Capítulo 12
Doutrina e Convênios 29
Introdução e cronologia
Em setembro de 1830, pouco antes de a segunda conferência da Igreja ser realizada em Fayette, Nova York, alguns dos primeiros membros da Igreja supuseram que as profecias do Livro de Mórmon sobre Sião e a reunião dos eleitos de Deus seriam cumpridas em breve. Um grupo de seis élderes e três outros membros da Igreja se reuniram e perguntaram ao Senhor a respeito dessas profecias. Em resposta à solicitação deles, Joseph Smith recebeu a revelação que hoje se encontra em Doutrina e Convênios 29. Nessa revelação, o Senhor lhes ensinou sobre a reunião dos eleitos do Salvador antes de Sua Segunda Vinda e sobre nossa redenção da Queda de Adão e Eva por meio da Expiação de Jesus Cristo.
-
Junho a outubro de 1830Joseph Smith dita Moisés 1–5 ao trabalhar na tradução inspirada dos primeiros capítulos de Gênesis.
-
Agosto a setembro de 1830Os membros da Igreja são confundidos pelas supostas revelações de Hiram Page.
-
Setembro de 1830Doutrina e Convênios 29 é recebida.
-
Setembro de 1830Doutrina e Convênios 28 é recebida (provavelmente depois de Doutrina e Convênios 29).
-
26 a 28 de setembro de 1830A segunda conferência da Igreja é realizada em Fayette, Nova York.
-
Outubro de 1830Oliver Cowdery e seus companheiros missionários partem para uma missão aos lamanitas.
Doutrina e Convênios 29: Informações históricas adicionais
Quando Joseph Smith se mudou para Fayette, Nova York, em setembro de 1830, ele descobriu que os santos estavam curiosos sobre o cumprimento das profecias do Livro de Mórmon sobre Sião. Essas profecias falavam da reunião da casa de Israel nos últimos dias para construir Sião, ou “a Nova Jerusalém”, e da volta prometida de Jesus Cristo (ver 3 Néfi 21:23–26; ver também 3 Néfi 16:18). Um grupo que incluía seis élderes e três outros membros da Igreja procurou mais entendimento no tocante ao surgimento de Sião e à transgressão de Adão e Eva. Em resposta à pergunta deles, o profeta Joseph Smith recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 29 (ver The Joseph Smith Papers, Documents [Documentos de Joseph Smith, Documentos], Volume 1: julho de 1828–junho de 1831, ed. Michael Hubbard MacKay e outros, 2013, pp. 177–178).
As verdades ensinadas em Doutrina e Convênios 29 ampliaram o entendimento dos santos sobre a necessidade de Sião nos últimos dias e podem ter corrigido alguma das confusões doutrinárias causadas pelos escritos de Hiram Page (ver o comentário sobre Doutrina e Convênios 28 neste manual). O profeta Joseph Smith estivera trabalhando desde junho de 1830 em uma tradução inspirada dos primeiros capítulos de Gênesis, e essas informações forneceram esclarecimentos sobre a transgressão de Adão e Eva no Jardim do Éden. Além disso, Doutrina e Convênios 29 forneceu importantes informações sobre a reunião de Israel e o plano de salvação antes que Oliver Cowdery e seus companheiros partissem em missão para pregar o evangelho aos lamanitas.
Doutrina e Convênios 29:1–21
Jesus Cristo chama Seu povo para reunir-se em preparação para Sua Segunda Vinda
Doutrina e Convênios 29:1–2. “Dai ouvidos à voz de Jesus Cristo, vosso Redentor, o Grande EU SOU”
Durante Seu ministério pré-mortal, Jeová Se identificou a Moisés como sendo “EU SOU” e como o Deus dos antigos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (ver Êxodo 3:13–15). O título “EU SOU” é uma variação de “Jeová” e deriva da primeira pessoa de um verbo hebraico que significa “eu existo”, representando a natureza eterna e onipotente de Deus (ver também D&C 68:6). Nos meses de verão, antes que a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 29 tivesse sido recebida, o profeta Joseph Smith havia iniciado sua tradução inspirada do livro de Gênesis, no Velho Testamento. A apresentação que Jesus Cristo fez de Si mesmo, que se encontra em Doutrina e Convênios 29:1–2 confirmou a verdade de que Ele era de fato o Deus do Velho Testamento. Esses versículos também confirmam que, assim como Jesus Cristo reuniu, protegeu e libertou a antiga Israel quando eles estavam no cativeiro no Egito, Ele vai reunir Seus filhos modernos sob Sua proteção, se eles derem ouvidos à Sua voz.
