“Capítulo 49: Doutrina e Convênios 125–128”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno, 2017
“Capítulo 49”, Doutrina e Convênios — Manual do Aluno
Capítulo 49
Doutrina e Convênios 125–128
Introdução e cronologia
Entre os meses de junho e agosto de 1839, muitos dos santos que tinham sido expulsos de seu lar no Missouri estavam criando assentamentos nas terras adquiridas pela Igreja em Commerce, Illinois, e no território de Iowa. Em março de 1841, o profeta Joseph Smith recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 125, na qual o Senhor revelou Sua vontade com respeito à reunião dos santos no território de Iowa.
Depois de seu batismo, em abril de 1832, Brigham Young serviu missões no norte do Canadá, no nordeste dos Estados Unidos e na Inglaterra. Seu longo serviço missionário exigiu consideráveis sacrifícios dele e de sua família. Em 1º de julho de 1841, Brigham Young retornou de sua missão na Inglaterra, após ficar fora de casa por quase dois anos. Em 9 de julho de 1841, o profeta Joseph Smith recebeu uma revelação para Brigham Young que se encontra em Doutrina e Convênios 126. Nessa revelação, o Senhor disse a Brigham que não lhe era mais exigido que deixasse sua família para servir missão “como em tempos passados” (D&C 126:1).
Em 1º de setembro de 1842, o profeta Joseph Smith escreveu uma carta para os membros da Igreja, instruindo-os a fazer um registro dos batismos que realizassem por seus antepassados falecidos. Essa carta se encontra em Doutrina e Convênios 127. Uma pesquisa recente indica que, em 7 de setembro de 1842 (e não em 6 de setembro, como mostrado no cabeçalho da seção), o profeta escreveu outra carta para os membros da Igreja, na qual lhes ensinava mais a respeito da devida administração e do registro correto dos batismos pelos mortos. Ele também explicou o significado doutrinário dessa ordenança. Essa carta se encontra em Doutrina e Convênios 128.
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15 de agosto de 1840O profeta Joseph Smith faz seu primeiro discurso público sobre o batismo pelos mortos no funeral de Seymour Brunson, em Nauvoo, Illinois.
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6–16 de março de 1841Doutrina e Convênios 125 é recebida.
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1º de julho de 1841Brigham Young chega a Nauvoo, após ter servido missão na Inglaterra.
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9 de julho de 1841Doutrina e Convênios 126 é recebida.
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8 de novembro de 1841Uma pia batismal temporária é dedicada para os batismos pelos mortos no porão do templo inacabado em Nauvoo, Illinois.
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Agosto de 1842Para não ser ilegalmente preso e levado de volta ao Missouri, o profeta Joseph Smith se esconde em diversos locais em Nauvoo, Illinois, e nos arredores.
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1º de setembro de 1842O profeta Joseph Smith dita uma carta para os membros da Igreja, que se encontra em Doutrina e Convênios 127.
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7 de setembro de 1842O profeta Joseph Smith dita outra carta para os membros da Igreja, que se encontra em Doutrina e Convênios 128.
Doutrina e Convênios 125: Informações históricas adicionais
Depois que o governador Lilburn W. Boggs promulgou a ordem executiva de expulsão de todos os mórmons do estado do Missouri, em outubro de 1838, milhares de membros da Igreja fugiram para o território de Iowa e para Illinois. O profeta Joseph Smith e outros líderes da Igreja tomaram as providências necessárias para a compra de mais de 280 hectares de terras em Commerce (que mais tarde passou a se chamar Nauvoo), Illinois, e quase 7.300 hectares no condado de Lee, território de Iowa. Por fim, foram estabelecidos ramos da Igreja no território de Iowa, em Zarahemla, Nashville e em outros pequenos assentamentos próximos da comunidade de Montrose. Durante uma conferência da Igreja realizada em 5 de outubro de 1839, foi criada a Estaca Iowa. Em março de 1841, o profeta Joseph Smith recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 125, na qual o Senhor determinou que Zarahemla e Nashville seriam os principais locais de reunião dos membros da Igreja no território de Iowa. Em agosto de 1841, o nome da Estaca Iowa foi mudado para Estaca Zarahemla. Contudo, como todos os membros da Igreja disponíveis eram necessários para ajudar na construção do Templo de Nauvoo e para terminar outros projetos de construção em Nauvoo, Illinois, a Estaca Zarahemla foi dissolvida em janeiro de 1842, depois que muitos membros da Igreja se mudaram do território de Iowa para Nauvoo (ver “Historical context and overview of Doctrine and Covenants 125”, em Dennis L. Largey e Larry E. Dahl, eds., Doctrine and Covenants Reference Companion, 2012, p. 840).
Doutrina e Convênios 125
O Senhor instrui os membros da Igreja do território de Iowa a se reunirem em lugares designados
Doutrina e Convênios 125. A reunião dos santos
Várias revelações que se encontram em Doutrina e Convênios ensinavam que os membros da Igreja deveriam se reunir em lugares designados pelo Senhor por intermédio de Seu profeta (ver D&C 37:3; 57:1–2; 101:20–21; 115:6–8). Ao se reunirem, aqueles membros da Igreja receberam força espiritual, instruções sobre o evangelho e outros benefícios resultantes do convívio mútuo e da associação com os líderes da Igreja. Na revelação que o profeta Joseph Smith recebeu em março de 1841, o Senhor explicou que os membros da Igreja que moravam no território de Iowa deveriam “[construir] cidades ao [Seu] nome” (D&C 125:2). Também disse àqueles santos que deveriam se reunir em Zarahemla ou Nashville, no território de Iowa, “na cidade de Nauvoo” ou em quaisquer das estacas que o Senhor havia designado (ver D&C 125:3–4). Hoje em dia, não é ordenado aos membros da Igreja que se reúnam em um único lugar específico. Em vez disso, cada membro é designado a uma ala ou um ramo local, dentro de uma estaca ou missão, na região em que reside.O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) ensinou:
“Conforme a Igreja cresce, é muito importante que nos edifiquemos de maneira sólida e firme, que nossas estacas em perspectiva tenham os requisitos básicos necessários para o sucesso e também que as estacas já existentes se esforcem incansavelmente para atingir a plena funcionalidade, no sentido de realização espiritual. Essas estacas devem ser os pontos de reunião para a Sião atual e precisam ser santuários espirituais e autossuficientes de tantas maneiras quantas lhes for possível.
