Capítulo 23
Todos os esforços
Em 6 de novembro de 1985, uma quarta-feira, a presidente geral das Moças, Ardeth Kapp, olhou pela janela de seu escritório em Salt Lake City. Uma bandeira ali perto estava hasteada a meio mastro para homenagear o presidente Spencer W. Kimball, que havia falecido na noite anterior. O estado de saúde precário do profeta o mantivera afastado do público por vários anos, portanto sua morte não foi uma surpresa. Mesmo assim, Ardeth sentiu profundamente sua perda.
A notícia chegou quando ela e a junta geral das Moças estavam se preparando para realizar a primeira transmissão via satélite das Moças. A transmissão estava programada para aquele domingo, e os líderes da Igreja decidiram realizá-la apesar do falecimento do profeta.
Ardeth e a junta geral das Moças planejaram o evento durante meses. Para ajudar a apresentar os sete novos valores das Moças, Ardeth pediu a Janice Kapp Perry, prima de seu marido e uma prolífica compositora da Igreja, que escrevesse uma música para a transmissão. Ela também solicitou permissão a fim de publicar uma edição especial da revista New Era, a revista dos jovens da Igreja, para promover ainda mais os valores.
Após calcular o custo da edição — cerca de 50 centavos de dólar por exemplar —, ela procurou o élder Russell M. Nelson, consultor de sua presidência no Quórum dos Doze Apóstolos, para aprovar a grande despesa. Sabendo que ele tinha nove filhas, ela tentou colocar o custo em perspectiva. “Élder Nelson”, perguntou ela, “uma moça vale 50 centavos?”
O élder Nelson sorriu. “Ardeth, você é esperta”, disse ele. O Conselho Executivo do Sacerdócio aprovou logo a edição especial e a traduziu para 16 idiomas.
Em 10 de novembro, um dia depois do funeral do presidente Kimball, as moças lotaram o Tabernáculo de Salt Lake. As presidências gerais da Sociedade de Socorro e da Primária, muitas autoridades gerais e antigas líderes das Moças se sentaram ao púlpito com Ardeth e as integrantes da junta.
Um coro de 400 moças abriu a reunião cantando “As Zion’s Youth in Latter Days”, um hino escrito especialmente para o novo hinário da Igreja, publicado três meses antes. Em seguida, o élder Nelson fez o primeiro discurso.
“Esforcem-se para estarem enraizadas em Cristo, o Senhor”, ele exortou as moças. “Mantenham-se unidas — enraizadas na verdade, prontas para ensinar e testificar, preparadas para abençoar outras pessoas com os frutos do Espírito.”
Quando terminou, Ardeth apresentou o novo lema das Moças: “Defender a verdade e a retidão”, com base na promessa do Senhor em Moisés 7:62: “E retidão enviarei dos céus; e verdade farei brotar da terra”.
“Entramos em um período em que o adversário está ostentando seu poder abertamente, e muitas pessoas estão sendo enganadas”, disse ela às moças. “Se olhassem para vocês, conseguiriam ver algo claramente diferente do mundo, que as ajudaria a identificar o caminho certo, a verdade, o refúgio que buscam? Vocês têm condições de defender e ser um exemplo de retidão?”
A transmissão continuou com uma apresentação de vídeo que explicava os sete valores. Em seguida, uma jovem das Filipinas se levantou e repetiu os valores, um por um, ao mesmo tempo em que faixas coloridas representando cada princípio caíam da sacada. Em seguida, a segunda conselheira Maurine Turley apresentou o novo tema das Moças e a congregação o recitou em conjunto:
“Somos filhas do Pai Celestial, que nos ama e nós O amamos. Serviremos de “testemunhas de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares” ao nos esforçarmos por viver os valores das Moças.
O coro apresentou a música “Eu ando pela fé”, de Janice Kapp Perry, e o élder Gordon B. Hinckley fez o discurso de encerramento. Depois disso, enquanto o coro e a congregação cantavam o hino “Constantes qual firmes montanhas”, 200 moças desfilaram pelo corredor carregando bandeiras com as sete cores que representam os novos valores.
Ardeth estava extremamente feliz. “O serão das Moças foi GLORIOSO!!”, ela escreveu em seu diário. Um novo capítulo havia começado para as moças da Igreja.
