Instituto
Capítulo 28: Doutrina e Convênios 76:50–119


Capítulo 28

Doutrina e Convênios 76:50–119

Introdução e cronologia

Em 16 de fevereiro de 1832, enquanto o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon trabalhavam na tradução inspirada da Bíblia e ponderavam a respeito do significado de João 5:29, foi-lhes mostrada a visão, que se encontra em Doutrina e Convênios 76. Na parte da visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76:50–119, Joseph e Sidney viram os habitantes dos reinos celestial, terrestrial e telestial, e a importância de receber um testemunho de Jesus Cristo e manter-se valente nele.

25 de janeiro de 1832Joseph Smith é ordenado presidente do sumo sacerdócio durante uma conferência da Igreja realizada em Amherst, Ohio.

Fim de janeiro de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon retornam a Hiram, Ohio, para trabalhar na tradução inspirada do Novo Testamento.

16 de fevereiro de 1832Doutrina e Convênios 76 é recebida.

24 a 25 de março de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon são arrastados por uma multidão enfurecida à noite, espancados violentamente e cobertos de piche e penas, em Hiram, Ohio.

Doutrina e Convênios 76:50–119: Informações históricas adicionais

Muitos dos primeiros membros da Igreja tinham participado ativamente de outras denominações cristãs e se apegavam a algumas de suas antigas crenças. As verdades doutrinárias reveladas pelo profeta Joseph Smith às vezes contrariavam as instruções religiosas prévias daqueles membros, mas davam-lhes um entendimento mais correto do plano de Deus. Um modo importante pelo qual o Senhor revelou as verdades do evangelho restaurado aos santos foi respondendo às dúvidas que surgiram durante a tradução inspirada da Bíblia, que o profeta começou em junho de 1830 e continuou por aproximadamente três anos. A visão dada a Joseph Smith e Sidney Rigdon em 16 de fevereiro de 1832 foi resultante da tradução inspirada de João 5:29, no Novo Testamento, ampliando grandemente o entendimento que os santos tinham da vida após a morte.

Na época de Joseph Smith, os cristãos geralmente acreditavam que na vida pós-mortal, Deus designaria algumas pessoas ao céu e condenaria todos os outros a sofrer eternamente no inferno. Essa visão era comum entre os primeiros membros da Igreja. O pai do profeta, Joseph Smith Sr., e o avô do profeta, Asael Smith, acreditavam no universalismo, um tipo de salvação universal na qual Deus, por fim, salvaria os iníquos depois de terem sofrido o suficiente. As verdades reveladas na visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76 descrevem graus distintos de céu, ou reinos de glória, e como o julgamento dos iníquos e justos difere grandemente das visões religiosas tradicionais de vida após a morte. (Ver Matthew McBride, ‘A Visão’, em Revelações em Contexto, ed. Matthew McBride e James Goldberg, 2016, pp. 149-150, ou history.LDS.org.)

Quando os santos souberam da visão dada ao profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon, alguns membros tiveram dificuldade em aceitar a doutrina que o Senhor revelara. O presidente Brigham Young (1801–1877) relatou: “Quando Deus revelou a Joseph Smith e Sidney Rigdon que havia um lugar preparado para todos, de acordo com a luz que receberam e de acordo com a maneira como rejeitaram o mal e praticaram o bem, isso foi uma grande provação para muitas pessoas, e alguns apostataram ao saber que Deus não iria enviar os pagãos e as criancinhas para o castigo eterno, mas que no devido tempo providenciaria um lugar de salvação para todos, abençoando os honestos, virtuosos e verdadeiros, quer eles fossem membros de uma igreja ou não. Essa era uma doutrina nova para esta geração, e muitos não conseguiram aceitá-la” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 292).

O próprio Brigham Young teve dificuldade em compreender essa doutrina a princípio. Ele relembra: “Minhas tradições eram tais que, quando a visão me foi explicada pela primeira vez, era diretamente contrária e oposta ao que eu havia aprendido anteriormente. Eu disse: Espere um pouco. Não a rejeitei, mas não consegui entendê-la”. Ele disse que teve de “pensar e orar, ler e pensar, até que soubesse e o compreendesse plenamente por [si] mesmo” (citado em McBride, “A Visão”, pp. 150–151).