As estacas e os distritos de Sião representam os lugares santos mencionados pelo Senhor, onde Seus santos devem reunir-se nos últimos dias como refúgio contra a tempestade” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Ezra Taft Benson, 2014, pp. 311–312).
Doutrina e Convênios 126: Informações históricas adicionais
Desde a época de seu batismo, em 5 de abril de 1832, Brigham Young demonstrou grande zelo missionário. Ao descrever seus sentimentos, ele disse mais tarde: “Eu queria poder falar do evangelho, com voz de trovão, a todas as nações. O evangelho queimava em meus ossos como um desejo incontido (…). Nada me poderia satisfazer a não ser proclamar ao mundo o que o Senhor está fazendo nestes últimos dias” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. viii).
Durante seus primeiros cinco anos como membro da Igreja, Brigham Young serviu missões por todo o norte do Canadá, em Nova York e em outros estados do leste americano. Também participou da marcha do Acampamento de Sião, de Ohio ao Missouri, entre os meses de junho e agosto de 1834. Foi ordenado membro do Quórum dos Doze Apóstolos, em Kirtland, Ohio, em 14 de fevereiro de 1835, e posteriormente se tornou presidente daquele quórum, em 14 de abril de 1840, enquanto servia missão na Inglaterra. Em 1º de julho de 1841, depois de terminar sua missão na Inglaterra, o presidente Young se reuniu com a esposa e os filhos, que estavam então morando em Nauvoo, Illinois (ver Leonard J. Arrington, Brigham Young: American Moses, 1985, pp. 413–414). Em 9 de julho de 1841, o profeta Joseph Smith visitou o presidente Young em sua casa e ditou a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 126.
Doutrina e Convênios 126
O Senhor diz a Brigham Young que não lhe será mais exigido que deixe sua família para servir missão
Doutrina e Convênios 126. “Tua oferta me é aceitável”
As muitas vezes em que Brigham Young esteve ausente de seu lar enquanto servia ao Senhor foram difíceis para sua esposa Mary Ann e seus filhos. Entre os meses de junho e agosto de 1839, enquanto ele e outros membros do Quórum dos Doze Apóstolos se preparavam para servir missão na Inglaterra, uma epidemia de malária assolou a região, deixando Brigham e a maioria de seus familiares doentes (ver Lisa Olsen Tait e Chad M. Orton, “Zeles especialmente por tua família”, em Revelações em Contexto, ed. por Matthew McBride e James Goldberg, 2016, pp. 249–256, ou history.LDS.org). Contudo, isso não o impediu de servir sua missão. Ele relembrou posteriormente: “Estava determinado a ir à Inglaterra ou morrer tentando. Minha firme resolução era fazer o que fosse exigido de mim no evangelho da vida e salvação ou morrer tentando” (Ensinamentos: Brigham Young, pp. 5–6).
Brigham Young saiu de Montrose, Iowa, rumo à Inglaterra em 14 de setembro de 1839, apenas 10 dias depois de sua esposa, Mary Ann, ter dado à luz seu quarto filho. Mary Ann também estava com malária. Aquela era a oitava vez desde que se casaram que eles ficavam separados enquanto o presidente Young servia missão (inclusive a expedição do Acampamento de Sião). Além disso, como tinham sido expulsos do Missouri no ano anterior e perdido a maior parte de suas posses, Brigham só pôde deixar 2,72 dólares com Mary Ann para sustentar a família, que também incluía duas filhas do casamento com sua primeira esposa, Miriam, que faleceu uns cinco meses depois de ele ter se filiado à Igreja. Mas a família Young confiava que o Senhor lhe proveria e contava com a promessa do profeta Joseph Smith de que as famílias dos apóstolos teriam suas necessidades supridas enquanto os apóstolos estivessem em missão (ver Arrington, Brigham Young, pp. 74–75, 413, 420; “Historical context and overview of Doctrine and Covenants 126”, em Largey e Dahl, Doctrine and Covenants Reference Companion, p. 841). Quando Brigham Young e seu amigo e colega de apostolado Heber C. Kimball partiam para sua missão, eles se levantaram na parte traseira do carroção onde estavam deitados gravemente doentes e animaram suas respectivas famílias, gritando: “Viva, viva Israel” (em Orson F. Whitney, The Life of Heber C. Kimball, 3ª ed., 1967, p. 266). Durante a ausência do marido, Mary Ann se mudou com a família de Montrose, território de Iowa, para Nauvoo, Illinois, onde construiu uma casa de madeira “com cobertores pendurados nas portas e janelas para se proteger das intempéries”. Depois de retornar de sua missão na Inglaterra, em 1º de julho de 1841, o presidente Young começou a construir uma casa de tijolos em Nauvoo para sua família “embora não tenha conseguido mudar com sua família para lá até maio de 1843” (em Tait e Orton, “Zeles especialmente por tua família”, p. 254, ou history.LDS.org).
Como resultado da fiel obediência e do dedicado serviço de Brigham Young, ele recebeu do Senhor a confirmação de que tinha agido bem e de que sua oferta era aceitável ao Senhor (ver D&C 126:1).