Doutrina e Convênios 29:4–8. A reunião dos eleitos
O pequeno grupo que se reuniu com o profeta Joseph Smith quando essa revelação foi dada ficou sabendo que os membros da Igreja desta dispensação foram escolhidos para declarar o evangelho e reunir os “eleitos” do Senhor, a quem Deus definiu como sendo aqueles que “ouvem [Sua] voz e não endurecem o coração” (D&C 29:7). Os eleitos também foram escolhidos para auxiliar o Senhor no trabalho de salvação (ver D&C 101:39–40; 115:5; 138:55–56). A reunião dos eleitos ocorre quando as pessoas aceitam o evangelho de Jesus Cristo, fazem convênios com Deus e se reúnem com os santos fiéis. Essa reunião da casa dispersa de Israel precisa ocorrer para que o povo de Deus possa estar preparado para “o dia em que tribulações e desolações forem enviadas sobre os iníquos” (D&C 29:8).
Em outubro de 1830, Oliver Cowdery foi enviado em missão aos lamanitas a fim de prepará-los para a ocasião em que o Senhor identificaria o local no qual os santos deveriam reunir-se (ver D&C 29:8–9). Os santos ficaram sabendo mais tarde que o Senhor pretendia que os membros da Igreja se reunissem de maneira ordeira no condado de Jackson, Missouri (ver D&C 57:1–3; 58:56). Contudo, aqueles que mais tarde se reuniram no condado de Jackson foram expulsos de suas casas, e o local de reunião acabou sendo mudado para Far West, Missouri (ver D&C 115:7–8), depois para Nauvoo, Illinois (ver D&C 124:25–28, 55), e mais tarde “para o oeste” (D&C 136:1). Hoje, não é mais necessário nos mudarmos para um local geográfico específico para nos reunirmos com a Igreja. Em vez disso, os santos dos últimos dias devem ajudar a edificar as estacas de Sião no lugar em que moram (ver D&C 101:20–22).
O presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) explicou: “A coligação de Israel consiste em unir a igreja verdadeira e trazer-lhe conhecimento do Deus verdadeiro. (…) Qualquer pessoa, portanto, que tenha aceitado o evangelho restaurado e que agora procura adorar o Senhor na sua própria língua e com os santos na nação onde ela mora, cumpriu com a lei da coligação de Israel e é herdeira de todas as bênçãos prometidas aos santos nestes últimos dias” (The Teachings of Spencer W. Kimball, ed. Edward L. Kimball, 1982, p. 439).
O presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou como a reunião dos eleitos de Deus ocorre hoje em dia:
“Aqui na Terra, o trabalho missionário é fundamental para a coligação de Israel. (…) Consequentemente, os servos do Senhor saem proclamando a Restauração. Em muitas nações, nossos missionários estão buscando a Israel dispersa. (…)
A escolha de vir a Cristo não é uma questão de localização física, mas de compromisso individual. As pessoas podem ser levadas ao ‘conhecimento do Senhor’ (3 Néfi 20:13) sem sair de sua terra natal. É verdade que, nos primeiros dias da Igreja, a conversão frequentemente significava também emigração. Mas agora, a reunião está acontecendo em cada país. O Senhor decretou que o estabelecimento de Sião (ver D&C 6:6; 11:6; 12:6; 14:6) ocorra em cada local no qual Ele concedeu a Seus santos seu nascimento e nacionalidade. As escrituras predizem que as pessoas ‘serão coligadas nas terras de sua herança e estabelecidas em todas as suas terras de promissão’ (2 Néfi 9:2). ‘Toda nação é o local de reunião de seu próprio povo’ [Bruce R. McConkie, em Conference Report, Conferência da área México Cidade do México de 1972, p. 45]. O local de reunião dos santos brasileiros é no Brasil; o local de reunião dos santos nigerianos é na Nigéria; o local de reunião dos santos coreanos é na Coreia, e assim por diante. Sião é ‘o puro de coração’ (D&C 97:21). Sião é onde os santos justos estão. As publicações, comunicações e congregações existem de tal modo que quase todos os membros têm acesso a doutrinas, chaves, ordenanças e bênçãos do evangelho, onde quer que morem” (ver “A coligação da Israel dispersa”, A Liahona, novembro de 2006, p. 81).
