História da Igreja
Capítulo 3: Uma boa luta


Capítulo 3

Uma boa luta

boxeador Chuck Woodworth lutando contra o Torpedo de Tonga

Todas as manhãs, às 7 horas, de segunda a sábado, Mosese Muti e seus companheiros missionários se reuniam no canteiro de obras da capela de Niue. O élder Archie Cottle, supervisor de construção de Ogden, Utah, foi para a ilha em março de 1957 com sua família e mais dois missionários tonganeses para iniciar a construção da nova capela e da casa da missão. Na ocasião, a primeira capela permanente dos santos dos últimos dias em Niue estava finalmente tomando forma, à sombra de um conjunto disperso de palmeiras.

Mosese gostava de seu trabalho na ilha. Ele e outro missionário tonganês estavam erguendo as paredes externas de alvenaria da capela. Os missionários descobriram que era um desafio conseguir homens locais para ajudar no projeto, especialmente porque os homens tinham outros trabalhos pesados para realizar na ilha. Mas um grupo dedicado de mulheres idosas se oferecia regularmente para ajudar a transportar areia ou auxiliar em outras tarefas no canteiro de obras.

O presidente do distrito, Chuck Woodworth, estava descontente por não conseguir fazer com que houvesse um progresso mais rápido na capela. E Mosese não podia culpá-lo. Chuck não havia sido chamado como missionário de construção, mas a falta de trabalhadores voluntários em Niue fazia com que ele tivesse que dedicar mais tempo à construção e menos tempo ao bem-estar espiritual dos santos do distrito.

Mosese sempre pedia a Chuck que fosse paciente. “Essas são pessoas boas”, lembrou ele certa vez ao jovem. “Eles são filhos do Senhor. Não vejo nenhuma falha neles. Vamos procurar seus pontos fortes e nos concentrar neles.”

Além disso, a construção de uma capela não era tarefa fácil para trabalhadores não qualificados. Os homens tinham que triturar corais, cavar fundações, despejar concreto e preparar a argamassa — tudo manualmente. Isso geralmente causava bolhas, cortes e outros ferimentos. E às vezes as pessoas simplesmente precisavam de tempo para captar o espírito do serviço.

Para ilustrar esse ponto, Mosese contou a Chuck sua experiência na construção da Liahona College como missionário de construção. “Cinco de nós iniciamos a Liahona e trabalhamos por mais de um ano antes que alguém nos ajudasse”, disse ele. “Quando a construímos, nós o fizemos tendo em vista as gerações futuras.”

Mosese também foi paciente com Chuck. Ele e Salavia passaram muitas noites conversando e aconselhando-se com o missionário, e ele se tornou como um filho para eles. Chuck até começou a chamá-los de “papá” e “mamá”. Seu próprio pai abandonara a família, deixando a mãe de Chuck para criar seis filhos sozinha. O jovem guardava muita raiva e dor, e estava grato por ter Mosese em sua vida naquele momento.

“Ele realmente conhece o significado da fé e do serviço”, escreveu Chuck. “Ele me ensinou coisas que eu levaria anos para aprender sem sua ajuda.”

Ainda assim, de tempos em tempos, Chuck ansiava por servir em outro lugar. Certo dia, ele soube que a Liahona College estava montando uma equipe de boxe e viu uma oportunidade de mudança. Ele havia sido boxeador profissional antes da missão. Quem sabe se ele pedisse ao presidente da missão que o transferisse para Tonga a fim de terminar sua missão como professor e treinador de boxe na escola? A escola, afinal de contas, ocasionalmente era administrada por missionários.

Mosese foi contra a ideia. Tendo passado mais de um ano trabalhando e ensinando ao lado de Chuck, ele acreditava que Deus havia enviado o jovem a Niue por um motivo. Sempre que uma tarefa era particularmente difícil, Chuck dobrava seus esforços e assumia mais do que sua parcela da carga de trabalho. E, quando Chuck soube que Mosese e Salavia haviam ficado sem comer poder para alimentar os missionários e outros trabalhadores, ele passou discretamente a comer o mínimo possível a fim de que sobrasse o suficiente para o casal.

Em junho de 1957, durante uma de suas conversas com Chuck, Mosese e Salavia mencionaram o quanto desejavam ir ao templo. Eles sabiam que o templo na Nova Zelândia estava quase pronto, mas a viagem para lá ainda era mais cara do que eles podiam pagar.

As palavras deles comoveram Chuck, e o desejo dele de terminar sua missão na Liahona College deixou de parecer tão importante. E se, após o término de sua missão, ele fosse para a Nova Zelândia e desafiasse um campeão de boxe para uma luta de boxe — um evento grande o suficiente para render o dinheiro que a família Muti precisava para ir ao novo templo? Era o mínimo que ele podia fazer depois de tudo o que fizeram por ele.

Quatro dias depois, ele escreveu a Johnny Peterson, seu empresário nos Estados Unidos, pedindo-lhe que enviasse equipamentos de boxe para Niue.


