História da Igreja
Capítulo 2: Ensinai-me, ajudai-me


Capítulo 2

Ensinai-me, ajudai-me

litoral de ilha tropical

À medida que seu barco se aproximava de Niue, Mosese e Salavia Muti viram um litoral acidentado pontilhado aqui e ali de cavernas e enseadas isoladas. Fiel ao sonho de Mosese, as 13 aldeias da ilha se situavam à beira do mar. Alofi, o maior vilarejo de Niue, ficava na costa oeste e servia de centro para um punhado de estradas que cortavam as florestas tropicais e os afloramentos de corais que cobriam o interior da ilha. Era um lugar isolado, onde moravam menos de 5 mil pessoas.

Os missionários chegaram a Niue pela primeira vez em 1952. Então, quatro anos depois, havia cerca de 300 santos na ilha. O presidente do distrito era um missionário americano de 23 anos chamado Chuck Woodworth. Quando ele e os outros missionários não estavam compartilhando o evangelho ou cuidando dos seis ramos da ilha, estavam trabalhando na construção de uma nova capela e um escritório da missão em Alofi. Não havia supervisor de construção em Niue, por isso os élderes ainda não haviam começado a cavar fundações ou erguer paredes. Em vez disso, passavam horas triturando rocha de coral duro da ilha em cascalho a fim de fazer concreto para o projeto.

Chuck estava se sentindo frustrado e sobrecarregado quando a família Muti chegou. Ele era um missionário sincero e trabalhador, porém muitas vezes ficava desanimado quando os santos de Niue não ajudavam os missionários ou não viviam sua religião como ele achava que deveriam. Salavia e Mosese eram mais pacientes e empáticos. O casal entendeu que cada membro da ilha era novo na fé e ainda estava aprendendo e crescendo.

Não se preocupe, dizia Mosese a Chuck. Tudo vai ficar bem no final.

Mosese rapidamente conquistou a amizade e a confiança dos santos de Niue com seu amor pelo evangelho e seu conhecimento da cultura local. Ele assumiu o comando do programa de escoteiros da Igreja, deu aulas do evangelho e triturou corais com outros missionários. Salavia, por sua vez, cuidava do bem-estar dos missionários e membros da Igreja. Cozinhava, lavava e consertava roupas, ouvia e dava conselhos quando alguém precisava conversar. Também dava aulas na Primária e na Escola Dominical e fazia discursos.

Em setembro de 1956, Chuck organizou a primeira Sociedade de Socorro de Niue e chamou Salavia para ser a professora. A princípio, algumas mulheres da Sociedade de Socorro não pareciam respeitá-la ou não demonstravam muito interesse em assistir às reuniões. A experiência de Salavia em trabalhar com mulheres na Igreja a ensinou a ser sensível às necessidades delas. Sabendo que muitas pessoas de Niue não tinham utensílios de cozinha modernos, ela perguntou a Langi Fakahoa, presidente da Sociedade de Socorro, se poderia realizar uma atividade para ensinar às mulheres uma maneira simples de cozinhar um pudim tonganês sem fogão.

Antes da reunião, Salavia pediu aos membros da Sociedade de Socorro que trouxessem ingredientes para que pudessem fazer seu próprio pudim. Das 15 mulheres que compareceram, porém, apenas 3 trouxeram os ingredientes. Outras simplesmente olhavam com ceticismo.

Sem se deixar abater, Salavia mostrou como preparar o pudim e cozinhá-lo em água em uma fogueira ao ar livre. As mulheres que trouxeram suprimentos seguiram todas as suas instruções, passo a passo, até que seus pudins estivessem cozinhando também. Salavia então trouxe um pudim que ela havia feito antes da reunião e ofereceu a todas algumas fatias.

Quando as mulheres mordiscaram a sobremesa, seus olhos se arregalaram. “Uau”, disseram. Ninguém nunca tinha provado nada parecido. Após a reunião, as três mulheres que trouxeram os ingredientes dividiram seus pudins com as outras, que foram para casa determinadas a vir mais bem preparadas na próxima atividade da Sociedade de Socorro.

A notícia do pudim se espalhou, e o respeito por Salavia mudou. As mulheres que não demonstravam interesse pela Sociedade de Socorro começaram a frequentar as reuniões. Várias delas convidaram suas amigas e parentes para a próxima atividade culinária, e Salavia começou a chamar as noites da Sociedade de Socorro de Po Fiafia — a Noite da Diversão.

