História da Igreja
Capítulo 32: Nossa força é nossa fé


Capítulo 32

Nossa força é nossa fé

parte externa do Centro de Conferências na Praça do Templo

Em 1º de outubro de 2000, o presidente Hinckley, então com 90 anos, dedicou o Templo de Boston Massachusetts, no leste dos Estados Unidos, e atingiu seu objetivo de ter cem templos em funcionamento até o final daquele ano. Dois meses depois, enquanto os cristãos de todo o mundo se preparavam para celebrar o nascimento do Salvador e o início de um novo milênio, ele dedicou mais dois templos, em Recife e Porto Alegre, no Brasil. Havia mais 19 templos em construção ou em fase de planejamento. Foi o desfecho perfeito de um ano marcado pela dedicação de mais templos do que qualquer outro ano na história da Igreja.

Durante sua vida, o presidente Hinckley testemunhou o crescimento da Igreja, de uma instituição com 400 mil membros, cuja grande maioria morava em Utah, para uma instituição com mais de 11 milhões de membros em 148 países. Em 1910, o ano do nascimento do profeta, a Igreja tinha apenas quatro templos, e a investidura estava disponível apenas em inglês. Naquele momento, os templos da Igreja podiam ser encontrados em todo o mundo, e a investidura estava disponível em dezenas de idiomas. A mudança inspirada no design do templo ajudou a tornar isso possível.

Mas os templos não eram as únicas construções que o presidente Hinckley tinha em mente. Já havia algum tempo que ele manifestava sua preocupação por achar que o Tabernáculo de Salt Lake não era grande o suficiente para acomodar todos os que quisessem participar pessoalmente da conferência geral. Então, ele mandou construir um novo salão de reuniões com uma capacidade três vezes maior do que a do tabernáculo. O Centro de Conferências, construído ao norte da Praça do Templo e dedicado em outubro de 2000, é uma maravilha da engenharia e deixou o profeta encantado.

Sob a liderança do presidente Hinckley, a Igreja também continuou a adotar novas tecnologias. Pouco tempo depois de se tornar presidente da Igreja, ele aprovou a criação de um site para os usuários da internet consultarem as escrituras, o testemunho de Joseph Smith e os discursos da conferência geral. No final do ano 2000, o site www.lds.org incluía cópias digitais das escrituras, 30 anos de revistas da Igreja, “A Família: Proclamação ao Mundo” e “O Cristo Vivo: O Testemunho dos Apóstolos”.

Embora o presidente Hinckley tenha visto um grande potencial na internet como uma força para o bem, ele também observou o mal presente nela. A pornografia era um problema grave. “Não mexa nisso!”, ele implorou. “Fuja dela como se fosse uma praga, porque é igualmente mortal.” Ele também condenou o abuso físico e sexual e pediu aos líderes da Igreja que ajudassem a entregar os perpetradores à justiça.

O profeta ainda estava preocupado com o número de santos que se afastaram da Igreja. Sob sua direção, os missionários estavam dando maior ênfase à conversão antes do batismo, e os líderes da missão e da estaca estavam se reunindo em novos conselhos de coordenação para discutir como ministrar melhor aos membros novos. Embora o presidente Hinckley estivesse preocupado porque a frequência à reunião sacramental não estava aumentando, ele se sentiu encorajado pelos esforços de retenção dos santos em todo o mundo.

Na aurora do novo milênio, ele depositava esperança na nova geração. Era cada vez maior o número de pessoas que iam para missões e se casavam na Casa do Senhor. Ele também percebeu que eles eram mais instruídos do que as gerações anteriores.

Como presidente da Igreja, ele buscava novas maneiras de ajudar os jovens santos a obter a educação e o treinamento profissional de que precisavam. No início daquele ano, durante uma reunião da Junta Educacional da Igreja, ele sentiu o Espírito lhe dizer que o Ricks College, uma instituição com cursos de dois anos, deveria se tornar uma universidade com cursos de quatro anos que se chamaria BYU–Idaho. Tal mudança daria a muito mais jovens santos dos últimos dias a oportunidade de frequentar uma universidade da Igreja.

No dia seguinte, o presidente Hinckley apresentou a ideia aos apóstolos, que a aprovaram por unanimidade. Em seguida, ele se aconselhou com David A. Bednar, reitor do Ricks College, e eles decidiram que a nova universidade deveria se concentrar no ensino e no uso de aulas on-line para aumentar o número de alunos matriculados na escola.

