Capítulo 36
Prosseguir com firmeza
O presidente Gordon B. Hinckley faleceu serenamente na noite de 27 de janeiro de 2008. Nos momentos finais da enfermidade do profeta, sua família e amigos estiveram ao seu lado em Salt Lake City. O presidente Thomas S. Monson, que havia servido com ele na Primeira Presidência por mais de duas décadas, fez-lhe uma visita algumas horas antes de sua morte e o abençoou.
Seis dias depois, 16 mil pessoas se reuniram no centro de conferências para o funeral do profeta. Muitas outras acompanharam a despedida na TV da BYU, no site da Igreja e nas capelas ao redor do mundo.
Durante a cerimônia, o presidente Monson falou de como ele e o presidente Hinckley compartilharam muitas alegrias, risos e tristezas ao longo da vida. “Ele era uma ilha de calmaria em um mar tempestuoso”, relembrou o presidente Monson. “Ele nos consolava e acalmava quando as condições do mundo eram amedrontadoras. Ele nos guiou sem se desviar do caminho que nos conduz de volta ao nosso Pai Celestial.”
Os santos se lembravam do presidente Hinckley como um profeta peregrino, que andou pelo mundo construindo templos. Ele tinha viajado mais de um milhão de quilômetros para visitar os santos de todas as partes do mundo, mais do que qualquer outro presidente da Igreja. Ele também expandiu o uso de tecnologias digitais e de satélite para alcançar os santos onde quer que eles vivessem. Agora, a Igreja é capaz de transmitir a conferência geral em 80 idiomas. Em 2003, o presidente Hinckley iniciou as transmissões de liderança mundial, permitindo que os líderes da Igreja treinassem muitos santos sem precisar se deslocar de onde estavam. A mesma tecnologia possibilitou a realização de grandes conferências regionais e nacionais, algumas envolvendo mais de 80 estacas ao mesmo tempo.
Durante sua presidência, o número de templos em funcionamento mais que dobrou, de 47 para 124. Entre os templos que ele havia edificado, estava a reconstrução do Templo de Nauvoo, que havia sido destruído alguns anos após a sua dedicação em 1846.
Os novos templos permitiram que um número maior de pessoas tivesse mais contato com as ordenanças sagradas e os convênios, algo sem precedentes. Em agosto de 2005, por exemplo, 42 santos de Camarões tinham que viajar mais de 800 quilômetros para chegar ao templo recém-dedicado em Aba, na Nigéria. As chuvas tornavam as viagens difíceis pelas estradas não pavimentadas, mas os santos seguiam em frente, mesmo quando precisavam empurrar as vans alugadas em meio ao denso lamaçal. Embora a vagarosa jornada fosse muitas vezes difícil, era mais curta e mais acessível do que uma viagem aos templos em Gana e na África do Sul. E os santos camaronenses se alegravam ao receberem sua investidura e as bênçãos do selamento.
O presidente Hinckley sentia-se grato por ter sido parte da propagação das bênçãos da casa do Senhor para tantas pessoas. Ele acreditava que os templos serviam a um único propósito. “Em seus altares, ajoelhamo-nos perante Deus, nosso Criador, e recebemos a promessa de Suas bênçãos eternas”, dizia ele. “Entramos em comunhão com Deus e refletimos sobre Seu Filho, nosso Salvador e Redentor, o Senhor Jesus Cristo, que serviu como procurador para cada um de nós em um sacrifício vicário realizado em nosso favor.”
Desde sua missão na Inglaterra na década de 1930, o presidente Hinckley havia nutrido um grande amor pelos santos europeus. E o afastamento dos europeus da Igreja nas últimas décadas o entristeceu. Para fornecer apoio, ele incentivou a criação de “centros de convivência”, onde jovens solteiros poderiam se reunir para se socializar e compartilhar da fé em Jesus Cristo. Entre 2003 e 2007, mais de 70 centros semelhantes foram abertos em toda a Europa, resultando em muitos novos convertidos, reativações e casamentos do templo.
O presidente Hinckley também transformou as relações públicas da Igreja. Sob a sua supervisão, a Igreja criou seu próprio site, alimentando-o com mensagens centralizadas em Cristo e materiais de treinamento, além de estabelecer uma imprensa on-line para repórteres e demais interessados obterem informações precisas sobre a nossa fé.