Doutrina e Convênios 29:9. Os soberbos queimarão como restolho
O Senhor advertiu que aqueles que são “soberbos e os que praticam iniquidade serão como o restolho” e queimarão em Sua vinda (D&C 29:9). Embora o orgulho seja um pecado comum que afeta a todos em algum grau, nesse caso, o termo “os soberbos” se refere aos que não podem suportar a glória do Senhor devido à iniquidade. Em uma revelação posterior, o Senhor esclareceu que esse grupo inclui “os que são mentirosos e feiticeiros e adúlteros e libertinos; e todo aquele que ama e inventa mentiras. Estes são os que sofrem a ira de Deus na Terra” (D&C 76:103–104).
Doutrina e Convênios 29:9–13. “Revelar-me-ei (…) com poder e grande glória”
Próximo do fim da vida mortal do Salvador, Seus discípulos perguntaram quando ocorreria o fim do mundo e que sinais seriam dados de que Sua vinda era iminente (ver Mateus 24:3; D&C 45:15–16). A declaração que o Senhor fez a Seus santos nestes últimos dias é de que “a hora está próxima” (D&C 29:10). Quando Jesus Cristo retornar, Seus apóstolos que “estiveram com [Ele] em [Seu] ministério em Jerusalém” vão estar de pé ao lado Dele, “trajados com mantos de retidão, com coroas na cabeça” (D&C 29:12). Essa descrição significa sua autoridade real no reino de Deus. Doutrina e Convênios 29:12–13 indica que “todos os que (…) amaram [o Senhor] e guardaram [Seus] mandamentos” também receberão uma coroa e estarão trajados como o Salvador naquele dia, simbolizando sua herança eterna com Ele no reino de Deus (ver também D&C 88:107; 109:75–76, 80).
Doutrina e Convênios 29:14–21. Sinais da vinda do Filho do Homem
O Senhor descreveu com detalhes vívidos algumas das maneiras pelas quais Ele vai “[vingar-Se] dos ímpios” antes de Sua Segunda Vinda (D&C 29:17). A consequência mais significativa que os impenitentes vão sofrer será a de que Seu “sangue não os purificará” (D&C 29:17; ver também D&C 88:35). Alguns dos acontecimentos destrutivos dos últimos dias serão semelhantes aos que ocorreram em outras épocas da história, como quando o Senhor enviou pragas sobre os egípcios para libertar os filhos de Israel do cativeiro (ver Êxodo 8:21; 9:23–25; 10:22) ou quando os iníquos foram destruídos nas Américas antes da aparição do Senhor ressuscitado aos nefitas (ver 3 Néfi 8:5–7, 14–16, 22). A profecia de que “a grande e abominável igreja” será destruída pelo fogo (D&C 29:21) refere-se às forças combinadas do mal que lutarão contra Sião, conforme predito nas escrituras (ver Ezequiel 38:18–22; 39:17–20; 1 Néfi 14:10–17; 22:13–14; 2 Néfi 10:16; D&C 88:94). O Senhor deixa claro que a iniquidade precisa ser removida da Terra — quer por meio do arrependimento quer pela destruição. Doutrina e Convênios 29 serve de misericordioso lembrete e advertência a todos para que se arrependam e se preparem para aquele dia.
O élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, salientou por que é importante nos prepararmos agora para a Segunda Vinda do Senhor:
“Irmãos e irmãs, como ensina o Livro de Mórmon, ‘esta vida é o tempo para os homens prepararem-se para encontrar Deus; (…) o dia desta vida é o dia para os homens executarem os seus labores’ (Alma 34:32). Estamos nos preparando?
Em Seu prefácio de nossa compilação das revelações modernas o Senhor declara: ‘Preparai-vos, preparai-vos para o que está para vir, porque o Senhor está perto’ (D&C 1:12). (…)
Somos sempre lembrados do fato de que não sabemos o dia nem a hora de Sua vinda. (…)
E se esse dia fosse amanhã? Se soubéssemos que iríamos encontrar o Senhor amanhã — devido a uma morte prematura ou por causa de Sua vinda inesperada —, o que faríamos hoje? Que confissões faríamos? O que deixaríamos de fazer? Que problemas de relacionamento teríamos que solucionar? A quem perdoaríamos? Que testemunhos iríamos prestar? (…)
Precisamos preparar-nos tanto física como espiritualmente para os eventos profetizados para a Segunda Vinda. E a preparação que normalmente negligenciamos é aquela menos visível e a mais difícil — a espiritual” (“A preparação para a Segunda Vinda”, A Liahona, maio de 2004, pp. 8–9).
