Capítulo 28
Doutrina e Convênios 76:50–119
Introdução e cronologia
Em 16 de fevereiro de 1832, enquanto o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon trabalhavam na tradução inspirada da Bíblia e ponderavam a respeito do significado de João 5:29, foi-lhes mostrada a visão, que se encontra em Doutrina e Convênios 76. Na parte da visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76:50–119, Joseph e Sidney viram os habitantes dos reinos celestial, terrestrial e telestial, e a importância de receber um testemunho de Jesus Cristo e manter-se valente nele.
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25 de janeiro de 1832Joseph Smith é ordenado presidente do sumo sacerdócio durante uma conferência da Igreja realizada em Amherst, Ohio.
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Fim de janeiro de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon retornam a Hiram, Ohio, para trabalhar na tradução inspirada do Novo Testamento.
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16 de fevereiro de 1832Doutrina e Convênios 76 é recebida.
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24 a 25 de março de 1832Joseph Smith e Sidney Rigdon são arrastados por uma multidão enfurecida à noite, espancados violentamente e cobertos de piche e penas, em Hiram, Ohio.
Doutrina e Convênios 76:50–119: Informações históricas adicionais
Muitos dos primeiros membros da Igreja tinham participado ativamente de outras denominações cristãs e se apegavam a algumas de suas antigas crenças. As verdades doutrinárias reveladas pelo profeta Joseph Smith às vezes contrariavam as instruções religiosas prévias daqueles membros, mas davam-lhes um entendimento mais correto do plano de Deus. Um modo importante pelo qual o Senhor revelou as verdades do evangelho restaurado aos santos foi respondendo às dúvidas que surgiram durante a tradução inspirada da Bíblia, que o profeta começou em junho de 1830 e continuou por aproximadamente três anos. A visão dada a Joseph Smith e Sidney Rigdon em 16 de fevereiro de 1832 foi resultante da tradução inspirada de João 5:29, no Novo Testamento, ampliando grandemente o entendimento que os santos tinham da vida após a morte.
Na época de Joseph Smith, os cristãos geralmente acreditavam que na vida pós-mortal, Deus designaria algumas pessoas ao céu e condenaria todos os outros a sofrer eternamente no inferno. Essa visão era comum entre os primeiros membros da Igreja. O pai do profeta, Joseph Smith Sr., e o avô do profeta, Asael Smith, acreditavam no universalismo, um tipo de salvação universal na qual Deus, por fim, salvaria os iníquos depois de terem sofrido o suficiente. As verdades reveladas na visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76 descrevem graus distintos de céu, ou reinos de glória, e como o julgamento dos iníquos e justos difere grandemente das visões religiosas tradicionais de vida após a morte. (Ver Matthew McBride, ‘A Visão’, em Revelações em Contexto, ed. Matthew McBride e James Goldberg, 2016, pp. 149-150, ou history.LDS.org.)
Quando os santos souberam da visão dada ao profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon, alguns membros tiveram dificuldade em aceitar a doutrina que o Senhor revelara. O presidente Brigham Young (1801–1877) relatou: “Quando Deus revelou a Joseph Smith e Sidney Rigdon que havia um lugar preparado para todos, de acordo com a luz que receberam e de acordo com a maneira como rejeitaram o mal e praticaram o bem, isso foi uma grande provação para muitas pessoas, e alguns apostataram ao saber que Deus não iria enviar os pagãos e as criancinhas para o castigo eterno, mas que no devido tempo providenciaria um lugar de salvação para todos, abençoando os honestos, virtuosos e verdadeiros, quer eles fossem membros de uma igreja ou não. Essa era uma doutrina nova para esta geração, e muitos não conseguiram aceitá-la” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 292).
O próprio Brigham Young teve dificuldade em compreender essa doutrina a princípio. Ele relembra: “Minhas tradições eram tais que, quando a visão me foi explicada pela primeira vez, era diretamente contrária e oposta ao que eu havia aprendido anteriormente. Eu disse: Espere um pouco. Não a rejeitei, mas não consegui entendê-la”. Ele disse que teve de “pensar e orar, ler e pensar, até que soubesse e o compreendesse plenamente por [si] mesmo” (citado em McBride, “A Visão”, pp. 150–151).
