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Capítulo 1: Introdução a Doutrina e Convênios; Doutrina e Convênios 2


Capítulo 1

Introdução a Doutrina e Convênios; Doutrina e Convênios 2

Introdução e cronologia

“Doutrina e Convênios é uma coletânea de revelações divinas e declarações inspiradas, dadas para o estabelecimento e regulamentação do reino de Deus na Terra nos últimos dias” (introdução de Doutrina e Convênios, parágrafo 1). Essas revelações foram recebidas por meio do profeta Joseph Smith e alguns de seus sucessores e “convidam todas as pessoas de todos os lugares para ouvirem a voz do Senhor Jesus Cristo, falando-lhes para o seu bem-estar terreno e sua salvação eterna” (introdução de Doutrina e Convênios, parágrafo 1).

A seção de Doutrina e Convênios com a data mais antiga consiste de palavras ditas a Joseph Smith pelo anjo Morôni em 1823, quando a família Smith morava perto de Palmyra, Nova York. Durante a visita, Morôni compartilhou várias profecias importantes do Velho e Novo Testamentos, incluindo uma do livro de Malaquias sobre a missão prometida do profeta Elias nos últimos dias. Essa profecia registrada em Doutrina e Convênios 2 é essencial para nosso entendimento do plano do Pai Celestial para redimir Seus filhos.

Final de 1816A família Smith se muda de Vermont para Palmyra, Nova York.

Primavera de 1820Deus, o Pai, e Jesus Cristo aparecem a Joseph Smith.

21 a 22 de setembro de 1823O anjo Morôni visita Joseph Smith (Doutrina e Convênios 2).

19 de novembro de 1823 O irmão mais velho de Joseph Smith, Alvin, morre.

18 de janeiro de 1827Joseph Smith e Emma Hale se casam.

Doutrina e Convênios: Contexto histórico adicional

O Senhor deu orientação divina para o profeta Joseph Smith sobre a Restauração do evangelho, a organização da Igreja e as necessidades e responsabilidades de pessoas específicas. Muitas dessas revelações recebidas pelo profeta foram escritas por escreventes, geralmente em folhas soltas de papel e, mais tarde, foram copiadas nos livros de registros encadernados.

Em novembro de 1831, o profeta Joseph Smith e outros líderes da Igreja se reuniram em uma conferência de élderes em Hiram, Ohio. Durante essa conferência, os líderes da Igreja decidiram compilar e publicar algumas das revelações que o profeta havia recebido em um volume intitulado o Livro de Mandamentos. William W. Phelps havia sido chamado como “impressor da Igreja” (D&C 57:11), e cópias das revelações foram entregues a ele em Independence, Missouri, para impressão. A publicação estava quase concluída em julho de 1833, quando uma multidão enfurecida atacou a gráfica de Phelps e destruiu o prédio, a prensa tipográfica e a maioria das folhas impressas das revelações. Várias pessoas, inclusive duas jovens — Mary Elizabeth Rollins e sua irmã Caroline — conseguiram salvar algumas das páginas impressas e, apesar de incompleto, um pequeno número de exemplares do livro foi finalmente encadernado.

Em 1835, uma segunda compilação de revelações que Joseph Smith havia recebido foi publicada e foi chamada de Doutrina e Convênios. Essa edição continha 103 revelações e o prefácio. Também incluiu o livro Lectures on Faith [Dissertações sobre a Fé], que eram sete dissertações teológicas proferidas na escola de élderes no inverno de 1834–1835. Essa primeira edição foi organizada em duas partes: Parte 1 (doutrina), o livro Lectures on Faith; parte 2 (os convênios e mandamentos), as revelações recebidas até aquele momento (ver The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 4: April 1834–September 1835, comp. por Matthew C. Godfrey e outros, 2016, pp. 382–396). As Lectures on Faith [Dissertações sobre a Fé] foram omitidas na edição de 1921 de Doutrina e Convênios e nas edições subsequentes, porque eram dissertações ou lições teológicas que não foram dadas ou apresentadas como revelações à Igreja.