O profeta não perdeu tempo e anunciou a mudança. “Ela se tornará uma grande instituição”, declarou ele.

Ultimamente, ele também pensava muito nas moças e nos rapazes das nações em desenvolvimento, especialmente nos ex-missionários. Diante da pobreza, do baixo nível educacional e da ausência de perspectivas de emprego, eles às vezes ficavam desanimados e se afastavam da Igreja. Por incentivo dele, o Bispado Presidente começou a desenvolver um novo programa para fornecer pequenos empréstimos aos santos do mundo todo a fim de ajudá-los a pagar uma escola profissionalizante ou uma universidade. À semelhança do Fundo Perpétuo de Emigração, o programa da Igreja para ajudar milhares de santos europeus a se reunirem em Utah nos anos 1800, o presidente Hinckley planejou chamá-lo de Fundo Perpétuo de Educação.

“Sinto que esse programa é inspirado e pode abençoar a vida de muitos rapazes e moças”, escreveu ele. “Suas perspectivas podem ser ampliadas e suas ambições estimuladas.”

Em novembro, o presidente Hinckley realizou um devocional com transmissão especial para os jovens da Igreja. Para ajudá-los a se tornarem discípulos melhores de Jesus Cristo, ele os convidou a aprenderem e praticarem seis princípios básicos:

  1. Seja grato.

  2. Seja inteligente.

  3. Seja puro.

  4. Seja fiel.

  5. Seja humilde.

  6. Ore sempre.

Cerca de um mês depois, perto do fim do ano, ele refletiu sobre sua vida e a bondade de Deus. Embora o corpo do profeta estivesse cansado, seu espírito brilhava com paz e contentamento. “Meu sentimento é de profunda gratidão a meu Pai Celestial e a Seu Filho Amado”, registrou em seu diário, em 31 de dezembro de 2000. “Agora estamos ansiosos pelo novo ano.”


Dois meses depois, em 26 de fevereiro de 2001, Darius Gray e Marie Taylor estavam sentados em um auditório lotado na Biblioteca de História da Família, em Salt Lake City. Lá na frente, o apóstolo Henry B. Eyring estava falando para mais de cem repórteres e convidados especiais sobre o projeto do Banco Freedman.

Após 11 anos de trabalho, Darius, Marie e mais de 550 voluntários da Prisão Estadual de Utah terminaram de extrair as informações sobre todos os 484.083 afro-americanos citados nos registros. Recentemente, a Igreja havia começado a fornecer apoio técnico e financeiro ao projeto, e as informações agora podiam ser pesquisadas e estavam disponíveis para os pesquisadores em CD-ROM e em qualquer um dos centros de história da família da Igreja.

“Para os afro-americanos, os registros do Banco Freedman representam o maior repositório de documentos ligados à sua linhagem de que se tem conhecimento”, anunciou o élder Eyring. “Em um futuro próximo, esperamos também disponibilizar o banco de dados gratuitamente no site de genealogia da Igreja, FamilySearch.org.”

Nos dias que antecederam o anúncio, Darius havia se reunido com líderes do Departamento de História da Família para planejar o lançamento do banco de dados. “Vamos fazer isso”, pensou ele. “Vai acontecer.”

O destino do projeto não tinha sido sempre claro. No início, conseguir nomes para o trabalho no templo havia se tornado o aspecto motivador do projeto. No entanto, em meados da década de 1990, a Igreja começou a aconselhar ativamente as pessoas a não enviarem nomes de pessoas sem parentesco para o templo. A mudança foi uma medida importante e necessária para respeitar as famílias dos falecidos, mas causou a paralisação do projeto. Como resultado, Darius e Marie passaram a se concentrar na criação de uma ferramenta de pesquisa para ajudar os afro-americanos a encontrar seus antepassados.

Os detentos terminaram de extrair os nomes em outubro de 1999. Depois disso, eles verificaram cuidadosamente suas transcrições e, apesar de um confinamento de três semanas na prisão, concluíram o trabalho em meados de julho de 2000.

Um detento que ajudou a coordenar o projeto ficou emocionado quando eles terminaram. Ele não esperava que o trabalho o afetasse tanto. Ele havia lido registros desoladores de pais e mães escravizados que foram levados para longe de sua família. Outros registros mencionavam pessoas que haviam sido mortas a tiros. Um registro que ele encontrou falava de um bebê escravizado sem nome que havia sido trocado por equipamentos agrícolas.

