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CAPÍTULO TREZE: DIAS GLORIOSOS EM KIRTLAND, 1834–1836


CAPÍTULO TREZE

DIAS GLORIOSOS EM KIRTLAND, 1834–1836

EM AGOSTO DE 1834, Joseph Smith e a maioria de seus companheiros do Acampamento de Sião já haviam voltado para casa. Depois da tentativa de ajudar os santos de Missouri, os membros de Ohio voltaram novamente sua atenção para a edificação do reino de Deus em sua própria região. Os dois anos subseqüentes ao retorno do Acampamento de Sião foi um tempo de relativa tranqüilidade para os santos de Ohio. Nesse período ocorreram alterações importantes e de longo alcance na organização da Igreja, doutrina, escrituras e atividades do templo.

EXPANSÃO DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

Em 5 de dezembro de 1834, o Profeta Joseph Smith ordenou Oliver Cowdery como Presidente Assistente da Igreja.1Ele estivera com o Profeta quando os Sacerdócios Aarônico e de Melquisedeque foram restaurados. Quando a Igreja de Jesus Cristo foi organizada em 1830, Oliver era a mais alta autoridade da Igreja depois de Joseph Smith, na qualidade de “segundo élder”. (Ver Joseph Smith — História 1:68–73; D&C 110.)2Assim, sempre que a autoridade ou as chaves do sacerdócio foram restauradas, Oliver estava com o Profeta Joseph. “Era necessário, de acordo com a divina lei das testemunhas, que Joseph Smith tivesse um companheiro que possuísse essas mesmas chaves.”3Oliver Cowdery deveria não apenas auxiliar Joseph Smith a presidir a Igreja, mas também deveria erguer-se como segunda testemunha da Restauração. Em 1838, Oliver Cowdery perdeu seu cargo de Presidente Assistente por apostasia e excomunhão, mas em 1841 o Senhor chamou Hyrum Smith para ocupar esse ofício. (Ver D&C 124:94–96.) O Presidente e o Presidente Assistente, ou a primeira e a segunda testemunhas, viriam a selar seu testemunho com o próprio sangue na cadeia de Carthage.

Um do acontecimentos mais importantes na restauração da Igreja do Salvador foi a organização do Quórum dos Doze Apóstolos. Mesmo antes de a Igreja ser organizada, os membros já antecipavam esse importante passo. Joseph Smith e Oliver Cowdery receberam a autoridade do apostolado (ver D&C 20:2–3), provavelmente já em 1829. Durante aquele mesmo ano, uma revelação instruiu Oliver Cowdery e David Whitmer a procurarem doze homens que seriam “chamados para ir a todo o mundo, pregar meu evangelho a toda criatura”. (D&C 18:28) Mais tarde, Martin Harris também foi chamado para ajudar nessa escolha. Isso significava que as três testemunhas do Livro de Mórmon, sob a direção e consentimento da Primeira Presidência, deveriam escolher Doze Apóstolos, que serviriam como testemunhas especiais do Salvador nesta dispensação. O Profeta Joseph Smith convidou os veteranos do Acampamento de Sião a participarem de uma conferência especial, realizada em 14 de fevereiro de 1835, sábado. As atas da reunião relatam os seguintes acontecimentos:4

“Ele fez um relato de algumas das situações por que passamos enquanto viajávamos para Sião: nossos problemas e sofrimentos; e disse que Deus não tinha deixado que isso acontecesse sem um propósito, mas tinha tudo aquilo na lembrança; e era a vontade de Deus que aqueles que foram para Sião, com a disposição de sacrificar a própria vida, se necessário, deveriam ser ordenados ao ministério, e seguir para podar a vinha pela última vez, ou a vinda do Senhor, que estava próxima (…)

Mesmo o menor e mais fraco de nós, será poderoso e forte, e coisas grandiosas serão realizadas por todos a partir de agora; e começarão a sentir os sussurros do Espírito de Deus; e a obra de Deus começará a crescer a partir de agora; e serão investidos de poder do alto.” Depois do pronunciamento do Profeta, a reunião foi suspensa por uma hora. Quando a reunião foi reiniciada, as Três Testemunhas oraram e foram abençoadas pela Primeira Presidência. As testemunhas então passaram a escolher os Doze Apóstolos.5Como todos foram chamados ao mesmo tempo, a hierarquia do quórum foi estabelecida de acordo com a idade.

OS DOZE PRIMEIROS APÓSTOLOS DESTA DISPENSAÇÃO

Uma semana após serem escolhidos, os Doze receberam seu dever apostólico de Oliver Cowdery, semelhante ao que o Salvador deu aos Apóstolos do Novo Testamento. (Ver Mateus 10; 28:19–20; Atos 1:8.) Alertou-os, declarando:

“Vocês terão que combater todo o preconceito de todas as nações.

Depois ele leu a revelação [D&C 18] (…)

Portanto, quero admoestá-los a desenvolver grande humildade; pois conheço o orgulho do coração humano. Estejam atentos, para que os bajuladores do mundo não os exaltem; estejam atentos, para que seu desejo não se volte para coisas mundanas. Coloquem seu ministério em primeiro lugar.

(…) É necessário que recebam um testemunho do céu por si mesmos; para que possam prestar testemunho da verdade (…)

Sua ordenação não estará completa até que Deus imponha as mãos sobre vocês (…).

Devem levar esta mensagem aos que se consideram sábios; e estes poderão persegui-los, até mesmo procurarem tirar-lhes a vida. O adversário sempre procurou destruir os servos de Deus; devem, portanto, estar preparados a todo momento para sacrificarem a própria vida, se Deus assim o exigir antes da época e para a edificação de Sua causa (…)

Ele então tomou um a um pela mão e disse: ‘De livre e espontânea vontade, de todo o coração, deseja participar deste ministério, a fim de proclamar o evangelho com toda a diligência, com estes seus irmãos, de acordo com os termos e o propósito do encargo que recebeu?’ Cada um deles respondeu que sim.”6

Duas semanas depois, numa conferência especial, o Profeta organizou outro importante quórum do sacerdócio — os Setenta — entre aqueles que participaram do Acampamento de Sião. (Ver D&C 107:93.) Para atender a seu papel especial de quórum “viajante”, com a responsabilidade de pregar o evangelho em todo o mundo, eles foram presididos por sete presidentes. Isso estava de acordo com uma visão da organização da Igreja dada ao Profeta.7Joseph Young, Hazen Aldrich, Levi Hancock, Leonard Rich, Zebedee Coltrin, Lyman Sherman e Sylvester Smith foram os primeiros presidentes desse quórum.