Quando as edições posteriores de Doutrina e Convênios foram impressas, novas revelações foram acrescentadas, e essas edições incluíram pequenas mudanças na forma como as revelações foram organizadas. Em 1981, a Igreja publicou uma nova edição em inglês da “combinação tríplice” (Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor) com notas de rodapé e referências cruzadas ampliadas e um novo índice. Naquela época, a visão que o profeta Joseph Smith teve, em 1836, do reino celestial e a visão do presidente Joseph F. Smith, em 1918, sobre a redenção dos mortos foram acrescentadas a Doutrina e Convênios como as seções 137138. Duas declarações oficiais foram oficialmente acrescentadas: (1) o Manifesto, feito pelo presidente Wilford Woodruff, anunciando que a prática do casamento plural na Igreja deveria ser abolida e (2) um anúncio da Primeira Presidência de uma revelação recebida pelo presidente Spencer W. Kimball concedendo as bênçãos do templo e do sacerdócio a todos os homens dignos da Igreja. A introdução que havia sido intitulada como Introdução Explanatória desde a edição de 1921 também foi revisada da edição de 1981 de Doutrina e Convênios. Essa introdução revisada deu mais informações sobre o profeta Joseph Smith e a natureza e o propósito de Doutrina e Convênios.

Em 1º de março de 2013, a Primeira Presidência anunciou uma edição atualizada das escrituras em inglês. Com pequenas correções de ortografia do texto, a maioria das mudanças que foram feitas nessa edição das escrituras se encontra nos auxílios para estudo e em cabeçalhos das seções de Doutrina e Convênios. Também em Doutrina e Convênios, a Introdução Explanatória foi renomeada Introdução e mais alguns detalhes foram fornecidos sobre as edições anteriores, bem como as razões para revisar Doutrina e Convênios para uma nova edição.

Mapa 1: Locais geográficos das seções de Doutrina e Convênios

Introdução de Doutrina e Convênios

Doutrina e Convênios contém revelações dadas ao profeta Joseph Smith e seus sucessores

Introdução de Doutrina e Convênios. “Uma coletânea de revelações divinas”

Doutrina e Convênios contém muitas das revelações que o profeta Joseph Smith recebeu. Essas revelações foram dadas pelo espírito de profecia e revelação por meio de visões (ver D&C 76; 137138), visitas celestiais (ver D&C 2; 13; 27110), o Urim e Tumim (ver D&C 3; 6–7; 11; 14–17) e a inspiração do Espírito Santo. Muitas das revelações foram recebidas como resultado de perguntas que o profeta fez enquanto trabalhava em uma tradução inspirada da Bíblia (ver D&C 35; 73; 76–77; 86; 91132). Outras revelações foram dadas durante a tradução do Livro de Mórmon e por causa de questões sobre a estrutura da Igreja e a edificação de Sião.

Memorial e monumento do local de nascimento de Joseph Smith

Perto do monumento em Sharon, Vermont, ficava a casa onde o profeta Joseph Smith nasceu em 23 de dezembro de 1805.

O presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) descreveu o valor desse livro moderno de escrituras:

“Doutrina e Convênios é um livro incomparável entre as outras escrituras. É a constituição da Igreja. Embora Doutrina e Convênios inclua escritos e declarações de diversas origens, ele é basicamente um livro de revelações dadas por intermédio do profeta desta dispensação.