A revelação ficou conhecida entre os membros da Igreja simplesmente como “a Visão”. Quando foi registrada, ela se tornou o primeiro relato por escrito do testemunho do profeta a respeito do Pai e do Filho que estava acessível aos membros da Igreja.

Para mais informações sobre o contexto histórico de Doutrina e Convênios 76, ver as informações históricas adicionais para Doutrina e Convênios 76:1–49 na lição anterior deste manual.

Imagem
Mapa 5: A região de Nova York, Pensilvânia e Ohio nos EUA

Doutrina e Convênios 76:50–70

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória celestial

Doutrina e Convênios 76:50–70. “Concernente àqueles que irão ressurgir na ressurreição dos justos”

Depois de o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon terem recebido a visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76, o entendimento que os santos tinham da vida após a morte se expandiu. Os membros da Igreja aprenderam que Deus preparou diferentes graus no céu e que todos os Seus filhos serão salvos em um reino de glória, exceto os poucos que O negarem e desafiarem Seu poder (ver D&C 76:31, 42–44, 89–98). Essa visão também é a primeira de uma série de revelações que se encontram em Doutrina e Convênios enfatizando que os seguidores fiéis do Pai e do Filho podem receber a exaltação e a vida eterna, inclusive as mais altas bênçãos que Deus pode conceder a Seus filhos. Por exemplo, os justos recebem a promessa de terem uma ressurreição gloriosa, de viverem na presença de Deus, de receberem tudo o que Ele tem, de se tornarem como Ele é e receberem a plenitude de Sua glória (ver D&C 76:54–59; 81:6; 84:33–38; 88:28–29, 107; 93:19–22, 27–28).

Doutrina e Convênios 76:51–53. “Esses são os que receberam o testemunho de Jesus”

Foram mostrados em visão ao profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon aqueles que ressurgiriam na ressurreição dos justos, e eles ouviram uma descrição da fidelidade e das bênçãos daquelas pessoas. O Senhor revelou que aqueles que herdam o reino celestial são aqueles “que receberam o testemunho de Jesus e creram em seu nome” (D&C 76:51). O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Tenho o que é conhecido como ‘o testemunho de Jesus’, que significa que eu sei por revelação pessoal do Santo Espírito para minha alma que Jesus é o Senhor, que Ele trouxe à luz vida e imortalidade por meio do evangelho e que Ele restaurou nestes dias a plenitude da Sua verdade eterna, para que juntamente com os antigos possamos tornar-nos herdeiros de Sua presença na eternidade” (“The Testimony of Jesus” [O testemunho de Jesus], Ensign, julho de 1972, p. 109).

Imagem
rapaz sendo batizado

As pessoas que recebem um testemunho de Jesus Cristo, são batizadas e recebem o Espírito Santo podem vencer o mundo e receber ricas bênçãos na eternidade (ver D&C 76:50–70).

Receber um testemunho de Jesus também significa que a pessoa aceitou o evangelho de Jesus Cristo, foi batizada e recebeu o Espírito Santo, venceu o mundo pela fé e foi “[selada] pelo Santo Espírito da promessa” (ver D&C 76:51–53). O grau em que uma pessoa recebe o testemunho de Jesus e é valente em viver de acordo com esse testemunho influencia a recompensa eterna concedida a ela (ver D&C 76:51, 73–75, 79, 82).

Doutrina e Convênios 76:53. “Selados pelo Santo Espírito da promessa”

As pessoas que herdarão o reino celestial são aquelas que venceram o mundo por meio da fé e da obediência às leis e ordenanças do evangelho. O “Santo Espírito da promessa” mencionado em Doutrina e Convênios 76:53 é o Espírito Santo agindo para selar, aprovar ou ratificar as ordenanças e a retidão de uma pessoa para que essas ordenanças estejam em vigor após a ressurreição (ver D&C 132:7). Por meio dessa manifestação do Espírito Santo, a pessoa pode receber a confirmação espiritual da vida eterna (ver Efésios 1:13–14; D&C 88:3–5). Essa confirmação é referida às vezes como “[ter] muito firme a palavra dos profetas” (2 Pedro 1:19; D&C 131:5).