A revelação ficou conhecida entre os membros da Igreja simplesmente como “a Visão”. Quando foi registrada, ela se tornou o primeiro relato por escrito do testemunho do profeta a respeito do Pai e do Filho que estava acessível aos membros da Igreja.
Para mais informações sobre o contexto histórico de Doutrina e Convênios 76, ver as informações históricas adicionais para Doutrina e Convênios 76:1–49 na lição anterior deste manual.
Doutrina e Convênios 76:50–70
Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória celestial
Doutrina e Convênios 76:50–70. “Concernente àqueles que irão ressurgir na ressurreição dos justos”
Depois de o profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon terem recebido a visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76, o entendimento que os santos tinham da vida após a morte se expandiu. Os membros da Igreja aprenderam que Deus preparou diferentes graus no céu e que todos os Seus filhos serão salvos em um reino de glória, exceto os poucos que O negarem e desafiarem Seu poder (ver D&C 76:31, 42–44, 89–98). Essa visão também é a primeira de uma série de revelações que se encontram em Doutrina e Convênios enfatizando que os seguidores fiéis do Pai e do Filho podem receber a exaltação e a vida eterna, inclusive as mais altas bênçãos que Deus pode conceder a Seus filhos. Por exemplo, os justos recebem a promessa de terem uma ressurreição gloriosa, de viverem na presença de Deus, de receberem tudo o que Ele tem, de se tornarem como Ele é e receberem a plenitude de Sua glória (ver D&C 76:54–59; 81:6; 84:33–38; 88:28–29, 107; 93:19–22, 27–28).
Doutrina e Convênios 76:51–53. “Esses são os que receberam o testemunho de Jesus”
Foram mostrados em visão ao profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon aqueles que ressurgiriam na ressurreição dos justos, e eles ouviram uma descrição da fidelidade e das bênçãos daquelas pessoas. O Senhor revelou que aqueles que herdam o reino celestial são aqueles “que receberam o testemunho de Jesus e creram em seu nome” (D&C 76:51). O élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Tenho o que é conhecido como ‘o testemunho de Jesus’, que significa que eu sei por revelação pessoal do Santo Espírito para minha alma que Jesus é o Senhor, que Ele trouxe à luz vida e imortalidade por meio do evangelho e que Ele restaurou nestes dias a plenitude da Sua verdade eterna, para que juntamente com os antigos possamos tornar-nos herdeiros de Sua presença na eternidade” (“The Testimony of Jesus” [O testemunho de Jesus], Ensign, julho de 1972, p. 109).
Receber um testemunho de Jesus também significa que a pessoa aceitou o evangelho de Jesus Cristo, foi batizada e recebeu o Espírito Santo, venceu o mundo pela fé e foi “[selada] pelo Santo Espírito da promessa” (ver D&C 76:51–53). O grau em que uma pessoa recebe o testemunho de Jesus e é valente em viver de acordo com esse testemunho influencia a recompensa eterna concedida a ela (ver D&C 76:51, 73–75, 79, 82).
Doutrina e Convênios 76:53. “Selados pelo Santo Espírito da promessa”
As pessoas que herdarão o reino celestial são aquelas que venceram o mundo por meio da fé e da obediência às leis e ordenanças do evangelho. O “Santo Espírito da promessa” mencionado em Doutrina e Convênios 76:53 é o Espírito Santo agindo para selar, aprovar ou ratificar as ordenanças e a retidão de uma pessoa para que essas ordenanças estejam em vigor após a ressurreição (ver D&C 132:7). Por meio dessa manifestação do Espírito Santo, a pessoa pode receber a confirmação espiritual da vida eterna (ver Efésios 1:13–14; D&C 88:3–5). Essa confirmação é referida às vezes como “[ter] muito firme a palavra dos profetas” (2 Pedro 1:19; D&C 131:5).