Um mês mais tarde, o Senhor revelou outras informações a respeito do sacerdócio e do governo da Igreja. Os Doze, que se estavam preparando para partir em missões, sentiram que ainda não haviam aceitado plenamente as responsabilidade de seu chamado. Em atitude de arrependimento, pediram ao Profeta que pedisse ao Senhor que lhes instruísse mais. Em resposta, o Senhor instruiu os Doze e os Setenta em suas respectivas responsabilidades. Os Doze deveriam ser “testemunhas especiais do nome de Cristo” e servir sob a direção da Primeira Presidência para “edificar a igreja e regular todos os seus negócios em todas as nações”. (D&C 107:23, 33) Os Setenta deveriam servir sob a direção dos Doze e cumprir o mesmo propósito. Juntos com a Primeira Presidência, esses quóruns constituíam os conselhos presidentes da Igreja. A revelação também relacionou os deveres daqueles que presidiam os quóruns do sacerdócio, terminando com a seguinte advertência:

“Portanto agora todo homem aprenda seu dever e a agir no ofício para o qual for designado com toda diligência.

Aquele que for preguiçoso não será considerado digno de permanecer; e o que não aprender seu dever e não mostrar ter sido aprovado não será considerado digno de permanecer.” (D&C 107:99–100) Cumprindo as instruções dadas na revelação, os primeiros quóruns do Sacerdócio Aarônico foram formados em 1835, em Kirtland. Eles eram formados por homens adultos. Não havia sido estabelecido as idades nas quais os candidatos dignos avançariam de um ofício para o outro.8

À luz das instruções dadas em Doutrina e Convênios 107, os sumos conselhos “permanentes” assumiram um papel cada vez mais importante durante a metade da década de 1830, particularmente nas funções de tribunais da Igreja. Logo surgiram dúvidas a respeito da importância e jurisdição dos sumos conselhos e dos Doze, que eram chamados de “Sumo Conselho Presidente Viajante”. (D&C 107:33) O Profeta respondeu que a autoridade dos sumos conselhos permanentes era limitada às estacas, enquanto que os Doze tinham jurisdição sobre a Igreja no exterior.9Isso levantou outra dúvida a respeito da jurisdição dos Doze nos assuntos locais. O Profeta garantiu-lhes que por estarem logo abaixo da Primeira Presidência em autoridade, não estariam sujeitos a nenhum outro corpo. Brigham Young lembrou-se desses meses como um tempo de teste, quando os Doze tiveram que provar sua disposição de “‘serem servos de todos por amor de Cristo (…)’ Isso era necessário, segundo Young, pois apenas os ‘servos verdadeiros’ poderiam receber o poder.”10

ESFORÇANDO-SE PARA COMPARTILHAR O EVANGELHO

O trabalho organizado de proselitismo tinha sido temporariamente interrompido pelo Acampamento de Sião, no verão de 1834. Durante o outono, porém, o trabalho missionário foi retomado, e os líderes da Igreja chamaram um número cada vez maior de homens para cumprir missão. Alguns deles trabalharam por apenas algumas semanas nas comunidades vizinhas. Outros receberam designações mais longas, proclamando o evangelho em regiões distantes. Muitos dos missionários serviram em mais de uma missão, freqüentemente deixando o lar em momentos que lhes era pessoalmente inconveniente. Em 1835, William W. Phelps escreveu: “Os Élderes estão constantemente indo e vindo.”11

As missões formais eram complementadas pelo trabalho de conversos entusiasmados, que se mostravam ansiosos em compartilhar seu recémdescoberto tesouro à família e amigos. Caroline Crosby, uma recémconversa, exclamou: “Quantas vezes ao ouvir a voz do profeta desejei que meus amigos, pais, irmãos e irmãs pudessem ouvir as coisas que ouvi, e que seu coração se regozijasse nelas, assim como o meu”.12

Muitos líderes da Igreja também estavam envolvidos no serviço missionário. O Profeta Joseph Smith viajou até Michigan em 1834 e 1835. Mas talvez o mais importante trabalho realizado foi a missão de cinco meses do Quórum dos Doze Apóstolos ao leste, em 1835. De maio a setembro, eles viajaram centenas de quilômetros, através de Nova York, Nova Inglaterra e Canadá. Além de fazer o trabalho missionário e regulamentar e fortalecer as congregações locais, sua designação incluía a coleta de fundos para a construção do templo, para a compra de terras em Sião e para o trabalho de impressão da Igreja. Viajando sem bolsa nem alforje, eles experimentaram os problemas típicos de perseguição, rejeição, cansaço e fome; contudo, em uma grande reunião contaram 144 carruagens e estimaram que entre duas e três mil pessoas estavam presentes.

Essa missão é significativa na história da Igreja porque é a única vez em que todos os doze membros do Quórum saíram em missão ao mesmo tempo. Quando retornaram a Kirtland, Heber C. Kimball relatou que haviam sentido o poder de Deus e foram capazes de curar os doentes e expulsar demônios. Nessa mesma época, o Quórum dos Setenta também cumpriu missões, principalmente nos estados do leste.13

Durante a metade da década de 1830, muitos líderes da Igreja também serviram em várias missões individuais. A missão realizada pelo Élder Parley P. Pratt no Canadá foi um exemplo notável. Em abril de 1836, seu colega de apostolado Heber C. Kimball abençoou Parley e profetizou que ele iria a Toronto, onde “encontraria pessoas preparadas para a plenitude do evangelho, e eles te receberão, (…) e será espalhado então daí para as regiões circunvizinhas (…); e a partir dos resultados dessa missão, a plenitude do evangelho será levada para a Inglaterra, fazendo um grande trabalho ser realizado nesse país”.14WEnquanto Parley estava em Hamilton, a caminho de Toronto, um desconhecido deu-lhe uma carta de apresentação para John Taylor, um pregador leigo metodista de Toronto. Taylor era filiado a um grupo que acreditava que as igrejas existentes não correspondiam com o cristianismo do Novo Testamento. Por dois anos, esse grupo reunia-se várias vezes por semana no intuito de “procurar a verdade, independente de organização sectária”. Em Toronto, o Élder Pratt foi cordialmente recebido pela família Taylor, mas que a princípio não se mostrou muito entusiasmada com sua mensagem.15