Ele também teve uma expressiva presença na mídia em geral, aceitando entrevistas televisionadas com jornalistas de destaque e escrevendo livros para as principais editoras. Em 2001, ele lançou o Joseph Smith Papers Project [Projeto: Documentos de Joseph Smith], que teve como objetivo publicar on-line todos os documentos do profeta e em volumes acadêmicos que pudessem ser encontrados em bibliotecas em todo o mundo.
Para o presidente Monson, dentre as inúmeras inovações do presidente Hinckley, o Fundo Perpétuo de Educação é a que abençoaria mais vidas. Já havia beneficiado quase 30 mil estudantes em 40 países.
“Quão milagroso é tirar os jovens da pobreza e ajudá-los a entrar no mercado de trabalho”, refletiu o presidente Monson em seu diário. “É um sonho realizado que superou nossos mais afetuosos desejos e expectativas. Além disso, é uma fonte de contribuição valiosa para aqueles que desejam promover a educação em muitas partes do mundo onde a educação não chega aos pobres.”
No dia seguinte ao funeral, Boyd K. Packer, o segundo apóstolo mais antigo, ordenou e designou o presidente Monson como o novo presidente da Igreja. O presidente Monson ligou para Henry B. Eyring, anteriormente segundo conselheiro do presidente Hinckley, para que ele se tornasse agora o seu primeiro conselheiro, e Dieter F. Uchtdorf, um apóstolo da Alemanha, para passar a servir como segundo conselheiro.
A nova presidência assumiu os projetos de construção ainda em andamento na época do falecimento do presidente Hinckley, incluindo uma dúzia de templos e cerca de 300 capelas. A Igreja também estava desenvolvendo alojamentos para os missionários do templo em Nauvoo, construindo uma nova Biblioteca de História da Igreja e um grande edifício para ajudar no gerenciamento de doações filantrópicas, além de construir residências e estabelecimentos comerciais do outro lado da rua da Praça do Templo.
Mas, quando o presidente Monson iniciou sua administração, surgiram sérios problemas. Muitos proprietários nos Estados Unidos começaram a faltar com o pagamento de suas hipotecas, e os bancos que detinham essas hipotecas sucumbiram diante da forte dívida. Em pouco tempo, os Estados Unidos caíram na pior crise econômica desde a Grande Depressão, desencadeando o pânico financeiro e o aumento do desemprego em todo o mundo.
“Os mercados financeiros estão em risco”, refletiu o presidente Monson em seu diário. “Nosso povo, assim como os outros em nossa nação e no mundo, está sofrendo para pagar suas dívidas.”
À medida que a crise piorava, a Primeira Presidência precisou considerar a suspensão de vários projetos de construção da Igreja. Tendo vivido a Grande Depressão, o presidente Monson entendia os perigos de exceder os próprios limites. Mas ele também percebeu que, se a construção fosse suspensa, isso significaria desemprego para centenas de trabalhadores como carpinteiros e eletricistas. A indústria da construção parou, e empregos estavam difíceis de encontrar.
O Bispado Presidente, que tinha a mordomia sobre a construção e os esforços humanitários da Igreja, passou a se reunir com a Primeira Presidência toda sexta-feira para analisar a situação dos projetos. Em uma dessas sextas-feiras, no início de 2008, o bispado perguntou ao presidente Monson o que deveria ser feito.
“Temos todos esses projetos de construção em andamento em diferentes estágios”, disse o bispado. “E agora, o que devemos fazer?”
O presidente Monson foi convicto: “Prosseguir com firmeza”, respondeu.
Nessa época, Blake McKeown estava de volta à Bondi Beach em Sydney para mais um treinamento de verão de salva-vidas em frente às câmeras de TV. Sua aparição na segunda temporada da série de TV Bondi Rescue fez dele uma celebridade local na Austrália. Às vezes, quando ele fazia compras em sua cidade natal ou pegava o trem para o trabalho, notava as pessoas olhando e apontando discretamente para ele. Chamar a atenção era um pouco incômodo, mas ele não podia reclamar. Ele gostava de ser pago para passar tempo com seus amigos na praia. “Teria vida melhor do que essa?”, ele se perguntava.