O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou: “O Santo Espírito da promessa é o poder santificador do Espírito Santo. Quando selado pelo Santo Espírito da promessa, uma ordenança, voto ou convênio é selado na Terra e no céu (ver D&C 132:7). Receber esse ‘selo de aprovação’ do Espírito Santo é resultado de fidelidade, integridade e constância em honrar os convênios do evangelho ‘com o correr do tempo’ (Moisés 7:21). Contudo, esse selo pode ser retirado devido à iniquidade e às transgressões” (“Necessários vos é nascer de novo”, A Liahona, maio de 2007, p. 22).
Doutrina e Convênios 76:54–62. “Portanto, (…) eles são deuses, sim, os filhos de Deus”
Os santos fiéis que forem “selados pelo Santo Espírito da promessa” (D&C 76:53) recebem a bênção de se tornarem “co-herdeiros com Cristo”, que é o Primogênito do Pai (ver Romanos 8:14–17; ver também D&C 76:94–95; 93:21–22). O Senhor chamou esses santos exaltados de “a igreja do Primogênito” e de herdeiros “em cujas mãos o Pai colocou todas as coisas” (D&C 76:54–55; ver também D&C 76:94–95; 84:37–38). As pessoas que alcançarem seu potencial eterno e receberem uma herança no reino celestial se tornarão sacerdotes e reis, sacerdotisas e rainhas, e sua exaltação incluirá a promessa de que “[serão] deuses” (ver D&C 76:56, 58; ver também Salmos 82:1, 6; João 10:34; D&C 29:13; 109:75–76; 131:1–4; 132:19–20; ver também “Tornar-se como Deus”, Textos sobre os Tópicos do Evangelho, topics.LDS.org).
O presidente Boyd K. Packer (1924–2015), do Quórum dos Doze Apóstolos, testificou que, por sermos filhos de Deus, nosso destino eterno está vinculado a nosso potencial de tornar-nos semelhantes a Ele:
“Uma vez que toda coisa vivente segue o modelo de sua progenitura, seria válido supor que Deus projetou um padrão diferente, estranho para a sua descendência? Certamente nós, seus filhos, não somos, em sentido científico, uma espécie diferente da Dele.
(…) Talvez estejamos engatinhando em nosso progresso; talvez sejamos juvenis, até infantis, comparados com [Deus]. No entanto, nas eternidades, se formos dignos, poderemos ser como Ele é, entrar em sua presença, ver ‘como [somos] vistos’ e conhecer ‘como [somos] conhecidos’ e receber ‘de sua plenitude’ (D&C 76:94)” (“O modelo de nossa progenitura”, A Liahona, janeiro de 1985, p. 69).
Para mais informações sobre “a igreja do Primogênito”, ver o comentário para Doutrina e Convênios 93:21–22, neste manual.
Doutrina e Convênios 76:63–65. “A primeira ressurreição”
O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon receberam a visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76 ao ponderarem a doutrina da ressurreição. As alterações inspiradas que foram reveladas a respeito de João 5:29 os ajudaram a entender que haveria uma ordem na ressurreição: “Os que fizeram o bem, [ressurgirão] na ressurreição dos justos, e os que fizeram o mal, [ressurgirão] na ressurreição dos injustos” (D&C 76:17). A ressurreição dos justos é também conhecida como a “primeira ressurreição” (D&C 76:64) e inclui todos aqueles que herdarão os reinos celestial e terrestrial (ver D&C 88:96–99). A primeira ressurreição se iniciou quando os túmulos dos justos se abriram logo após a Ressurreição de Jesus Cristo (ver Mateus 27:52–53; Mosias 15:21–24; 3 Néfi 23:9–10). Doutrina e Convênios se refere à primeira ressurreição como o tempo em que os justos sairão de seus túmulos na Segunda Vinda de Jesus Cristo (ver D&C 29:13; 45:54; 88:96–99). A ressurreição dos injustos, ou a “última ressurreição” (D&C 76:85), incluirá aqueles que herdarão o reino telestial e os que são filhos de perdição, e ocorrerá no fim do Milênio (ver D&C 76:85; 88:32, 100–102).