Muitos detentos tiveram experiências semelhantes que mudaram a vida deles. Em uma ocasião, o coordenador se aproximou de um voluntário que chorava. “Não dá para acreditar no tratamento dado a essas pessoas”, disse o preso. O coordenador colocou a mão no ombro do voluntário e percebeu que o homem tinha uma tatuagem com as iniciais de um grupo de supremacia branca.

Agora que os dados haviam sido extraídos, Darius e Marie precisavam encontrar uma maneira de torná-los amplamente disponíveis para os pesquisadores, uma tarefa para a qual não tinham recursos. Um site popular de genealogia fez uma oferta para comprar os dados por dezenas de milhares de dólares, mas Darius e Marie recusaram, achando que seria errado lucrar com o trabalho dos detentos. Em vez disso, eles doaram tudo para a Igreja em troca de disponibilizá-los para qualquer pessoa que quisesse consultá-los.

No evento de lançamento do CD-ROM, que foi transmitido para Washington, D.C., e 11 outras cidades dos Estados Unidos, Darius e Marie falaram sobre o projeto. Darius reconheceu que os registros contavam muitas histórias dolorosas e perturbadoras. “Acho que muitas vezes temos medo de falar sobre questões raciais”, disse ele aos repórteres, “mas a questão racial é uma realidade. Devemos compartilhar a história juntos”.

Ele acreditava que a família era o coração do projeto. “Isso nos mostra como a família era importante”, disse ele. “Mesmo no ambiente hostil da escravidão, as pessoas se esforçavam para manter contato. Elas se esforçaram, mantiveram o contato umas com as outras.”

Marie concordou. “Quando descobri os registros do Banco Freedman”, disse ela, “imaginei os afro-americanos quebrando as correntes da escravidão e forjando os elos das famílias”. Ela esperava que os registros continuassem a reunir as famílias.

“É isso que importa”, disse ela.


Quando Felicindo Contreras foi chamado para servir como bispo em Santiago, no Chile, sua esposa, Veronica, foi dispensada do cargo de presidente da Sociedade de Socorro da ala. Mas ela logo recebeu um novo chamado: professora do seminário e do instituto da estaca.

Por muitos anos, os institutos de religião da Igreja geralmente funcionavam perto dos campi universitários nos Estados Unidos. Mas, no início da década de 1970, os líderes do Sistema Educacional da Igreja começaram a adaptar o instituto para operar em estacas de todo o mundo. A mudança permitiu que todos os jovens adultos da Igreja, e não apenas os universitários, se beneficiassem do programa. Os administradores regionais do SEI supervisionavam as aulas, e as estacas disponibilizavam os professores.

No Chile, a educação religiosa durante a semana funcionou por algum tempo em mais de uma dezena de escolas primárias e secundárias administradas pela Igreja. Mas custava caro para a Igreja manter escolas em todos os países onde havia membros, e a política da Igreja determinava que, assim que os santos tivessem acesso a escolas seculares adequadas, as escolas da Igreja seriam fechadas. Em 1981, a Igreja fechou sua última escola no Chile e passou a contar apenas com o seminário e o instituto para fornecer educação religiosa aos santos.

Alguns estudos mostravam que os alunos do instituto tinham muito mais probabilidade de permanecer ativos na Igreja do que aqueles que não frequentavam. No entanto, no Chile, apenas um em cada cinco jovens adultos santos ativos estava inscrito. Na época do chamado de Veronica, apenas três ou quatro alunos da estaca frequentavam regularmente o instituto.

Veronica acreditava que as aulas do instituto desempenhavam um papel fundamental para ajudar os jovens a se aproximarem de Deus. Ela começou a falar do instituto para todos os jovens adultos — e pais de jovens adultos — que encontrava na igreja. Ela também visitou os bispos de cada ala, pedindo que eles convidassem os jovens a participar das aulas. Muitos bispos a apoiaram, principalmente depois que ela falou de suas convicções sobre a importância do instituto. Em pouco tempo, mais de 50 alunos já faziam parte do instituto.