Desanimado por não ter conseguido pregar, Parley decidiu partir de Toronto. Antes de ir, parou na casa da família Taylor a fim de apanhar parte de sua bagagem e dizer adeus. Enquanto estava lá, Leonora Taylor falou a sua amiga, a Sra. Isabella Walton, a respeito do problema de Parley e disse que sentia muito por ele estar indo embora. “Ele pode ser um homem de Deus”, disse ela. A Sra. Walton respondeu que havia sido inspirada pelo Espírito a visitar a família Taylor naquela manhã, pois estava disposta a deixar o Élder Pratt hospedar-se em sua casa e pregar. Foi o que ele fez, e veio a ser convidado para participar de uma reunião do grupo de John Taylor, na qual John leu o relato do Novo Testamento a respeito da pregação de Filipe na Samaria. ‘Bem’, disse ele, ‘onde está nosso Filipe? Como receberemos a Palavra com alegria e seremos batizados quando acreditarmos? Onde estão nossos Pedro e João? Nossos apóstolos? Onde está nosso Espírito Santo pela imposição das mãos? (…)’”16Quando Parley foi convidado a falar, ele declarou que tinha as respostas às perguntas de John Taylor.

Por três semanas, John Taylor assistiu às reuniões do Élder Pratt, tomando notas minuciosas de seus sermões e cuidadosamente comparando-as com as escrituras. Aos poucos, ele foi convencendo-se de que o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo havia sido restaurado. Ele e sua esposa, Leonora, foram batizados em 9 de maio de 1836. Pouco depois, John Taylor foi ordenado élder e tornou-se um missionário muito ativo. O trabalho espalhou-se tão rapidamente que Orson Hyde foi enviado de Kirtland para ajudar Parley, enquanto Orson Pratt e Freeman Nickerson, que também estavam no Canadá, foram reunir-se a Parley em Toronto. Quando os missionários partiram de Toronto, John Taylor foi designado a presidir as congregações que esses élderes haviam estabelecido.

A família Fielding, que também se tornou importante na história da Igreja, fazia parte dessa colheita canadense. Mary Fielding casou-se com Hyrum Smith e tornou-se mãe do sexto e avó do décimo Presidente da Igreja — Joseph F. Smith e Joseph Fielding Smith — respectivamente. Um ano depois de seu batismo, o irmão de Mary, Joseph, reuniu-se aos primeiros missionários enviados à Inglaterra e desempenhou um papel importante no estabelecimento da obra naquele país.

Os missionários de outras áreas também desfrutaram de ricas experiências espirituais. Wilford Woodruf, por exemplo, foi até Missouri em 1834, com vinte e sete anos de idade. No outono daquele ano, Wilford foi ordenado sacerdote e viajou para Arkansas e Tennessee como um dos primeiros missionários enviados para pregar o evangelho naquelas regiões. Anos depois, ele freqüentemente testificava que “em toda a sua vida, nunca desfrutou mais do espírito e poder de Deus do que quando era um sacerdote fazendo o trabalho missionário nos estados sulinos”.17

Aos poucos, as congregações cresceram no nordeste, meio-oeste e leste do Canadá, e por fim o evangelho espalhou-se para a Virgínia Ocidental, Kentucky e Tennessee. A princípio, os grupos locais eram chamados de igrejas, mas em 1835 o termo ramo tornou-se mais comum. Essa designação simbolizava como os membros de uma localidade estendiam as boas novas aos amigos que viviam nas redondezas, os quais formavam uma nova congregação, literalmente um ramo do grupo original. Geralmente vários ramos se reuniam periodicamente para realizar conferências, e em 1835 os Doze organizaram os ramos em distritos, chamados conferências, cada qual com seus limites definidos, como as modernas estacas.18

PROGRESSOS NAS ESCRITURAS

Em um túmulo19na margem ocidental do rio Nilo, do outro lado da cidade egípcia de Tebas (hoje chamado Luxor), Antonio Lebolo, um explorador de língua francesa proveniente de Piedmont (uma região do noroeste da Itália), descobriu várias múmias, juntamente com alguns pergaminhos de papiro. Depois da morte de Lebolo, em 1830, as múmias e os papiros foram enviados aos Estados Unidos, onde Michael H. Chandler, que se apresentou como sobrinho de Lebolo, tornou-se seu proprietário em 1833. Em 1835, Chandler exibiu seus artefatos em várias cidades do leste.

Quando chegou a Kirtland, no final de junho, os santos mostraram grande interesse pelas múmias e papiros. Chandler havia ouvido falar que Joseph Smith dizia poder traduzir registros antigos. Ele pediu a Joseph Smith se poderia traduzir os papiros. Orson Pratt relembra: “O Profeta examinou-os e recolheu-se a seu quarto, onde perguntou ao Senhor a respeito deles. O Senhor disse-lhe que eram registros sagrados” e revelou a tradução de alguns dos caracteres.20Chandler tinha previamente enviado alguns caracteres do registro a estudiosos a fim de determinar qual seria seu provável significado. Ao receber a tradução do Profeta, ele assinou um testemunho assegurando que correspondia nos mínimos detalhes à dos estudiosos.21

Extremamente interessado em seu conteúdo, os santos compraram as múmias e os pergaminhos por dois mil e quatrocentos dólares. Joseph começou imediatamente a trabalhar nos pergaminhos e descobriu que continham escritos de Abraão e escritos de José, que foi vendido ao Egito. “Podemos verdadeiramente dizer que o Senhor está começando a revelar a abundância da paz e da verdade”.22Durante o restante desse tempo, em Kirtland, ele manteve um ativo interesse em trabalhar com aqueles escritos antigos. O fruto de seus esforços, o livro de Abraão, não foi impresso, contudo, até 1842, quando outra parte da tradução havia sido terminada em Nauvoo. Em fevereiro de 1843, o Profeta prometeu suprir mais da tradução do livro de Abraão. Contudo, sua agenda bastante lotada não lhe permitiu terminar a obra antes de ser assassinado.