Na manhã seguinte à transmissão das Moças, o presidente Ezra Taft Benson, aos 86 anos, estava em um púlpito no edifício administrativo da Igreja. O Quórum dos Doze Apóstolos o havia ordenado recentemente como presidente da Igreja, e havia chegado o momento de anunciar a notícia à imprensa. Seus conselheiros na Primeira Presidência, Gordon B. Hinckley e Thomas S. Monson, estavam sentados atrás dele. Repórteres e câmeras lotaram a sala.
Depois que soube da morte do presidente Kimball, o presidente Benson se sentiu fraco — mais fraco do que jamais se sentira antes. Contudo, a influência do Espírito repousava poderosamente sobre ele. No funeral do presidente Kimball, ele honrou o falecido profeta como um homem de grande humildade, mansidão e fé. “Ele conhecia o Senhor”, testificou o presidente Benson. “Ele sabia como falar com Ele e como receber respostas.”
Sob a liderança do presidente Kimball, a Igreja tinha aumentado em quase 2 milhões de membros, grande parte deles na América Latina. Entre as centenas de estacas organizadas durante sua presidência, estavam as primeiras estacas na Bolívia, na Colômbia, na Nicarágua, no Paraguai, em Porto Rico e na Venezuela. Para administrar esse crescimento, ele criou e expandiu o primeiro quórum dos setenta e defendeu a liderança por meio de conselhos de área, regionais e familiares.
O presidente Kimball também enfatizou a necessidade de templos, trabalho missionário e estudo do evangelho. Durante sua presidência, 21 templos foram dedicados e o número de missionários de tempo integral aumentou de 17 mil para mais de 29 mil. Em 1979, a Igreja publicou uma edição da Bíblia na versão do rei Jaime com mapas, um dicionário da Bíblia, trechos da tradução inspirada de Joseph Smith da Bíblia e milhares de notas de rodapé e referências cruzadas às escrituras dos santos dos últimos dias. Dois anos depois, em 1981, a Igreja lançou edições semelhantes do Livro de Mórmon, de Doutrina e Convênios e da Pérola de Grande Valor. Doutrina e Convênios incluía duas novas seções — 137 e 138 — com revelações de Joseph Smith e Joseph F. Smith sobre a redenção dos mortos e o ministério do Salvador no mundo espiritual. A edição também publicou o anúncio histórico da revelação que estendia as bênçãos do sacerdócio e do templo a todos os santos dignos, independentemente da raça.
No funeral, o presidente Benson incluiu essa revelação entre as mais significativas da dispensação. “Essa revelação”, declarou ele, “abre a porta da exaltação para milhões de filhos de nosso Pai”.
Agora, ao contemplar o futuro, o presidente Benson estava ansioso para dar continuidade ao legado do presidente Kimball. Muitos desafios, antigos e novos, ainda estão por vir para os santos. Por muitos anos, grupos nacionalistas latino-americanos ficaram ressentidos com a Igreja por enviar missionários e líderes de missão dos Estados Unidos para o exterior, e a oposição deles estava começando a ameaçar a segurança dos membros da Igreja nessas regiões. O presidente Benson também estava preocupado com as pessoas da Europa Central e Oriental, onde a maioria dos países ainda permanecia de portas fechadas para a Igreja.
Enquanto isso, em Utah, Mark Hofmann, membro da Igreja, tinha sido investigado recentemente depois que três bombas explodiram na área de Salt Lake City, matando duas pessoas. Mark era um negociante de documentos raros que havia vendido vários itens para a Igreja. Alguns desses documentos continham informações que colocavam em dúvida o relato tradicional da história da Igreja, levando algumas pessoas a questionar sua fé. Embora a autenticidade desses documentos tenha sido questionada, o incidente atraiu a atenção do mundo todo, e as reportagens frequentemente retratavam a Igreja de maneira negativa.
Quando o presidente Benson se apresentou à imprensa, ele sabia também que as pessoas tinham perguntas sobre sua própria presidência. Durante a vida toda, ele atuou ativamente no governo, e algumas pessoas se perguntaram como suas opiniões influenciariam suas decisões como presidente da Igreja.