Essas revelações são introduzidas por uma poderosa declaração dos amplos propósitos de Deus com relação à Restauração de Sua grande obra dos últimos dias. (…)

A partir dessa majestosa introdução, um panorama doutrinário maravilhoso, que vem da fonte da verdade eterna, é-nos apresentado. Alguns trechos contêm revelações diretas: o Senhor falando a Seu profeta. Outros são palavras de Joseph Smith, escritas ou faladas, de acordo com a inspiração do Espírito Santo. Outros ainda são narrativas de eventos ocorridos em diversas circunstâncias. Tudo isso reunido constitui, em grande parte, toda a doutrina e as práticas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. (…)

A variedade de assuntos tratados nesse livro é surpreendente. Entre eles, estão princípios e procedimentos concernentes ao governo da Igreja. São estabelecidas regras únicas e extraordinárias de saúde, com promessas tanto físicas como espirituais. O convênio do sacerdócio eterno é descrito de uma forma que não se encontra em nenhum outro lugar nas escrituras. Os privilégios e as bênçãos — e as limitações e oportunidades — dos três graus de glória são anunciados, com base na breve menção de Paulo sobre a glória do Sol, da Lua e das estrelas. O arrependimento é proclamado em uma linguagem clara e vigorosa. O modo correto do batismo é estabelecido. A natureza da Deidade, que intriga teólogos há séculos, é descrita em uma linguagem que todos podem entender. A lei do Senhor a respeito de finanças é pronunciada, a maneira como os recursos para a administração da Igreja devem ser adquiridos e usados. O livro revela o trabalho pelos mortos para abençoar os filhos e as filhas de Deus de todas as gerações” (“A ordem e a vontade de Deus”, A Liahona, agosto de 1989, pp. 2–3).

Doutrina e Convênios é uma das obras-padrão aceita como escritura por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. As revelações e os escritos inspirados contidos em Doutrina e Convênios constituem um testemunho vigoroso da obra contínua para trazer salvação a todos os filhos de Deus. O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) explicou que Doutrina e Convênios trabalha em conjunto com o Livro de Mórmon para trazer pessoas a Cristo e ao Seu reino:

“Esses dois grandes livros de escritura moderna apoiam-se mutuamente como revelações do Deus de Israel, cujo propósito é a reunião e preparação de Seu povo para a Segunda Vinda do Senhor. (…)

Cada um desses dois grandes livros de escrituras modernas presta vigoroso e eloquente testemunho do Senhor Jesus Cristo. Praticamente todas as páginas de ambos os livros nos ensinam a respeito do Mestre — Seu imenso amor por Seus filhos e Seu Sacrifício Expiatório — e nos ensinam a viver de modo a podermos voltar à presença Dele e do Pai Celestial.

Cada um desses dois grandes livros de escrituras modernas contém o conhecimento e o poder de ajudar-nos a viver melhor em um tempo de grande maldade e iniquidade. Aqueles que examinam suas páginas cuidadosa e fervorosamente encontrarão consolo, conselho, orientação e o calmo poder de aprimorar sua vida.

Doutrina e Convênios é o elo entre o Livro de Mórmon e a obra contínua da Restauração por meio do profeta Joseph Smith e de seus sucessores.

Em Doutrina e Convênios, aprendemos acerca do trabalho do templo, das famílias eternas, dos graus de glória, da organização da Igreja e de muitas outras verdades grandiosas da Restauração. (…)

O Livro de Mórmon é a ‘pedra angular’ de nossa religião e Doutrina e Convênios é o seu ‘pináculo’, com a continuidade das revelações modernas. O Senhor manifestou Sua aprovação quanto à pedra angular e quanto ao pináculo” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Ezra Taft Benson, 2014, p. 142).

O presidente Joseph F. Smith (1838–1918) descreveu como as revelações dadas em nossa dispensação expandem o que sabemos sobre o evangelho de Jesus Cristo: “Digo a meus irmãos que o livro de Doutrina e Convênios contém alguns dos mais gloriosos princípios já revelados ao mundo, alguns dos quais foram revelados em maior plenitude do que jamais foram revelados antes ao mundo; e isso, em cumprimento da promessa dos antigos profetas que nos últimos tempos o Senhor revelaria coisas ao mundo que foram mantidas escondidas desde a fundação do mundo; e o Senhor as revelou por intermédio do profeta Joseph Smith” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, 1998, p. 44).