O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “O Santo Espírito da promessa é o poder santificador do Espírito Santo. Quando selado pelo Santo Espírito da promessa, uma ordenança, voto ou convênio é selado na Terra e no céu (ver D&C 132:7). Receber esse ‘selo de aprovação’ do Espírito Santo é resultado de fidelidade, integridade e constância em honrar os convênios do evangelho ‘com o correr do tempo’ (Moisés 7:21). Contudo, esse selo pode ser retirado devido à iniquidade e às transgressões” (“Necessários vos é nascer de novo”, A Liahona, maio de 2007, p. 22).

Doutrina e Convênios 76:54–62. “Portanto, (…) eles são deuses, sim, os filhos de Deus”

Os santos fiéis que forem “selados pelo Santo Espírito da promessa” (D&C 76:53) recebem a bênção de se tornarem “co-herdeiros com Cristo”, que é o Primogênito do Pai (ver Romanos 8:14–17; ver também D&C 76:94–95; 93:21–22). O Senhor chamou esses santos exaltados de “a igreja do Primogênito” e de herdeiros “em cujas mãos o Pai colocou todas as coisas” (D&C 76:54–55; ver também D&C 76:94–95; 84:37–38). As pessoas que alcançarem seu potencial eterno e receberem uma herança no reino celestial se tornarão sacerdotes e reis, sacerdotisas e rainhas, e sua exaltação incluirá a promessa de que “[serão] deuses” (ver D&C 76:56, 58; ver também Salmos 82:1, 6; João 10:34; D&C 29:13; 109:75–76; 131:1–4; 132:19–20; ver também “Tornar-se como Deus”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, topics.LDS.org).

O presidente Boyd K. Packer (1924–2015), do Quórum dos Doze Apóstolos, testificou que, por sermos filhos de Deus, nosso destino eterno está vinculado a nosso potencial de tornar-nos semelhantes a Ele:

“Uma vez que toda coisa vivente segue o modelo de sua progenitura, seria válido supor que Deus projetou um padrão diferente, estranho para a sua descendência? Certamente nós, seus filhos, não somos, em sentido científico, uma espécie diferente da Dele.

(…) Talvez estejamos engatinhando em nosso progresso; talvez sejamos juvenis, até infantis, comparados com [Deus]. No entanto, nas eternidades, se formos dignos, poderemos ser como Ele é, entrar em sua presença, ver ‘como [somos] vistos’ e conhecer ‘como [somos] conhecidos’ e receber ‘de sua plenitude’ (D&C 76:94)” (“O modelo de nossa progenitura”, A Liahona, janeiro de 1985, p. 69).

Para mais informações sobre “a igreja do Primogênito”, ver o comentário para Doutrina e Convênios 93:21–22, neste manual.

Doutrina e Convênios 76:63–65. “A primeira ressurreição”

O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon receberam a visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76 ao ponderarem a doutrina da ressurreição. As alterações inspiradas que foram reveladas a respeito de João 5:29 os ajudaram a entender que haveria uma ordem na ressurreição: “Os que fizeram o bem, [ressurgirão] na ressurreição dos justos, e os que fizeram o mal, [ressurgirão] na ressurreição dos injustos” (D&C 76:17). A ressurreição dos justos é também conhecida como a “primeira ressurreição” (D&C 76:64) e inclui todos aqueles que herdarão os reinos celestial e terrestrial (ver D&C 88:96–99). A primeira ressurreição se iniciou quando os túmulos dos justos se abriram logo após a Ressurreição de Jesus Cristo (ver Mateus 27:52–53; Mosias 15:21–24; 3 Néfi 23:9–10). Doutrina e Convênios se refere à primeira ressurreição como o tempo em que os justos sairão de seus túmulos na Segunda Vinda de Jesus Cristo (ver D&C 29:13; 45:54; 88:96–99). A ressurreição dos injustos, ou a “última ressurreição” (D&C 76:85), incluirá aqueles que herdarão o reino telestial e os que são filhos de perdição, e ocorrerá no fim do Milênio (ver D&C 76:85; 88:32, 100–102).