Salavia estava descobrindo que ensinar culinária e outras habilidades era uma excelente ferramenta missionária. Quando as mulheres se reuniam em grupo, contavam histórias, contavam piadas e cantavam canções. As reuniões aproximavam as mulheres, criando amizades e fortalecendo o ânimo. A frequência à Igreja melhorou e as famílias pareciam mais felizes e unidas por causa das habilidades que as mulheres estavam aprendendo na Sociedade de Socorro.


No final de 1956, as irmãs da Sociedade de Socorro de todo o mundo aguardavam a dedicação de um novo prédio para sua organização em Salt Lake City. A Sociedade de Socorro tinha então cerca de 110 mil integrantes, e a presidente geral Belle Spafford queria que todas, não importava onde morassem, sentissem que eram parte de uma irmandade unida.

Ela mesma nem sempre fora uma entusiástica integrante da Sociedade de Socorro. Na época, as mulheres da Igreja não eram automaticamente inscritas na Sociedade de Socorro depois que atingiam a idade adulta, de modo que ela estava com 30 anos quando começou a frequentar regularmente as reuniões da Sociedade de Socorro. Quando seu bispo a chamou para servir como conselheira na presidência da Sociedade de Socorro de sua ala, ela recusou. “Essa organização é para minha mãe”, disse-lhe Belle, “não para mim”.

Trinta anos depois, ela estava no décimo primeiro ano de sua presidência, sendo uma de suas principais metas estabelecer uma sede permanente para a Sociedade de Socorro. Ela queria que a nova sede fosse um belo edifício onde as mulheres da Igreja pudessem entrar e se sentir em casa.

Quando a Sociedade de Socorro foi organizada pela primeira vez em 1842, as irmãs se reuniam no andar superior da loja de Joseph Smith, em Nauvoo. Mais tarde, no oeste dos Estados Unidos, as Sociedades de Socorro de ala construíam salões próprios onde podiam se reunir, tratar de negócios, ministrar aos necessitados e compartilhar suas ideias, suas experiências e seus testemunhos. Por volta da virada do século, as presidências gerais da Sociedade de Socorro, da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças e da Primária arrecadaram uma quantia considerável de dinheiro para construir a sede de suas organizações. Para sua decepção, no entanto, o plano não se concretizou. A Primeira Presidência determinou que fosse construído um prédio de escritórios compartilhado pelas três organizações e várias outras, incluindo o Bispado Presidente.

A Sociedade de Socorro passou então a funcionar no segundo andar desse prédio. Era um espaço apertado e barulhento com escritórios, uma sala de reuniões e uma área para costurar as roupas do templo. Logo após receber seu chamado em 1945, a presidente Spafford propôs a construção de uma nova sede para a organização. A Primeira Presidência concordou com o plano e pediu à Sociedade de Socorro que arrecadasse 500 mil dólares, metade do custo do prédio.

A presidente Spafford e suas conselheiras, Marianne Sharp e Velma Simonsen, planejaram uma arrecadação de fundos, convidando cada irmã da Sociedade de Socorro a contribuir com até 5 dólares para a construção do prédio — uma quantia considerável na época em que um pão custava 12 centavos nos Estados Unidos. Depois de alguns meses arrecadando fundos, a presidente Spafford ficou feliz ao saber que as mulheres da Igreja já haviam doado 20 mil dólares. Ela imediatamente pegou o telefone e ligou para J. Reuben Clark, segundo conselheiro na Primeira Presidência, para contar-lhe as boas novas.

“Não desanime”, disse ele, evidentemente deixando de perceber o entusiasmo dela. “Sei que 20 mil dólares não é muito quando você precisa arrecadar meio milhão.”

A presidente Spafford não desanimou, e as irmãs não a desapontaram. Por décadas, a Sociedade de Socorro tinha financiado suas organizações locais coletando anuidades e realizando campanhas regulares de arrecadação de fundos. Para fazer suas contribuições, as irmãs realizavam jantares festivos, costuravam e vendiam colchas e davam bailes. Em um ano, o prédio foi totalmente financiado.