Seus pais também não sabiam ao certo o que dizer. Será que a fama de estar na televisão tinha mudado suas prioridades? Blake havia conseguido o trabalho de salva-vidas um ano antes para ganhar dinheiro enquanto esperava para servir uma missão de tempo integral. Agora, seu aniversário de 19 anos já havia passado há muito tempo.
“O que eu faço?” Sua mãe perguntou ao bispo um dia. “Como isso vai acabar?”
“Não sei”, respondeu o bispo também apreensivo. “Ele estava indo tão bem.”
Blake tentou tranquilizar seus pais. Disse a eles que estava orando para saber o momento certo de servir. Que simplesmente não sentia que tinha chegado a hora. “O importante é que eu vá servir, não quando”, Blake disse a eles, repetindo algo que seu pai sempre falava.
Em seguida, seu irmão Wade voltou da missão ao Japão. Wade percebeu a preocupação de seus pais e conversou com Blake. Ele prestou atenção nas palavras de Wade e começou a pensar mais seriamente em ir para a missão. “Se a Igreja é verdadeira”, pensou consigo mesmo, “então eu tenho que ir para a missão”.
Ele pensou em seu testemunho e na Igreja. Quando mais novo, ele participou da TFY, a conferência de vários dias para os jovens na Austrália, que se espalhou para países da América do Sul e da Europa em 2006, ficando conhecida nesses continentes como Especially for Youth (EFY). Ele também frequentou fielmente o seminário matinal e outras atividades da Igreja. Nem sempre ele ficava empolgado para ir à igreja, mas procurou cumprir os mandamentos e fazer o que era certo. Ele tinha fé em Jesus Cristo e na verdade do evangelho restaurado. Razões suficientes para servir.
Blake então enviou sua recomendação para servir missão. Aquela época foi um momento de oportunidades sem precedentes para o trabalho missionário. Nos últimos anos, os líderes da Igreja haviam “elevado o critério” para o serviço missionário, enfatizando a necessidade de élderes e sísteres comprometidos, com elevados padrões morais, que soubessem como ouvir e responder ao Espírito Santo. A Igreja também havia introduzido missões de serviço para jovens com certos problemas de saúde ou para os quais as missões tradicionais de proselitismo não eram uma boa opção.
Quando o chamado de Blake chegou, ele foi designado para servir uma missão de proselitismo de tempo integral na Missão Filipinas Baguio, uma das 15 missões naquele país. Só faltava ele contar aos seus amigos salva-vidas.
Pouco tempo depois, durante uma filmagem da série Bondi Rescue, Blake falou para as câmeras sobre sua religião. “Desde criança, sempre fui membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, disse ele. “Vou à igreja todos os domingos. Acho que tenho padrões um pouco mais rígidos pelos quais vivo, mas fora isso, sou uma pessoa comum.”
Depois que o turno de Blake terminou, os produtores do programa fizeram com que ele vestisse terno e gravata. Ele então caminhou até a torre de salva-vidas principal e bateu à porta. “Acho que minhas mãos terão que se acostumar com isso”, comentou, olhando para a câmera.
Os salva-vidas o cumprimentaram com risadas bem-humoradas. “O que vocês acham?” Perguntou ele, mostrando seu terno. “Este sou eu pelos próximos dois anos.”
“Para onde você vai?” Um dos salva-vidas perguntou.
“Para as Filipinas”, respondeu Blake. “Vou servir missão pela minha igreja.”
“Você é mórmon?” indagou outro salva-vidas.
“Sim”, disse Blake. “Penso que tenho a melhor coisa da minha vida, então por que não compartilhar com outras pessoas?”
Blake explicou que em breve iria para os Estados Unidos para receber treinamento missionário e aprender tagalo. Depois seguiria para seu campo de serviço designado. “Vamos de porta em porta”, disse ele, “tentando ensinar as pessoas sobre Jesus Cristo”.
