Capítulo 9
Doutrina e Convênios 20–22
Introdução e cronologia
Em uma revelação ao profeta Joseph Smith, o Senhor ordenou que Sua Igreja fosse organizada em 6 de abril de 1830. Embora essa revelação, hoje conhecida como Doutrina e Convênios 20, tenha sido registrada poucos dias após a organização da Igreja, algumas partes dela podem ter sido reveladas bem antes, já em julho de 1829. Essa revelação destaca a importância do Livro de Mórmon, explica as responsabilidades dos ofícios do sacerdócio e fornece instruções para as ordenanças do batismo e do sacramento.
No dia que a Igreja foi organizada, o profeta Joseph Smith recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 21. Nela, o Senhor designou Joseph como profeta, vidente e líder da Igreja restaurada e exortou os membros da Igreja a dar ouvidos às palavras do profeta. Logo depois que a Igreja foi estabelecida, algumas pessoas questionaram se aqueles que tinham sido batizados anteriormente em outras igrejas precisavam ser batizados novamente para se tornarem membros da Igreja restaurada. Joseph perguntou ao Senhor e recebeu a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 22, na qual o Senhor ensina que o batismo precisa ser realizado por aqueles que possuam a devida autoridade.
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Fim de março de 1830A tradução do Livro de Mórmon é concluída.
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6 de abril de 1830A Igreja é organizada por Joseph Smith em Fayette, Nova York.
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6 de abril de 1830Doutrina e Convênios 21 é recebida.
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Depois de 6 de abril de 1830Doutrina e Convênios 20 é finalizada e registrada (embora partes dela provavelmente tenham sido recebidas meses antes).
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16 de abril de 1830Doutrina e Convênios 22 é recebida.
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9 de junho de 1830A primeira conferência da Igreja é realizada em Fayette, Nova York.
Doutrina e Convênios 20: Informações históricas adicionais
O profeta Joseph Smith registrou que, em junho de 1829, na casa de Peter Whitmer Sr., a voz de Deus deu a ele e a Oliver Cowdery o mandamento de ordenarem um ao outro ao ofício de élder, mas especificando que deveriam adiar a ordenação até que os irmãos pudessem reunir-se e dar seu consentimento por voto (ver The Joseph Smith Papers, Histories [Documentos de Joseph Smith, Histórias], Volume 1: Joseph Smith Histories [Histórias de Joseph Smith], 1832–1844, ed. Karen Lynn Davidson e outros, 2012, p. 326; ver também D&C 128:21). Também em junho, o Senhor ordenou a Oliver Cowdery que ajudasse a “[edificar] a (…) igreja [do Senhor]” (D&C 18:5), com base no Livro de Mórmon, que estava quase concluído na época. Subsequentemente, Oliver compilou um documento chamado “Artigos da Igreja de Cristo”, que incluía detalhes sobre ordenanças, ofícios do sacerdócio e procedimentos da Igreja como se encontram no Livro de Mórmon (ver The Joseph Smith Papers, Documents [Documentos de Joseph Smith, Documentos], Volume 1: julho de 1828–junho de 1831, ed. Michael Hubbard MacKay e outros, 2013, pp. 368–374). Essas informações podem ter visado orientar os fiéis até a época em que a Igreja estivesse estabelecida.
Embora não se saiba exatamente quando foi recebida a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 20, o profeta Joseph Smith resumiu o modo como fluía a orientação divina: “Dessa forma o Senhor continuou a dar-nos instruções de tempos em tempos, a respeito dos deveres que ora nos foram delegados, e dentre muitas outras coisas dessa natureza, obtivemos Dele o seguinte, pelo Espírito de profecia e revelação, que não apenas nos transmitiu muitas informações, mas também nos indicou o dia exato em que, de acordo com Sua vontade e mandamento, deveríamos organizar novamente Sua Igreja aqui na Terra” (em The Joseph Smith Papers Histories [Documentos de Joseph Smith, Histórias], Volume 1: Joseph Smith Histories [Histórias de Joseph Smith], 1832–1844, p. 336; ortografia padronizada). Essas instruções ficaram conhecidas como os “Artigos e Convênios da Igreja de Cristo”.