Doutrina e Convênios 76:69. “Homens justos, aperfeiçoados por meio de Jesus”

Os que alinham sua vida em obediência às leis e ordenanças do evangelho são conhecidos como justos (ver exemplos em Mateus 1:19; Enos 1:1; Mosias 2:4; Moisés 8:27). Por meio da Expiação de Jesus Cristo, os homens justos são santificados e aperfeiçoados. O processo de santificação, ou tornar-se santo, vem por meio da graça de Jesus Cristo e é “para todos os que amam e servem a Deus com todo o seu poder, mente e força” (D&C 20:31; ver também Morôni 10:32–33). O presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou sobre o processo pelo qual nos aperfeiçoamos:

“Irmãos e irmãs, façamos o melhor possível e procuremos aperfeiçoar-nos a cada dia. Quando nossas imperfeições aparecerem, podemos continuar tentando corrigi-las. Podemos perdoar mais as falhas em nós mesmos e nas pessoas que amamos. Podemos ser consolados e pacientes. O Senhor ensinou: ‘Não podeis suportar a presença de Deus agora (…); portanto, continuai pacientemente até que sejais aperfeiçoados’ (D&C 67:13).

Não devemos ficar desanimados se nossos sinceros esforços em alcançar a perfeição nos pareçam hoje árduos e intermináveis. A perfeição é incompleta nesta vida. A plena perfeição só será alcançada depois da ressurreição, e somente por intermédio do Senhor. Está reservada a todos os que O amam e guardam Seus mandamentos. Inclui tronos, reinos, principados, poderes e domínios (ver D&C 132:19). É o objetivo pelo qual devemos perseverar até o fim. É a perfeição eterna que Deus reservou para cada um de nós” (“Perfeição incompleta”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 97).

Imagem
representação de Jesus Cristo sofrendo no Jardim do Getsêmani

Jesus Cristo é “o mediador do novo convênio, que efetuou esta expiação perfeita pelo derramamento de seu próprio sangue” (D&C 76:69).

Doutrina e Convênios 76:70. A glória do corpo ressurreto

As escrituras afirmam claramente que todos os filhos de Deus serão ressuscitados (ver 1 Coríntios 15:22; Alma 11:42; 40:4). O reino eterno herdado por uma pessoa ressuscitada, assim como a natureza de seu corpo ressuscitado, porém, serão determinados por sua fidelidade e sua obediência às leis de Deus (ver 1 Coríntios 15:40–42; D&C 76:96–98; 88:22–24, 28–31). As pessoas que herdarão o reino celestial terão corpos que serão celestiais, “cuja glória é a do sol” (D&C 76:70). As pessoas do reino terrestrial terão corpos que diferem daqueles das pessoas do reino celestial, “assim como a glória da lua difere da do sol no firmamento” (D&C 76:71; ver também D&C 76:78). Os corpos telestiais terão uma glória menor, “assim como a glória das estrelas difere da glória da lua no firmamento” (D&C 76:81).

O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou:

“Em Doutrina e Convênios, seção 88, ficamos sabendo que haverá diferença no corpo dos habitantes dos vários reinos, de modo a atender a toda necessidade e restrição.

‘E os que não forem santificados por meio da lei que vos dei, sim, a lei de Cristo, herdarão outro reino, sim, um reino terrestre ou um reino telestial.

Porque aquele que não consegue viver a lei de um reino celestial não consegue suportar uma glória celestial.

E aquele que não consegue viver a lei de um reino terrestre não consegue suportar uma glória terrestre.

E aquele que não consegue viver a lei de um reino telestial não consegue suportar uma glória telestial; portanto, não é digno de um reino de glória. Portanto, deve permanecer num reino que não seja um reino de glória’ (D&C 88:21–24). (…)

Como o corpo será levantado na ressurreição para condizer com a condição de cada pessoa, o Senhor designará a cada homem e mulher ao local que for merecido” (Answers to Gospel Questions [Respostas para Perguntas sobre o Evangelho], comp. Joseph Fielding Smith Jr., 1963, volume 4, pp. 64–65).