O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) observou que a maioria das escrituras foi originalmente dada ao povo no passado. Por outro lado, Doutrina e Convênios contém a palavra de Deus especificamente para os filhos de Deus em nossa dispensação. Ele testificou que “Doutrina e Convênios contém a palavra de Deus para os que vivem aqui agora. É o nosso livro. Pertence aos santos dos últimos dias. Mais precioso que ouro, diz o profeta [Joseph Smith] que deveríamos valorizá-lo mais que todas as riquezas da Terra” (Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, 1994, vol. 3, p. 201).

Livro de Revelações 1 e caneta de pena

O Livro de Revelações 1, no qual John Whitmer transcreveu uma seleção de revelações antigas que o profeta Joseph Smith havia recebido

Introdução de Doutrina e Convênios. Testemunho dos doze apóstolos

Quando os líderes da Igreja decidiram, na conferência de novembro de 1831, compilar as revelações e organizá-las para publicação, o profeta Joseph Smith preparou uma declaração de testemunho a respeito da origem divina das revelações (ver The Joseph Smith Papers, Documents, Volume 2: July 1831–January 1833, comp. por Matthew C. Godfrey e outros, 2013, pp. 110–114). Aqueles que estavam presente indicaram sua disposição de prestar testemunho da veracidade das revelações. Pode ser que esse testemunho seria publicado no verso do Livro de Mandamentos, assim como os depoimentos das Três e das Oito Testemunhas foram publicados no final da edição de 1830 do Livro de Mórmon. No entanto, a declaração de testemunho não aparece nas cópias existentes do Livro de Mandamentos. Isso pode ter acontecido porque a publicação foi interrompida quando a gráfica foi destruída. O testemunho dos doze apóstolos foi incluído na edição de 1835 de Doutrina e Convênios.

Doutrina e Convênios 2: Contexto histórico adicional

Em 21 de setembro de 1823, aproximadamente três anos depois de receber a Primeira Visão, Joseph Smith, com 17 anos de idade, orou por perdão de seus pecados ao buscar saber sua situação perante Deus. Em resposta a essa oração, um mensageiro celestial chamado Morôni apareceu e declarou que Deus tinha uma obra para Joseph Smith executar (ver Joseph Smith—História 1:29–33). Depois de falar sobre o surgimento de um registro antigo escrito em placas de ouro, Morôni citou várias escrituras do Velho e Novo Testamentos, incluindo uma variação da profecia de Malaquias sobre o retorno de Elias (ver Malaquias 4:5–6). O profeta Joseph Smith incluiu essa variação da profecia de Malaquias em sua história oficial que ele começou a preparar em 1838. Trechos desse relato foram incluídos mais tarde na Pérola de Grande Valor (ver Joseph Smith—História 1:38–39) e foram incluídos em Doutrina e Convênios a partir da edição de 1876. A importância dessa profecia é evidente na frequência em que aparece nas obras-padrão (ver Malaquias 4:4–6; Lucas 1:17; 3 Néfi 25:5–6; D&C 2; Joseph Smith—História 1:38–39). Cronologicamente, Doutrina e Convênios 2 é a seção mais antiga de Doutrina e Convênios.

Mapa 4: Palmyra-Manchester, Nova York, 1820–1831

Doutrina e Convênios 2

Um anjo aparece a Joseph Smith em resposta a sua oração

Doutrina e Convênios 2:1–3. Elias, o profeta

O profeta Elias, do Velho Testamento, desempenhou um importante papel na Restauração do evangelho de Jesus Cristo, e ele é mencionado pelo nome em várias seções de Doutrina e Convênios (ver D&C 2:1; 27:9; 35:4; 110:13–16; 128:17; 133:55; 138:46–48). O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou quem foi Elias e por que ele retornou em nossos dias:

“Elias foi um profeta do Velho Testamento que realizou grandes milagres. Ele selou os céus, e não choveu na antiga Israel por três anos e meio. Ele multiplicou o alimento e o azeite de uma viúva. Ergueu um menino de entre os mortos e invocou fogo dos céus ao desafiar os profetas de Baal (ver 1 Reis 17–18). Ao término de seu ministério mortal, Elias ‘subiu ao céu num redemoinho’ (2 Reis 2:11) e foi transladado.