Doutrina e Convênios 29:22–29
O Salvador revela o que acontecerá depois do Milênio, inclusive no Julgamento Final
Doutrina e Convênios 29:22. “Os homens novamente [começam] a negar seu Deus”
A Segunda Vinda de Jesus Cristo dará início ao período de mil anos chamado Milênio, no qual o próprio Senhor habitará na Terra (ver D&C 29:11). Haverá muitas mudanças importantes que vão diferenciar as condições do Milênio das que vivenciamos no mundo atual. Naquele período, por exemplo, “qualquer coisa que o homem pedir, ser-lhe-á dada” (D&C 101:27) e o Senhor vai revelar todas as coisas (ver D&C 101:32–34). O Senhor também disse que durante o Milênio “Satanás será amarrado” (D&C 43:31) e “não terá poder para tentar homem algum” (D&C 101:28). Devido ao poder de Deus e à retidão do povo, Satanás “não [terá] lugar no coração dos filhos dos homens” (D&C 45:55). Infelizmente, ao término dos mil anos, as pessoas “novamente [começarão] a negar seu Deus” (D&C 29:22) e Satanás será “libertado (…) por pouco tempo” (D&C 43:31). Pode ser difícil compreender por que alguns que vão vivenciar as bênçãos do Milênio começarão a negar Deus. No entanto, haverá aqueles que, tendo partilhado do poder de Deus, ainda assim negarão a verdade e deliberada e “voluntariamente se [rebelarão] contra Deus” (3 Néfi 6:18; ver também 4 Néfi 1:38; D&C 29:44–45; 76:31).
Doutrina e Convênios 29:23-25. “Haverá um novo céu e uma nova Terra”
A Terra será transfigurada, ou mudada, quando Jesus Cristo voltar para reinar (ver D&C 63:20–21). Ela voltará ao estado “paradisíaco”, ou terrestrial, que tinha antes da Queda de Adão e Eva (Regras de Fé 1:10). No final do Milênio, a Terra, e os céus a seu redor, novamente será mudada — dessa vez para se tornar um reino celestial para aqueles que também receberam a glória celestial (ver D&C 88:19–20).
Doutrina e Convênios 29:26. Quem é Miguel?
Miguel foi o nobre arcanjo que ocupava uma posição de autoridade próxima a de Jesus Cristo no mundo pré-mortal e que mais tarde se tornou Adão, o primeiro homem mortal a viver na Terra (ver Apocalipse 12:7–9; D&C 27:11; 107:54–55). O profeta Joseph Smith (1805–1844) ensinou que Miguel foi “o primeiro a possuir as bênçãos espirituais, a quem foi dado a conhecer o plano de ordenanças para a salvação de sua posteridade até o fim e a quem Cristo foi revelado pela primeira vez” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 112).
Doutrina e Convênios 29:30–50
O Salvador declara que nos redimiu da Queda e que nos oferece salvação de nossos pecados
Doutrina e Convênios 29:31–35. “Todas as coisas são espirituais para mim”
Deus criou “todas as coisas, tanto espirituais como físicas” (D&C 29:31). As coisas temporais têm a ver com a mortalidade e a natureza temporária desta Terra. Embora distingamos as coisas espirituais das temporais, Deus declarou: “Todas as coisas são espirituais para mim” (D&C 29:34). Como lemos em Doutrina e Convênios 29:34–35, o Senhor explicou que nunca deu a Adão ou à sua posteridade nenhum mandamento que fosse temporal. Todos os mandamentos são espirituais, ou seja, eles têm um propósito eterno.
O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) ensinou: “Em nosso modo mortal, ou carnal, de pensar, muitos dos mandamentos que o Senhor exigiu parecem temporais, mas Ele disse que em momento algum nos deu uma lei que fosse temporal (D&C 29:34). Todas as coisas são espirituais para Ele, ou em outras palavras, elas têm um propósito eterno. O Senhor não pensa em termos temporais. Seu plano é levar a efeito a imortalidade e a vida eterna do homem. A Seus olhos, portanto, todos os mandamentos têm a ver com nosso bem-estar atual, sendo considerados degraus no caminho da salvação eterna” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna], 1953, volume 1, pp. 307–308).