A Sociedade de Socorro adquiriu um terreno do outro lado da rua do Templo de Salt Lake, e a presidente Spafford e suas conselheiras trabalharam em conjunto com o arquiteto para projetar o edifício. Havia um escritório para a presidência geral da Sociedade de Socorro, a junta geral e a equipe de apoio aos muitos projetos da organização, incluindo a Relief Society Magazine, os serviços sociais e de bem-estar, e a fabricação e venda de roupas do templo.

Como a presidente Spafford queria que o prédio parecesse um lar em vez de um escritório, ele tinha uma sala de visitas confortável na qual as mulheres podiam encontrar amigas, escrever uma carta ou desfrutar do ambiente agradável do lugar. No terceiro andar, havia um grande salão social com palco e cozinha, que as Sociedades de Socorro da estaca poderiam reservar para eventos especiais.

Havia doações feitas por irmãs da Sociedade de Socorro de todo o mundo, como uma luminária decorativa da Austrália e uma mesa entalhada de Samoa, adornando as salas e os corredores do prédio. Em Viena, Áustria, a presidente da Sociedade de Socorro, Hermine Cziep, e outros santos juntaram dinheiro para comprar um vaso de porcelana colorido e enviá-lo para Salt Lake City. Quando souberam que o vaso havia sido feito em 1830, ano em que a Igreja foi organizada, sentiram que tinham sido guiadas até ele pelo Senhor.

“Só de pensar”, disse uma irmã da Missão Suíço-Austríaca, “que fazemos parte de um edifício tão maravilhoso, mesmo que talvez jamais o vejamos, sabemos que ajudará a fazer muitas mulheres felizes”.

O Edifício da Sociedade de Socorro, como era chamada a nova sede, estava pronto para ser dedicado em outubro de 1956. Seu projeto era um eco moderno da arquitetura clássica, complementando o estilo do vizinho Edifício Administrativo da Igreja, que foi concluído em 1917 para abrigar os escritórios da Primeira Presidência e de outras autoridades gerais. Para honrar a longa história de armazenamento de grãos da Sociedade de Socorro, hastes ornamentais de trigo dourado adornavam o exterior do novo prédio.

Em 3 de outubro, a presidente Spafford estava no púlpito do Tabernáculo de Salt Lake, olhando para um público que representava uma fração das muitas mulheres que se sacrificaram para concluir o Edifício da Sociedade de Socorro. Ela acreditava que os esforços de financiamento e construção serviram como uma força unificadora dentro da organização.

“Esse esforço consolidou a irmandade da Sociedade de Socorro”, disse ela. “Oramos para que todas as que forem em frente a partir de nosso lar na Sociedade de Socorro enriqueçam a vida das filhas de nosso Pai Celestial e as conduzam ao bem-estar eterno.”


Após iniciar o estudo de Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, Hélio da Rocha Camargo começou a frequentar um ramo próximo de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Logo sua esposa, Nair, também mostrou interesse no evangelho restaurado. “Não quero mais frequentar a igreja metodista”, disse ela em um domingo. Em vez disso, ela quis ir à igreja com ele.

Hélio passou a estudar o Livro de Mórmon, lendo-o de capa a capa em três dias. Em seguida, leu Doutrina e Convênios, a Pérola de Grande Valor e todas as outras publicações que encontrou sobre os santos. Ele se reunia frequentemente com os missionários, pagava o dízimo em seu ramo local e continuava a encontrar respostas para suas perguntas sobre Deus e Seu plano.

Também frequentou as reuniões da Igreja o suficiente para saber que os santos precisariam de sua ajuda. Asael Sorensen, o presidente da missão, estava ansioso para que a Igreja se expandisse no Brasil e acreditava que fortes líderes do sacerdócio se tornariam uma parte fundamental desse crescimento. O Brasil tinha então cerca de 2 mil membros, porém menos de 70 deles tinham o Sacerdócio de Melquisedeque.

Hélio não queria se filiar à Igreja, muito menos assumir as responsabilidades do sacerdócio, até que conhecesse a vontade de Deus para ele. O presidente Sorensen desenvolveu uma série de sete lições missionárias sobre tópicos como “A necessidade de um profeta vivo”, “A Palavra de Sabedoria” e “O propósito da mortalidade”. Hélio praticamente devorou cada uma dessas lições, mas ainda tinha mais perguntas para os missionários.