Doutrina e Convênios 76:69. “Homens justos, aperfeiçoados por meio de Jesus”
Os que alinham sua vida em obediência às leis e ordenanças do evangelho são conhecidos como justos (ver exemplos em Mateus 1:19; Enos 1:1; Mosias 2:4; Moisés 8:27). Por meio da Expiação de Jesus Cristo, os homens justos são santificados e aperfeiçoados. O processo de santificação, ou tornar-se santo, vem por meio da graça de Jesus Cristo e é “para todos os que amam e servem a Deus com todo o seu poder, mente e força” (D&C 20:31; ver também Morôni 10:32–33). O presidente Russell M. Nelson, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou sobre o processo pelo qual nos aperfeiçoamos:
“Irmãos e irmãs, façamos o melhor possível e procuremos aperfeiçoar-nos a cada dia. Quando nossas imperfeições aparecerem, podemos continuar tentando corrigi-las. Podemos perdoar mais as falhas em nós mesmos e nas pessoas que amamos. Podemos ser consolados e pacientes. O Senhor ensinou: ‘Não podeis suportar a presença de Deus agora (…); portanto, continuai pacientemente até que sejais aperfeiçoados’ (D&C 67:13).
Não devemos ficar desanimados se nossos sinceros esforços em alcançar a perfeição nos pareçam hoje árduos e intermináveis. A perfeição é incompleta nesta vida. A plena perfeição só será alcançada depois da ressurreição, e somente por intermédio do Senhor. Está reservada a todos os que O amam e guardam Seus mandamentos. Inclui tronos, reinos, principados, poderes e domínios (ver D&C 132:19). É o objetivo pelo qual devemos perseverar até o fim. É a perfeição eterna que Deus reservou para cada um de nós” (“Perfeição incompleta”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 97).
Doutrina e Convênios 76:70. A glória do corpo ressurreto
As escrituras afirmam claramente que todos os filhos de Deus serão ressuscitados (ver 1 Coríntios 15:22; Alma 11:42; 40:4). O reino eterno herdado por uma pessoa ressuscitada, assim como a natureza de seu corpo ressuscitado, porém, serão determinados por sua fidelidade e sua obediência às leis de Deus (ver 1 Coríntios 15:40–42; D&C 76:96–98; 88:22–24, 28–31). As pessoas que herdarão o reino celestial terão corpos que serão celestiais, “cuja glória é a do sol” (D&C 76:70). As pessoas do reino terrestrial terão corpos que diferem daqueles das pessoas do reino celestial, “assim como a glória da lua difere da do sol no firmamento” (D&C 76:71; ver também D&C 76:78). Os corpos telestiais terão uma glória menor, “assim como a glória das estrelas difere da glória da lua no firmamento” (D&C 76:81).
O presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) explicou:
“Em Doutrina e Convênios, seção 88, ficamos sabendo que haverá diferença no corpo dos habitantes dos vários reinos, de modo a atender a toda necessidade e restrição.
‘E os que não forem santificados por meio da lei que vos dei, sim, a lei de Cristo, herdarão outro reino, sim, um reino terrestre ou um reino telestial.
Porque aquele que não consegue viver a lei de um reino celestial não consegue suportar uma glória celestial.
E aquele que não consegue viver a lei de um reino terrestre não consegue suportar uma glória terrestre.
E aquele que não consegue viver a lei de um reino telestial não consegue suportar uma glória telestial; portanto, não é digno de um reino de glória. Portanto, deve permanecer num reino que não seja um reino de glória’ (D&C 88:21–24). (…)
Como o corpo será levantado na ressurreição para condizer com a condição de cada pessoa, o Senhor designará a cada homem e mulher ao local que for merecido” (Answers to Gospel Questions [Respostas para Perguntas sobre o Evangelho], comp. Joseph Fielding Smith Jr., 1963, volume 4, pp. 64–65).