Naquela época, a Missão Extremo Oriente Sul precisava urgentemente de uma nova missionária. Uma das quatro irmãs que serviam em Hong Kong acabara de retornar aos Estados Unidos por motivos de saúde, deixando uma vaga inesperada na missão. O presidente Grant Heaton sabia que as irmãs remanescentes precisavam imediatamente de ajuda, por isso chamou Nora Koot como missionária local de tempo integral.

Durante os dois anos anteriores, Nora se tornara indispensável para a missão. Quando o casal Heaton chegou a Hong Kong, eles a designaram a entrar em contato com todos os santos da região, e a sede da missão se tornou a segunda casa dela. Às vezes ela tomava conta dos filhos do casal Heaton. Em outras ocasiões, ela ensinava aos missionários os idiomas cantonês e mandarim. Com Luana Heaton, ela dava aulas de histórias da Bíblia em uma classe da Escola Dominical para crianças da cidade.

Nora prontamente aceitou o chamado para a missão. Outro santo local, um élder chamado Lee Nai Ken, havia servido uma missão de curto prazo em Hong Kong, e o presidente Heaton estava entusiasmado em chamar mais santos locais como missionários. Os missionários norte-americanos frequentemente tinham muita dificuldade para aprender a língua chinesa e a cultura local. Muitas pessoas da cidade desconfiavam dos estrangeiros e às vezes confundiam os élderes com agentes do governo dos Estados Unidos.

Nora e outros santos chineses, entretanto, já entendiam a cultura local e não precisavam se preocupar com a barreira do idioma. Além disso, eles geralmente se relacionavam melhor com as pessoas a quem ensinavam. Como refugiada da China continental, Nora sabia como era recomeçar a vida em uma cidade populosa, onde moradia e emprego eram escassos.

Muitos membros da Igreja e santos em perspectiva de Hong Kong eram refugiados, e o presidente Heaton procurava maneiras de prover seu bem-estar espiritual. Em 1952, a Igreja introduziu sete lições, ou aulas, para ajudar os conversos em potencial a se prepararem para se tornarem membros da Igreja. Adaptando-se às necessidades locais, o presidente Heaton e seus missionários desenvolveram 17 lições do evangelho para atrair muitas pessoas em Hong Kong que não eram cristãs ou que tinham apenas uma compreensão básica das crenças cristãs. Essas lições abordavam tópicos como a Trindade, a Expiação de Jesus Cristo, os primeiros princípios e ordenanças do evangelho e a Restauração. Depois de batizados, os conversos recebiam 20 lições adicionais para membros novos.

Na noite anterior à sua designação como missionária, Nora teve um sonho bem vívido. Ela estava em uma rua movimentada, rodeada por confusão e agitação, quando notou um belo prédio. Entrou nele e imediatamente sentiu paz e tranquilidade. As pessoas dentro do prédio estavam vestidas de branco, e Nora reconheceu algumas delas como os missionários que serviam na época em Hong Kong.

Quando Nora se apresentou na casa da missão no dia seguinte, ela contou o sonho aos élderes. Eles ficaram surpresos. Como é que ela sabia como era um templo? Ela nunca visitara um deles antes.


Os equipamentos de boxe de Chuck Woodworth chegaram a Niue em outubro de 1957, e toda a família Muti apoiou seu treinamento. Salavia fez para ele um saco de pancadas com sacos de batata, e Mosese ajudava a consertá-lo quando necessário. Com tantas responsabilidades da missão na ilha, porém, nem Chuck, nem a família tinham muito tempo para treinar. Em algumas manhãs, Chuck acordava às 5 horas da madrugada para correr. Como estava escuro fora de casa, o filho de 16 anos da família Muti, Paula, andava de moto atrás dele, iluminando a estrada com o farol.

Felizmente, Chuck estava em boa forma para o boxe. O esforço de triturar corais no ano anterior o manteve fisicamente forte. Ele também realizou algumas exibições de boxe na ilha a fim de arrecadar dinheiro para a capela. Mas será que um treinamento ocasional seria suficiente?

Antes da missão, Chuck passava horas e horas na academia, treinando para participar de lutas de boxe no oeste dos Estados Unidos e no Canadá. Na maioria das lutas, ele confrontava outros boxeadores profissionais pouco conhecidos, mas também lutou contra boxeadores de renome mundial como Ezzard Charles e Rex Layne.

A luta contra Rex, um famoso peso-pesado santo dos últimos dias, foi a mais difícil da carreira de Chuck. Rex já havia passado de seu auge como boxeador, mas pesava cerca de 10 quilos a mais do que Chuck, e seus ataques selvagens e implacáveis mantiveram Chuck nas cordas por dez rounds brutais. Chuck não foi derrubado, mas os juízes deram a vitória para Rex.

“Woodworth”, noticiou o jornal local, “não era forte o suficiente”.