‘Aprendemos por revelação moderna que Elias possuía o poder selador do Sacerdócio de Melquisedeque e foi o último profeta a fazê-lo antes da época de Jesus Cristo’ (Bible Dictionary na Bíblia SUD em inglês, ‘Elijah’). (…)

Elias apareceu com Moisés no Monte da Transfiguração (ver Mateus 17:3) e conferiu essa autoridade a Pedro, Tiago e João. Elias apareceu novamente com Moisés e outros, em 3 de abril de 1836, no Templo de Kirtland, e conferiu as mesmas chaves a Joseph Smith e Oliver Cowdery” (“O coração dos filhos voltar-se-á”, A Liahona, novembro de 2011, p. 24).

exterior da casa de troncos da família Smith, Palmyra, Nova York

Casa de troncos da família Smith no município de Palmyra, Nova York, onde o anjo Morôni apareceu para o jovem Joseph Smith

Doutrina e Convênios 2:1. “Eis que vos revelarei o Sacerdócio”

Quando Elias apareceu no Templo de Kirtland, em 3 de abril de 1836, o profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery já haviam recebido o Sacerdócio de Melquisedeque pelas mãos de Pedro, Tiago e João (em algum momento entre maio e junho de 1829). A promessa de que o Senhor “[revelaria] o Sacerdócio pela mão de Elias” (D&C 2:1) refere-se às chaves do poder selador do sacerdócio que foram confiadas a Joseph e Oliver por Elias quando ele visitou o Templo de Kirtland (ver D&C 110:13–16).

O profeta Joseph Smith (1805–1844) explicou como a visita de Elias era necessária para nos ajudar a receber todas as bênçãos do sacerdócio:

“O espírito, poder e chamado de Elias, o profeta, é que vocês têm o poder para possuir a chave da revelação, ordenanças, oráculos, poderes e investiduras da plenitude do Sacerdócio de Melquisedeque e do reino de Deus na Terra; e para receber, obter e realizar todas as ordenanças pertencentes ao reino de Deus, sim, para voltar o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais, sim, daqueles que estão no céu. (…)

Qual é esse ofício e obra de Elias, o profeta? Trata-se de um dos maiores e mais importantes assuntos que Deus revelou. Ele deve enviar Elias, o profeta, para selar os filhos aos pais e os pais aos filhos. (…)

Novamente: A Doutrina ou o poder de selamento de Elias é o seguinte: Se temos o poder para selar na Terra e no céu, então devemos ser sábios. A primeira coisa a fazer é selar na Terra seus filhos e filhas a vocês, e vocês a seus pais na glória eterna” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, pp. 326–327).

O presidente Joseph Fielding Smith explicou como a visita de Elias em 1836 possibilitou grandes bênçãos para os filhos de Deus por meio do poder do sacerdócio:

“A missão de Elias foi o poder selador. Ele tinha as chaves pelas quais os pais podiam ser selados mutuamente, e os filhos selados aos pais, chaves estas que conferiu ao profeta Joseph Smith. E isto se aplica tanto aos mortos como aos vivos, desde a vinda do Senhor Jesus Cristo.

(…) Mas qual foi a natureza de sua missão na Terra nestes últimos dias? Foi restaurar o poder e autoridade dados outrora aos homens na Terra e que são essenciais para a total salvação e exaltação do homem no reino de Deus. Em outras palavras, Elias veio restituir à Terra a plenitude do poder do sacerdócio, conferindo-o a profetas mortais devidamente comissionados pelo Senhor. Este sacerdócio possui as chaves de ligar e selar na Terra e nos céus todos os princípios e ordenanças pertencentes à salvação do homem, a fim de que desta forma se tornem válidos no reino celestial de Deus” (Doutrinas de Salvação, vol. 2, p. 116).