O texto completo dos Artigos e Convênios foi redigido pouco depois da reunião de organização realizada em 6 de abril de 1830, fornecendo uma visão geral das crenças da Igreja de Jesus Cristo e de seus ofícios e suas ordenanças. Na conferência da Igreja, realizada em 9 de junho de 1830, na casa de Peter Whitmer Sênior, os Artigos e Convênios foram lidos e apresentados aos membros para aprovação (ver The Joseph Smith Papers, Documents [Documentos de Joseph Smith, Documentos], Volume 1: julho de 1828–junho de 1831, pp. 116–126). Nos anos seguintes, os Artigos e Convênios, hoje Doutrina e Convênios 20, foram alterados de tempos em tempos, à medida que o profeta Joseph Smith continuava a receber revelações em relação à estrutura da Igreja. Por exemplo: Doutrina e Convênios 20:65–67 foi acrescentado depois que o ofício de sumo sacerdote foi revelado em Kirtland, Ohio, em junho de 1831 (ver o cabeçalho da seção para D&C 52).
Doutrina e Convênios 20:1–36
Relato dos acontecimentos da Restauração e um resumo das verdades ensinadas no Livro de Mórmon
Doutrina e Convênios 20:1. “O surgimento da Igreja de Cristo nestes últimos dias”
Depois da morte dos antigos apóstolos, foram feitas alterações não autorizadas na organização, na doutrina e nas ordenanças da Igreja de Jesus Cristo. Após séculos de apostasia, o Senhor restaurou Seu evangelho e Sua Igreja por intermédio do profeta Joseph Smith. Essa restauração incluiu a organização da Igreja de Cristo em 6 de abril de 1830. O presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008) prestou testemunho do destino da Igreja do Senhor:
“Joseph Smith e seus companheiros reuniram-se na singela casa de madeira da fazenda de Peter Whitmer, na pacata cidadezinha de Fayette, Nova York, e organizaram a Igreja de Cristo.
A partir desse início modesto, aconteceu algo verdadeiramente extraordinário. A história dessa obra tem sido admirável. Nosso povo suportou toda sorte de sofrimento. Seus sacrifícios são indescritíveis. Seu trabalho é imenso e inacreditável. Mas todas essas terríveis dificuldades resultaram em algo glorioso. Hoje chegamos ao ápice, vejam o quanto realizamos.
Daqueles primeiros seis membros surgiu uma enorme família de (…) fiéis. Daquele sossegado vilarejo cresceu um movimento que hoje está espalhado por cerca de 160 nações da Terra. (…) No seio da Igreja, há membros de várias nações e falantes dos mais diversos idiomas. É um fenômeno sem precedentes. Com o passar do tempo, um esplêndido quadro tem-se descortinado diante de nossos olhos. Sua mais bela expressão consiste na vida de um povo feliz e admirável. E o futuro inspira promessas igualmente prodigiosas” (“A Igreja segue em frente”, A Liahona, julho de 2002, p. 4).
Doutrina e Convênios 20:1. A Igreja de Cristo
Quando a Igreja restaurada foi oficialmente organizada em 6 de abril de 1830, ela foi chamada de a Igreja de Cristo. Em 1834, um conselho da Igreja aprovou o título Igreja dos Últimos Dias como alternativa preferida para o nome da Igreja. Por fim, em uma revelação dada ao profeta Joseph Smith em abril de 1838, o Senhor declarou que Sua Igreja seria chamada de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (ver D&C 115:4).
O élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou o propósito e a importância da Igreja de Deus em nossa jornada rumo à exaltação:
“A exaltação é a meta desta jornada mortal e ninguém chega lá sem os meios proporcionados pelo evangelho de Jesus Cristo: Sua Expiação, as ordenanças, a doutrina e os princípios orientadores que são encontrados na Igreja.