Ele e Nair ficaram particularmente chocados ao tomar conhecimento da antiga prática do casamento plural dos santos. Hélio também questionava por que a Igreja proibia homens descendentes de africanos de serem portadores do sacerdócio. Assim como os Estados Unidos, o Brasil há muito tempo proibira a prática de escravizar africanos e seus descendentes. Ao contrário dos Estados Unidos, no entanto, o Brasil não sancionara leis que segregassem negros e brancos, por isso havia menos divisão racial entre os brasileiros.

Hélio, cujos próprios ancestrais eram europeus, nunca havia encontrado uma restrição racial em sua antiga igreja, e a prática o incomodava. Mas não eram suas dúvidas que o estavam impedindo de se filiar à Igreja. Ao estudar com os missionários, ele ansiava por ter uma experiência como a de Paulo no Novo Testamento — uma conversão milagrosa, tão poderosa e repentina quanto um raio.

Decidiu orar mais e reler o Livro de Mórmon, esperando o tempo todo receber a confirmação que buscava. Nada de extraordinário aconteceu, e os missionários pareciam impacientes com ele. “Você sabe que a Igreja é verdadeira”, disse um deles a Hélio, “e agora é hora de você tomar uma decisão”.

O missionário tinha razão, sabia Hélio. O evangelho restaurado fazia todo o sentido. Mas saber disso ainda não era suficiente para ele.


No início de 1957, em Salt Lake City, Naomi Randall, de 48 anos, e as integrantes da junta geral da Primária estavam trabalhando arduamente em um programa para líderes da Primária do mundo inteiro. O comitê havia escolhido “A súplica de uma criança” como tema do programa. Acreditavam que muitos pais e pessoas que trabalhavam na Primária não compreendiam a importância de seu papel no ensino das crianças da Igreja. O tema era para ser um lembrete de seu chamado sagrado.

A presidente geral da Primária, LaVern W. Parmley, queria apresentar o programa na conferência anual da organização em abril, por isso Naomi e seu comitê tinham apenas alguns meses para concluí-lo. Jejuaram e oraram sobre o programa e acreditaram que o teriam pronto a tempo. Então a presidente Parmley chamou Naomi ao escritório dela.

“Precisamos de um novo hino para acompanhar o programa”, disse ela.

“Onde conseguimos um novo hino?”, perguntou Naomi.

“Você pode escrever um”, respondeu a presidente, lembrando que Naomi já era uma poetisa conhecida na Igreja. Ela lhe deu o número do telefone de Mildred Pettit, uma talentosa musicista e compositora que havia servido na junta geral da Primária. “Entre em contato com ela”, disse a presidente Parmley. “Vocês duas podem criar um novo hino.”

Naomi se sentia agitada em seus pensamentos quando saiu da reunião. Ela queria que as pessoas adultas do programa se lembrassem do tema e reconhecessem que as criancinhas precisavam de sua ajuda para voltar à presença de Deus. Mas como ela poderia transmitir essa mensagem em um hino?

Ao chegar em casa, conversou com Mildred por telefone. “Escreva todas as palavras, frases ou mensagens que você tiver em mente”, Mildred a aconselhou. “É importante ter a mensagem antes que a música seja composta.”

Naquela noite, Naomi pediu ao Pai Celestial que a inspirasse com a letra certa para o hino. Foi se deitar então e dormiu pacificamente por algum tempo.

Às 2 horas da madrugada, ela acordou. Seu quarto estava quieto. “Sou uma filha de Deus”, ela pensou, “e Ele me enviou aqui”. As palavras eram os versos iniciais de um hino. Ela pensou em mais versos e logo tinha a primeira e a segunda estrofes. “Não está mal”, pensou ela. “Acho que está bom.”

Em pouco tempo, ela tinha três estrofes e um refrão, cada qual expressando a voz de uma criança implorando por orientação espiritual de um pai, uma mãe ou uma professora. Naomi se levantou da cama e escreveu a letra, surpresa com a rapidez com que as palavras lhe vinham à mente. Geralmente ela se esforçava muito em cada letra que escrevia. Caindo de joelhos, agradeceu ao Pai Celestial.

Pela manhã, ligou para Arta Hale, conselheira na presidência geral da Primária. “Tenho uma letra”, disse ela. “Veja se vale a pena.”