“Meu coração se encheu de amor e compaixão profundos por todos os membros da Igreja e pelos filhos de nosso Pai Celestial em todos os lugares”, disse ele à imprensa. “Amo todos os filhos de nosso Pai, de todas as cores, credos e convicções políticas.”
Ele planejava liderar a Igreja da mesma forma que seus antecessores haviam feito. Alguns anos antes, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos haviam anunciado uma missão tríplice para a Igreja: proclamar o evangelho, aperfeiçoar os santos e redimir os mortos.
“Continuaremos a nos empenhar ao máximo para cumprir essa missão”, declarou o presidente Benson.
No início de 1986, Manuel Navarro, aos 16 anos, era sacerdote no Ramo de San Carlos, em Nazca, uma pequena cidade no sul do Peru. O Ramo de San Carlos era considerado uma “unidade básica” da Igreja, uma designação criada no final da década de 1970 para os ramos em que a Igreja era nova e tinha poucos membros. Em algumas dessas unidades, incluindo o Ramo de San Carlos, jovens e adultos se reuniam em classes e quóruns combinados aos domingos.
Manuel gostou de se reunir com os portadores do Sacerdócio de Melquisedeque durante a terceira hora da igreja. Havia cerca de 20 jovens portadores do Sacerdócio Aarônico no ramo, mas menos da metade deles frequentava regularmente. A reunião com os élderes do ramo deu a Manuel a oportunidade de aprender sobre os deveres do Sacerdócio Aarônico e do Sacerdócio de Melquisedeque.
Manuel era membro da Igreja há dois anos. Ele foi batizado com seus pais e sua irmã mais nova. Agora seu pai era presidente do ramo, e seu compromisso com o Salvador fortaleceu o de Manuel. “Se meu pai está aqui”, dizia a si mesmo, “é porque é bom”.
Até então, o ano de 1986 estava se revelando um ano importante para a Igreja na América do Sul. Em janeiro, foram dedicados templos em Lima, no Peru; e em Buenos Aires, na Argentina — o terceiro e o quarto templos no continente. A Casa do Senhor em Lima servia não apenas a Manuel e aos 119 mil santos dos últimos dias no Peru, mas também aos mais de 100 mil santos que viviam na Colômbia, no Equador, na Bolívia e na Venezuela. Logo após a dedicação, 200 peruanos e 200 bolivianos receberam sua investidura.
Manuel logo começou seu segundo ano do seminário, um programa que a Igreja vinha expandindo em todo o mundo há mais de uma década. Anteriormente, o ramo de Manuel oferecia aulas do seminário à noite. Mas, em 1986, o coordenador regional do Sistema Educacional da Igreja no Peru implementou o seminário diário matutino para a maior parte das 298 alas e ramos do país. Os membros da Igreja no Peru aprovaram a mudança. Eles queriam que as aulas do seminário fossem ministradas perto das casas dos alunos e de seus professores voluntários locais.
As primeiras aulas do seminário que Manuel frequentou foram realizadas em sua casa, mas acabaram sendo transferidas para a capela alugada do ramo. Todos os dias da semana, Manuel caminhava cerca de três quilômetros para ir à aula às 6 horas da manhã. No início, acordar cedo não era fácil, mas ele começou a gostar de ir ao seminário com os outros jovens. Com o incentivo de seu professor, ele desenvolveu o hábito de orar logo depois que acordava de manhã mesmo que para isso fosse necessário se levantar ainda mais cedo.
No seminário, Manuel recebeu um conjunto de cartões de “domínio das escrituras”. Nesses cartões, estavam impressas passagens importantes das escrituras que os alunos do seminário em todo o mundo deveriam aprender. Como a turma de Manuel estava estudando o Livro de Mórmon naquele ano, o primeiro versículo de domínio das escrituras que ele aprendeu foi 1 Néfi 3:7: “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor”.
Uma professora do seminário, Ana Granda, ensinou Manuel e seus colegas de classe sobre seu valor eterno e seu destino como filhos de Deus. Quando ouviu o que ela ensinava, Manuel sentiu que era importante para alguém. Ele adquiriu um testemunho de que Deus realmente Se importava com Seus filhos.