É na Igreja que aprendemos sobre as obras de Deus e aceitamos a graça do Senhor Jesus Cristo, a qual nos salva. É dentro da Igreja que estabelecemos os compromissos e convênios de família eterna que se tornam nosso passaporte para a exaltação. É a Igreja, movida pelo sacerdócio, que nos impele em meio às águas imprevisíveis da mortalidade” (“Deus está ao leme”, A Liahona, novembro de 2015, p. 27).
Doutrina e Convênios 20:2–16. O Livro de Mórmon e os acontecimentos da Restauração
Doutrina e Convênios 20 analisa alguns acontecimentos significativos da Restauração. Por exemplo: Joseph Smith foi visitado por Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo e “[recebeu] a remissão de seus pecados” durante a Primeira Visão (D&C 20:5). O “santo anjo” Morôni apareceu a Joseph Smith e o instruiu e “deu-lhe mandamentos que o inspiraram” (D&C 20:6–7). Joseph Smith mais tarde recebeu as placas de ouro e o “poder” e os “meios” para traduzir o Livro de Mórmon (D&C 20:8). Outros, como as Três Testemunhas, receberam confirmação da origem divina do Livro de Mórmon (ver D&C 20:10). A restauração da autoridade do sacerdócio ficou evidente na ordenação de Joseph Smith e Oliver Cowdery como o primeiro élder e o segundo élder da Igreja, respectivamente (ver D&C 20:2–3).
Essa revelação também testifica que o Livro de Mórmon confirma a veracidade da Bíblia (ver D&C 20:11; ver também 1 Néfi 13:40; Mórmon 7:8–9). Além disso, essa revelação salienta o papel vital do Livro de Mórmon prometendo vida eterna aos “que [o] receberem com fé” e condenando “aqueles que endurecerem o coração em incredulidade e [o] rejeitarem” (D&C 20:14–15).
Doutrina e Convênios 20:9. O Livro de Mórmon contém “a plenitude do evangelho de Jesus Cristo”
O Senhor definiu “a plenitude do evangelho” (D&C 20:9) como “o convênio que enviei para recuperar meu povo, que é da casa de Israel” (D&C 39:11). Doutrina e Convênios contém várias revelações que indicam que o Livro de Mórmon contém a plenitude do evangelho (ver D&C 20:9; 27:5; 42:12; 135:3).
O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) explicou: “O próprio Senhor declarou que o Livro de Mórmon contém ‘a plenitude do evangelho de Jesus Cristo’ (D&C 20:9). Isso não quer dizer que ele contém todos os ensinamentos e todas as doutrinas que já foram revelados. Na verdade, quer dizer que no Livro de Mórmon acharemos a plenitude das doutrinas necessárias para nossa salvação. E elas são ensinadas de modo claro e simples para que até as crianças consigam aprender os caminhos da salvação e exaltação. O Livro de Mórmon tem muito a oferecer para aprofundar nosso entendimento das doutrinas de salvação. Sem ele, muito do que é ensinado em outras escrituras não seria, de modo algum, tão claro e precioso” (“O Livro de Mórmon — Pedra angular de nossa religião”, A Liahona, janeiro de 1987, p. 4).
Doutrina e Convênios 20:17–36. “Por estas coisas sabemos”
Em Doutrina e Convênios 20:17, a expressão “por estas coisas” se refere às verdades que conhecemos por causa do Livro de Mórmon (ver D&C 20:8–10). Por meio do Livro de Mórmon e da Restauração da plenitude do evangelho, os santos dos últimos dias receberam um entendimento mais claro das doutrinas relacionadas a nossa salvação pessoal, principalmente no tocante ao papel central de Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador. O presidente Ezra Taft Benson ensinou:
“Na seção 20 de Doutrina e Convênios, o Senhor dedica vários versículos a um resumo de verdades fundamentais que o Livro de Mórmon ensina (ver versículos 17–36). Ele fala de Deus, da criação do homem, da Queda, da Expiação, da ascensão de Cristo ao céu, de profetas, de fé, de arrependimento, do batismo, do Espírito Santo, da perseverança, da oração, da justificação e da santificação pela graça, e do amor e serviço a Deus.