Em 1835, outra obra padrão da Igreja foi publicada. As perseguições de Missouri haviam impedido a publicação do Livro de Mandamentos em 1833. Foram tomadas medidas em Ohio para a publicação e compilação expandida das revelações. Em setembro de 1834, a Primeira Presidência recebeu a designação de escolher as revelações que seriam publicadas, e o Profeta revisou algumas delas para corrigir erros de impressão e acrescentar informações reveladas depois de 1833. O trabalho do comitê foi concluído no verão seguinte, e uma assembléia solene foi convocada em 17 de agosto de 1835 para votar o novo livro de escrituras para que fosse chamado Doutrina e Convênios.

O título do livro referia-se a suas duas maiores divisões. A primeira parte, designada “doutrina”, continha sete dissertações sobre a fé, apresentadas na Escola dos Élderes no inverno anterior. A segunda seção, intitulada “Convênios e Mandamentos”, incluía cento e duas seções, trinta e sete a mais que o Livro de Mandamentos.23O prefácio salientava as diferenças entre as dissertações teológicas e as revelações do Senhor.24Essa distinção tornou-se a base para uma decisão tomada em 1921, de publicar as revelações sem as Dissertações sobre a Fé, a fim de evitar que os leitores fizessem confusão a respeito da importância das dissertações.

O DIA-A-DIA EM KIRTLAND

Durante a metade da década de 1830, Kirtland cresceu e tornou-se uma comunidade de santos dos últimos dias. Apesar de o número de pessoas que não eram membros permanecer relativamente constante em torno de mil e duzentas ou mil e trezentas pessoas, o número de santos quase triplicou, crescendo de aproximadamente quinhentos para aproximadamente mil e quinhentos, entre 1834 e 1837. Assim, a Igreja e suas atividades gradualmente passaram a exercer maior influência na vida da comunidade. Isso ocasionalmente provocou atritos entre os dois grupos ideologicamente diferentes de pessoas.25

Apesar de a maioria dos santos ser grata pelos acontecimentos importantes como o chamado dos Doze Apóstolos e a publicação de Doutrina e Convênios, sua vida diária centralizava-se no trabalho para obter o sustento na fazenda ou na cidade. Apesar das longas horas de trabalho braçal, os santos encontravam tempo para recreação, educação e adoração.

Apesar de haver pouco tempo livre, os santos de Kirtland gostavam de caçar, pescar, nadar e passear a cavalo. Os esportes de inverno favoritos incluíam patinar no gelo e andar de trenó. As reuniões de família eram especialmente importantes para os santos. Depois de um longo dia de trabalho, pais e filhos freqüentemente passavam a noite juntos, cantando, tocando, estudando e discutindo temas de interesse comum. Os feriados não eram muito freqüentes e geralmente passavam sem ser notados. Os periódicos da época raramente mencionavam qualquer atividade especial nos feriados, até mesmo no Natal. Uma menina santa dos últimos dias ficou surpresa durante uma visita à Cidade de Nova York ao saber que as outras crianças recebiam a visita de Papai Noel, que lhes enchia as meias de presentes e guloseimas.26

Os santos consideravam essencial a educação, e o lar era o local em que se fazia a maior parte do ensino. Tutores particulares, como Eliza R. Snow, que morava com a família de Joseph Smith, ensinando seus filhos, eram comuns. Ocasionalmente havia professores que se ofereciam para ensinar classes particulares em uma casa ou edifício público da comunidade.

Depois dos primeiros esforços da Escola de Profetas, em 1833, a Escola dos Élderes reunia-se durante os dois invernos seguintes, quando os homens não estavam tão ocupados trabalhando na fazenda ou em suas designações missionárias. Ela reunia-se em uma sala de aproximadamente nove por onze e meio metros, no andar térreo da oficina tipográfica, logo a oeste do templo. Seu propósito era o de preparar homens que iriam sair como missionários ou para servir em outros chamados da Igreja. O currículo incluía gramática inglesa, redação, filosofia, governo, literatura, geografia e história antiga e moderna. A teologia, porém, era a matéria que recebia maior ênfase.

Um importante resultado da Escola dos Élderes foi uma Escola de hebraico, realizada de janeiro a abril de 1836, sob a direção de um jovem professor de hebraico chamado Joshua Seixas. Ele foi contratado por 320 dólares para ensinar quarenta alunos por sete semanas. O interesse foi maior do que o esperado, por isso duas outras classes foram organizadas. Depois que Seixas partiu, o interesse pelo hebraico continuou. William W. Phelps, por exemplo, freqüentemente compartilhava suas traduções da Bíblia em hebraico aos amigos. O Profeta Joseph Smith estava particularmente entusiasmado a respeito de seu estudo de hebraico. Ele declarou: “Minha alma deleita-se na leitura da palavra do Senhor no idioma original.”27

Um jovem que não era membro, Lorenzo Snow, vindo da cidade vizinha de Mantua, Ohio, passou a freqüentar a escola de hebraico. Certo dia, enquanto estava a caminho do Oberlin College, Lorenzo encontrou-se com o Élder David W. Patten. Sua conversa voltou-se para religião, e a sinceridade e o testemunho do Élder Patten deixaram uma impressão duradoura em Lorenzo. Ele, portanto, estava receptivo, quando sua irmã Eliza, recém-convertida à Igreja convidara-o a assistir às aulas. Enquanto estava freqüentando as aulas, Lorenzo conheceu Joseph Smith e outros líderes da Igreja e foi batizado em junho de 1836.

A adoração no Dia do Senhor era algo central na vida dos primeiros santos dos últimos dias. Muitas pessoas reuniam suficiente lenha e completavam outras tarefas no sábado, para poderem dedicar o domingo a assuntos espirituais. Reuniam-se nas casas, e mais tarde nas escolas para os serviços religiosos, mas durante os meses de clima quente, reuniam-se ao ar livre. As reuniões dominicais eram simples. A reunião da manhã tipicamente começava às 10h com um hino e uma oração, seguidos de um ou dois discursos. O serviço da tarde era semelhante, mas geralmente incluía a administração do sacramento. Ocasionalmente, confirmações e casamentos eram realizados nessas reuniões.