Ele também viu como o cumprimento dos mandamentos o protegia de muitos dos problemas que outros jovens de sua idade enfrentavam. Embora jogasse futebol com amigos que não eram santos dos últimos dias, ele descobriu que seus amigos mais próximos eram os jovens da Igreja. Às quartas-feiras, eles participavam das “noites missionárias”, nas quais se divertiam com jogos e socializavam com os missionários que serviam na região.
Os amigos de Manuel estudavam com ele, apoiavam-no e o ajudavam a permanecer no caminho certo. Quando ele e seu primo iam a festas nas noites de sábado, seus amigos de fora da Igreja nunca lhes ofereciam bebidas alcoólicas. Sabiam que eles eram santos dos últimos dias e respeitavam suas crenças.
Mais tarde, naquele mesmo ano, Consuelo Wong Moreno, então com 17 anos, visitou sua irmã mais velha, Carmen, em Cuernavaca, México. Cuernavaca ficava a cerca de 965 quilômetros ao sul da casa de Consuelo, na cidade de Monterrey. O pai dela a enviava regularmente com os irmãos para lá no verão.
O templo na Cidade do México ficava longe da cidade natal de Consuelo, então, quando ela soube que os jovens de Cuernavaca iriam realizar batismos pelos mortos, ela obteve a permissão de Carmen para ir. Ela teve então uma entrevista com o bispo. Ele não a conhecia bem e demonstrou estar em dúvidas quando ela expressou interesse em participar da viagem.
“Veja”, disse Consuelo, tirando um velho recibo de dízimo de suas escrituras, “pago o dízimo”.
O bispo sorriu quando ela desdobrou o pedaço de papel e o entregou a ele. Ele conduziu o restante da entrevista e a considerou digna de frequentar o templo.
“Não se preocupe, irmã”, disse ele. “Você pode ir e fazer batismos.”
Pouco tempo depois, Consuelo pegou um ônibus para a Cidade do México com outros jovens e adultos da ala. Quando chegaram, ninguém sabia ao certo onde ficava o templo, então começaram a procurá-lo a pé. Era um dia claro e ensolarado, e o grupo de jovens atraiu a curiosidade dos que passavam por ali enquanto eles caminhavam pelas ruas.
Finalmente, um dos jovens avistou o pináculo do templo. “Lá está Morôni!”, disse ele. Consuelo e o outro jovem olharam para o local e, com certeza, lá estava a torre, elevando-se acima deles.
Consuelo nunca havia visto uma Casa do Senhor pessoalmente antes, e seu tamanho grandioso e a arquitetura antiga inspirada na América Central a impressionaram. Eles entraram no templo, e os oficiantes os cumprimentaram gentilmente e os instruíram sobre aonde ir e o que fazer. Consuelo sentiu o Espírito de maneira vigorosa ao ser batizada por aqueles que haviam morrido. Uma delas era uma mulher indígena, e seu nome não saiu da mente de Consuelo. Ela se imaginou encontrando-a na próxima vida e celebrando o trabalho que fez por ela.
Depois que Consuelo voltou para Monterrey no final do verão, ela ficou sabendo que haveria em breve uma celebração para as moças chamada “A nova geração”. Depois de apresentar os sete valores durante a transmissão via satélite, a presidente geral das Moças, Ardeth Kapp, convidou as moças de todo o mundo a escreverem uma mensagem pessoal de esperança e fé em Jesus Cristo. Em seguida, elas se reuniriam em suas respectivas áreas, prenderiam cada mensagem em um balão a gás e soltariam todos ao mesmo tempo no céu.
“Embora possam estar geograficamente isoladas de muitas outras moças da Igreja”, explicou a presidente Kapp, “queremos que sintam a força da irmandade e do seu tamanho unidas em um único propósito e comprometidas com os valores do evangelho”.
Consuelo estava ansiosa para compartilhar o evangelho com outras pessoas e queria participar do evento com as moças de todo o mundo. No entanto, como a cidade de Monterrey restringia as manifestações religiosas públicas, seu grupo de Moças não poderia participar da celebração a menos que recebesse permissão do governo.
Mesmo assim, Consuelo pegou uma folha de papel e escreveu uma carta para a presidente Kapp em espanhol. “Tenho 17 anos e sou uma laurel”, escreveu ela. “Há uma semana, soube da celebração de fé e esperança que as Moças farão em todo o mundo. Uma alegria especial tomou conta de mim, e quero participar.”