De acordo com Lectures on Faith, uma coletânea de lições que foram publicadas com a sanção e aprovação do profeta Joseph Smith, uma coisa “necessária para que qualquer ser racional e inteligente possa exercer fé em Deus para a vida e salvação” é “um conhecimento real de que o curso de vida que ele está seguindo está de acordo com a vontade [de Deus]” (Lectures on Faith, 1985, p. 38). O élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, acrescentou:
“Obviamente, nossas imperfeições tornam impossível a plena e definitiva aprovação de nossa vida por parte de Deus, mas o curso básico de nossa vida pode ser aprovado. Se tivermos essa aprovação básica, podemos desenvolver mais fé. Se nosso curso estiver certo, podemos dar atenção à velocidade.
Há deveres diferentes e específicos no ‘curso da vida’ que acompanham os mandamentos (e nos ajudam a cumpri-los). Esses deveres geralmente são bem mensuráveis e conhecidos. Incluem tomar o sacramento, assistir às reuniões e frequentar o templo, orar, jejuar, estudar as escrituras, prestar serviço cristão, cumprir todos os deveres familiares, estar envolvido no trabalho missionário e de reativação, fazer o trabalho genealógico, pagar dízimos e ofertas, e estar temporalmente preparado. (…)
Quando cumprimos devidamente esses deveres mensuráveis, eles produzem uma série de resultados altamente desejáveis que são menos mensuráveis, porém muito reais. De fato, quando temos experiências pessoais que nos fortalecem espiritualmente, elas quase sempre ocorrem enquanto estamos realizando os deveres que acabamos de citar. Além disso, o cumprimento desses deveres nos qualifica para ter cada vez mais a companhia do Espírito Santo” (“The Christ-Centered Life”, Ensign, agosto de 1981, p. 13).
Doutrina e Convênios 126:3. “Envies minha palavra ao exterior”
Antes de o profeta Joseph Smith receber a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 126, os membros do Quórum dos Doze Apóstolos geralmente funcionavam como autoridades locais nas áreas remotas da Igreja e no campo missionário. Quando Brigham Young e outros membros do Quórum dos Doze Apóstolos retornaram de suas missões na Inglaterra, o Senhor disse que o presidente Young, que na época era o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, não precisaria mais deixar a família para servir missão (ver D&C 126:1). Em vez disso, ele deveria permanecer perto da sede da Igreja e “[enviar a] palavra [do Senhor] ao exterior” (D&C 126:3), o que significava que ele iria supervisionar o trabalho missionário. Embora o presidente Young tenha servido mais três missões breves em 1842, 1843 e 1844, de modo geral ele pôde permanecer em Nauvoo, Illinois, com sua família. Ali, ele teve a bênção de passar um tempo com o profeta Joseph Smith e aprender com ele nos três anos restantes da vida do profeta.
Doutrina e Convênios 126:3. “Zeles especialmente por tua família”
Depois de voltar da missão na Inglaterra, Brigham Young seguiu a ordem do Senhor de “[zelar] especialmente por [sua] família” (D&C 126:3). Ele reservava tempo todos os dias para instruir seus filhos e orar com eles, que lembraram dele posteriormente como um pai gentil e amoroso. Brigham Young tinha 40 anos de idade quando a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 126 foi recebida, mas o relato a seguir ilustra sua devoção constante a sua família:
“Com 23 anos Brigham casou-se com [sua primeira esposa] Miriam Angeline Works. O jovem casal teve duas filhas. Brigham sustentava sua família fazendo e consertando cadeiras, mesas e armários. Também instalava janelas, portas, escadas e lareiras. (…)
Além de seu próprio trabalho, Brigham encarregou-se de grande parte das atividades domésticas quando sua esposa Miriam contraiu tuberculose. Com o agravamento da doença, Miriam ficava a maior parte do tempo acamada, e Brigham passou a preparar o desjejum para a família, vestir as filhas, limpar a casa e ‘carregar sua esposa até a cadeira de balanço, que ficava próxima à lareira, onde a deixava até seu retorno à noite’, quando então preparava o jantar, colocava as filhas para dormir e terminava as tarefas domésticas (Susa Young Gates e Leah D. Widtsoe, The Life Story of Brigham Young, 1930, p. 5). As experiências por que passou na juventude e no início do casamento, cuidando das crianças e das tarefas domésticas, ensinaram-lhe muito a respeito de cooperação familiar, organização e economia doméstica. Anos mais tarde, ele pôde dar conselhos aos santos a esse respeito e costumava dizer, em tom jocoso, que era capaz de realizar as tarefas domésticas melhor do que ‘a maioria das mulheres da comunidade’ (Deseret News Weekly, 12 de agosto de 1857, p. 4)” (Ensinamentos: Brigham Young, p. 2).
Pode ser difícil aprender a conciliar nossas responsabilidades familiares com os estudos, o trabalho e os chamados da Igreja. Em uma carta de 1999 para os membros da Igreja, a Primeira Presidência proclamou:
“Conclamamos todos os pais a se empenharem ao máximo para ensinar e criar seus filhos nos princípios do evangelho, o que os manterá próximos da Igreja. O lar é o alicerce de uma vida reta e nenhum outro recurso pode tomar seu lugar ou desempenhar suas funções indispensáveis de cumprir essa responsabilidade designada por Deus.
Aconselhamos os pais e os filhos a dar a maior prioridade à oração familiar, à noite familiar, ao estudo e ensino do evangelho, e às atividades familiares salutares. Por mais louváveis e adequados que sejam os outros afazeres ou atividades, não podemos permitir que tomem o lugar dos deveres determinados por Deus que somente os pais e a família podem desempenhar adequadamente” (Carta da Primeira Presidência, 11 de fevereiro de 1999; ver também Manual 2: Administração da Igreja, 2010, 1.4.1).