“Pelos céus, menina, ela me dá arrepios”, disse Arta depois que Naomi leu a letra para ela. “Mande para cá!”

Em menos de uma semana, Naomi recebeu uma carta de Mildred. Em anexo, ela encontrou a música para o hino e algumas mudanças no refrão. Desde que enviara a letra para Mildred, Naomi tentou imaginar como seria a música. Quando ela finalmente ouviu a melodia, ficou emocionada. Ficara perfeito.

Em 4 de abril de 1957, solistas e um coro de crianças da Primária cantaram “Sou um Filho de Deus” na conferência anual da Primária. Além da ajuda de Mildred com a letra do refrão, a música estava exatamente como Naomi a havia escrito no meio da noite. As líderes da Primária presentes na conferência aprenderam o hino para que, por sua vez, pudessem ensiná-lo às crianças em suas próprias alas e ramos.

Algum tempo depois, a convite do apóstolo Harold B. Lee, a junta geral da Primária discursou em um jantar para autoridades gerais realizado no Edifício da Sociedade de Socorro. A apresentação delas contou com um coro de crianças de diferentes nações e raças vestidas com roupas tradicionais — um lembrete da crescente diversidade da Igreja. Enquanto as crianças cantavam o refrão de “Sou um Filho de Deus”, sua mensagem universal tocou o coração dos ouvintes:

Ensinai-me, ajudai-me

As leis de Deus guardar.

Para que um dia eu vá

Com ele habitar.

Ao terminarem o hino, o presidente David O. McKay se aproximou das crianças. “Vamos atender ao seu pedido”, prometeu ele. “Vamos ajudá-las.” Ele então se voltou para as autoridades gerais e disse: “Devemos aceitar o desafio de ensinar essas crianças”.

O élder Lee também ficou comovido. “Naomi”, disse ele após o jantar, “esse é um hino que vai perdurar por toda a eternidade”.


Em maio de 1957, Hélio da Rocha Camargo estava cansado de estudar os ensinamentos da Igreja sem fim ou propósito. Apesar de todo o seu aprendizado, ele carecia de um testemunho divino de sua veracidade. Sem esse testemunho, ele não progredia.

Por fim, pediu ajuda ao presidente Asael Sorensen e sua esposa, Ida. O casal fora um grande apoio para ele e Nair depois que eles deixaram a igreja metodista. A irmã Sorensen tinha um interesse especial por Nair e se encontrava com ela com frequência para certificar-se de que ela estava aprendendo e compreendendo o evangelho. Ela também percebeu as dificuldades de Hélio e quis oferecer todos os conselhos que pudesse.

“Hélio”, disse ela certa tarde, “acho que você não adquiriu um testemunho porque está procurando contradições na doutrina”.

Sentindo a veracidade de suas palavras, Hélio decidiu lançar um olhar objetivo sobre suas crenças religiosas. Pesou cuidadosamente tudo o que havia aprendido sobre o evangelho restaurado e viu que a doutrina era coerente e condizente com a Bíblia. Ainda tinha dúvidas sobre o casamento plural e a restrição do sacerdócio, mas se dispôs a aceitar os limites de seu entendimento. Tinha fé que Deus guiaria a Igreja por revelação.

Hélio também percebeu que não precisava de um raio para confirmar a veracidade do que havia aprendido. Viu que havia gradualmente adquirido um testemunho ao longo dos últimos meses — tão suave e naturalmente que nem tinha percebido que a luz da verdade eterna já o envolvia. Assim que ele entendeu isso, caiu de joelhos e agradeceu a Deus por lhe revelar a verdade.

Pouco tempo depois, Hélio pediu aos missionários que fossem à sua casa na noite da segunda-feira. “O que preciso fazer agora para ser batizado?”, perguntou ele.

O élder Harold Hillam descreveu os passos. “Você terá que ser entrevistado e, em seguida, a papelada do batismo precisa ser assinada pelo presidente da missão”, disse ele. “O batismo será no sábado.”

O élder Hillam o entrevistou imediatamente e constatou — sem que isso fosse uma surpresa — que Hélio estava guardando os mandamentos e tinha uma compreensão sólida do evangelho.