“Bem, amigo, tudo de bom”, comentou um dos salva-vidas, apertando a mão de Blake e dando-lhe um abraço caloroso. Blake ficou triste por deixar a praia sabendo que sentiria falta de seus amigos. Mas estava ansioso para começar sua missão e propagar o bem pelo mundo.
Em casa, Blake contou a Wade sobre a experiência. “Meu desafio como missionário era falar com dez pessoas por dia no Japão”, disse Wade. “Você acabou de fazer isso com dez milhões de pessoas de uma só vez.”
Em junho de 2008, Willy e Lilly Binene pegaram um ônibus com seus três filhos para o aeroporto em Mbuji-Mayi, cerca de cento e sessenta quilômetros ao norte de onde moravam em Luputa, República Democrática do Congo. De lá, eles voaram para Kinshasa, passaram a noite na cidade e depois embarcaram em um voo para a África do Sul. O percurso foi longo, mas as crianças estavam felizes, aproveitando as viagens. A família estava indo para o templo de Joanesburgo para ser selada para a eternidade.
Dois anos se passaram desde que o chamado de Willy como presidente do distrito de Luputa os reuniu como família. Ao regressar para Luputa, Lily abriu um jardim de infância. Foi um sucesso imediato e, em pouco tempo, ela o expandiu para uma escola primária. Willy deixou de lado seu sonho de se tornar engenheiro elétrico para começar seu treinamento como enfermeiro no hospital local. Ele conciliou esse trabalho com as demandas do seu chamado e confiou no apoio de seus conselheiros na presidência do distrito ao aprender suas novas responsabilidades: treinar líderes locais e visitar os santos.
Recentemente, a presidência assumiu responsabilidades adicionais para apoiar uma iniciativa de três anos, financiada pela Igreja, com o objetivo de levar água potável para Luputa. Os moradores da cidade há muito tempo dependiam de tanques, nascentes e valas de drenagem para obter água. Duas vezes por dia, mulheres e crianças caminhavam mais de um quilômetro e meio para chegar a um dos pontos de água. Elas usavam qualquer recipiente que tivessem em mãos para transportar a água até em casa. Essas fontes de água estavam repletas de parasitas perigosos, e quase todo mundo conhecia alguém — geralmente uma criança pequena — que havia morrido por causa da água contaminada. Às vezes, as mulheres eram atacadas enquanto iam ou voltavam das fontes de água.
Por muitos anos, ADIR, uma organização humanitária na República Democrática do Congo, quis levar água limpa para as 260 mil pessoas de Luputa e região. Mas a melhor fonte de água era um grupo de nascentes que ficava em uma encosta a mais de 35 quilômetros de distância, e a ADIR não tinha os 2,6 milhões de dólares necessários para construir o sistema de canalização. Posteriormente, o diretor administrativo da organização ouviu falar dos Serviços de Caridade SUD e entrou em contato com os missionários humanitários locais para uma possível colaboração no projeto.
Criada em 1996, sob a direção da Primeira Presidência, os Serviços de Caridade SUD apoiaram centenas de projetos humanitários da Igreja ao redor do mundo por todos esses anos. Embora seus serviços variem de acordo com a necessidade, suas recentes iniciativas se concentram em aplicação de vacinas, doação de cadeiras de rodas, atendimento oftalmológico, assistência à infância e distribuição de água potável. Quando surgiu a notícia sobre a necessidade de canalização de água para Luputa, os Serviços de Caridade SUD doaram os fundos necessários. Os voluntários de Luputa e de outras comunidades próximas concordaram em ajudar com o fornecimento de mão de obra.
Como presidência de distrito, Willy e seus conselheiros trabalharam com a ADIR e Daniel Kazadi, um membro da Igreja da região, contratado como supervisor local. Eles também se ofereceram como trabalhadores voluntários.
Agora, quando a família Binene desembarcou em Joanesburgo, pôde deixar de lado sua vida agitada e se concentrar na casa do Senhor. No aeroporto, eles foram recebidos por uma família e levados ao alojamento do templo. Mais tarde, Willy e Lilly entraram no templo, deixaram seus filhos na creche promovida pela Igreja e vestiram roupas brancas.