Doutrina e Convênios 127: Informações históricas adicionais
A primeira vez que o profeta Joseph Smith ensinou em público a doutrina do batismo vicário pelos mortos foi no sermão fúnebre do irmão Seymour Brunson, que tinha sido membro do sumo conselho de Nauvoo e guarda-costas do profeta, no dia 15 de agosto de 1840, em Nauvoo, Illinois. Logo após, os membros da Igreja começaram a realizar batismos pelos mortos no rio Mississippi (ver Matthew McBride, “Cartas sobre o batismo pelos mortos”, em McBride e Goldberg, Revelações em Contexto, pp. 281–285, ou history.LDS.org; Susan Easton Black, “A Voice of Gladness”, Ensign, fevereiro de 2004, p. 35). Quatro meses depois, o profeta anunciou a doutrina numa carta para os membros do Quórum dos Doze Apóstolos que serviam na Inglaterra: “Os santos têm o privilégio de ser batizados por seus parentes que estão mortos, que eles acreditam que teriam aceitado o evangelho se tivessem tido o privilégio de ouvi-lo e que receberam o evangelho em espírito por intermédio daqueles que foram comissionados a pregar a eles enquanto se encontram na prisão” (Carta para o Quórum dos Doze, 15 de dezembro de 1840, página 6, josephsmithpapers.org).
Antes que o batistério do Templo de Nauvoo estivesse concluído, o Senhor permitiu que os santos realizassem temporariamente os batismos pelos mortos em outros lugares, sem ser no templo, explicando: “Essa ordenança pertence à minha casa, e não me pode ser aceitável, a não ser em dias de penúria, quando não puderdes construir-me uma casa. (…) Concedo-vos um tempo suficiente para me construirdes uma casa; e, durante esse tempo, vossos batismos ser-me-ão aceitáveis” (D&C 124:30–31). No final de novembro de 1841, uma grande fonte batismal de madeira foi preparada no andar inferior do Templo de Nauvoo, estando “cercada (…) temporariamente por uma estrutura de tábuas”, enquanto prosseguia a construção das paredes e dos andares superiores do templo (ver Glen M. Leonard, Nauvoo: A Place of Peace, a People of Promise, 2002, pp. 250–251).
Em maio de 1842, Lilburn W. Boggs, o antigo governador do Missouri que emitira a ordem de extermínio contra os santos, foi ferido numa tentativa de assassinato. As autoridades do Missouri acusaram o profeta Joseph Smith de ter ajudado a planejar o ataque, e líderes governamentais tanto do Missouri quanto de Illinois tentaram prender o profeta, que morava em Nauvoo, Illinois, na época, e levá-lo de volta para o Missouri para ser julgado. Sabendo que, se retornasse ao Missouri, provavelmente seria morto, o profeta ficou oculto por vários períodos, desde o início de agosto até dezembro de 1842, para não ser preso. Em janeiro de 1843 ficou decidido que os procedimentos para prender Joseph Smith e enviá-lo para o Missouri eram ilegais (ver “Letter to John M. Bernhisel, 7 September 1842”, páginas 2–3, josephsmithpapers.org; “Historical context and overview of Doctrine and Covenants 127”, em Largey e Dahl, Doctrine and Covenants Reference Companion, p. 842).
Em 1º de setembro de 1842, o profeta Joseph Smith trabalhou numa sala no andar de cima da Loja de Tijolos Vermelhos (onde eram geralmente realizados os negócios da Igreja) e também em sua casa. Em algum momento durante aquele dia, o profeta escreveu uma carta contendo instruções para os membros da Igreja, informando-os de que ele estava planejando novamente se ocultar e instruindo-os em relação à ordenança do batismo vicário pelos mortos. Dois dias depois, ele foi novamente obrigado a se esconder. Em 4 de setembro de 1842, a carta foi lida em voz alta para os membros da Igreja que compareceram a uma reunião ao ar livre num bosque próximo do Templo de Nauvoo. O conteúdo dessa carta está em Doutrina e Convênios 127 (ver “Journal, December 1841–December 1842”, páginas 184, 189–190, josephsmithpapers.org; “Historical context and overview of Doctrine and Covenants 127”, p. 842).
Doutrina e Convênios 127
O profeta Joseph Smith “[gloria-se] na tribulação” e aconselha os membros da Igreja a manter registros de seus batismos pelos mortos.
D&C 127:1–3. “Regozijem-se (…) todos os santos e alegrem-se muito”
Depois da tentativa de assassinato do antigo governador do Missouri, Lilburn W. Boggs, em 6 de maio de 1842, alguns dos inimigos do profeta Joseph Smith o acusaram falsamente de ter planejado o ataque. Foram movidas ações legais e, no início de agosto de 1842, líderes governamentais do Missouri e de Illinois tentaram prender o profeta e levá-lo de volta para o Missouri a fim de ser julgado. O profeta Joseph Smith negou veementemente a acusação, explicando em sua carta aos santos que “me perseguem sem motivo” (D&C 127:1). Numa carta separada escrita para um membro da Igreja em 7 de setembro de 1842, o profeta Joseph Smith disse: “Os missourianos, com alguns dos principais líderes governamentais do estado [de Illinois] (…), estão novamente se desonrando pela perseguição e crueldade. Eles têm tão pouca consideração pela verdade — pelas leis da terra — e pela constituição dos Estados Unidos que promulgaram processos para minha prisão totalmente ilegais, e eles próprios estão cientes disso. (…) Assim, podem ver que sou obrigado a me exilar para salvar a vida das pessoas e também a minha própria dia após dia” (“Letter to John M. Bernhisel, 7 September 1842”, páginas 2–3, josephsmithpapers.org).