Doutrina e Convênios 76:71–80

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória terrestrial

Doutrina e Convênios 76:71–80. Mais do que um reino no céu

Imagem
ilustração de sol, lua e estrelas

Os três graus de glória são comparados ao sol, à lua e às estrelas (ver D&C 76:71–72, 81).

A visão dos reinos de glória revelou que o plano de Deus para nossa vida após a mortalidade inclui muito mais do que a visão tradicional de um único céu e um inferno sem fim. Como nem todas as pessoas são igualmente boas ou igualmente más, o profeta Joseph Smith (1805–1844) explicou: “No décimo quarto capítulo de João: ‘Na casa de meu Pai há muitas moradas’ (João 14:2) (…) deveria ser: ‘No reino de meu Pai há muitos reinos. (…) Há mansões para os que obedecem à lei celestial e há outras mansões para os que não cumprem a lei, todo homem em sua própria ordem” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 229).

O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon viram que o mundo terrestrial estava preparado para aqueles “cuja glória difere da glória da igreja do Primogênito” (D&C 76:71). Isso significa que a glória terrestrial está abaixo da glória celestial, porém acima da glória telestial (ver D&C 76:81, 91). O profeta soube mais tarde que o reino celestial consistia de “três céus ou graus” (D&C 131:1). O reino telestial também é constituído de várias glórias (ver D&C 76:98).

O evangelho de Jesus Cristo é o caminho que todos os filhos de Deus podem seguir para receber uma herança no reino celestial. Essa recompensa gloriosa e eterna está ao alcance de todos os que decidirem receber o evangelho e fazer e guardar convênios sagrados com o Senhor (ver D&C 10:50; 14:7; 20:14; 50:24).

Doutrina e Convênios 76:72–74. “Estes são os que morreram sem lei”

A revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 76 fornece apenas uma descrição geral dos habitantes do mundo terrestrial. Por exemplo, de acordo com Doutrina e Convênios 76:72–73, alguns daqueles que herdarão o reino terrestrial são pessoas que “morreram sem lei” e que aprendem o evangelho no mundo espiritual. É importante entender que algumas pessoas que ouvirem o evangelho no mundo espiritual herdarão o reino celestial, ao passo que outras que forem ensinadas não receberão o evangelho da mesma maneira, e portanto herdarão um reino menor (ver D&C 137:7–9; 138:30–37, 58–59). Além disso, há outras pessoas que morreram sem um conhecimento do evangelho, mas que herdarão o reino telestial. O reino de glória que cada pessoa irá herdar será de acordo com a lei que ela decidir aceitar e viver (ver também D&C 88:21–24).

Doutrina e Convênios 76:74–75, 79. “Valentes no testemunho de Jesus”

Alguns dos que herdarão o reino terrestrial são aqueles que “não são valentes no testemunho de Jesus” (D&C 76:79). Em outras palavras, essas pessoas obtiveram um testemunho de Jesus Cristo, mas não foram suficientemente valentes para aceitar ou viver a plenitude do evangelho para obter uma recompensa celestial. O élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou a importância de sermos valentes em nosso testemunho de Jesus: “Minha oração é que (…) tornemos nossa conduta condizente com os nobres propósitos exigidos daqueles que estão a serviço do Mestre. Em todas as coisas, devemos lembrar que ser ‘valentes no testemunho de Jesus’ é o grande teste divisório entre o reino celestial e o terrestrial (D&C 76:79). Queremos estar no lado celestial dessa linha divisória” (“Escolher com sabedoria”, A Liahona, novembro de 2014, p. 49).

Imagem
representação de Jesus ensinando pessoas, sentado na encosta de uma colina

Os seguidores de Jesus Cristo devem ser valentes em seu testemunho de Jesus ou não obterão a exaltação (ver D&C 76:79).