Precisamos conhecer essas verdades essenciais. Aarão e Amon seus irmãos ensinaram essas mesmas verdades ao povo lamanita (ver Alma 18:22–39), que estavam ‘no mais tenebroso abismo’ (Alma 26:3). E conta o Livro de Mórmon que, depois de aceitarem essas verdades eternas, os lamanitas convertidos nunca mais se afastaram (ver Alma 23:6).
Se nossos filhos e netos aprenderem e seguirem essas mesmas verdades, porventura se afastarão? A melhor maneira de os instruirmos sobre o Livro de Mórmon é durante as refeições, junto à lareira, ao colocá-los para dormir, por meio de cartas e conversas telefônicas — em tudo que fizermos” (“Uma nova testemunha de Cristo”, A Liahona, janeiro de 1985, p. 6).
A expressão “sabemos” é usada várias vezes em Doutrina e Convênios 20:17–36 (ver Doutrina e Convênios 20:17, 29, 30, 31, 35). Ela reflete um espírito de testemunho e lembra aos membros da Igreja de que essas doutrinas fundamentais moldam nossas crenças.
Doutrina e Convênios 20:37–84
O Senhor estabelece os deveres dos ofícios do sacerdócio e dá instruções para o batismo e o sacramento
Doutrina e Convênios 20:37. O que significa ter um coração quebrantado e um espírito contrito?
Para receber a remissão de nossos pecados é preciso que “[nos apresentemos] com o coração quebrantado e o espírito contrito” (D&C 20:37). O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) ensinou o que significa ter um coração quebrantado e um espírito contrito: “A tristeza segundo Deus é um dom do Espírito. É o profundo reconhecimento de que nossas ações ofenderam nosso Pai e nosso Deus. É a consciência clara e inequívoca de que nosso comportamento levou o Salvador, Aquele que não conheceu pecado e é o maior de todos, à agonia e ao sofrimento. Nossos pecados levaram-No a sangrar por todos os poros. É a verdadeira angústia mental e espiritual que as escrituras chamam de ‘um coração quebrantado e um espírito contrito’” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Ezra Taft Benson, 2014, p. 90).
Doutrina e Convênios 20:38. “Um apóstolo é um élder”
Nos primeiros anos da Igreja restaurada, o termo apóstolo era frequentemente aplicado aos élderes envolvidos no trabalho missionário (ver, por exemplo, como o Senhor Se refere a Oliver Cowdery e David Whitmer em D&C 18:9, 14). Também é importante notar que, na época em que foi dada a revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 20, o ofício de sumo sacerdote, no Sacerdócio de Melquisedeque, ainda não tinha sido revelado. O título “élder” é agora usado para descrever todo portador do Sacerdócio de Melquisedeque que é chamado para pregar o evangelho, seja qual for seu ofício no sacerdócio. “Por exemplo, os missionários são chamados de élderes. Um apóstolo também é um élder, sendo adequado aplicar este título aos membros do Quórum dos Doze e dos Quóruns dos Setenta (D&C 20:38; 1 Pedro 5:1)” (Guia para Estudo das Escrituras, “Élder”, scriptures.LDS.org).
Doutrina e Convênios 20:38–59. Deveres do sacerdócio
Quando a Igreja foi organizada em 1830, o Senhor explicou as responsabilidades e os deveres dos élderes, sacerdotes, mestres e diáconos. Desde aquela época, outros detalhes foram revelados a respeito desses ofícios do sacerdócio. Contudo, as importantes instruções dadas em Doutrina e Convênios 20:38–59 são os princípios que todos os portadores do sacerdócio devem continuar a estudar e a seguir. O presidente Thomas S. Monson salientou a necessidade de conhecermos nosso dever e de o desempenharmos no serviço ao próximo:
“O sacerdócio é mais que uma dádiva, é um encargo de servir, o privilégio de elevar e uma oportunidade de abençoar a vida das pessoas.