Antes de deixarem Luputa, eles estudaram o manual de preparação do templo da Igreja, Investidos de Poder do Alto, e leram o livro do apóstolo James E. Talmage, A Casa do Senhor. Ainda assim, quando chegaram ao templo, estavam um pouco desorientados porque tudo era novo e ninguém falava francês. Utilizaram gestos para descobrir para onde ir e o que fazer.
Mais tarde, na sala de selamento, eles ficaram felizes em se reencontrar com seus três filhos. Vestidos de branco, eles pareciam anjos quando entraram na sala. Willy sentiu arrepios em seus braços. Ele e sua família não pareciam mais estar na Terra. Era como se eles estivessem na presença de Deus.
“Nossa!”, disse ele.
Lilly também sentiu como se eles estivessem no céu. Saber que estariam unidos para a eternidade parecia multiplicar o amor que a família sentia uns pelos outros. Eles se tornaram inseparáveis agora. Nem mesmo a morte poderia separá-los.
No início de 2009, Angela Peterson estava morando em Utah com o marido, John Fallentine. Ela e John se conheceram em uma ala de adultos solteiros em Salt Lake City logo depois que Angela deixou seu extenuante emprego em Washington, DC. John era do oeste dos Estados Unidos, mas também viveu e trabalhou por um tempo em Washington. Ele era mais velho que Angela e um pouco tímido, contudo, rapidamente se tornaram melhores amigos. Em novembro de 2007, foram selados no Templo de Bountiful Utah.
Agora, o casal estava pronto para uma nova aventura. Depois que John recebeu permissão de seu empregador para trabalhar remotamente, eles fizeram as malas e se mudaram para a Ilha do Norte da Nova Zelândia. Ambos já haviam estado lá antes e achavam aquele lugar o mais lindo do mundo.
Os santos da Nova Zelândia comemoraram recentemente o 150º aniversário da chegada da Igreja em seu país e 50 anos se passaram desde a dedicação do templo da Nova Zelândia. Naquela época, a Igreja tinha cerca de 17 mil membros no país e nenhuma ala ou estaca. Agora, há quase 100 mil membros espalhados por 25 estacas, 150 alas e 54 ramos.
A família Fallentine se estabeleceu em Thames, uma cidade costeira na Península de Coromandel, e logo começou a servir em seu pequeno ramo. A maioria dos membros do seu ramo e estaca era maori. Angela amou conhecê-los. Ela serviu na organização das Moças, enquanto John, foi professor da Escola Dominical e se voluntariou para ajudar o presidente do ramo com os rapazes. Angela e John também serviram como missionários do ramo e oficiantes de ordenanças no templo em Hamilton, a quase duas horas de carro.
Em casa, no entanto, o casal tinha suas inquietações. Durante toda a sua vida, Angela quis ser mãe. Mas até o momento, ela e John não conseguiram ter filhos. Eles consultaram um médico em Auckland e realizaram vários exames para saber se havia algo que poderia ser feito. Quando os resultados ficaram prontos, Angela e John descobriram que tinham problemas significativos de fertilidade. Mesmo com a ajuda de médicos e especialistas, as chances de Angela engravidar eram pequenas.
A notícia foi devastadora. Todos os dias, Angela passava por uma cópia emoldurada da proclamação da família em sua casa. O que estava escrito nela levantou uma questão angustiante em sua mente. Se a família foi ordenada por Deus, por que ela e John não conseguiam ter filhos?
Ela se sentia confusa e perdida, mas ainda tinha esperança de que Deus responderia às suas orações e às de seu marido.
Em 9 de agosto de 2009, o presidente Thomas S. Monson se reuniu com amigos católicos romanos na Catedral de Madeleine em Salt Lake City. O magnífico templo religioso era centenário, e o motivo da visita do presidente Monson e das outras autoridades religiosas e cívicas era para comemorar.
O presidente Monson aproveitou a ocasião para falar sobre como os católicos e os santos dos últimos dias deixaram de lado suas diferenças religiosas para cuidar de pessoas necessitadas. O programa “Bom Samaritano” da Catedral oferecia almoço diário para os famintos, com pão e outros alimentos fornecidos pelos Serviços de Bem-Estar da Igreja. Da mesma forma, os católicos administravam uma unidade local para cuidar de dependentes químicos, que a Igreja abastecia com alimentos. As duas igrejas também fizeram parceria para ajudar os refugiados a chegar a Salt Lake City e obter suprimentos adequados de higiene e móveis para casa.