Como muitos alunos vinham direto do trabalho ou da escola, muitas vezes não tinham tempo para fazer uma refeição antes do início da aula. Preocupada com a possibilidade de não conseguirem se concentrar nas aulas se estivessem com fome, Veronica se certificava de que os alunos tivessem algo para comer quando chegavam. Em geral, ela providenciava uma fatia de bolo ou um pequeno lanche para eles. Em outras ocasiões, ela preparava algo mais substancial, como um churrasco ou alguma outra refeição. Mas ela nunca dizia aos alunos qual a comida que havia preparado, na esperança de que o mistério os incentivasse a ir à aula.

No início do ano, ela perguntava aos alunos o que eles queriam aprender. Com base nos comentários deles, ela dava aulas sobre as obras-padrão, preparação para o templo e para a missão e sobre o casamento eterno.

Usando os manuais do instituto como ponto de partida, Veronica preparava as aulas em espírito de oração, buscando maneiras de abordar as dificuldades cotidianas dos alunos. Ela gostava de analisar as escrituras versículo por versículo para incentivar os alunos a refletirem profundamente sobre a vida e os ensinamentos das pessoas e dos profetas que estudavam. Ela também encorajava os jovens a fazerem perguntas.

“Se eu não souber a resposta para alguma pergunta ou dúvida que você tenha”, ela dizia, “vou pesquisar e dou a resposta depois, ou então vamos pesquisar juntos”.

À medida que a turma do instituto crescia, os alunos acabaram se tornando um grupo muito unido. Eles gostavam de passar tempo com ela e em companhia uns dos outros. Às vezes, quando estavam lidando com problemas pessoais, os alunos a procuravam para pedir conselhos. Ela sempre os incentivava a resolverem seus problemas com as pessoas certas.

“Veja bem”, ela lhes dizia, “você deve falar com seu bispo ou com seu pai ou sua mãe, porque, se há um problema em casa, você deve resolvê-lo em casa. E, se não tiver solução, vá conversar com seu bispo. É o melhor a fazer”.

Verônica percebia que seus alunos enfrentavam desafios. Naquela época, a economia do Chile estava em crise, e muitos jovens se perguntavam como poderiam arcar com os custos de frequentar a escola, de um casamento e de manter uma família. Um cartaz na parede da sala de Veronica dizia “Fé a cada passo”, e ela acreditava que agir com fé e aplicar os ensinamentos de Jesus Cristo na vida cotidiana produziria bons resultados.

“Sempre teremos pedras no caminho”, dizia ela aos alunos. “Mas sempre vamos ter a mão do Senhor para nos ajudar.”


Em maio de 2001, Seb Sollesta deixou sua casa na cidade de Iloilo, nas Filipinas, para viver e trabalhar nos Estados Unidos — um sonho que ele tinha desde a faculdade. Ele tinha amigos e parentes das Filipinas que já haviam se mudado para os EUA e tinham uma vida feliz e bem-sucedida. “Quem sabe eu também consiga realizar esse sonho”, ele pensava.

Sua esposa, Maridan, não gostava da ideia de ele sair de casa para se mudar para o outro lado do mundo. “Seu sonho é só seu”, ela lhe dissera. “Não é meu sonho.” Eles tinham três filhos adolescentes para criar, tinham que administrar uma empresa farmacêutica e cumprir os chamados da Igreja. Ela não entendia por que ele queria ir embora.

“Você precisa pensar nisso com muita sabedoria”, ela o aconselhara. “Como marido e esposa, precisamos viver sob o mesmo teto em uma única casa.”

No entanto, sem querer atrapalhar o sonho de Seb, Maridan acabou concordando com a mudança. Ambos sabiam que muitos casais filipinos viviam separados, ou seja, um dos cônjuges ficava nas Filipinas enquanto o outro trabalhava no exterior. Por que eles não poderiam fazer a mesma coisa?

Nos Estados Unidos, Seb foi morar com seu tio em Long Beach, na Califórnia, uma cidade na costa oeste do país. Ele encontrou um emprego no turno da noite em um hospital próximo. O horário noturno era difícil e o trabalho era desafiador, mas pagava bem e Seb gostava do trabalho.

Nos fins de semana, ele frequentava a ala local e depois visitava parentes com seu tio. Ele gostava de fazer novos amigos e de conviver com seus familiares. Mas ele também se sentia sozinho e sentia falta de sua esposa e seus filhos. Ele e Maridan tentavam se falar por telefone todos os dias, mas isso custava caro. A fim de fazer uma ligação de longa distância para as Filipinas, ele tinha que usar cartões telefônicos que custavam dez dólares por hora.