Doutrina e Convênios 2:1. “Grande e terrível dia”

O “grande e terrível dia” mencionado em Doutrina e Convênios 2:1 se refere à Segunda Vinda de Jesus Cristo. Será um dia de alegria e regozijo para os que se prepararam para Sua vinda (ver Malaquias 4:2–3; D&C 101:32–35), mas será um dia de destruição para os iníquos (ver Malaquias 4:1; D&C 29:9; 101:24–25).

interior da casa da família Smith

Quarto no sótão da casa de troncos reconstruída onde o anjo Morôni apareceu ao jovem Joseph Smith

Doutrina e Convênios 2:2. Quem são os pais e os filhos mencionados nessa profecia?

Doutrina e Convênios 2:2 ensina que os filhos e os pais serão influenciados pela visita prometida de Elias nos últimos dias. Ao comentar sobre a profecia que Elias “plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais” (D&C 2:2), o élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Quem são os pais? Eles são Abraão, Isaque e Jacó, para quem as promessas foram feitas. Quais são as promessas? Elas são as promessas da continuação da unidade familiar na eternidade” (The Millennial Messiah: The Second Coming of the Son of Man [O Messias Milenar: A Segunda Vinda do Filho do Homem], 1982, p. 267; ver também D&C 27:10).

A revelação moderna nos ajuda a entender que os membros da Igreja são a posteridade de Abraão, Isaque e Jacó por linhagem ou por adoção (ver Abraão 2:9–10). As promessas feitas por convênio a esses antigos patriarcas também estão disponíveis para os santos dos últimos dias. O presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, descreveu as promessas encontradas no convênio que Deus fez com Abraão e outras pessoas:

“O convênio que Deus fez com Abraão e mais tarde reafirmou com Isaque e Jacó é de transcendente importância. Ele contém várias promessas, incluindo:

• Jesus, o Cristo, nasceria da linhagem de Abraão.

• A posteridade de Abraão seria numerosa, teria direito a uma descendência eterna e também o direito de ter o sacerdócio.

• Abraão se tornaria pai de muitas nações.

• Certas terras seriam herdadas por sua posteridade.

• Todas as nações da Terra seriam abençoadas por sua semente.

• E esse convênio seria eterno — até por ‘mil gerações’ (Deuteronômio 7:9; 1 Crônicas 16:15; Salmos 105:8).

Algumas dessas promessas foram cumpridas, outras ainda estão pendentes. (…)

Recebemos, como os antigos, o santo sacerdócio e o evangelho eterno. Temos o direito de receber a plenitude do evangelho, desfrutar as bênçãos do sacerdócio e qualificar-nos para a mais grandiosa das bênçãos de Deus: a vida eterna.

Alguns de nós somos semente literal de Abraão, outros são reunidos a sua família por adoção. O Senhor não faz distinção. Juntos recebemos essas bênçãos prometidas — se buscarmos o Senhor e obedecermos a Seus mandamentos” (“Convênios”, A Liahona, novembro de 2011, pp. 87–88).

Um uso diferente da palavra pais também se encontra em Doutrina e Convênios 2:2, em que a profecia declara que “o coração dos filhos voltar-se-á para seus pais”. De acordo com o presidente Joseph Fielding Smith, a frase “seus pais” se refere a “nossos antepassados que morreram sem o privilégio de receber o evangelho, mas a quem foi prometido que chegaria o tempo em que tal privilégio lhes seria concedido. Os filhos são os atualmente vivos que preparam os dados genealógicos e realizam as ordenanças vicárias nos templos” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smith, 2013, p. 232).

O anjo Morôni aparece a Joseph Smith

Morôni Aparece a Joseph Smith em Seu Quarto, de Tom Lovell. Morôni apareceu para o jovem Joseph Smith em setembro de 1823.