Apesar das ameaças à sua vida, o profeta Joseph Smith escreveu: “Quanto aos perigos que de mim é requerido passar, parecem-me coisa pequena (…); E, como Paulo, glorio-me na tribulação; pois até este dia o Deus de meus pais livrou-me de todas elas e livrar-me-á daqui em diante; pois eis que triunfarei sobre todos os meus inimigos” (D&C 127:2). O profeta também declarou: “Regozijem-se, portanto, todos os santos e alegrem-se muito; porque o Deus de Israel é o seu Deus” (D&C 127:3), querendo dizer que os membros da Igreja poderiam confiar que o Grande Jeová que realizou extraordinários milagres em favor de Seu povo no passado continuaria a fazê-lo na época deles.
O élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou por que Deus permitiu que o profeta Joseph Smith enfrentasse adversidades: “As dificuldades que enfrentamos na Terra têm significado e propósito. Pensem no profeta Joseph Smith: durante toda a vida enfrentou uma oposição desanimadora — doenças, acidentes, pobreza, mal-entendidos, acusações falsas e até perseguição. Poderíamos ficar tentados a perguntar: ‘Por que o Senhor não resguardou Seu profeta desses obstáculos, deu-lhe recursos ilimitados e calou a boca de quem o acusava?’ A resposta é que cada um de nós precisa passar por certas experiências para se tornar mais semelhante ao Salvador. Na escola da mortalidade, muitas vezes os professores são o sofrimento e a tribulação, mas as aulas têm a finalidade de nos refinar, abençoar-nos e nos fortalecer, não de nos destruir” (“A fé em meio às tribulações traz paz e alegria”, A Liahona, maio de 2003, p. 17).
Doutrina e Convênios 127:4. “Que a obra de meu templo (…) [continue] sem cessar”
Uma revelação recebida em 19 de janeiro de 1841 instruía os membros da Igreja a construírem um templo em Nauvoo, Illinois (ver D&C 124:27, 34, 40–44). O profeta Joseph Smith presidiu a colocação das quatro pedras de esquina do Templo de Nauvoo em 6 de abril de 1841 (ver Manuscript History of the Church, vol. C-1, páginas 1184–1186, josephsmithpapers.org). Em sua carta para os membros da Igreja datada de 1º de setembro de 1842, o profeta recomendou com veemência que os santos fossem diligentes e terminassem a construção do templo (ver D&C 127:4). Em nossos dias, o presidente Howard W. Hunter (1907–1995) pediu aos membros da Igreja que participassem da adoração no templo:
“Não nos surpreende que o Senhor deseje tanto que Seu povo seja motivado pelo templo. Repito o que já disse antes. Agradaria ao Senhor que todo membro adulto fosse digno de ter uma recomendação para o templo, que a carregasse consigo e a mantivesse atualizada mesmo que a proximidade a um templo não permitisse o uso imediato e frequente dela. As coisas que devemos e não devemos fazer para ser dignos de uma recomendação são exatamente as mesmas coisas que garantem nossa felicidade como indivíduos e famílias.
Sejamos um povo que frequenta e ama o templo. Procuremos diligentemente ir à casa do Senhor com a maior regularidade (…) que nossas circunstâncias pessoais (…) permitirem. Não devemos fazê-lo apenas por nossos parentes falecidos, mas também pelas bênçãos pessoais advindas da adoração no templo, pela santidade e pela segurança que encontramos por trás daquelas paredes santas e consagradas. Ao irmos ao templo, aprendemos mais rica e profundamente o propósito da vida e o significado do sacrifício expiatório do Senhor Jesus Cristo. Façamos do templo, com a adoração no templo, os convênios do templo e o casamento no templo, nosso objetivo final terreno e a mais sublime experiência pessoal da mortalidade. (…)
Como os profetas disseram, o templo é um local de beleza; é um lugar de revelação; é um lugar de paz. O templo é a casa do Senhor. É santificado para o Senhor. Deve ser santificado e importante para nós” (“Um povo motivado pelo templo”, A Liahona, maio de 1995, pp. 6–7).
Doutrina e Convênios 127:5. “Batismo pelos seus mortos”
Conforme lemos em Doutrina e Convênios 127:5 e 128:14, o profeta Joseph Smith se referiu às pessoas falecidas por quem os santos estavam realizando batismos vicários como sendo os “vossos mortos” — querendo com isso dizer seus próprios antepassados falecidos. O élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou que, ao participarmos do trabalho de história da família e do templo, nossa principal responsabilidade é a de encontrar nossos próprios antepassados e realizar ordenanças de salvação por eles: “O Senhor, nas primeiras instruções da revelação, referiu-se ao ‘batismo por vossos mortos’ (D&C 127:5; grifo do autor). Nossa obrigação doutrinária é para com os nossos próprios antepassados. Isso porque a organização celestial do céu se baseia na família (ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smith, 2013, pp. 70–71). A Primeira Presidência incentivou os membros da Igreja, principalmente os jovens e os jovens adultos solteiros, a dar ênfase ao trabalho de história da família e de ordenanças por seus próprios nomes de familiares ou por nomes de antepassados dos membros de sua ala e estaca (ver carta da Primeira Presidência, 8 de outubro de 2012). Precisamos conectar-nos tanto a nossas raízes quanto a nossos ramos. O conceito de que estaremos unidos por um vínculo na esfera eterna é realmente glorioso” (“Raízes e ramos”, A Liahona, maio de 2014, p. 45).
O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, falou sobre as bênçãos concedidas aos que participam do trabalho de salvação de seus antepassados:
“Incentivo-os a estudarem, a pesquisarem seus antepassados e a prepararem-se para realizar batismos vicários na casa do Senhor por seus próprios parentes falecidos (ver D&C 124:28–36). E peço que ajudem outras pessoas a identificar a história da família delas.