Depois de trabalhar cinco meses na Califórnia, Seb começou a pensar seriamente em voltar para as Filipinas. Seu visto expiraria em breve e, se ele quisesse continuar trabalhando nos Estados Unidos, precisaria prorrogá-lo. Durante algum tempo, ele havia pensado em trazer Maridan e os filhos para morar com ele, talvez definitivamente, quando tivesse dinheiro suficiente. Mas Maridan não estava interessada em morar nos Estados Unidos, e ele não queria ficar lá sem sua família.

Na manhã de 11 de setembro de 2001, grupos extremistas violentos sequestraram três aviões comerciais no leste dos Estados Unidos e os colidiram contra prédios na cidade de Nova York e na área de Washington, D.C. Um quarto avião caiu em um campo depois que os passageiros enfrentaram os sequestradores. Os ataques mataram quase 3 mil pessoas e provocaram indignação e medo generalizados. Enquanto as pessoas em todo o mundo se lamentavam, os Estados Unidos e seus aliados prometeram uma “guerra ao terror” contra o grupo militante por trás dos ataques.

Enquanto Seb assistia à cobertura da tragédia no noticiário da televisão, começou a não se sentir mais seguro no lugar onde estava. Ele queria ficar com sua esposa e seus filhos. Seus filhos estavam em uma idade vulnerável. Eles precisavam de alguém para guiá-los e fortalecê-los enquanto cresciam. Ele precisava ficar em casa com eles e com a mãe deles.

Alguns dias depois dos atentados, Seb pegou um voo para as Filipinas. Ele estava voltando antes do previsto, mas não se arrependia. A verdadeira felicidade, ele agora percebia, não vinha do sucesso no mundo. Vinha da família.


Quase um mês depois dos ataques de 11 de setembro, o presidente Hinckley falou aos santos na conferência geral sobre o conflito crescente. “Vivemos em uma época em que homens cruéis fazem coisas terríveis e desprezíveis”, ele declarou. “Nossa força é a fé que temos no Todo-Poderoso. Nenhuma causa sob os céus pode interromper o progresso da obra de Deus. A adversidade pode nos mostrar seu rosto vil. O mundo pode ser assolado por guerras e rumores de guerra, mas, ainda assim, esta causa seguirá em frente.”

“E, ao prosseguirmos”, ele continuou, “que abençoemos a humanidade estendendo a mão para todos, erguendo os que estão abatidos e oprimidos, vestindo e alimentando o necessitado e o faminto, expressando amor e companheirismo para aqueles a nossa volta que porventura não façam parte desta Igreja.”

Alguns meses depois, Salt Lake City sediou os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, um evento que o presidente Hinckley esperava havia vários anos. Apesar dos recentes ataques terroristas, os jogos trouxeram um número sem precedentes de visitantes internacionais para Utah, incluindo milhares de jornalistas ansiosos para fazer perguntas sobre a cultura e o patrimônio religioso da cidade. O presidente Hinckley estabeleceu um precedente para o apoio comunitário da Igreja ao anunciar publicamente que os missionários não pregariam para os turistas das Olimpíadas. Mesmo assim, a Igreja tomou medidas para ajudar os repórteres e outros visitantes a conhecerem os santos.

Em outubro de 2001, os líderes da Igreja lançaram um novo site criado com o objetivo de responder a perguntas básicas sobre as crenças e práticas da Igreja. Durante os jogos, a Igreja também montou um centro de mídia no Edifício Memorial Joseph Smith para os jornalistas. Qualquer pessoa que tivesse interesse em conhecer a Igreja e seus ensinamentos poderia assistir ao espetáculo Luz do Mundo, uma apresentação centralizada em Cristo que narrava a história da Igreja e a mensagem do evangelho restaurado, realizada quatro dias por semana no Centro de Conferências.

Após os eventos de 11 de setembro, a segurança passou a ser uma grande preocupação nos jogos. Foram adotadas rigorosas medidas de segurança para proteger cada local das Olimpíadas, mas os organizadores se esforçaram para preservar o espírito comunitário de uma cidade-sede das Olimpíadas. Para ajudar os jogos a transcorrer sem problemas, a Igreja forneceu recursos ao Comitê Olímpico de Salt Lake, estacionamentos para o público e uma série de serviços. O Coro do Tabernáculo se apresentou diante de um público de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo durante as cerimônias de abertura. E muitos santos, inclusive ex-missionários, que serviram como tradutores, contribuíram oferecendo seu tempo como voluntários.