Na carta, ela anexou a mensagem que queria enviar e pediu à presidente Kapp que a incluísse na atividade:
“Tive esperança e não deixei que ela morresse. Desenvolvi minha fé e, à medida que a cultivei, descobri a caridade, sim, o puro amor de Jesus, um amor perfeito que elimina todo o medo. Depois descobri a paz. Descobri que a paz nos deixa em harmonia com os outros, respeitando suas crenças e tratando-os como irmãos e irmãs.
Gostaria que pudesse imaginar o quanto desejo que alguém receba e compreenda minha mensagem”, escreveu Consuelo à presidente Kapp. “Espero que, um dia, todos aqueles que conheço e amo se sintam como nos sentimos.”
Terminada a carta, ela a colocou em um envelope e a enviou para Salt Lake City.
Em agosto de1986, o presidente Ezra Taft Benson se encontrava aos pés do Monte Cumora, nos arredores de Palmyra, Nova York. Era uma manhã de domingo, e uma multidão de cerca de 8 mil pessoas tinha ido ouvi-lo falar no local onde Joseph Smith havia recebido as placas de ouro do anjo Morôni.
O presidente Benson e sua esposa, Flora, haviam assistido à apresentação teatral do Monte Cumora na noite anterior. A apresentação teatral era um evento anual que acontecia durante uma semana, desde a década de 1930, e atraía milhares de visitantes. A apresentação era realizada na própria colina, contando com cenários elaborados e um grande elenco de voluntários que representavam a história do Livro de Mórmon, culminando com a dramática aparição do Salvador ressurreto aos nefitas.
Quando o presidente Benson se dirigiu à grande multidão à sua frente, seus comentários se voltaram para o texto sagrado celebrado na apresentação.
“O Livro de Mórmon foi escrito para nós”, disse para a multidão. Quando ele era rapaz, muitos membros da Igreja não estudavam nem citavam regularmente o Livro de Mórmon. Os santos estavam progredindo nos últimos anos, mas ele acreditava que ainda havia espaço para melhorias.
“Não temos usado o Livro de Mórmon como deveríamos”, disse. “Nosso lar não é forte o suficiente a menos que o usemos para conduzir nossos filhos a Cristo.”
Durante décadas, o presidente Benson havia pedido aos santos que se achegassem a Cristo por meio do estudo do Livro de Mórmon. Como um jovem missionário na Inglaterra, na década de 1920, ele desenvolveu amor pelo livro. Certa vez, quando ele e seu companheiro de missão foram convidados a falar a um grupo de críticos, o élder Benson veio preparado para pregar sobre a apostasia. Entretanto, quando começou a falar, ele foi inspirado a deixar de lado o texto que havia preparado e falar apenas do Livro de Mórmon.
O presidente Benson acreditava fervorosamente que o Livro de Mórmon poderia conduzir as pessoas a Cristo. Nas últimas décadas, os líderes da Igreja falaram muito mais sobre o Salvador do que em qualquer outra época. Em 1982, a Igreja acrescentou o subtítulo “Outro Testamento de Jesus Cristo” ao Livro de Mórmon. Essa inclusão enfatiza o Salvador, bem como o lugar vital do livro com o Velho e o Novo Testamento. Os líderes da Igreja acreditavam que o novo subtítulo prestaria um testemunho vigoroso do Salvador e protegeria contra falsas alegações de que os santos dos últimos dias não eram cristãos.
Quando viajava como presidente da Igreja e se reunia com os santos, o presidente Benson frequentemente testificava de Jesus Cristo e do Livro de Mórmon como uma testemunha especial de Sua divindade. E, em seu primeiro discurso na conferência geral como presidente da Igreja, ele exortou aos santos que o lessem todos os dias.
“O Livro de Mórmon não tem sido e ainda não é o ponto central do estudo pessoal, do ensino no lar, da pregação e do trabalho missionário”, ensinou. “Devemos nos arrepender disso.”
Seis meses depois, em 4 de outubro de 1986, ele falou novamente sobre Jesus Cristo e o Livro de Mórmon na conferência geral. “O Livro de Mórmon é a pedra angular de nosso testemunho de Cristo, que, por Sua vez, é a pedra fundamental de tudo o que fazemos”, testificou o presidente Benson.