Há uma diferença entre ter um testemunho de Jesus Cristo e viver de modo que nossa vida reflita esse testemunho. O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) descreveu como podemos ser valentes em nosso testemunho de Jesus: “‘Todos os que são justos e fiéis’” (D&C 76:53)! Que expressão adequada para os valentes no testemunho de Jesus. Eles são corajosos na defesa da verdade e justiça. São os membros da Igreja que magnificam os chamados eclesiásticos (ver D&C 84:33), pagam dízimos e ofertas, levam uma vida moralmente limpa, apoiam os líderes da Igreja com palavras e atos, santificam o Dia do Senhor e obedecem a todos os mandamentos de Deus” (“Valentes no testemunho de Jesus”, A Liahona, julho de 1982, p. 63).

Doutrina e Convênios 76:81–112

Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória telestial

Doutrina e Convênios 76:84–85. “Estes são os que são lançados no inferno”

Os que recebem uma herança no reino telestial são aqueles que decidiram não receber o evangelho ou um testemunho de Jesus Cristo (ver D&C 76:82, 101). Eles não negaram o Espírito Santo como fizeram os filhos de perdição, mas escolheram um caminho de iniquidade e são “lançados no inferno” (D&C 76:84). Nesse caso, o inferno se refere àquela porção do mundo espiritual onde aqueles que foram desobedientes na mortalidade sofrerão por seus próprios pecados porque não se arrependeram (ver D&C 19:15–18). Essas pessoas permanecerão nesse estado de inferno até ressurgirem na “última ressurreição”, que se seguirá ao Milênio (D&C 76:85; ver também D&C 43:18; 63:17–18; 76:106; 88:100–101).

O élder Quentin L. Cook explicou: “Ao morrer, os espíritos justos passam temporariamente a viver num estado chamado paraíso. Alma, o Filho, ensinou que ‘o paraíso [é] um estado de descanso, um estado de paz, onde descansará de todas as suas aflições e de todos os seus cuidados e tristezas’ (Alma 40:12). Os espíritos iníquos habitarão na prisão espiritual, que às vezes é chamada de ‘inferno’ (2 Néfi 9:10–14; D&C 76:84–86). Sua descrição é a de um lugar terrível e coberto de trevas, onde os que temem ‘a indignação da ira de Deus (…) permanecem (…) até [a] ressurreição’ (Alma 40:14). Contudo, graças à Expiação de Jesus Cristo, todos os espíritos abençoados com o nascimento serão no final ressuscitados, com a reunião do espírito e do corpo, e herdarão reinos de glória que são superiores a nossa existência aqui na Terra (ver D&C 76:89). As exceções se restringem àqueles que, como Satanás e seus anjos, deliberadamente se rebelarem contra Deus (ver Isaías 14:12–15; Lucas 10:18; Apocalipse 12:7–9; D&C 76:32–37). Na ressurreição, a prisão espiritual ou inferno libertará seus espíritos cativos” (“O plano de nosso Pai: Grande o suficiente para incluir todos os Seus filhos”, A Liahona, maio de 2009, p. 37).

Doutrina e Convênios 76:88–89. A glória do reino telestial “ultrapassa todo entendimento”

Os iníquos que sofrerão no inferno serão por fim redimidos (ver D&C 76:85), se tornarão “herdeiros da salvação” (D&C 76:88) e “servos do Altíssimo” (D&C 76:112) e herdarão um grau de glória telestial (ver D&C 76:98). Essa compreensão doutrinária ressalta a misericórdia e graça abundantes de Jesus Cristo, e confirma que “ele salva todos” exceto os filhos de perdição (D&C 76:44). O élder John A. Widtsoe (1872–1952), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou:

“[Doutrina e Convênios] explica claramente que o reino mais baixo ao qual o homem é designado é tão glorioso a ponto de estar além do entendimento do homem. Uma doutrina fundamental do mormonismo é a de que o mais ímpio pecador, no julgamento final, receberá uma glória que está além do entendimento humano, que é tão grande que não conseguimos descrevê-la adequadamente. Aqueles que se saírem bem receberão um lugar ainda mais glorioso. (…)

O evangelho é um evangelho de imenso amor. O amor é a base de tudo. O menor dos filhos [de Deus] é amado de modo tão carinhoso a ponto de sua recompensa estar além do entendimento do homem mortal” (The Message of the Doctrine and Covenants [A mensagem de Doutrina e Convênios], ed. G. Homer Durham, 1969, p. 167).