Ao atenderem com fé a este convite, seu coração se voltará aos pais. As promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó serão implantadas em seu coração. Sua bênção patriarcal, com sua declaração de linhagem, vai ligá-los a esses pais e será mais significativa para vocês. Seu amor e sua gratidão por seus antepassados vão aumentar. Seu testemunho do Salvador e sua conversão a Ele se tornarão mais profundos e duradouros. E prometo-lhes que serão protegidos da crescente influência do adversário. Ao participarem desse trabalho sagrado e amarem-no, serão protegidos em sua juventude e por toda a vida” (“O coração dos filhos voltar-se-á”, A Liahona, novembro de 2011, pp. 26–27).
Doutrina e Convênios 127:5–7, 9. “Que todos os registros sejam conservados em ordem”
Em 31 de agosto de 1842, na véspera do dia em que o profeta Joseph Smith escreveu a carta que se encontra em Doutrina e Convênios 127, ele esteve com as irmãs da Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo numa reunião ao ar livre realizada num bosque a oeste do templo. De acordo com as anotações que Eliza R. Snow fez nessa reunião, o profeta declarou que “algumas coisas tinham sido manifestadas a ele [enquanto estava oculto], referentes ao batismo pelos mortos”. Ele explicou sucintamente às irmãs que “todas as pessoas batizadas pelos mortos precisam que um registrador esteja presente para que ele possa testemunhar pessoalmente o batismo” (em The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History, ed. por Jill Mulvay Derr e outros, 2016, pp. 94–95). O Senhor salientou a importância da manutenção de registros por meio de revelações que se encontram em Doutrina e Convênios (ver D&C 21:1; 47:1, 3–4; 69:8), inclusive de diários, atas de reuniões e outros registros históricos. Na carta do profeta Joseph Smith datada de 1º de setembro de 1842, ele ensinou que a manutenção de registros é uma parte vital do trabalho de ordenanças do templo. Os registros associados ao trabalho do templo devem ser “conservados em ordem, para que sejam postos nos arquivos [do] (…) santo templo, a fim de serem conservados na lembrança, de geração em geração” (D&C 127:9).
Inicialmente, antes de receber instruções adicionais e “em sua pressa para administrar [batismos] por seus entes queridos”, os membros da Igreja nem sempre registravam precisamente seus batismos pelos mortos. Além disso, os representantes vicários eram às vezes batizados em favor de pessoas do sexo oposto, e com frequência as ordenanças eram realizadas sem testemunhas (ver McBride, “Cartas sobre o batismo pelos mortos”, pp. 281–285, ou history.LDS.org). O presidente Brigham Young (1801–1877) explicou:
“Quando um ser infinito dá uma lei a suas criaturas finitas, ele tem que descer à capacidade das pessoas que recebem sua lei. Quando a doutrina do batismo pelos mortos foi dada inicialmente, esta igreja estava em sua infância e não era capaz de receber todo o conhecimento de Deus em seu mais alto grau.
(…) Quando [a doutrina do batismo pelos mortos] foi [revelada] originalmente, não foi revelada toda a sua ordem. Depois, foi dado a saber que os registros, os secretários e uma ou duas testemunhas eram necessárias, ou então não seriam de valor algum para os santos.
O Senhor conduziu este povo o tempo todo desse modo, dando-lhe um pouco aqui e um pouco ali. Assim, ele aumenta sua sabedoria, e aquele que recebe um pouco e se sente grato por isso, receberá mais” (“Speech”, Times and Seasons, 1º de julho de 1845, p. 954; ver também McBride, “Cartas sobre o batismo pelos mortos”, pp. 281–285, ou history.LDS.org).
Doutrina e Convênios 127:8. “Estou prestes a restaurar (…) coisas relativas ao sacerdócio”
Enquanto ensinava sobre a necessidade de construir um templo em Nauvoo, Illinois, o Senhor declarou: “Que essa casa seja construída ao meu nome, a fim de que nela eu revele minhas ordenanças a meu povo” (D&C 124:40). “Em resposta ao mandamento do Senhor, o profeta e os santos agiram o mais rapidamente possível para começar a edificar uma casa do Senhor. Mas o profeta se deu conta de que a construção levaria anos, e ele sabia que os santos precisavam das bênçãos plenas do templo. Consequentemente, em 4 de maio de 1842, embora o templo não estivesse concluído, Joseph Smith ministrou a investidura para um pequeno grupo de irmãos fiéis” (em Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 435). Mais tarde, ele ensinou a doutrina do casamento eterno e apresentou aos santos a ordenança do selamento (ver D&C 131:1–4; 132:19–25).
Doutrina e Convênios 128: Informações históricas adicionais
Em 3 de setembro de 1842, o profeta Joseph Smith estava em casa com sua família quando ficou sabendo que alguns delegados do Missouri e de Illinois estavam chegando com a intenção de prendê-lo e levá-lo de volta para o Missouri. O profeta conseguiu escapar sem ser notado e, por fim, chegou naquela noite à casa de Edward Hunter (ver Manuscript History of the Church, vol. D-1, página 1 [adendos], josephsmithpapers.org). No dia seguinte, a carta do profeta datada de 1º de setembro de 1842 foi lida em voz alta para os membros da Igreja que tinham comparecido a uma reunião ao ar livre num bosque próximo ao Templo de Nauvoo (ver “Doutrina e Convênios 127: Informações históricas adicionais” neste capítulo). Em 7 de setembro, enquanto ainda estava na casa do irmão Hunter, o profeta “ditou uma longa epístola aos santos, ordenando que fosse lida [no] domingo seguinte” (“Journal, December 1841–December 1842”, página 192, josephsmithpapers.org). O conteúdo dessa carta está em Doutrina e Convênios 128.