Depois que os jogos terminaram, o profeta refletiu sobre a experiência em seu diário. “A Igreja foi grandemente abençoada por essas olimpíadas”, escreveu ele. “Não fizemos proselitismo diretamente, mas fizemos amigos e admiradores em todo o mundo. Pessoas que praticamente nunca tinham ouvido falar de nossa Igreja agora nos conhecem um pouco.”

Ele pensou nos muitos dignitários, chefes de estado e líderes empresariais que vieram à cidade para os jogos. Essas pessoas o lembraram de uma profecia de Brigham Young, que disse que Salt Lake City se tornaria uma “grande estrada das nações”, um lugar que seria visitado por reis e imperadores.

“A profecia foi cumprida pelo que observamos nas duas últimas semanas”, escreveu o presidente Hinckley. “Agora vamos retomar nossa vida normal e voltar ao trabalho.”

  1. Romney e Cowan, Colonia Juárez Temple, pp. 158–160, 173; Departamento de Templos, relatórios anuais, 2000, pp. 1, 10; David E. Sorensen para a Primeira Presidência, 25 de abril de 2001, Departamento de Templos, relatórios anuais, 2000; Gordon B. Hinckley, “Novos templos irão proporcionar as ‘mais altas bênçãos’ do evangelho”, A Liahona, julho de 1998, p. 98; Departamento de Templos, atas dos locais de templos, 9 de dezembro de 1999. Tópico: Construção de templos

  2. Deseret News 1991–1992 Church Almanac, p. 243; Deseret News 1997–1998 Church Almanac, p. 530; Plewe, Mapping Mormonism, pp. 132–133; Cowan, Church in the Twentieth Century, p. 223; Proclaiming the Gospel: 2000 Annual Report, p. 27; Gordon B. Hinckley, “Este grande ano milenar”, A Liahona, janeiro de 2001, p. 80; Departamento de Templos, relatórios anuais, 2000, p. 4. Tópico: Investidura do templo

  3. Hinckley, diário, 6 de fevereiro de 1995; 6 de abril de 1996; 16 de abril de 1997; 24 de julho de 1997; 17 de setembro de 1999; Gordon B. Hinckley, “Este grande ano milenar”, A Liahona, janeiro de 2001, p. 80. Tópico: Conferência geral

  4. F. Michael Watson para Jeffrey R. Holland, 7 de novembro de 1996; F. Michael Watson para M. Russell Ballard, 10 de agosto de 2000; F. Michael Watson para Dallin H. Oaks, 2 de novembro de 2000, Correspondências da Primeira Presidência, comitês, departamentos e organizações, Biblioteca de História da Igreja; Sheila Sanchez, “LDS Church’s Official Web Site Up and Running”, Daily Herald, Provo, UT, 15 de fevereiro de 1997, A4; Sarah Jane Weaver, “Church Enters World Wide Web ‘Carefully and Methodically’”, Church News, 1º de março de 1997, p. 6; A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (website), www.LDS.org, captura [11:40:23], 12 de abril de 1997, arquivado em Wayback Machine, web.archive.org. Tópico: Era da informação

  5. Gordon B. Hinckley, discurso, Conferência Regional de Jordan Utah Sul, reunião de liderança do sacerdócio, 1º de março de 1997, Discursos de Gordon B. Hinckley, Biblioteca de História da Igreja; Church Handbook of Instructions, Book 1, 1998, pp. 95–96, 157–158; Boyd K. Packer para autoridades gerais e outros, 1º de dezembro de 1997, Conselho Executivo do Sacerdócio, atas, Biblioteca de História da Igreja; Preventing and Responding to Spouse Abuse; Responding to Abuse.

  6. Boyd K. Packer para autoridades gerais e outros, 13 de janeiro de 1998; 15 de abril de 1998, Quórum dos Doze Apóstolos, cartas circulares, Biblioteca de História da Igreja; Primeira Presidência para autoridades gerais e outros, 19 de junho de 1998, Primeira Presidência, cartas circulares, Biblioteca de História da Igreja; “Members: Key to Missionary Success”, Church News, 27 de fevereiro de 1999, pp. 3, 12.