O chamado ao dever pode chegar serenamente quando o portador do sacerdócio atende às designações que recebemos. O presidente George Albert Smith, aquele líder modesto, mas muito eficaz, declarou: ‘Seu primeiro dever é saber o que o Senhor deseja e, então, pelo poder e pela força de Seu santo sacerdócio, magnificar seu chamado na presença de seus semelhantes de modo que as pessoas fiquem felizes em segui-lo’ [Conference Report, abril de 1942, p. 14]” (“Cumpra seu dever — é o melhor a fazer”, A Liahona, novembro de 2005, p. 59).
Doutrina e Convênios 20:75–79. Tomar o sacramento “em lembrança do Senhor Jesus”
O sacramento foi ministrado pelo profeta Joseph Smith e Oliver Cowdery em 6 de abril de 1830, o dia em que a Igreja foi organizada. O Senhor ordenou que os membros de Sua Igreja “se [reunissem] amiúde para partilhar do [sacramento], em lembrança do Senhor Jesus” (D&C 20:75).
O élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou um dos motivos pelos quais é uma bênção participar dessa sagrada ordenança: “As orações sacramentais confirmam que um dos propósitos centrais do sacramento, conforme instituído pelo Senhor Jesus Cristo, é ‘recordá-lo sempre’ (D&C 20:77, 79). Recordar o Salvador inclui obviamente recordar Sua Expiação, que é representada simbolicamente pelo pão e pela água como emblemas de Seu sofrimento e de Sua morte. Nunca devemos esquecer o que Ele fez por nós, pois sem Sua Expiação e Ressurreição, a vida não teria sentido. Com Sua Expiação e Ressurreição, porém, nossa vida apresenta possibilidades eternas e divinas” (“Recordá-Lo sempre”, A Liahona, abril de 2011, p. 21).
O élder Dale G. Renlund, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou como o cumprimento do convênio de nos lembrarmos sempre de Jesus Cristo pode ajudar-nos a fazer escolhas melhores:
“Quando os problemas cotidianos se avultam diante de nós, é natural que nos concentremos no aqui e agora. Mas isso pode levar-nos a fazer más escolhas, a ficar deprimidos ou a sentir-nos desesperançados. Por causa dessa tendência humana, os profetas nos admoestam a lembrar-nos da perspectiva eterna. Só então poderemos passar com sucesso pela mortalidade. (…)
Todos os domingos, o sacramento nos ajuda a lembrar-nos da bondade de Deus e Suas maravilhosas promessas. Ao partilharmos coisas simples e tangíveis — um pedaço de pão e um gole de água — prometemos lembrar-nos sempre do Salvador e de Seu grande sacrifício expiatório. Por meio do sacramento, renovamos nossos convênios e expressamos nossa disposição de guardar Seus mandamentos. (…)
Com a ajuda do sacramento, podemos lembrar-nos sempre Dele e manter uma perspectiva eterna” (“Maintaining an Eternal Perspective” [Manter uma perspectiva eterna], Ensign, março de 2014, pp. 56, 59).
Doutrina e Convênios 20:77. “Desejam tomar sobre si o nome de teu Filho”
Quando tomamos o sacramento, declaramos nossa disposição de tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo. O élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou o que significa querer tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo:
“Nosso testemunho de que desejamos tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo tem diversos sentidos.
(…) Assumimos o nome de Cristo quando somos batizados em Seu nome, quando pertencemos a Sua Igreja e professamos fé Nele, e quando fazemos a obra do reino.
É significativo que, ao participar do sacramento, não testificamos que tomamos sobre nós o nome de Jesus Cristo, mas, sim, que desejamos fazê-lo, (ver D&C 20:77). O fato de afirmarmos somente o desejo ou a disposição indica que é preciso algo mais antes de realmente tomarmos sobre nós esse nome sagrado no sentido mais importante. (…)
O desejo de tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo pode (…) ser entendido como desejo ou disposição de tomar sobre nós a autoridade de Jesus Cristo. Nesse sentido, ao participar do sacramento testificamos o desejo de participar das sagradas ordenanças do templo e receber as maiores bênçãos que o homem pode receber por meio do nome e pela autoridade do Salvador quando Ele decidir conferi-las a nós. (…)
Quando testificamos o desejo de tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo, estamos nos comprometendo a fazer tudo o que pudermos para alcançar a vida eterna no reino de nosso Pai. Estamos declarando nossa candidatura, nossa determinação de buscar com empenho a exaltação no reino celestial” (ver “Tomar sobre si o nome de Jesus Cristo”, A Liahona, julho de 1985, pp. 89–92).