A primeira quinta-feira de cada mês era o dia de jejum. Nas reuniões desse dia, que muitas vezes chegavam a durar seis horas, os santos cantavam, oravam, prestavam testemunho descrevendo as manifestações divinas ocorridas em sua vida, e exortavam uns aos outros a viver o evangelho. Eliza R. Snow lembrava-se com carinho dessas reuniões como “sagradas e interessantes além da capacidade de descrevê-las. Muitas, muitas foram as ocasiões pentecostais de derramamento do espírito de Deus nesses dias, manifestando os dons do Evangelho e o poder de cura, profecia, dom das línguas, interpretação de línguas, etc.”28As noites da semana também eram ocupadas com reuniões dos quóruns do sacerdócio, reuniões de pregação, ensaios de coro ou reuniões nas quais eram dadas bênçãos patriarcais.

A música sempre teve um papel importante na adoração dos santos. Em julho de 1830, uma revelação dirigida a Emma Smith, ordenando-lhe que compilasse um hinário para a Igreja. Esse pequeno hinário finalmente foi publicado em 1835. Incluía a letra de noventa hinos, trinta e quatro dos quais haviam sido escritos por membros da Igreja e prestavam testemunho da Restauração. Os restantes dos hinos eram tirados de hinários populares da época. Não havia partituras no hinário. Os santos cantavam os hinos, usando melodias populares da época, e freqüentemente os ramos e coros usavam melodias diferentes para o mesmo hino. Vários dos hinos escolhidos por Emma Smith, com a ajuda de William W. Phelps, ainda se encontram no hinário atual.

A CONSTRUÇÃO DA CASA DO SENHOR

Por cerca de três anos o tempo e a energia dos santos de Kirtland foram empregados na construção do primeiro templo desta dispensação. Esse empreendimento começou em dezembro de 1832, quando o Senhor ordenou que construíssem “uma casa de oração, uma casa de jejum, uma casa de fé, uma casa de aprendizado, uma casa de glória, uma casa de ordem, uma casa de Deus”. (D&C 88:119) Cinco meses depois, o Senhor repreendeu a Igreja pela demora e admoestou-lhes a adiantarem a construção do templo. (Ver D&C 95.) Os santos então fielmente dedicaram-se a essa tarefa.

O Profeta novamente perguntou em uma conferência de sumos sacerdotes o modo pelo qual o templo deveria ser construído. Alguns eram a favor de que se usassem toras de madeira. Outros preferiam uma estrutura de madeira. “Irmãos”, perguntou ele, “iremos usar toras para construir uma casa para nosso Deus? Não, tenho um plano melhor. Tenho a planta da casa de Deus, dada por Ele mesmo; e logo verão por meio disso a diferença entre nosso cálculo e Sua idéia das coisas’”.29Truman O. Angell, um dos supervisores de construção, testificou que a promessa que o Senhor havia feito ao Profeta de que mostraria a planta do edifício foi literalmente cumprida. Ele disse que quando a Primeira Presidência ajoelhou-se em oração, “o Edifício apareceu ao longe”. Mais tarde, enquanto falava no templo concluído, Frederick G. Williams disse que o salão em que estavam reunidos coincidia nos mínimos detalhes com a visão que lhes fora dada.30

A parte externa do templo parecia-se com uma típica capela da Nova Inglaterra, mas o interior era único. O Senhor especificou que o edifício deveria ter dois grandes salões, um no andar inferior e outro no superior, cada um deles medindo dezessete por vinte metros. Cada púlpito do templo deveria ter quatro fileiras. O salão inferior seria a capela, utilizada para orações, discursos e a administração do sacramento. O salão superior seria utilizado para fins educacionais. (Ver D&C 95:8, 13–17.)

A construção do templo começou em 6 de junho de 1833. Em reposta à admoestação do Senhor, um comitê ficou encarregado de procurar os materiais para a obra. Uma pedreira foi localizada três quilômetros ao sul do local da construção e imediatamente foram extraídas pedras suficientes para encher um carroção. Hyrum Smith e Reynolds Cahoon começaram a cavar uma vala para os alicerces. Os santos, porém, estavam empobrecidos. Um dos primeiros membros lembra que “não havia nenhuma raspadeira e quase não se encontrava um arado entre os santos”.31Apesar disso, “a união, a harmonia e a caridade eram abundantes para fortalecê-los” no cumprimento do mandamento de construir um templo.32Em 23 de julho de 1833, as pedras de esquina foram assentadas “segundo a ordem do Santo Sacerdócio”.33

Quase todos os homens capazes que não estavam em missão trabalharam no templo. Joseph Smith foi o mestre-de-obras da pedreira. Nos sábados, os homens levavam juntas de bois e carroções, carregando pedras suficientes para que os pedreiros tivessem com o que trabalhar durante a semana seguinte. Sob a direção de Emma Smith, as mulheres “fizeram meias, calças e coletes” para os operários do templo. Heber C. Kimball conta: “Nossas esposas passavam o tempo todo tricotando, tecendo e costurando (…); estavam tão atarefadas quanto qualquer um de nós”.34

Houve muitos empecilhos à obra de construção do Templo. O populacho ameaçava destruí-lo, e os operários montavam guarda dia e noite. Por diversas noites, Heber C. Kimball conta que “não tínhamos a permissão de trocar de roupa e éramos obrigados a nos deitar com nossas espingardas à mão.”35Como a Igreja enfrentava muitas dificuldades financeiras nesse período, os santos dos Estados Unidos e Canadá foram convidados a fazer contribuições, e muitos o fizeram com grande sacrifício pessoal. Vienna Jacques foi uma das primeiras pessoas a fazer uma contribuição, doando grande parte do que possuía. John Tanner fez um empréstimo para pagar o valor do terreno do templo e depois vendeu sua fazenda de nove hectares em Nova York para doar três mil dólares que seriam utilizados na compra de suprimentos. Ele continuou a contribuir, até ter doado quase todas as suas propriedades.