No dia do batismo, 1º de junho de 1957, Hélio foi à casa da missão, o único lugar de São Paulo onde os santos tinham uma pia batismal. Ele e Nair haviam conversado anteriormente sobre o desejo dela de ser batizada, mas ela queria estudar um pouco mais antes de se filiar à Igreja. Hélio pôde entender aquele desejo.

A pia batismal ficava no quintal da casa da missão. Era um dia frio e, quando Hélio entrou na pia batismal, a água gelada o assustou. Mas, quando ele saiu da água, recém-batizado, um calor reconfortante o envolveu. Uma grande alegria inundou seu ser e permaneceu com ele pelo restante do dia.

  1. Charles Woodworth para Marsha Davis, 15 de julho de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; New Zealand Official Year-Book, vol. 57, p. 925; Mortensen, “Serving in Paradise”, pp. 19–22; ver também Smith, Niue, pp. 1–10; e Woodworth, Diário da missão, 29 de maio de 1956.

  2. Mortensen, “Serving in Paradise”, pp. 21, 24–26, 28, 47–48; Goodman, Niue of Polynesia, capítulo 2; Woodworth, Diário da missão, 21 de dezembro de 1955; 17–18 e 29 de maio de 1956; 26 de junho de 1956; 2, 13 e 16 de março de 1957; “Comparative Report”, p. 3.

  3. Mortensen, Diário da missão, 27 de agosto de 1955; 6, 9 e 24–30 de junho de 1956; 1º–24 de julho de 1956; 28 de março de 1957; Woodworth, Diário da missão, 10 de outubro de 1956; 29 de janeiro de 1957; 11 de fevereiro de 1957; 2 e 5 de março de 1957; 27 de maio–10 de junho de 1957; Muti e Muti, Man of Service, pp. 154–155; Muti, “Mosese Lui Muti”, p. 172.

  4. Woodworth, Diário da missão,14, 29 e 31 de janeiro de 1956; 23–29 de maio de 1956; 10 de julho de 1956; 21 de janeiro de 1957; Woodworth, Entrevista de história oral, pp. 55–56; Price, “History of the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints on Niue Island”, pp. 1–2; Muti e Muti, Man of Service, p. 164.

  5. Muti e Muti, Man of Service, pp. 154–155, 164–169, 171–172, 175–176, 179–180; Woodworth, Diário da missão, 30 de maio de 1956; 3 e 26 de junho de 1956; 28 de agosto de 1956; 30 de setembro de 1956; 9 de dezembro de 1956; 17 de fevereiro de 1957; 7 de julho de 1957; Mortensen, Diário da missão, 30 de maio de 1956; 3 de junho de 1956; 22 de agosto de 1956; 5 de maio de 1957; Mortensen, “Serving in Paradise”, p. 28; Muti, Anotações de entrevista [2012]; Distrito Niue, Missão Tonganesa, Atas, 29–30 de setembro e 24 de novembro de 1956, vol. 3, pp. 36–37, 40.

  6. Woodworth, Diário da missão, 27 de junho de 1956; 30 de setembro de 1956; 17 de março de 1957; Charles Woodworth para Marsha Davis, 9 de outubro de 1956; 15 de junho de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; “District News”, p. 3; Muti e Muti, Man of Service, pp. 163–164, 167. Tópicos: Chamados na Igreja; Sociedade de Socorro.

  7. Peterson e Gaunt, Elect Ladies, p. 151; Spafford, Entrevista de história oral, pp. 107–108, 115, 122; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, pp. 309, 345–346. Tópico: Belle S. Spafford.

  8. Derr e outros, First Fifty Years, pp. 24–25; Reeder, “To Do Something Extraordinary”, pp. 150–175; Santos, vol. 2, capítulo 24; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, pp. 174–176; “Rooms Are Assigned in Bishop’s Building”, Deseret Evening News, 30 de outubro de 1909, p. 5; “Physical Needs Met by Vast Construction”, Deseret News, 6 de abril de 1951, p. C2.

  9. Presidência Geral da Sociedade de Socorro para a Primeira Presidência, 6 de agosto de 1945, Arquivos do Edifício da Sociedade de Socorro, Biblioteca de História da Igreja; Primeira Presidência para Belle S. Spafford e conselheiras, 16 de setembro de 1947, Primeira Presidência, Letterpress Copybooks, vol. 139; Belle S. Spafford, Marianne Sharp e Velma Simonsen para as presidentes da Sociedade de Socorro, 21 de outubro de 1947, em Sociedade de Socorro, Atas da Junta Geral, vol. 26, 22 de outubro de 1947, pp. 354A–354B; Spafford, Entrevista de história oral, pp. 108–111, 115; Retail Food Prices by Cities, p. 10.