Doutrina e Convênios 21: Informações históricas adicionais
Seguindo as instruções dadas pelo Senhor de organizar Sua Igreja, o profeta Joseph Smith reuniu aproximadamente 60 fiéis na casa de Peter Whitmer Sr., em Fayette, Nova York, na terça-feira, 6 de abril de 1830. Joseph Smith e Oliver Cowdery organizaram a Igreja de acordo com a vontade de Deus e as leis do estado de Nova York. A reunião consistiu de uma oração, apoios, ordenações, a administração do sacramento e a confirmação dos que haviam sido previamente batizados. Nessa reunião, Joseph Smith recebeu uma revelação que hoje se encontra em Doutrina e Convênios 21.
Doutrina e Convênios 21
Os membros da Igreja devem dar ouvidos às palavras de Joseph Smith
Doutrina e Convênios 21:1. As responsabilidades de Joseph Smith
Para os fiéis que se reuniram no dia em que a Igreja foi organizada, o Senhor descreveu os chamados divinos dados a Seu servo ordenado Joseph Smith. Joseph se tornaria conhecido como “vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo, élder da igreja” (D&C 21:1; ver também D&C 107:91–92; 124:125; 127:12; 135:3). Essas sagradas responsabilidades diferenciavam Joseph Smith de todos os outros líderes religiosos de sua época. Aquele poderoso profeta dos últimos dias não seria simplesmente um líder presidente. Ele tinha sido autorizado por Deus para estabelecer a Igreja do Senhor e trazer à luz a palavra revelada do Senhor.
Doutrina e Convênios 21:1. “Um registro será escrito entre vós”
A importância da manutenção de registros na Igreja foi enfatizada na revelação dada na reunião em que a Igreja foi organizada. O élder Marlin K. Jensen, dos setenta, que foi historiador da Igreja, comentou que o mandamento do Senhor de manter um registro continua em vigor em nossos dias: “A história da Igreja de Jesus Cristo e de seu povo merece ser lembrada. As escrituras dão à história da Igreja alta prioridade. Na verdade, muito das escrituras é história da Igreja. No exato dia em que ela foi organizada, Deus ordenou a Joseph Smith: ‘Eis que um registro será escrito entre vós’ [D&C 21:1]. Joseph cumpriu essa ordem, chamando Oliver Cowdery, o segundo élder da Igreja e seu principal assistente, para ser o primeiro historiador da Igreja. Fazemos registros para ajudar-nos a lembrar, e temos registrado o progresso da Igreja a partir de seu surgimento, desde a época de Oliver Cowdery. Esse registro histórico extraordinário nos lembra que Deus abriu novamente os céus e revelou verdades que incitam nossa geração a agir” (“Lembrar-se para não perecer”, A Liahona, maio de 2007, p. 37).
Doutrina e Convênios 21:4–6. “Pois suas palavras recebereis (…) com toda paciência e fé”
O Senhor guia Seu povo por meio de Seus discípulos escolhidos. Em abril de 1830, os fiéis que se tornariam membros da Igreja foram instruídos a “dar ouvidos” às palavras e aos mandamentos do profeta Joseph Smith, como se viessem da boca do Senhor (ver D&C 21:4–5). Em outra revelação, o Senhor explicou o motivo pelo qual o profeta pode ser considerado o porta-voz de Deus: “O que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo; e ainda que passem os céus e a Terra, minha palavra não passará, mas será toda cumprida, seja pela minha própria voz ou pela voz de meus servos, é o mesmo” (D&C 1:38).