Imagem
representação de Jesus

Por meio da graça de Jesus Cristo, Seus seguidores podem tornar-se como Ele “em poder e em força e em domínio” (ver D&C 76:94–95).

Doutrina e Convênios 76:98–101. “Estes são os que são de Paulo e de Apolo e de Cefas”

Alguns dos que herdarão o reino telestial são aqueles que afirmam seguir Jesus Cristo ou um profeta em particular, mas rejeitam o Salvador e se recusam a aceitar Seu evangelho ou seguir Seus profetas. Para condenar a desunião que havia entre os santos de sua época, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios:

“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi notificado (…) que há contendas entre vós.

E digo isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1 Coríntios 1:11–13).

Palavras semelhantes em Doutrina e Convênios 76:99–101 se referem aos que não estão em harmonia com Jesus Cristo e Seus profetas.

Doutrina e Convênios 76:111. “Cada homem receberá, de acordo com suas próprias obras”

Durante Seu ministério mortal, Jesus Cristo explicou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7:21). A necessidade de obediência aos mandamentos e às ordenanças do evangelho sempre foi uma mensagem fundamental do evangelho de Jesus Cristo. O presidente Brigham Young (1801–1877) ensinou: “Os filhos dos homens serão julgados de acordo com suas obras, sejam elas boas ou más. Se um homem tiver a vida repleta de boas obras, ele será devidamente recompensado. Por outro lado, se sua vida for repleta de más ações, ele receberá a justa recompensa por essas ações. (…) Quando será que as pessoas compreenderão que este é o tempo em que começamos a firmar o alicerce de nossa exaltação para o tempo e a eternidade; que esta é a época de produzirmos bons frutos para honra e glória de Deus, tal como Jesus o fez” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 286).

Doutrina e Convênios 76:113–119

Joseph Smith e Sidney Rigdon explicam como outras pessoas podem receber o conhecimento que eles receberam

Doutrina e Convênios 76:113–116. Joseph Smith viu mais nessa visão do que aquilo que foi escrito

Referindo-se à visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76, o profeta Joseph Smith disse: “Eu poderia explicar cem vezes mais do que já expliquei a respeito das glórias dos reinos que me foram manifestadas na visão se me fosse permitido e se as pessoas estivessem preparadas para recebê-las” (em Manuscript History of the Church, vol. D-1, página 1556, josephsmithpapers.org).

A riqueza da doutrina e da perspectiva espiritual dadas na visão dos reinos de glória nos fornece um entendimento da vida pós-mortal que ultrapassa tudo que é encontrado nas escrituras antigas. O presidente Wilford Woodruff (1807–1898) disse: “Um exemplo que posso mencionar é a ‘Visão’ (em D&C 76), que, como revelação, contém mais luz, verdade e princípios do que qualquer pronunciamento de qualquer outro livro que já lemos. Esclarece nossa situação atual, de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos. Qualquer homem pode saber por meio dessa revelação qual será seu destino e sua situação. Todos os homens sabem a quais leis obedecem, e as leis que eles guardarem aqui determinarão sua situação no mundo vindouro” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff, 2004, p. 122).

O presidente Woodruff, que se tornou membro da Igreja em 1833, relembra sua reação pessoal à revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 76:

“Foi-me ensinado na infância que havia um céu e um inferno, e foi-me dito que os iníquos tinham todos um só castigo, e os justos, uma só glória. (…)

Quando li a visão (…), ela me esclareceu a mente e me fez sentir grande alegria, parecia-me que Deus havia revelado aquele princípio a um homem que era sábio, justo e verdadeiro, que possuía os melhores atributos e também bom senso e conhecimento, senti que era consistente com o amor, a misericórdia, a justiça e o juízo, e senti mais amor pelo Senhor do que jamais sentira na vida” (“Remarks on the Necessity of Adhering to the Priesthood in Preference to Science and Art” [Comentários sobre a necessidade de aderir ao sacerdócio mais do que à ciência ou à arte] em Deseret News, 27 de maio de 1857, p. 91).