Doutrina e Convênios 128:1–18
O profeta Joseph Smith explica por que é necessário manter registros das ordenanças de salvação
Doutrina e Convênios 128:1–5. “A ordenança [preparada] antes da fundação do mundo”
Bilhões de filhos do Pai Celestial morreram sem conhecimento de Jesus Cristo e sem ter recebido a ordenança essencial do batismo (ver 2 Néfi 2:6–7; Alma 9:27). A restauração da doutrina da redenção dos mortos demonstra que Deus preparou um meio para que a salvação fosse oferecida a todos — inclusive àqueles que morreram sem ter tido a oportunidade de receber o evangelho na mortalidade (ver D&C 128:22). O profeta Joseph Smith explicou em sua carta de 7 de setembro de 1842 para os membros da Igreja que a ordenança do batismo pelos mortos tinha sido preparada “antes da fundação do mundo” (D&C 128:5).
Doutrina e Convênios 128:6–10. “Tudo o que registrardes na Terra será registrado no céu”
O profeta Joseph Smith ensinou que, à medida que os registros de nossas obras, inclusive um registro do sagrado trabalho de ordenanças, são “feitos na Terra”, um “registro [semelhante] se faz no céu” (D&C 128:7). Esses registros um dia estarão entre os livros que serão abertos quando os mortos forem julgados (ver D&C 128:6–7; ver também Apocalipse 20:12; 3 Néfi 27:24–26). O profeta comparou o poder do sacerdócio usado para realizar e registrar ordenanças ao poder selador que o Senhor prometeu a Pedro quando declarou que “tudo o que ligares na Terra será ligado nos céus” (D&C 128:10; ver também Mateus 16:18–19). O profeta também vinculou a palavra ligar à palavra registro ao modificar o versículo da Bíblia, dizendo: “Tudo o que registrardes na Terra será registrado no céu e tudo o que não registrardes na Terra não será registrado no céu” (D&C 128:8). Essa ligação ou esse poder de selamento do sacerdócio permite que as ordenanças realizadas na Terra para os filhos de Deus sejam válidas no céu.
Doutrina e Convênios 128:11. As chaves do sacerdócio dão conhecimento e poder espiritual ao profeta do Senhor
O profeta Joseph Smith explicou que as “chaves” e “os poderes do Santo Sacerdócio” que lhe tinham sido conferidos o qualificavam a “obter um conhecimento dos fatos relativos à salvação dos filhos dos homens, tanto os mortos como os vivos” (D&C 128:11). Essas mesmas chaves do sacerdócio foram concedidas aos profetas modernos que sucederam o profeta Joseph Smith, permitindo-lhes buscar maior entendimento da salvação dos mortos.
Doutrina e Convênios 128:12–14. “Como símbolo da sepultura”
O profeta Joseph Smith explicou: “A ordenança do batismo pela água, ou melhor, (…) ser imerso na água e sair da água assemelha-se à ressurreição dos mortos ao saírem da sepultura” (D&C 128:12). Ele também explicou que “a fonte batismal [para o batismo dos mortos foi instituída] como símbolo da sepultura”, estando, portanto, localizada no andar inferior do Templo de Nauvoo, ou “abaixo do lugar onde os vivos costumam reunir-se, para representar os vivos e os mortos a fim de que cada coisa tenha sua semelhança” (D&C 128:13).
O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) ensinou: “O Senhor colocou a pia batismal de nossos templos abaixo do alicerce, ou da superfície da terra. Isso é simbólico, já que os mortos estão nas sepulturas, e estamos trabalhando pelos mortos quando os batizamos. Além disso, o batismo também simboliza a morte e a ressurreição, de fato, ele é virtualmente uma ressurreição de uma vida de pecados, ou da morte espiritual, para uma existência de vida espiritual (ver D & &C 29:41–45). Portanto, quando realizamos essa ordenança em favor dos mortos, considera-se que eles foram trazidos de volta à presença de Deus, assim como essa doutrina é aplicada aos vivos” (Church History and Modern Revelation, vol. 2, p. 332).
Doutrina e Convênios 128:15–18. “Uma total, completa e perfeita união”
Usando as palavras do profeta Malaquias do Velho Testamento, o profeta Joseph Smith ensinou que a ordenança do batismo pelos mortos tinha o propósito de criar “um elo de ligação de um ou outro tipo entre os pais e os filhos” (D&C 128:18), ou entre as gerações das famílias, e de “[converter] o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais” (D&C 128:17; ver também Malaquias 4:6). O profeta também usou as palavras do apóstolo Paulo para ensinar que a salvação de nossos antepassados falecidos “é necessária e essencial a nossa salvação”, salientando que “eles [os mortos], sem nós, não podem ser aperfeiçoados — nem podemos nós, sem nossos mortos, ser aperfeiçoados” (D&C 128:15; ver também Hebreus 11:40).
O presidente Joseph Fielding Smith ensinou: “Tem que haver uma organização familiar, uma unidade familiar, e cada geração precisa estar ligada à cadeia que a precede a fim de proporcionar perfeição à organização familiar. Assim, um dia, seremos uma grande família, com Adão à testa, e Miguel, o Arcanjo, presidindo sua posteridade” (Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, 3 vols., 1954–1956, vol. 2, p. 174).
O processo de ligar as gerações começa com a ordenança do batismo pelos mortos, mas também exige que nossos antepassados falecidos recebam as outras ordenanças de salvação vicariamente. Essas ordenanças de salvação, que também precisam ser realizadas nos templos, incluem a confirmação e o recebimento do dom do Espírito Santo, a ordenação dos homens ao Sacerdócio de Melquisedeque, a investidura do templo e o selamento da família. Os membros da Igreja começaram a realizar as ordenanças de investidura e selamento pelos seus antepassados falecidos somente depois de se mudarem para Utah (ver Richard O. Cowan, “The Unfolding Restoration of Temple Work”, Ensign, dezembro de 2001, p. 39). O élder Quentin L. Cook explicou: “A doutrina essencial da união da família foi dada linha sobre linha, preceito sobre preceito. As ordenanças vicárias são o ponto central da união eterna da família” (“Raízes e ramos”, p. 45).