Doutrina e Convênios 76:71–80
Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória terrestrial
Doutrina e Convênios 76:71–80. Mais do que um reino no céu
A visão dos reinos de glória revelou que o plano de Deus para nossa vida após a mortalidade inclui muito mais do que a visão tradicional de um único céu e um inferno sem fim. Como nem todas as pessoas são igualmente boas ou igualmente más, o profeta Joseph Smith (1805–1844) explicou: “No décimo quarto capítulo de João: ‘Na casa de meu Pai há muitas moradas’ (João 14:2) (…) deveria ser: ‘No reino de meu Pai há muitos reinos. (…) Há mansões para os que obedecem à lei celestial e há outras mansões para os que não cumprem a lei, todo homem em sua própria ordem” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 229).
O profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon viram que o mundo terrestrial estava preparado para aqueles “cuja glória difere da glória da igreja do Primogênito” (D&C 76:71). Isso significa que a glória terrestrial está abaixo da glória celestial, porém acima da glória telestial (ver D&C 76:81, 91). O profeta soube mais tarde que o reino celestial consistia de “três céus ou graus” (D&C 131:1). O reino telestial também é constituído de várias glórias (ver D&C 76:98).
O evangelho de Jesus Cristo é o caminho que todos os filhos de Deus podem seguir para receber uma herança no reino celestial. Essa recompensa gloriosa e eterna está ao alcance de todos os que decidirem receber o evangelho e fazer e guardar convênios sagrados com o Senhor (ver D&C 10:50; 14:7; 20:14; 50:24).
Doutrina e Convênios 76:72–74. “Estes são os que morreram sem lei”
A revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 76 fornece apenas uma descrição geral dos habitantes do mundo terrestrial. Por exemplo, de acordo com Doutrina e Convênios 76:72–73, alguns daqueles que herdarão o reino terrestrial são pessoas que “morreram sem lei” e que aprendem o evangelho no mundo espiritual. É importante entender que algumas pessoas que ouvirem o evangelho no mundo espiritual herdarão o reino celestial, ao passo que outras que forem ensinadas não receberão o evangelho da mesma maneira, e portanto herdarão um reino menor (ver D&C 137:7–9; 138:30–37, 58–59). Além disso, há outras pessoas que morreram sem um conhecimento do evangelho, mas que herdarão o reino telestial. O reino de glória que cada pessoa irá herdar será de acordo com a lei que ela decidir aceitar e viver (ver também D&C 88:21–24).
Doutrina e Convênios 76:74–75, 79. “Valentes no testemunho de Jesus”
Alguns dos que herdarão o reino terrestrial são aqueles que “não são valentes no testemunho de Jesus” (D&C 76:79). Em outras palavras, essas pessoas obtiveram um testemunho de Jesus Cristo, mas não foram suficientemente valentes para aceitar ou viver a plenitude do evangelho para obter uma recompensa celestial. O élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou a importância de sermos valentes em nosso testemunho de Jesus: “Minha oração é que (…) tornemos nossa conduta condizente com os nobres propósitos exigidos daqueles que estão a serviço do Mestre. Em todas as coisas, devemos lembrar que ser ‘valentes no testemunho de Jesus’ é o grande teste divisório entre o reino celestial e o terrestrial (D&C 76:79). Queremos estar no lado celestial dessa linha divisória” (“Escolher com sabedoria”, A Liahona, novembro de 2014, p. 49).
Há uma diferença entre ter um testemunho de Jesus Cristo e viver de modo que nossa vida reflita esse testemunho. O presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) descreveu como podemos ser valentes em nosso testemunho de Jesus: “‘Todos os que são justos e fiéis’” (D&C 76:53)! Que expressão adequada para os valentes no testemunho de Jesus. Eles são corajosos na defesa da verdade e justiça. São os membros da Igreja que magnificam os chamados eclesiásticos (ver D&C 84:33), pagam dízimos e ofertas, levam uma vida moralmente limpa, apoiam os líderes da Igreja com palavras e atos, santificam o Dia do Senhor e obedecem a todos os mandamentos de Deus” (“Valentes no testemunho de Jesus”, A Liahona, julho de 1982, p. 63).