O presidente Dieter F. Uchtdorf, da Primeira Presidência, explicou como precisamos levar em consideração tanto o aspecto temporal quanto o espiritual de nossas ações:
“Como as duas faces de uma moeda, o temporal e o espiritual são inseparáveis. (…)
Infelizmente, há quem desconsidere o temporal por achar que isso é menos importante. Eles valorizam o espiritual e menosprezam o temporal. Embora seja importante ter nossos pensamentos voltados para o céu, perderemos a essência da nossa religião se nossas mãos também não estiverem voltadas para o nosso próximo. (…)
Como sempre, podemos tomar nosso exemplo perfeito, Jesus Cristo, como modelo. Como o presidente J. Reuben Clark Jr. ensinou: ‘Quando o Salvador veio à Terra, tinha duas grandes missões; uma era a de cumprir Seu papel de Messias, a Expiação da Queda e o cumprimento da lei; a outra era o trabalho que fez entre Seus irmãos e Suas irmãs na carne, aliviando-lhes os sofrimentos’ [em Conference Report, abril de 1937, p. 22].
De modo semelhante, nosso progresso espiritual está inseparavelmente vinculado ao serviço temporal que prestamos aos outros.
Um complementa o outro. Um sem o outro é uma imitação do plano de felicidade estabelecido por Deus” (“Prover à maneira do Senhor”, A Liahona, novembro de 2011, pp. 53–54).
Doutrina e Convênios 29:35. O que significa ter arbítrio?
Quando Deus criou Adão, Ele o fez “seu próprio árbitro” (D&C 29:35). Esse arbítrio, porém, carrega consigo a responsabilidade de aceitarmos as consequências de nossas escolhas: bênçãos pela retidão ou condenação pelo pecado (ver D&C 93:28, 31–32). Portanto, os mandamentos de Deus nos dão a oportunidade de viver as leis que Ele vive e desfrutar as bênçãos que Ele desfruta. O presidente Boyd K. Packer (1924–2015), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou:
“Estas palavras das escrituras ‘Podes escolher segundo tua vontade, porque te é dado’ (Moisés 3:17) apresentaram a Adão e Eva e à sua posteridade todos os riscos da mortalidade. Na mortalidade os homens são livres para escolher, e cada escolha produz uma consequência. A escolha feita por Adão fortaleceu a lei da justiça, que exigia que o castigo pela desobediência fosse a morte.
(…) Enviou-se um redentor para saldar o débito e libertar os homens. Esse era o plano. (…)
Uma expiação foi feita. Por toda a eternidade e para sempre, ela nos concede anistia da transgressão e da morte, se apenas nos arrependermos. O arrependimento é a cláusula de escape para tudo isso. É a chave com a qual podemos abrir a prisão pelo lado de dentro. Temos essa chave nas mãos e o arbítrio para usá-la.
Como a liberdade é divinamente preciosa! Não resta dúvida de que o arbítrio humano é extremamente valioso!
Lúcifer, de maneira astuta, manipula nossas escolhas, enganando-nos em relação ao pecado e suas consequências. Com seus anjos, ele nos tenta para que sejamos indignos, até iníquos. Mas ele não pode, nem em toda a eternidade, com todo o seu poder, destruir-nos completamente. Não sem o nosso próprio consentimento. Se o arbítrio tivesse sido concedido ao homem sem a Expiação, teria sido um dom fatal” (ver “Expiação, arbítrio, responsabilidade”, A Liahona, julho de 1988, p. 74).
Doutrina e Convênios 29:36–43. Novo entendimento sobre o plano de Deus
Depois de ter começado sua tradução inspirada da Bíblia e ditado o que hoje é Moisés 1 na Pérola de Grande Valor, o profeta Joseph Smith deu continuidade a esse trabalho de tradução durante o verão de 1830, com Oliver Cowdery como escrevente. A tradução de Gênesis 1–5, feita pelo profeta, encontra-se hoje na Pérola de Grande Valor, como Moisés 2–5. Nesses capítulos está incluído o relato da rebelião de Satanás na vida pré-mortal, de seu empenho em tentar Adão e Eva no Jardim do Éden e da expulsão de nossos primeiros pais do jardim após comerem do fruto proibido. As verdades doutrinárias que foram obtidas por meio da tradução inspirada de Gênesis, sem dúvida, prepararam o profeta para receber verdades semelhantes sobre o plano de Deus que estão resumidas em Doutrina e Convênios 29:30–45.
