Unidos para evitar a confusão dos dois significados da palavratown foi classificar as comunidades de modo bem específico. Se uma comunidade for pequena demais para possuir uma organização local, ela é normalmente chamada de povoado (hamlet). Quando a comunidade se organiza, passa a chamar-se vila (village) (ou, na Pensilvânia, burgo). Permanece como vila até que a população atinja cerca de dez mil habitantes, quando, então, tornase uma cidade (city).
Tendo conhecimento disso, pode ser útil rever alguns locais importantes da história da Igreja mencionados nos primeiros capítulos. Os mapas mostrados nesses capítulos também poderão ajudar a esclarecer dúvidas.
-
Os pais de Joseph Smith não moraram na vila de Topsfield, Massachusetts, mas no município de Topsfield.
-
Joseph Smith nasceu no município de Sharon, condado de Windsor, Vermont. A casa ficava a certa distância da vila de Sharon e situava-se exatamente sobre a linha divisória do município. Acredita-se que ele tenha nascido no município de Sharon apenas porque o quarto onde nasceu ficava no lado de Sharon.
-
A fazenda de Joseph Smith e o Bosque Sagrado ficam no município de Manchester, condado de Ontário, Nova York, e não na vila de Palmyra. No entanto, o endereço para correspondência sempre foi e continua sendo: Palmyra, condado de Wayne, Nova York.
-
Não existia um povoado chamado Oakland nos dias de Isaac Hale e Joseph Smith, mas havia a vila de Harmony, no município que, na época, também se chamava Harmony. A comunidade de Oakland desenvolveu-se mais tarde. O município de Oakland foi formado mais tarde, a partir da divisão do antigo município de Harmony. A vila de Harmony desapareceu e não é mais identificável.
-
A fazenda de Joseph Knight não ficava na vila ou povoado de Colesville, condado de Broome, Nova York, mas no município de Colesville, a certa distância dos povoados de North Colesville e West Colesville, sendo que a vila mais próxima era a de Nineveh.
-
Joseph e Emma casaram-se na casa do juiz de paz Tarbell, na vila de South Bainbridge (hoje Afton), no município de Bainbridge, condado de Chenango, Nova York.
-
A Igreja não foi organizada no povoado de Fayette, condado de Sêneca, Nova York. A organização ocorreu na cabana de toras de Peter Whitmer, no município de Fayette.
Cronologia Data |
Evento Significativo |
---|---|
21–22 set. 1823 |
As primeiras visitas de Morôni a Joseph Smith |
1824–27 |
As quatro visitas anuais de Joseph Smith ao monte Cumora |
19 nov. 1823 |
O falecimento de Alvin Smith |
Oct. 1825 |
Joseph trabalha para Josiah Stowell e conhece Emma Hale |
18 jan. 1827 |
O casamento de Joseph Smith Jr. e Emma Hale |
22 set. 1827 |
As placas sagradas foram confiadas a Joseph |
Fev. 1828 |
A visita de Martin Harris a Charles Anthon na Cidade de Nova York |
Fev.–jun. 1828 |
As primeiras 116 páginas do Livro de Mórmon são traduzidas, e o manuscrito é perdido |
Set. 1828 |
Joseph recebe novamente o dom de traduzir |