Doutrina e Convênios 76:81–112
Joseph Smith e Sidney Rigdon veem aqueles que receberão a glória telestial
Doutrina e Convênios 76:84–85. “Estes são os que são lançados no inferno”
Os que recebem uma herança no reino telestial são aqueles que decidiram não receber o evangelho ou um testemunho de Jesus Cristo (ver D&C 76:82, 101). Eles não negaram o Espírito Santo como fizeram os filhos de perdição, mas escolheram um caminho de iniquidade e são “lançados no inferno” (D&C 76:84). Nesse caso, o inferno se refere àquela porção do mundo espiritual onde aqueles que foram desobedientes na mortalidade sofrerão por seus próprios pecados porque não se arrependeram (ver D&C 19:15–18). Essas pessoas permanecerão nesse estado de inferno até ressurgirem na “última ressurreição”, que se seguirá ao Milênio (D&C 76:85; ver também D&C 43:18; 63:17–18; 76:106; 88:100–101).
O élder Quentin L. Cook explicou: “Ao morrer, os espíritos justos passam temporariamente a viver num estado chamado paraíso. Alma, o Filho, ensinou que ‘o paraíso [é] um estado de descanso, um estado de paz, onde descansará de todas as suas aflições e de todos os seus cuidados e tristezas’ (Alma 40:12). Os espíritos iníquos habitarão na prisão espiritual, que às vezes é chamada de ‘inferno’ (2 Néfi 9:10–14; D&C 76:84–86). Sua descrição é a de um lugar terrível e coberto de trevas, onde os que temem ‘a indignação da ira de Deus (…) permanecem (…) até [a] ressurreição’ (Alma 40:14). Contudo, graças à Expiação de Jesus Cristo, todos os espíritos abençoados com o nascimento serão no final ressuscitados, com a reunião do espírito e do corpo, e herdarão reinos de glória que são superiores a nossa existência aqui na Terra (ver D&C 76:89). As exceções se restringem àqueles que, como Satanás e seus anjos, deliberadamente se rebelarem contra Deus (ver Isaías 14:12–15; Lucas 10:18; Apocalipse 12:7–9; D&C 76:32–37). Na ressurreição, a prisão espiritual ou inferno libertará seus espíritos cativos” (“O plano de nosso Pai: Grande o suficiente para incluir todos os Seus filhos”, A Liahona, maio de 2009, p. 37).
Doutrina e Convênios 76:88–89. A glória do reino telestial “ultrapassa todo entendimento”
Os iníquos que sofrerão no inferno serão por fim redimidos (ver D&C 76:85), se tornarão “herdeiros da salvação” (D&C 76:88) e “servos do Altíssimo” (D&C 76:112) e herdarão um grau de glória telestial (ver D&C 76:98). Essa compreensão doutrinária ressalta a misericórdia e graça abundantes de Jesus Cristo, e confirma que “ele salva todos” exceto os filhos de perdição (D&C 76:44). O élder John A. Widtsoe (1872–1952), do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou:
“[Doutrina e Convênios] explica claramente que o reino mais baixo ao qual o homem é designado é tão glorioso a ponto de estar além do entendimento do homem. Uma doutrina fundamental do mormonismo é a de que o mais ímpio pecador, no julgamento final, receberá uma glória que está além do entendimento humano, que é tão grande que não conseguimos descrevê-la adequadamente. Aqueles que se saírem bem receberão um lugar ainda mais glorioso. (…)
O evangelho é um evangelho de imenso amor. O amor é a base de tudo. O menor dos filhos [de Deus] é amado de modo tão carinhoso a ponto de sua recompensa estar além do entendimento do homem mortal” (The Message of the Doctrine and Covenants [A mensagem de Doutrina e Convênios], ed. G. Homer Durham, 1969, p. 167).