Doutrina e Convênios 2:2. “O coração dos filhos voltar-se-á para seus pais”

O plano de Deus para redimir os mortos não foi restaurado de uma só vez, mas foi revelado passo a passo ao profeta Joseph Smith e seus sucessores. A profecia de Morôni a Joseph Smith em 1823 foi o primeiro ensinamento sobre esse assunto dado nesta dispensação. O fato de que essa instrução foi recebida tão cedo no processo da Restauração salienta a importância da doutrina da família no evangelho de Jesus Cristo.

O presidente Joseph Fielding Smith explicou o papel da família em redimir os mortos: “A conversão do coração dos filhos a seus pais está colocando ou plantando no coração daqueles um sentimento ou desejo que os inspirará a procurar os registros dos mortos. Além disso, implantar o desejo e a inspiração em seu coração é necessário. Eles precisam disso para que possam entrar na casa do Senhor e realizar o trabalho necessário por seus pais que morreram sem conhecimento do evangelho, ou sem o privilégio de receber a plenitude dele” (Doutrinas de Salvação, vol. 2, pp. 126–127).

Doutrina e Convênios 2:2. A influência da visita prometida de Elias

A visita do profeta Elias em 1836 no Templo de Kirtland deu início a uma influência espiritual sobre as pessoas no mundo todo. O presidente Russell M. Nelson descreveu o efeito como “o Espírito de Elias”:

“A volta de Elias à Terra aconteceu no primeiro templo construído nesta dispensação, onde ele e outros mensageiros celestiais, sob a orientação do Senhor, transmitiram as chaves especiais da autoridade do sacerdócio à Igreja restaurada:

• Moisés conferiu as chaves da coligação de Israel;

• Elias conferiu as chaves da dispensação do evangelho de Abraão; e

• Elias, o profeta, veio para converter o coração dos pais aos filhos e o dos filhos aos pais.

Com isso, a afeição natural entre as gerações começou a crescer. Essa restauração foi realizada pelo que, às vezes, é chamado de Espírito de Elias, uma manifestação do Espírito Santo prestando testemunho da natureza divina da família. Assim, pessoas do mundo inteiro, das mais diversas religiões, estão reunindo registros de parentes falecidos num ritmo cada vez mais acelerado” (“Uma nova colheita”, A Liahona, julho de 1998, p. 37).

exterior do Templo de Kirtland

O profeta Elias apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdery no Templo de Kirtland em 3 de abril de 1836.

Doutrina e Convênios 2:3. “Toda a Terra seria completamente devastada”

No plano de redenção do Senhor, um dos propósitos da Terra é ser a morada celestial final para aqueles que fizeram e cumpriram seus convênios com o Pai Celestial (ver D&C 88:17–20). Será um lugar onde as famílias poderão viver unidas para sempre. O poder selador do sacerdócio restaurado por Elias torna possível a união de maridos e esposas, pais e filhos, um trabalho essencial para a exaltação dos vivos e mortos. Sem o poder selador, os filhos de Deus não poderiam receber a plenitude das bênçãos da exaltação e esse propósito da criação da Terra não teria se cumprido.

O presidente Joseph Fielding Smith explicou por que isso ocorreria: “Por que a Terra seria destruída? Simplesmente porque, se não houver um elo que ligue os pais aos filhos — elo esse que são as ordenanças em favor dos mortos — todos nós seríamos rejeitados; toda a obra de Deus falharia e seria totalmente destruída” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smithp. 230).

O élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, esclareceu ainda que um passo essencial para a salvação dos filhos de Deus foi a restauração do poder selador:

“Sem esse vínculo, não existiriam laços familiares na eternidade e, na verdade, na eternidade a família humana ficaria ‘sem raiz [antepassados] nem ramos [descendentes]’.

Como essa família de Deus assim selada, unida e celestialmente salva é o propósito final da mortalidade, qualquer falha teria sido, sem dúvida, uma maldição, fazendo com que todo o plano de salvação ficasse ‘completamente destruído’” (Christ and the New Covenant: The Messianic Message of the Book of Mormon [Cristo e o Novo Convênio: A Mensagem Messiânica do Livro de Mórmon], 1997, pp. 297–298).