Doutrina e Convênios 128:19–25
O profeta Joseph Smith se regozija com o evangelho restaurado e explica como a realização de batismos pelos mortos prepara a Igreja para a Segunda Vinda de Jesus Cristo
Doutrina e Convênios 128:19–23. A restauração de todas as coisas
Embora o profeta Joseph Smith estivesse escondido e sendo perseguido ilegalmente quando escreveu a carta que se encontra em Doutrina e Convênios 128, ele a concluiu com um extraordinário resumo das bênçãos da Restauração do evangelho. Embora não tenhamos detalhes específicos sobre “Miguel (…) identificando o diabo” D&C 128:20) nem conheçamos a identidade do anjo Rafael (ver D&C 128:21), as palavras do profeta enfatizaram particularmente a gloriosa doutrina da redenção dos mortos.
Doutrina e Convênios 128:22. “Os prisioneiros serão libertados”
As escrituras com frequência se referem à parte do mundo espiritual habitado por aqueles que não receberam as ordenanças de salvação como uma prisão ou um lugar de trevas (ver Isaías 24:22; 1 Pedro 3:19; Alma 40:13–14; D&C 38:5; 138:18, 22, 30). O profeta Joseph Smith anunciou que a ordenança do batismo vicário pelos mortos “nos [permite redimir os mortos] de sua prisão” (D&C 128:22). O élder Quentin L. Cook incentivou os membros da Igreja a refletir sobre como as ordenanças que realizamos no templo afetam nossos antepassados:
“Pensem naqueles que estão do outro lado do véu aguardando as ordenanças de salvação que os libertarão do cativeiro da prisão espiritual. Define-se prisão como ‘estado de confinamento ou cativeiro’ (Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11ª ed., 2003, ‘prison’). (…)
Uma irmã fiel compartilhou uma experiência espiritual que teve no Templo de Salt Lake. Enquanto estava na sala de confirmação, após uma ordenança de confirmação vicária ter sido proferida, ela ouviu: ‘E o prisioneiro será agora libertado!’ Ela sentiu um grande senso de urgência por aqueles que aguardam seu trabalho batismal e de confirmação. Ao voltar para casa, pesquisou as escrituras procurando a frase que tinha ouvido. Encontrou a declaração de Joseph Smith na seção 128 de Doutrina e Convênios (D&C 128:22; ver também D&C 138:42)” (“Raízes e ramos”, p. 46). Uma linguagem semelhante se encontra na profecia messiânica de Isaías, em Isaías 61:1.
Doutrina e Convênios 128:24. “Uma oferta em retidão”
Um dos propósitos da Restauração do evangelho é preparar os filhos do Pai Celestial para a Segunda Vinda de Jesus Cristo. O profeta Joseph Smith ampliou as palavras escritas pelo profeta Malaquias do Velho Testamento de modo a mostrar que aqueles que “[suportarão] o dia da vinda [do Senhor]” farão uma “oferta em retidão” a Ele de “um livro contendo os registros de [seus] mortos” — o que significa um registro contendo as ordenanças de salvação que foram realizadas em favor de seus antepassados falecidos (D&C 128:24; ver também Malaquias 3:2–3). Depois de citar Doutrina e Convênios 128:24, o élder Allen F. Packer, dos setenta, ensinou:
“Esse ‘livro’ será preparado usando-se os registros de nomes e ordenanças do banco de dados da Árvore Familiar da Igreja.
Estou verificando e acrescentando registros a esse banco de dados porque quero que o nome de todas as pessoas que eu amo esteja nesse livro. E vocês não? (…)
A história da família é mais do que genealogia, regras, nomes, datas e lugares. É mais do que um enfoque no passado. A história da família também inclui o presente ao criarmos nossa própria história. Inclui o futuro ao moldarmos a história futura por meio de nossos descendentes. (…)
Tal como partilhar o sacramento, assistir às reuniões, ler as escrituras e fazer a oração pessoal, o trabalho de história da família e do templo deve sempre fazer parte de nossa adoração pessoal. A resposta de nossos jovens e de outras pessoas aos convites proféticos foi inspirada e prova que esta obra pode e deve ser feita por todos os membros de todas as idades.
(…) A realização do trabalho é bem mais fácil agora e só está limitada pelo número de membros que fazem disso uma prioridade. O trabalho ainda exige tempo e sacrifício, mas todos podem fazê-lo, e com relativa facilidade quando comparado há apenas alguns anos.
Para auxiliar os membros, a Igreja compilou registros e providenciou ferramentas para que grande parte do trabalho possa ser feito em nosso próprio lar ou nos edifícios das alas e no templo. Muitas barreiras foram eliminadas. Seja qual for a impressão que vocês tinham, é diferente agora!
Contudo, há uma barreira que a Igreja não pode remover. É a hesitação individual de realizar o trabalho. Tudo o que vocês precisam fazer é tomar a decisão e empenhar-se um pouco. Não se exige um grande período de tempo. Apenas um pouco de tempo empregado de modo constante resultará na alegria do trabalho. Tomem a decisão de dar um passo, de aprender e de pedir que outros os ajudem. Eles vão ajudar! Os nomes que encontrarem e levarem ao templo vão se tornar os registros do ‘livro’ (D&C 128:24)” (“O livro”, A Liahona, novembro de 2014, p. 100).