Essa parceria se estendeu muito além de Salt Lake City. Nos últimos anos, as agências de caridade católicas ajudaram a Igreja a distribuir mais de 11 milhões de dólares em ajuda humanitária em todo o mundo, garantindo que a ajuda chegasse àqueles que mais precisavam.
“Quando todos nós tivermos olhos que veem, ouvidos que ouvem e corações que sabem e sentem”, disse o presidente Monson para o público, “reconheceremos as necessidades de nossos semelhantes que clamam por ajuda no meio de nós”.
Nos últimos dezoito meses, o presidente Monson monitorou de perto os numerosos projetos humanitários e de construção da Igreja. Mesmo quando a economia dos Estados Unidos permaneceu estagnada e o desemprego nas alturas, ele observou benefícios inesperados em prosseguir com firmeza com esse trabalho. A demanda por trabalhos de construção havia caído, mas a Igreja conseguiu fornecer empregos para muitos trabalhadores qualificados dentro dos projetos.
O presidente Monson também pediu aos líderes locais que reduzissem os custos sempre que possível. Pediu aos líderes de missão que ensinassem os missionários a ser econômicos. Endossou também um plano proposto recentemente pelo Bispado Presidente para reduzir em um quarto o tamanho das novas sedes de estaca. Em vez de construir instalações maiores e mais caras que acomodassem todos os membros da estaca, as estacas poderiam se reunir em várias capelas e se conectar às conferências da estaca por meio de tecnologia de transmissão. Isso também contribuiu para a redução das despesas de viagens dos santos.
Durante a recessão, o presidente Monson esteva atento às pessoas necessitadas, especialmente as viúvas. As solicitações de ofertas de jejum tinham aumentado e ele não queria que ninguém fosse esquecido. Quando jovem, o presidente Monson serviu como bispo em uma ala de Salt Lake City com mais de mil pessoas. Oitenta e cinco delas eram viúvas. Mesmo depois de seus cinco anos como bispo terem terminado, o presidente Monson continuou visitando as viúvas, levando-lhes presentes e compartilhando momentos agradáveis. Como presidente da Igreja, ele visitava regularmente pessoas solitárias e esquecidas.
“Esse serviço, para o qual todos nós fomos chamados, é o serviço do Senhor Jesus Cristo”, ensinou ele aos santos. “Ao convocar-nos para Sua causa, Ele nos convida a achegar-nos a Ele. Ele fala conosco.”
Em 2003, a Igreja lançou um novo site, www.providentliving.org, que ensinava princípios básicos de bem-estar. Antes da recessão, o site estava recebendo mais de um milhão de visualizações todos os meses. Agora, para ajudar a enfatizar essas verdades consagradas pelo tempo, o Bispado Presidente preparou um novo panfleto e DVD, Princípios Básicos de Bem-Estar e Autossuficiência. Os santos foram aconselhados a pagar seus dízimos e ofertas, viver dentro de um orçamento, evitar dívidas, comer fora com menos frequência e manter uma reserva de alimentos disponível.
“Declaro que o plano de bem-estar de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é inspirado por Deus Todo-Poderoso”, testificou o presidente Monson. “De fato, o Senhor Jesus Cristo é o seu Arquiteto.”
Por décadas, os líderes da Igreja definiram a missão da Igreja incluindo três elementos: aperfeiçoar os santos, proclamar o evangelho e redimir os mortos. Agora, o presidente Monson sentiu que o bem-estar deveria ser a “quarta perna de sustentação da banqueta”. Em setembro de 2009, ele aprovou a edição do Manual de Instruções da Igreja para incluir o tópico “cuidar dos pobres e necessitados” como parte da missão da Igreja.
“Estamos cercados por pessoas que necessitam de nossa atenção, de nosso incentivo, de nosso apoio, de nosso consolo e de nossa bondade”, afirmou ele algumas semanas depois da conferência geral. “Somos as mãos do Senhor aqui na Terra, com o encargo de servir e edificar Seus filhos. Ele precisa de cada um de nós.”