“Existe um poder no livro que começa a fluir para nossa vida no momento em que iniciamos um estudo sério de seu conteúdo”, prometeu. “Vocês descobrirão mais poder para resistir à tentação. Encontrarão mais poder para evitar as dissimulações. Encontrarão poder para permanecer no caminho reto e estreito.”
Em 11 de outubro de 1986, as moças de toda a Igreja participaram da celebração da Nova Geração. A presidente Ardeth Kapp conduziu a atividade no Ricks College, a escola da Igreja em Rexburg, Idaho. Apesar do vento gelado no campus, a presidente Kapp falou para as moças em um auditório antes de todas saírem para soltar os balões com mensagens de esperança, amor e paz. Em outras partes do mundo, as moças ouviram uma gravação da mesma mensagem antes de também soltarem seus balões no céu.
“Vocês são uma geração conhecida por seu Pai Celestial”, declarou a presidente Kapp. “Agora vocês estão sendo chamadas para se apresentarem, exercerem sua influência e se tornarem uma força poderosa para a retidão.”
A cerca de 2.200 quilômetros de distância, em Monterrey, no México, a restrição a manifestações religiosas impediu Consuelo Wong Moreno de soltar um balão no dia 11 de outubro. Porém, pouco tempo depois, ela ficou surpresa ao receber uma carta pessoal da presidente Kapp. A carta estava em inglês, então Consuelo fez o possível para entender o que ela dizia. Quando sua irmã mais velha, Aida, voltou para casa, ela ajudou a traduzir o texto.
“Querida Consuelo”, escreveu a presidente Kapp, “recebi sua bela carta expressando sua esperança de participar da ‘celebração de fé e esperança’ que as Moças deveriam fazer. Gostaria que soubesse que sua mensagem foi enviada em um balão por uma moça daqui”.
A presidente Kapp disse a Consuelo que falou da carta dela quando se dirigiu às moças do Ricks College. Consuelo se sentiu honrada em saber que a presidente Kapp havia compartilhado suas palavras com tantas pessoas. Sentiu-se fortalecida quando soube que as moças de todo o mundo estavam tão ansiosas quanto ela para divulgar o evangelho.
Semanas depois, após muita oração, as moças de Monterrey receberam permissão do governo local para realizar sua própria celebração da Nova Geração. Consuelo e Aida se juntaram a uma centena de moças e líderes de várias estacas em uma praça no centro da cidade. Chegaram antes do amanhecer, com o céu gradualmente clareando enquanto se reuniam em grupos e ajudavam a encher os balões brancos. Consuelo prendeu seu testemunho escrito à mão em seu balão com uma fita e o soltou no céu com os outros.
Enquanto observava seu balão flutuar, ela torcia para que ele caísse a salvo em algum lugar, para que alguém pudesse encontrá-lo e ler sua mensagem.
Pouco tempo depois, Consuelo concluiu suas metas do Progresso Pessoal. Ela e as outras moças de sua ala começaram a aprender sobre os novos valores e as cores associadas a eles. Todos os domingos, sua classe das lauréis recitava o novo tema das Moças. Ele lhes lembrava que eram filhas de Deus com um destino divino. Consuelo se sentia grata porque sabia que Deus tinha um plano para ela e Se preocupava com seu bem-estar.
Em janeiro de 1987, Consuelo recebeu reconhecimento público por ter concluído o Progresso Pessoal nos Novos Inícios, um evento anual para as moças e suas famílias realizado em alas e ramos em toda a Igreja. Os Novos Inícios são uma oportunidade de dar as boas-vindas às meninas no programa, celebrar as conquistas das moças e incentivar seus esforços. Na ala de Consuelo, a presidente das Moças convidou os pais a ajudarem suas filhas a cumprir as metas do Progresso Pessoal. Em seguida, várias moças, cada uma vestida com uma das novas cores das Moças, falaram sobre os valores. Em seguida, o bispo entregou medalhões a Consuelo e às outras moças que concluíram sua jornada do Progresso Pessoal.
Consuelo estava orgulhosa de si mesma por ter terminado e usava seu medalhão como se estivesse carregando um troféu. Toda vez que chamava a atenção de pessoas que não eram membros da Igreja, ela explicava o que ele representava e como o ganhou.