O Acampamento de Sião também interrompeu o trabalho durante o verão de 1834, pois havia poucos trabalhadores disponíveis e o dinheiro foi desviado para ajudar os santos de Missouri que passavam dificuldades. Quando os irmão retornaram do Acampamento de Sião, o trabalho progrediu mais rapidamente. Naquele outono, Joseph Smith escreveu: “Muitos esforços foram feitos para apressar a construção da casa do Senhor, e apesar de termos começado quase sem nada, em termos de recursos materiais, ainda assim o caminho foi aberto à medida que prosseguíamos, e os santos regozijaram-se”.37As paredes atingiram aproximadamente um metro e vinte centímetros no outono de 1834, mas subiram mais rapidamente durante o inverno. Em novembro de 1835, teve início o trabalho de reboco das paredes externas. Sob a direção de Artemus Millet, mestre de obras do templo, porcelanas trituradas foram misturadas ao estuque para fazer com que as paredes brilhassem. Sob a direção de Brigham Young, o interior foi concluído durante o mês de fevereiro de 1836. As irmãs fizeram as cortinas e os tapetes.

UMA ESTAÇÃO PENTECOSTAL

Além de seus grandes esforços individuais, os santos gastaram entre quarenta e sessenta mil dólares para construir o templo. Por demonstrarem tamanha disposição de sacrificarem-se para a construção do templo, o Senhor derramou-lhes grandes bênçãos. De 21 de janeiro a 1º de maio de 1836 “provavelmente mais santos dos últimos dias tiveram visões e testemunharam outras manifestações espirituais incomuns do que em qualquer outra época da história da Igreja.” Os membros da Igreja viram mensageiros celestiais em pelo menos dez reuniões diferentes, e em cinco dessas reuniões várias pessoas testificaram terem visto o próprio Salvador. Muitos tiveram visões, alguns profetizaram e outros falaram em línguas.

Uma das mais importantes reuniões realizadas no Templo de Kirtland ocorreu no dia 21 de janeiro de 1836, quinta-feira. O Profeta recorda-se deste incidente:

À noite, “à luz de velas, reuni-me com a presidência na sala de aula oeste, no Templo, para realizar a ordenança da unção de nossa cabeça com óleo consagrado (…)

Impusemos nossas mãos sobre o idoso Pai Smith e invocamos as bênçãos do céu. (…) Os céus abriram-se sobre nós, e eu vi o reino celestial de Deus e a sua glória. (…) Vi (…) o trono flamejante de Deus. (…) Vi as belas ruas desse reino, que pareciam ser pavimentadas de ouro”. Joseph Smith também viu muitos profetas no reino celestial antes que a cena se apagasse de sua visão. (Ver D&C 137:1, 3–5.) Ele viu os recém-designados Apóstolos “de pé em um círculo, muito cansados, com as roupas rasgadas e os pés inchados (…) e Jesus estava no meio deles, mas eles não O viram (…)

Muitos de meus irmãos que receberam a ordenança [de ablução e unção] comigo também tiveram visões gloriosas. Os anjos ministraram a eles e a mim também, e o poder do Altíssimo repousou sobre nós. A casa estava cheia da glória de Deus, e bradamos Hosana ao Deus e ao Cordeiro (…)

(…) Alguns deles viram o rosto do Salvador, (…) pois todos comungamos com as hostes dos céus.”38

Joseph Smith viu seu irmão Alvin no reino celestial e ficou surpreso, pois Alvin havia morrido antes que o evangelho fosse restaurado. Juntamente com a visão, o Senhor revelou o princípio da misericórdia: “Todos os que morreram sem conhecimento deste evangelho, que o teriam recebido caso tivessem tido permissão de aqui permanecer, serão herdeiros do reino celestial de Deus”. (D&C 137:7) O Profeta também aprendeu que todas as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade “são salvas no reino celestial”. (D&C 137:10)

Algumas das mais memoráveis experiências espirituais ocorreram no dia da dedicação do templo: 27 de março de 1836, domingo. Centenas de santos dos últimos dias viajaram a Kirtland antecipando as grandiosas bênçãos que o Senhor havia prometido conceder-lhes. Bem cedo na manhã do dia da dedicação do templo, centenas de pessoas reuniram-se no lado de fora do templo, na esperança de participarem da cerimônia dedicatória. As portas foram abertas às 8h, e a Primeira Presidência ajudou a acomodar uma congregação de quase mil pessoas, mas muitos ficaram de fora. Quando os líderes da Igreja sentaram-se nos púlpitos e bancos elevados em cada lado do salão, depois de todos os lugares disponíveis terem sido ocupados, as portas foram fechadas. Com isso, centenas de pessoas ficaram do lado de fora, incluindo muitos que tinham feito sacrifícios extremos para a construção do templo e haviam viajado de muito longe para assistir à dedicação. Percebendo-lhes o desapontamento, o Profeta instruiu aquelas pessoas a realizarem uma reunião extra no prédio da escola, que ficava ao lado. A cerimônia dedicatória foi repetida na quintafeira seguinte para aquelas pessoas.

Depois de o coral cantar o hino de abertura, o Presidente Sidney Rigdon falou por duas horas e meia, declarando que o templo era uma construção única entre os prédios do mundo, porque havia sido construído por revelação divina. Depois de um breve intervalo, os líderes da Igreja foram apoiados. O clímax do dia foi a oração dedicatória, que tinha sido previamente dada ao Profeta por revelação. Ele expressou gratidão pelas bênçãos de Deus e pediu ao Senhor que aceitasse o templo que fora construído em meio a grandes tribulações (…) a fim de que o Filho do Homem tivesse um lugar onde se manifestar a seu povo”. (D&C 109:5) Ele pediu que a promessa feita pelo Senhor no primeiro mandamento de construírem um templo (Ver D&C 88:117–121) pudesse ser realizada naquele momento, e orou pedindo que os líderes e membros da Igreja e os governantes das nações fossem abençoados, e que a prometida coligação dos remanecentes dispersos de Israel pudesse ser realizada. (Ver D&C 109:60–67.) Essa oração tornou-se padrão para outras orações de dedicação de templos.