O Senhor também aconselhou aqueles que se tornariam membros da Igreja a receberem as palavras do profeta Joseph Smith “com toda paciência e fé” (D&C 21:5). O presidente Harold B. Lee (1899–1973) explicou como essa passagem se aplica a todos os membros da Igreja de hoje: “A única segurança que temos como membros da Igreja é proceder exatamente como o Senhor orientou a Igreja no dia em que ela foi organizada. Precisamos aprender a dar ouvidos às palavras e aos mandamentos que o Senhor nos dá por intermédio de Seu profeta, ‘à medida que ele os receber, andando em toda santidade diante de mim; (…) como de minha própria boca, com toda paciência e fé’ (D&C 21:4–5). Algumas coisas exigirão paciência e fé. Talvez nem tudo o que provenha das autoridades da Igreja seja de seu inteiro agrado. Pode ser que vá de encontro a seus pontos de vista políticos ou sociais. Algumas coisas talvez interfiram em sua vida social. Mas se vocês ouvirem tais palavras como se saíssem da boca do próprio Senhor, com paciência e fé, a promessa é que ‘as portas do inferno não prevalecerão contra vós; sim, e o Senhor Deus afastará de vós os poderes das trevas e fará tremerem os céus para o vosso bem e para a glória de seu nome’ (D&C 21:6)” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, 2000, pp. 84–85).
Doutrina e Convênios 22: Informações históricas adicionais
Pouco depois da organização da Igreja, alguns que desejavam se filiar à recém-estabelecida Igreja de Cristo tiveram dificuldades em aceitar a exigência de que precisavam ser batizados novamente. O presidente Joseph Fielding Smith explicou: “A questão da autoridade divina (…) não estava firmemente estabelecida na mente deles. Quando quiseram entrar para a Igreja, tendo recebido o testemunho de que Joseph Smith tinha contado uma história verdadeira, questionaram se era necessário que fossem batizados novamente, uma vez que já haviam cumprido a ordenança do batismo por imersão” (Church History and Modern Revelation [História da Igreja e Revelação Moderna], 1953, volume 1, p. 109).
A revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 22 foi recebida em 16 de abril de 1830. Os primeiros registros por escrito dessa revelação foram às vezes incluídos como parte dos Artigos e Convênios, provavelmente porque a revelação esclarece a doutrina do batismo ensinada em Doutrina e Convênios 20.
Doutrina e Convênios 22
O batismo precisa ser realizado por quem tenha a devida autoridade
Doutrina e Convênios 22:1. “Um novo e eterno convênio”
O Senhor respondeu à pergunta sobre a necessidade de os membros novos serem batizados novamente declarando que “um novo e eterno convênio” tinha sido dado (D&C 22:1). A plenitude do evangelho é chamada de o novo e eterno convênio quando é revelada em uma nova dispensação. O presidente Joseph Fielding Smith explicou:
“O novo e eterno convênio é a plenitude do evangelho. Ele se compõe de ‘todos os convênios, contratos, vínculos, compromissos, juramentos, votos, práticas, ligações, associações ou expectativas’ que são selados sobre os membros da Igreja pelo Santo Espírito da Promessa, ou o Espírito Santo, pela autoridade do presidente da Igreja que possui as chaves.
O casamento para a eternidade é um novo e eterno convênio. O batismo também é um novo e eterno convênio, e da mesma forma a ordenação ao sacerdócio, e todo outro convênio que seja eterno e faça parte do novo e eterno convênio que abrange todas as coisas” (Answers to Gospel Questions [Respostas a Perguntas do Evangelho], comp. Joseph Fielding Smith Jr., 1966, volume 1, p. 65).
Doutrina e Convênios 22:2. “Não podeis entrar pela porta estreita por meio da lei de Moisés”
A “porta estreita” se refere ao batismo (ver 2 Néfi 31:17–18). Na revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 22, o Senhor comparou as pessoas que desejavam filiar-se à Sua Igreja restaurada sem rebatismo aos que confiavam na lei de Moisés sem ter fé em Jesus Cristo. Usando essa comparação, o Senhor salientou a necessidade de abandonarmos as práticas religiosas “mortas” (D&C 22:3) — inclusive os batismos realizados sem a autoridade do sacerdócio — que não podem salvar e de aceitarmos o novo e eterno convênio do evangelho, assim como tiveram que fazer os antigos conversos judeus ao cristianismo.