Doutrina e Convênios 29:36–39. Satanás e seus anjos tentam enganar as pessoas
O princípio do arbítrio existia na vida pré-mortal, como está evidenciado pela rebelião de Lúcifer e no fato de “uma terça parte das hostes do céu” ter decidido segui-lo em lugar de Deus (D&C 29:36). Aqui na mortalidade, Satanás e seus seguidores trabalham para opor-se ao plano de salvação estabelecido pelo Pai, tentando e enganando os filhos de Deus. Mesmo assim, o poder deles é limitado, quando exercemos nosso arbítrio para obedecer aos mandamentos do Pai Celestial. O presidente James E. Faust (1920–2007), da Primeira Presidência, explicou:
“Não precisamos ficar paralisados de medo por causa do poder de Satanás. Ele não nos pode dominar, a menos que o permitamos. Na verdade, não passa de um covarde. O apóstolo Tiago aconselhou: ‘Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós’ (Tiago 4:7). Néfi declarou que ele ‘não tem poder sobre o coração’ das pessoas que vivem em retidão (1 Néfi 22:26).
Ouvimos comediantes e outras pessoas justificarem ou explicarem suas más ações, dizendo: ‘O diabo me forçou a fazer isso’. Não acho que o diabo realmente possa nos forçar a fazer coisa alguma. Certamente pode nos tentar e enganar, mas não tem autoridade sobre nós, a menos que consintamos.
O poder para resistir a Satanás pode ser maior do que imaginamos. O profeta Joseph Smith ensinou: ‘Todos os seres que possuem um corpo têm domínio sobre os que não o possuem. O diabo não tem poder sobre nós, exceto se o permitirmos. No momento em que nos rebelarmos contra qualquer coisa que vem de Deus, o diabo exercerá seu domínio’ [Teachings of the Prophet Joseph Smith [Ensinamentos do Profeta Joseph Smith], sel. Joseph Fielding Smith, 1976, p. 181]. Declarou ainda: ‘Os maus espíritos têm suas restrições e limites, leis mediante as quais são governados ou dirigidos’ (History of the Church, volume 4, p. 576). Vemos, portanto, que Satanás e seus anjos não são todo-poderosos.
Todos os que se achegam a Cristo pela obediência aos convênios e às ordenanças do evangelho podem frustrar os esforços de Satanás. Os humildes seguidores do divino Mestre não serão enganados pelo diabo. Satanás não ampara nem apoia nem abençoa. Ele deixa seus seguidores na vergonha e na miséria. O Espírito de Deus, por outro lado, é uma influência que sustenta e inspira” (“Servir ao Senhor e resistir ao diabo”, A Liahona, novembro de 1995, pp. 9–10).
Doutrina e Convênios 29:41–42. O que é “a primeira morte” e “a última morte”?
Quando Adão e Eva comeram do fruto proibido e foram expulsos do Jardim do Éden, eles passaram por uma morte espiritual, ou seja, foram separados da presença imediata de Deus. Doutrina e Convênios 29:41 chama isso de “a primeira morte”, a qual vem a todos os filhos de Deus na mortalidade. “A última morte” (D&C 29:41) também é uma morte espiritual, mas somente aqueles conhecidos como filhos de perdição irão vivenciá-la ao sofrerem o castigo eterno de serem expulsos da presença de Deus para sempre (ver Helamã 14:15–18; D&C 76:34–37, 44). Como eles decidiram rebelar-se contra Deus em vez de se arrepender, “não podem ser redimidos de sua queda espiritual” (D&C 29:44).
O Senhor decretou que Adão e Eva não sofreriam a morte temporal até que tivessem a oportunidade de aprender “o arrependimento e a redenção por meio da fé no nome [do] Filho Unigênito [de Deus]” (D&C 29:42).
O élder Dallin H. Oaks explicou mais a respeito da morte espiritual e de como podemos vencê-la:
“Por cederem à tentação, Adão e Eva foram ‘[afastados] da presença do Senhor’ (Helamã 14:16). Nas escrituras, essa separação é chamada de morte espiritual (ver Helamã 14:16; D&C 29:41).