  7. Relatório de área agregada, 16 de outubro de 2000, p. 1, Conselho Executivo Missionário, materiais de reunião, Biblioteca de História da Igreja; Gordon B. Hinckley, discurso, Treinamento de autoridade geral, 30 de março de 2000; Gordon B. Hinckley, discurso, Treinamento de autoridade geral/da área, 3 de outubro de 2000, Discursos de Gordon B. Hinckley, Biblioteca de História da Igreja; Departamento Missionário, Relatório missionário, 2000, pp. 1, 19, Conselho Executivo Missionário, materiais de reunião, Biblioteca de História da Igreja.

  8. Gordon B. Hinckley, “Seu maior desafio, mãe”, 23 de setembro de 2000; Gordon B. Hinckley, Conferência de imprensa, 21 de junho de 2000, Discursos de Gordon B. Hinckley, Biblioteca de História da Igreja; Hinckley, diário, 10–11 de maio de 2000 e 7 de agosto de 2001; Rachel Sterzer Gibson, “An Approach to Educating Disciples”, Church News, 21 de agosto de 2021, pp. 13–14. Tópico: Universidades da Igreja

  9. Hinckley, diário, 2 de junho de 1999; 26 de novembro de 2000; 6 de dezembro de 2000; Monson, diário, 11 de fevereiro de 1999; 1º de setembro de 1999; 25 de fevereiro de 2000; 28 de junho de 2000; 12 e 27 de outubro de 2000; 6 de dezembro de 2000; Gordon B. Hinckley, entrevista por Paul Cobb, 28 de novembro de 2000, Discursos de Gordon B. Hinckley, Biblioteca de História da Igreja; Gordon B. Hinckley, “Fundo Perpétuo para Educação”, A Liahona, julho de 2001, p. 60.

  10. Gordon B. Hinckley, “A Prophet’s Counsel and Prayer for Youth”, 12 de novembro de 2000, Discursos de Gordon B. Hinckley, Biblioteca de História da Igreja.

  11. Hinckley, diário, 31 de dezembro de 2000. Tópico: Gordon B. Hinckley

  12. Jason Swensen, “Freedman’s Bank”, Church News, 3 de março de 2001, p. 3; Bob Mims, “Rich Lode of Black History Opens”, Salt Lake Tribune, 27 de fevereiro de 2001, B1, B3; “Introductory Remarks for Elder Christofferson: Freedman’s Bank Announcement”, por volta de 26 de fevereiro de 2001, pp. 1–2, Relatórios do Departamento de História da Igreja, Biblioteca de História da Igreja; Gray, entrevista de história oral, pp. 228, 238–240, 299; Henry B. Eyring, “Freedman’s Bank Records Announcement”, por volta de 26 de fevereiro de 2001, pp. 1–2, Relatórios do Departamento de História da Igreja, Biblioteca de História da Igreja; Gray, entrevista, outubro de 2022, p. 13; Mae Gentry, “Blacks Gain Cyberlink to Ancestry”, Atlanta Constitution, 27 de fevereiro de 2001, A1, A15.

  13. Gray, entrevista de história oral, p. 239; Conselho Executivo de Templos e História da Família, atas, 30 de agosto de 2000; Henry B. Eyring, “Freedman’s Bank Records Announcement”, por volta de 26 de fevereiro de 2001, p. 2, Relatórios do Departamento de História da Igreja, Biblioteca de História da Igreja.

  14. Gray, entrevista de história oral, pp. 237, 239.

  15. Nelson, Elijah Abel Freedman’s Bank Project, pp. 6, 8–9; Monte Brough para Ernest Michel e Herbert Kronish, 11 de abril de 1995, em Monte Brough para Wilford Kirton Jr., 19 de abril de 1995; F. Michael Watson para Conselho Executivo de Templos e História da Família, 27 de abril de 1995; Monte Brough para Russell M. Nelson, memorando, 5 de maio de 1995, Conselho Executivo de Templos e História da Família, materiais de reunião, Biblioteca de História da Igreja; “Names Submitted for Temple Ordinances”, p. 1; Primeira Presidência para todos os membros da Igreja, 16 de junho de 1995, Primeira Presidência, cartas circulares, Biblioteca de História da Igreja. Tópico: Batismo pelos mortos

  16. Nelson, Elijah Abel Freedman’s Bank Project, p. 13; John L. Hart, “Freedman’s Bank Project Left an Impact on Inmates”, Church News, 24 de março de 2001, p. 5.