  10. Coral Webb para Belle S. Spafford, 10 de dezembro de 1947; Genevieve C. Hickison para Junta Geral da Sociedade de Socorro, 19 de fevereiro de 1948; Marena Grigsby para Hilda Richards, 31 de maio de 1948; Holly Fisher para Marianne Sharp, 5 de novembro de 1948, Relief Society Building Fund Files, Biblioteca de História da Igreja; Spafford, Entrevista de história oral, pp. 112–117, 119; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, pp. 309, 319; “Relief Society Building One-Sixth Completed”, Church News, 3 de julho de 1954, p. 1; “Builders Complete Relief Society’s Center”, Salt Lake Tribune, 11 de agosto de 1956, p. 8.

  11. Spafford, Entrevista de história oral, pp. 115, 122; Belle S. Spafford, “A Relief Society Building to Be Erected”, Relief Society Magazine, dezembro de 1945, p. 752; “Builders Complete Relief Society’s Center”, Salt Lake Tribune, 11 de agosto de 1956, p. 8; “A Home of Our Own”, site de História da Igreja, history.ChurchofJesusChrist.org.

  12. Spafford, Entrevista de história oral, p. 123; “Relief Society Building Gifts”, vol. 1, pp. 19, 24, Photographs of Artifacts Donated to the Relief Society Building Fund, Biblioteca de História da Igreja; Relief Society Building Inventory, aproximadamente 1956, Biblioteca de História da Igreja; “Relief Society General Presidency with Gifts for the Relief Society Building”, Relief Society Magazine, agosto de 1956, p. 511.

  13. Heidi S. Swinton e LaRene Gaunt, “The Relief Society Building: A Symbol of Service and Sacrifice”, Ensign, setembro de 2006, pp. 56–57; Lenora Bringhurst para Marianne Sharp, 14 de junho de 1949; Marianne Sharp para Lenora Bringhurst, 22 de junho de 1949, Relief Society Building Fund Files, Biblioteca de História da Igreja; Collette, Hermine Weber, [p. 40]; Hatch, Cziep Family History, p. 201. Tópico: Áustria.

  14. Lenora Bringhurst para Marianne Sharp, 6 de maio de 1949, Relief Society Building Fund Files, Biblioteca de História da Igreja.

  15. Smith, Diário, 3 de outubro de 1956; “Handsome Church Office Building Near Completion”, Deseret Evening News, 24 de março de 1917, seção 2, p. 3; “Grain Saving in the Relief Society”, Relief Society Magazine, fevereiro de 1915, pp. 50–58; Young, Entrevista de história oral, p. 33; Spafford, Entrevista de história oral, pp. 122–123; Belle S. Spafford, “We Built as One”, Relief Society Magazine, dezembro de 1956, p. 801. Tópico: Sede da Igreja.

  16. Camargo, Entrevista de história oral, pp. 13–15; Camargo, Reminiscências, pp. 44–45; Rodriguez, From Every Nation, pp. 132–133.

  17. Hélio da Rocha Camargo, “Meu testemunho”, A Liahona (São Paulo, Brasil), março de 1959, p. 76; Camargo, Entrevista de história oral, p. 14; Sorensen, “Personal History”, p. 173; de Queiroz, Entrevista de história oral [2011], p. 13.

  18. Sorensen, “Personal History”, p. 139; “Estatística da área brasileira”, 1955–1956, Área Brasil Sul, Relatórios estatísticos, Biblioteca de História da Igreja; Departamento Missionário, Relatórios de progresso das missões de tempo integral, janeiro–maio de 1957.

  19. Hélio da Rocha Camargo, “Meu testemunho”, A Liahona (São Paulo, Brasil), março de 1959, p. 76; Camargo, Entrevista de história oral, p. 14; de Queiroz, Entrevista de história oral [1982], pp. 4–6; Sorensen, “Personal History”, pp. 139, 363.