A Expiação de nosso Salvador venceu essa morte espiritual. (…) Em virtude dessa Expiação, ‘os homens serão punidos por seus próprios pecados e não pela transgressão de Adão’ (Regras de Fé 1:2).
Nosso Salvador nos redimiu do pecado de Adão, mas e quanto aos efeitos de nossos próprios pecados? Como ‘todos pecaram’ (Romanos 3:23), todos estamos espiritualmente mortos. Novamente, nossa única esperança de vida é o nosso Salvador. (…)
Para reivindicar o triunfo inspirador do Salvador sobre a morte espiritual que sofremos por nossos próprios pecados, precisamos seguir as condições que Ele estabeleceu. (…)
Nossa terceira regra de fé descreve as condições determinadas pelo Salvador com estas palavras: ‘Cremos que, por meio da Expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva, pela obediência às leis e ordenanças do Evangelho’” (“A Luz e a Vida do mundo”, A Liahona, janeiro de 1987, pp. 64–65).
D&C 29:46–50. “As criancinhas são redimidas desde a fundação do mundo”
Doutrina e Convênios 29:46–50 explica que há aqueles que “[possuem] conhecimento” e os que “não [possuem] entendimento” do evangelho. Os que têm conhecimento receberam o mandamento de se arrepender (ver D&C 29:49), ao passo que as criancinhas (e aqueles que “não [possuem] entendimento”) não são responsáveis e, portanto, não podem pecar. As criancinhas não podem ser tentadas por Satanás “até que comecem a se tornar responsáveis” (D&C 29:47).
A declaração feita pelo Senhor de que “as criancinhas são redimidas desde a fundação do mundo” (D&C 29:46) se refere ao fato de que o plano de salvação estabelecido por Deus, que inclui a Expiação de Jesus Cristo, era conhecido e compreendido desde a época de nosso estado pré-mortal. Uma das bênçãos incondicionais do sacrifício expiatório do Senhor é a de que as criancinhas são redimidas, ou seja, suas más ações são cobertas pela Expiação de Jesus Cristo até que as crianças se tornem responsáveis perante Deus por suas próprias ações. Mais tarde, o Senhor definiu a idade da responsabilidade a partir dos “oito anos” (D&C 68:27).
O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou o significado da frase que diz até que as crianças “comecem a se tornar responsáveis” (D&C 29:47; grifo do autor): “A responsabilidade não irrompe com pleno vigor em uma criança em determinado momento de sua vida. Elas se tornam responsáveis gradualmente, com o passar dos anos. Tornar-se responsável é um processo, não um objetivo a ser alcançado quando um número específico de horas, dias ou anos se passou. (…) Virá o tempo, entretanto, quando a responsabilidade será real e o pecado atribuído à vida daqueles que se desenvolvem normalmente. É a idade de oito anos, a idade do batismo (D&C 68:27)”. (“A salvação das criancinhas”, A Liahona, março de 1978, p. 3).
O profeta Mórmon ensinou esse princípio em uma epístola enviada a seu filho Morôni:
“As criancinhas, porém, estão vivas em Cristo desde a fundação do mundo. (…)
E aquele que diz que as criancinhas necessitam de batismo, nega as misericórdias de Cristo e despreza a sua expiação e o poder de sua redenção” (Morôni 8:12, 20).
O profeta Joseph Smith ensinou: “A doutrina de batizar crianças ou aspergi-las com água, caso contrário terão de ser lançadas no inferno, é uma doutrina falsa que não é apoiada pelas Santas Escrituras e não condiz com o caráter de Deus. Todas as crianças são redimidas pelo sangue de Jesus Cristo e, no momento em que essas crianças partem deste mundo, são levadas para o seio de Abraão” (Ensinamentos: Joseph Smith, pp. 99–100).
O élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, descreveu a natureza universal do misericordioso plano de salvação estabelecido por Deus: “A maravilhosa doutrina revelada ao profeta Joseph desvendou-nos um plano de salvação que se aplica a toda a humanidade, inclusive àqueles que não ouviram falar de Cristo nesta vida, às crianças que morrem antes da idade da responsabilidade e àqueles que não têm entendimento (ver D&C 29:46–50; 137:7–10)” (“O plano de nosso Pai: Grande o suficiente para incluir todos os Seus filhos”, A Liahona, maio de 2009, pp. 36–37).