  17. Gray, entrevista de história oral, pp. 238–239, 300.

  18. Jason Swensen, “Freedman’s Bank” e “Bank Records Open Picture to the Past, Re-connect Families”, Church News, 3 de março de 2001, pp. 3–4; “Freedman’s Bank Records Release: Summary of Report”, 5 de maio de 2001, p. 1, em “Freedman’s Bank Records”; resumos das áreas, em “Freedman’s Bank Records”.

  19. Gray, entrevista de história oral, pp. 240–241; “Bank Records Open Picture to the Past, Re-connect Families”, Church News, 3 de março de 2001, p. 4.

  20. Jason Swensen, “Freedman’s Bank”, Church News, 3 de março de 2001, p. 3. Tópico: História da família e genealogia

  21. Contreras e Contreras, entrevista de história oral, 16 de outubro de 2020, pp. 9–10; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 3–5.

  22. Griffiths, “Globalization of Latter-day Saint Education”, pp. 13, 116–125, 237–248; By Study and Also by Faith, pp. 228–229, 234, 236–237, 255–256, 270, 285–287. Tópicos: Academias da Igreja; Seminários e Institutos

  23. Junta Educacional, atas da reunião da Junta Educacional da Igreja, 28 de maio de 1997; “Pilot Report and Recommendations”; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, 16 de outubro de 2020, pp. 9–10; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, janeiro de 2023, p. 8; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 5–8.

  24. Cancino, entrevista de história oral, pp. 5–7; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 5–8; Contreras e Contreras, entrevista de história oral, dezembro de 2023, pp. 10–11.

  25. Contreras e Contreras, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 8–11; Cancino, entrevista de história oral, p. 6.

  26. Sollesta e Sollesta, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 2–7; Sollesta, entrevista de história oral, 2 de março de 2022, pp. 21–22; Sollesta e Sollesta, entrevista de história oral, março de 2023, pp. 1–2; “New Stake Presidencies”, Church News, 19 de abril de 1997, p. 13; Sollesta e Sollesta, entrevista por e-mail.

  27. Sollesta e Sollesta, entrevista de história oral, abril de 2023, pp. 2–7; Boyle, “War on Terror”, pp. 191–209.

  28. Gordon B. Hinckley, “Viver na plenitude dos tempos”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 4.

  29. Hinckley, diário, 16 de junho de 1995; 13 de janeiro de 1998; 29 de maio de 2001; Haws, “Why the ‘Mormon Olympics’ Didn’t Happen”, pp. 365–387; Shipps, “Mormonism and the Olympic Games”, pp. 134–139. Tópico: Relações públicas

  30. Dallin H. Oaks, “Compartilhar o evangelho”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 7; Charles Didier para Conselho Executivo Missionário, 3 de janeiro de 2002, em Conselho Executivo Missionário, atas, 9 de janeiro de 2002; Shipps, “Mormonism and the Olympic Games”, p. 136; Hinckley, diário, 2 de fevereiro de 2001; R. Scott Lloyd, “A Musical Celebration of Light, Life”, Church News, 26 de janeiro de 2002, p. 6; Celia R. Baker, “‘Light of the World’ a Bit Confusing but Splashy”, Salt Lake Tribune, 7 de fevereiro de 2002, B3. Tópico: Sede da Igreja

  31. Hinckley, diário, 29 de junho de 1999; 29 de maio de 2001; 7 e 11 de fevereiro de 2002; Haws, “Why the ‘Mormon Olympics’ Didn’t Happen”, pp. 365–387; Shaun D. Stahle, “Thousands Enlist as Volunteers”, Church News, 2 de fevereiro de 2002, p. 5; Barbara Jean Jones, “Church Joins Salt Lake City in Welcoming the World”, Ensign, abril de 2002, pp. 75–76; Peggy Fletcher Stack, “News Media Put LDS at Center Stage”, Salt Lake Tribune, 28 de fevereiro de 2002, A6; Sarah Jane Weaver, “Olympics Earn Friends and Respect for Church”, Church News, 2 de março de 2002, p. 3. Tópico: Coro do Tabernáculo

  32. Hinckley, diário, 24 de fevereiro de 2002; Brown, Life of a Pioneer, p. 122.