  20. Camargo, Entrevista de história oral, pp. 16–18; de Queiroz, Entrevista de história oral [2011], pp. 13–14; de Queiroz, Entrevista de história oral [1982], pp. 12–14; Grover, “Mormon Priesthood Revelation and the São Paulo, Brazil Temple”, pp. 40–41; Lovell, “Development and the Persistence of Racial Inequality in Brazil”, pp. 397–400. Tópicos: Sacerdócio e restrição ao templo; Segregação racial.

  21. De Queiroz, Entrevista de história oral [1982], pp. 12–14; Spencer W. Kimball, Diário, 1º de maio de 1966; Hélio da Rocha Camargo, “Meu testemunho”, A Liahona (São Paulo, Brasil), março de 1959, pp. 75–76; Hillam, Entrevista de história oral, pp. 6–7, grifo do autor.

  22. Oakes, “Life Sketch of Naomi W. Randall”, p. 11; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, pp. 2–3; Randall, Entrevista [1989], [00:02:36]–[00:04:40]; Naomi Randall para Mildred Pettit, 29 de janeiro de 1957, Collection of Materials pertaining to the Song “I Am a Child of God”, Biblioteca de História da Igreja; Fifty-First Annual Conference of the Primary Association, pp. 27, [62]–[64]. Tópicos: Hinos; Primária.

  23. Oakes, “Life Sketch of Naomi W. Randall”, p. 11; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, pp. 2–3; Randall, Entrevista [1989], [00:03:30]–[00:03:45]; Naomi Randall para Mildred Pettit, 29 de janeiro de 1957, Collection of Materials pertaining to the Song “I Am a Child of God”, Biblioteca de História da Igreja.

  24. Oakes, “Life Sketch of Naomi W. Randall”, p. 11; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, p. 3.

  25. Oakes, “Life Sketch of Naomi W. Randall”, pp. 11–12; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, p. 3; Randall, Entrevista [1976], p. 1.

  26. Oakes, “Life Sketch of Naomi W. Randall”, pp. 11–12; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, p. 4; Randall, Entrevista [1976], p. 1; Associação Primária, Atas da Junta Geral, 31 de janeiro de 1957.

  27. Naomi Randall para Mildred Pettit, 29 de janeiro de 1957; 5 de fevereiro de 1957, Collection of Materials pertaining to the Song “I Am a Child of God”, Biblioteca de História da Igreja.

  28. Fifty-First Annual Conference of the Primary Association, p. 27; Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, pp. 2, 4–5; Naomi Randall para Mildred Pettit, 29 de janeiro de 1957; 5 de fevereiro de 1957, Collection of Materials pertaining to the Song “I Am a Child of God”, Biblioteca de História da Igreja.

  29. Randall, “Heavenly Truth in Words and Music”, pp. 5–6; Lee, Diário, 7 de abril de 1959; Spencer W. Kimball, Diário, 7 de abril de 1959; Lucile Reading para Robert D. Hales, 14 de setembro de 1976, Collection of Materials pertaining to the Song “I Am a Child of God”, Biblioteca de História da Igreja. Posteriormente, a estrofe “Teach me all that I must know” [Ensinai-me tudo o que devo saber] foi mudada para “Teach me all that I must do” [Ensinai-me tudo o que devo fazer] por recomendação de Spencer W. Kimball (Davidson, Our Latter-day Hymns, pp. 303–304).

  30. Hélio da Rocha Camargo, “Meu testemunho”, A Liahona (São Paulo, Brasil), março de 1959, p. 76; Hillam, Entrevista de história oral, pp. 5–7.

  31. Sorensen, “Personal History”, p. 173.

  32. Hélio da Rocha Camargo, “Meu testemunho”, A Liahona (São Paulo, Brasil), março de 1959, p. 76; Camargo, Entrevista de história oral, pp. 16–18.

  33. Hillam, Entrevista de história oral, p. 6; Hillam, Diário missionário, 27 de maio de 1957.

  34. Camargo, Reminiscências, p. 45; Hillam, Entrevista de história oral, p. 6; Camargo, Entrevista de história oral, pp. 14–15; Hélio da Rocha Camargo, Ramo de Vila Mariana, Distrito de São Paulo, Missão Brasileira, Registro de membros, 1957, p. 330, em Brasil (País), parte 3, Coletânea de registros de membros, Biblioteca de História da Igreja.