Depois da oração, o coral cantou o hino “Tal como um Facho”, que havia sido escrito especialmente para a dedicação por W. W. Phelps. O sacramento foi então abençoado e distribuído à congregação. Joseph Smith e outros líderes testificaram ter visto mensageiros celestiais presentes à cerimônia. A congregação concluiu a cerimônia de sete horas de duração, ficando de pé e dando o sagrado “Brado de Hosana”: “Hosana, hosana, hosana a Deus e ao Cordeiro. Amém, amém e amém”, repetido três vezes. Eliza R. Snow disse que o brado foi dado “com tanto vigor que quase parecia ser capaz de erguer o teto do prédio”.39

Naquela noite, quase quatrocentos portadores do sacerdócio reuniramse no templo. Enquanto George A. Smith discursava, “ouviu-se um barulho como o soprar de um vento muito forte que encheu o Templo, e toda a congregação ergueu-se a um só tempo, movidos por um poder invisível; muitos começaram a falar em línguas e a profetizar; outros tiveram visões gloriosas; e eu vi que o Templo estava cheio de anjos”.40“David Whitmer prestou testemunho de que viu três anjos voando acima da ala sul”.41“As pessoas da vizinhança correram para o templo (tendo ouvido um barulho incomum dentro dele e visto uma brilhante coluna de fogo repousar sobre o Templo).” Outros viram anjos sobrevoando o templo e ouviram cânticos celestiais.42.

A manifestação espiritual mais transcendental de todas ocorreu uma semana depois da dedicação. Após o serviço de adoração da tarde, Joseph Smith e Oliver Cowdery recolheram-se nos púlpitos do Sacerdócio de Melquisedeque, no lado oeste do salão inferior do templo. A divisão de lona, chamada “véu”, estava abaixada para que pudessem orar em particular. Enquanto oravam, “retirou-se o véu de nossa mente e abriramse os olhos de nosso entendimento”. (D&C 110:1) Eles tiveram diversas visões notáveis. O Senhor Jesus Cristo apareceu, aceitou o templo e prometeu manifestar-Se naquele lugar dali por diante “se meu povo guardar meus mandamentos e não profanar esta casa santa”. (D&C 110:8; ver também vv. 2–9.)

Em seguida, apareceu Moisés e restaurou “as chaves para coligar Israel das quatro partes da Terra e trazer as dez tribos da terra do norte”. (Vers. 11) Elias então apareceu e conferiu “a dispensação do evangelho de Abraão”. (Vers. 12) Por fim, em cumprimento da profecia de Malaquias (ver Malaquias 4:5–6) e a promessa de Morôni (ver D&C 2) de “voltar o coração dos pais para os filhos e os filhos para os pais” (D&C 110:15), Elias, o Profeta, apareceu ao Profeta e a Oliver testificando que “as chaves desta dispensação são confiadas a vossas mãos” em preparação para o “grande e terrível dia do Senhor”. (Vers. 16) Por meio das chaves seladoras restauradas por Elias, o Profeta, os santos dos últimos dias podem hoje realizar as ordenanças de salvação do sacerdócio em favor de seus parentes falecidos e vivos. Essas sagradas ordenanças em favor dos mortos não foram apresentadas aos membros da Igreja até a época de Nauvoo.

Esse dia de grandiosas visões e revelações ocorreu no domingo de Páscoa, 3 de abril de 1836. Que melhor dia na dispensação da plenitude dos tempos para reconfirmar a veracidade da Ressurreição. Naquele fim de semana era comemorado também a Páscoa judaica. Por séculos as famílias judias deixavam uma cadeira vazia no banquete de Páscoa, antecipando a vinda do Profeta Elias. Ele voltou, não em um banquete de Páscoa, mas no templo do Senhor em Kirtland.

O período compreendido entre o outono de 1834 ao verão de 1836 foi de glorioso progresso para a Igreja, e parecia que o progresso iria continuar. Entretanto, dias tenebrosos e sombrios ainda estariam adiante dos santos de Kirtland, quando as forças tanto dentro quanto fora da Igreja ameaçaram o progresso da Igreja.

NOTAS

  1. Ver History of the Church, 2:176.

  2. Ver History of the Church, 1:39–43.

  3. Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols. (Salt Lake City: Bookcraft, 1954–1956), 1:211.

  4. Este parágrafo baseia-se em Milton V. Backman, Jr., The Heavens Resound: A History of the Latter-day Saints in Ohio, 1830–1838 1830–1838 (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1983), p. 248.

  5. History of the Church,ver também pp. 181–189.

  6. History of the Church, 2:195–96, 198.

  7. Ver History of the Church, 2:181n., 201–2; Joseph Young, History of the Organization of the Seventies(História da Organização dos Setenta) (Salt Lake City: Deseret News, 1878), pp. 1–2, 14.

  8. Baseado em Backman, Heavens Resound, pp. 254–55.

  9. Ver History of the Church, 2:220.

  10. Ronald K. Esplin, “The Emergence of Brigham Young and the Twelve to Mormon Leadership, 1830—1841”, (O Início da Liderança de Brigham Young e dos Doze), dissertação de doutorado, Brigham Young University, 1981, p. 170; ortografia e pontuação corrigidas; ver também Ronald K. Esplin, “Joseph, Brigham and the Twelve: A Succession of Continuity” (Joseph, Brigham e os Doze: Sucessão Contínua), Brigham Young University Studies, verão de 1981, pp. 308–309.

  11. Journal History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints (Diário Histórico de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), 2 de Junho de 1835, Historical Department, Salt Lake City; ver também Backman, Heavens Resound, p. 112.

  12. Caroline Crosby Journal (Diário de Caroline Crosby), LDS Historical Department, Salt Lake City; ortografia padronizada; ver também Kenneth W. Godfrey, Audrey M. Godfrey, e Jill Mulvay Derr, Women’s Voices (A Voz das Mulheres) (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1982), pp. 49–50.

  13. Os dois parágrafos anteriores baseiam-se em Esplin, “Emergence of Brigham Young and the Twelve to Mormon Leadership”, pp. 161–166; ver também History of the Church, 2:222–26.

  14. Parley P. Pratt, ed., Autobiography of Parley P. Pratt, (Autobiografia de Parley P. Pratt), Classics in Mormon Literature series (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1985), p. 110.

  15. Ver Pratt, Autobiography of Parley P. Pratt, pp. 113–19; B. H. Roberts, The Life of John Taylor pp. 113–119; B. H. Roberts, The Life of John Taylor (A Vida de John Taylor) (Salt Lake City: Bookcraft, 1963), pp. 31–38.