Doutrina e Convênios 76:98–101. “Estes são os que são de Paulo e de Apolo e de Cefas”
Alguns dos que herdarão o reino telestial são aqueles que afirmam seguir Jesus Cristo ou um profeta em particular, mas rejeitam o Salvador e se recusam a aceitar Seu evangelho ou seguir Seus profetas. Para condenar a desunião que havia entre os santos de sua época, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios:
“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi notificado (…) que há contendas entre vós.
E digo isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.
Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1 Coríntios 1:11–13).
Palavras semelhantes em Doutrina e Convênios 76:99–101 se referem aos que não estão em harmonia com Jesus Cristo e Seus profetas.
Doutrina e Convênios 76:111. “Cada homem receberá, de acordo com suas próprias obras”
Durante Seu ministério mortal, Jesus Cristo explicou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7:21). A necessidade de obediência aos mandamentos e às ordenanças do evangelho sempre foi uma mensagem fundamental do evangelho de Jesus Cristo. O presidente Brigham Young (1801–1877) ensinou: “Os filhos dos homens serão julgados de acordo com suas obras, sejam elas boas ou más. Se um homem tiver a vida repleta de boas obras, ele será devidamente recompensado. Por outro lado, se sua vida for repleta de más ações, ele receberá a justa recompensa por essas ações. (…) Quando será que as pessoas compreenderão que este é o tempo em que começamos a firmar o alicerce de nossa exaltação para o tempo e a eternidade; que esta é a época de produzirmos bons frutos para honra e glória de Deus, tal como Jesus o fez” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, 1997, p. 286).
Doutrina e Convênios 76:113–119
Joseph Smith e Sidney Rigdon explicam como outras pessoas podem receber o conhecimento que eles receberam
Doutrina e Convênios 76:113–116. Joseph Smith viu mais nessa visão do que aquilo que foi escrito
Referindo-se à visão que se encontra em Doutrina e Convênios 76, o profeta Joseph Smith disse: “Eu poderia explicar cem vezes mais do que já expliquei a respeito das glórias dos reinos que me foram manifestadas na visão se me fosse permitido e se as pessoas estivessem preparadas para recebê-las” (em Manuscript History of the Church, vol. D-1, página 1556, josephsmithpapers.org).
A riqueza da doutrina e da perspectiva espiritual dadas na visão dos reinos de glória nos fornece um entendimento da vida pós-mortal que ultrapassa tudo que é encontrado nas escrituras antigas. O presidente Wilford Woodruff (1807–1898) disse: “Um exemplo que posso mencionar é a ‘Visão’ (em D&C 76), que, como revelação, contém mais luz, verdade e princípios do que qualquer pronunciamento de qualquer outro livro que já lemos. Esclarece nossa situação atual, de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos. Qualquer homem pode saber por meio dessa revelação qual será seu destino e sua situação. Todos os homens sabem a quais leis obedecem, e as leis que eles guardarem aqui determinarão sua situação no mundo vindouro” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff, 2004, p. 122).
O presidente Woodruff, que se tornou membro da Igreja em 1833, relembra sua reação pessoal à revelação que se encontra em Doutrina e Convênios 76:
“Foi-me ensinado na infância que havia um céu e um inferno, e foi-me dito que os iníquos tinham todos um só castigo, e os justos, uma só glória. (…)
Quando li a visão (…), ela me esclareceu a mente e me fez sentir grande alegria, parecia-me que Deus havia revelado aquele princípio a um homem que era sábio, justo e verdadeiro, que possuía os melhores atributos e também bom senso e conhecimento, senti que era consistente com o amor, a misericórdia, a justiça e o juízo, e senti mais amor pelo Senhor do que jamais sentira na vida” (“Remarks on the Necessity of Adhering to the Priesthood in Preference to Science and Art” [Comentários sobre a necessidade de aderir ao sacerdócio mais do que à ciência ou à arte] em Deseret News, 27 de maio de 1857, p. 91).