  16. Parley P. Pratt, Autobiography of Parley P. Pratt, p. 119.

  17. Matthias F. Cowley, Wilford Woodruff (Salt Lake City: Bookcraft, 1964), p. 62.

  18. Ver Samuel George Ellsworth, “A History of Mormon Missions in the United States and Canada, 1830–1860” (História das Missões Mórmons nos Estados Unidos e Canadá), dissertação de doutorado, University of California, 1951, pp. 147–154.

  19. O restante do capítulo baseia-se em Backman, Heavens Resound, pp. 130, 139–59, 214–20, 262–83.

  20. Orson Pratt, in Journal of Discourses, ver também History of the Church, 2:235.

  21. In History of the Church, 2:235.

  22. History of the Church, 2:236.

  23. Ver Doutrina e Convênios, edição de 1835, pp. 5, 75.

  24. Ver History of the Church, 2:250–51.

  25. Ver Milton V. Backman, Jr., comp., A Profile of Latter-day Saints in Kirtland, Ohio, and Members of Zion’s Camp, 1830–1839: Vital Statistics and Sources (Perfil dos Santos dos Últimos Dias de Kirtland, Ohio, e dos Integrantes do Acampamento de Sião, 1830–1839: Estatísticas Vitais e Fontes) (Provo: Brigham Young University Religious Studies Center, 1983), p. 83.

  26. Ver Mary Ann Stearns, “An Autobiographical Sketch of the Life of the Late Mary Ann Stearns Winters, Daughter of Mary Ann Stearns Pratt” (Esboço Autobiográfico da Vida de Mary Ann Stearns Winters, Falecida, Filha de Mary Ann Stearns Pratt), LDS Historical Department, Salt Lake City, p. 6.

  27. History of the Church, 2:396.

  28. Nicholas G. Morgan, comp., Eliza R. Snow, an Immortal: Selected Writings of Eliza R. Snow (Eliza R. Snow, uma Mulher Imortal: Seleção de Obras de Eliza R. Snow) (Salt Lake City: Nicholas G. Morgan, Sr., Foundation, 1957), p. 63.

  29. Lucy Mack Smith, History of Joseph Smith, (História de Joseph Smith), ed. Preston Nibley (Salt Lake City: Bookcraft, 1958), p. 230; ver também History of the Church, 1:352.

  30. Autobiography of Truman O. Angell (Autobiografia de Truman O. Angell), LDS Historical Department, Salt Lake City; Kate B. Carter, comp., (Nossa Herança Pioneira), 19 vols. (Salt Lake City: Daughters of Utah Pioneers, 1967–1976), 10:198.

  31. Benjamin F. Johnson, My Life’s Review (Análise de Minha Vida) (Independence, Mo.: Zion’s Printing and Publishing Co., 1947), p. 16.

  32. History of the Church, 1:349.

  33. History of the Church, 1:400.

  34. Heber C. Kimball, in Journal of Discourses, 10:165.

  35. “Elder Kimball’s Journal” (O Diário do Élder Kimball), Times and Seasons, 15 Jan. 1845, p. 771; ou History of the Church, 2:2.

  36. Ver Karl Ricks Anderson, Joseph Smith’s Kirtland (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1989), pp. 15–16.

  37. History of the Church, 2:167.

  38. History of the Church, 2:379–82; ortografia, pontuação e uso de maiúsculas corrigidos.

  39. Morgan, Eliza R. Snow, p. 62.

  40. History of the Church, 2:428.

  41. George A. Smith, in Journal of Discourses, 11:10.

  42. History of the Church, 2:428; Backman, Heavens Resound, p. 300.

Cronologia

Data

 

Evento Significativo

Ago. 1834

O Retorno do Acampamento de Sião

Nov. 1834

Inauguração da Escola dos Élderes em Kirtland

5 dez. 1834

Oliver Cowdery é designado Presidente Assistente da Igreja

Fev. 1835

São chamados o Quórum dos Doze e o Quórum dos Setenta

28 mar. 1835

Revelação sobre o sacerdócio (D&C 107)

Julho 1835

Múmias e pergaminhos comprados de Michael Chandler

17 ago. 1835

Uma conferência especial aprova Doutrina e Convênios

Nov. 1835

Início das obras de reboco do templo

Nov. 1835

Publicação do hinário de Emma Smith

21 jan. 1836

Recebidas manifestações espirituais no Templo de Kirtland, incluindo a visão do reino celestial (D&C 137)

27 mar. 1836

O Templo de Kirtland é dedicado e são recebidas manifestações espirituais

3 abr. 1836

Cristo, Moisés, Elias, e Elias, o Profeta, aparecem para aceitar o templo e restaurar chaves do sacerdócio

Maio–junho 1836

Dois futuros presidentes da Igreja — John Taylor e Lorenzo Snow — são batizados

Ordem hierárquica do primeiro Quórum dos Doze

Nome

Idade ao ser chamado

Thomas B. Marsh*

35

David W. Patten

35

Brigham Young

33

Heber C. Kimball

33

Orson Hyde

30

William E. McLellin

29

Parley P. Pratt

27

Luke S. Johnson

27

William B. Smith

23

Orson Pratt

23

John F. Boynton

23

Lyman E. Johnson

23

handwritten missionary certificate

Missionary certificate of Edward Partridge and Isaac Morley

John Taylor

John Taylor (1808–87) was born in England and then emigrated to Canada, where he was converted to the gospel. A few of his many labors included serving as a publisher, missionary, Apostle, and President of the Church.

Mary Fielding Smith

Mary Fielding Smith (1801–52)

elder’s certificate
elder’s certificate

Elder’s certificate (front and back) of Wilford Woodruff, signed by Joseph Smith in 1836

1835 D&C title page

Title page of the 1835 Doctrine and Covenants

handwritten account book

Day book of the Gilbert and Whitney store in Kirtland, Ohio (November 1836–April 1837)

Courtesy of the Reorganized Church of Jesus Christ of Latter Day Saints

Hebrew Grammar book title page

Title page of Joshua Seixas’s Hebrew grammar book. Prior to being employed by the Prophet to teach Hebrew in Kirtland, Joshua Seixas had taught Hebrew at Oberlin College, where Lorenzo Snow was one of his students.

Kirtland Temple

Architectural drawing of the Kirtland Temple

Courtesy of U. S. Department of the Interior

handwritten certificate

Certificado autorizando a solicitação de fundos para o Templo de Kirtland.

Kirtland Temple

Kirtland Temple