Em dezembro, chegou a Niue a notícia de que uma associação de boxe da Nova Zelândia havia colocado Chuck para lutar contra Kitione Lave, o “Torpedo Tonganês”. Tal como Rex Layne, Kitione era um lutador semelhante a um touro que usava seu tamanho e sua força para derrubar os oponentes. Numa luta contra um dos maiores boxeadores peso-pesado do mundo, Kitione vencera no segundo round por nocaute.

Chuck foi desobrigado de sua missão no início de janeiro de 1958, logo depois que ele e os outros élderes tinham instalado o telhado da nova capela. Salavia escreveu-lhe uma carta de despedida, assegurando-lhe o amor e o apoio inabalável de sua família. “Meu filho, tente dar o melhor de si”, disse-lhe ela. “Não desanime e você triunfará. Quando sua força é acompanhada de nossas orações, não há nada que atrapalhe. Contamos com a ajuda de Deus.”

A luta foi marcada para 27 de fevereiro de 1958. Durante todo aquele dia, Mosese, Salavia e seus filhos jejuaram e oraram por Chuck. Ao anoitecer, eles se reuniram na capela com dezenas de membros e amigos da Igreja para sintonizar a luta pelo rádio. Como a transmissão era em inglês, Mosese a traduziu para o niueano.

Uma multidão recorde de quase 15 mil pessoas compareceu ao Carlaw Park em Auckland, Nova Zelândia, para testemunhar o evento. As probabilidades estavam contra Chuck quando ele entrou no ringue. Kitione tinha 10 quilos de vantagem sobre ele e, nos dias que antecederam a luta, Chuck ouviu que Kitione o havia chamado de “pardal” que não duraria um único round contra ele.

Assim que o gongo soou, Kitione correu na direção de Chuck. “Vai ser um massacre”, lastimou alguém na multidão.

Chuck se esquivou do ataque e golpeou Kitione sem efeito. Kitione revidou com os punhos em rápida sucessão, atingindo a cabeça e o torso de Chuck. Então Kitione partiu para o nocaute. Ele se preparou e desferiu um poderoso gancho de esquerda. Chuck deu um passo para trás e a luva de Kitione acertou seu queixo. A força do golpe jogou Chuck nas cordas. E, por um momento, tudo ao seu redor pareceu desaparecer.

Agindo por instinto, Chuck agarrou Kitione e o segurou enquanto o mundo ao seu redor girava. O árbitro tentou separá-los, mas o gongo soou. Aquele round da luta havia terminado.

A cabeça de Chuck clareou enquanto ele esperava em seu canto. Quando começou o round seguinte, ele se moveu para o centro do ringue com novo ímpeto. Kitione o recebeu com os punhos em riste atacando rapidamente, pronto para desferir um golpe final, mas Chuck se movia com leveza e agilidade. Ele circulou seu oponente, mantendo-se longe dos cantos, e o acertou rapidamente, soco após soco. O Torpedo não conseguiu acompanhar. A cada novo round, Chuck se sentia mais forte. Podia ouvir a multidão torcendo por ele enquanto ele acumulava pontos.

A partida terminou após 12 rounds, e os juízes deram a vitória a Chuck. Kitione aceitou bem a derrota. “Gostei da luta”, disse ele. “Esse Woodworth é um boxeador bom e rápido — e um sujeito muito legal.”

Mosese enviou um telegrama a Chuck no dia seguinte. “Muito obrigado pela boa luta — e por se sair vitorioso”, dizia. Chuck respondeu enviando dinheiro suficiente para alimentar a família pelo resto de sua missão e pagar a viagem do casal para o Templo da Nova Zelândia.


Alguns meses depois, no outro lado do mundo, a polícia da República Democrática Alemã prendeu Henry Burkhardt, de 27 anos. Ele estava voltando para o setor oriental de Berlim, controlado pelos comunistas, depois de se encontrar com Burtis Robbins, o presidente da missão da Igreja no norte da Alemanha, no setor ocidental da cidade. Embora não fosse ilegal viajar para Berlim Ocidental — uma área sob a autoridade do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos —, fazê-lo com tanta frequência quanto Henry fazia levantara suspeitas.

Fazia quase uma década desde que a Alemanha se dividira na República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, e na República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental. Ambos os países continuavam a ser atores-chave na Guerra Fria entre os Estados Unidos, a União Soviética e seus respectivos aliados. Situada bem no interior do território da RDA, Berlim Ocidental se tornou um símbolo da resistência ao comunismo. A RDA, enquanto isso, emergia como um dos vários países de influência soviética na Europa Central e Oriental.

Enquanto essas potências rivais competiam pelo domínio global, elas corriam para desenvolver armas mais fortes e tecnologias mais sofisticadas. Havia bem pouca confiança entre as nações oponentes. Qualquer um poderia estar escondendo segredos para o inimigo.

Henry não ofereceu resistência quando a polícia o levou para uma delegacia localizada em Königs Wusterhausen, uma cidade nos arredores de Berlim Oriental. A Stasi, a polícia secreta da RDA, vinha monitorando ele e sua família já há algum tempo. Seu chamado como primeiro conselheiro na presidência da missão o colocava em contato regular com o presidente Robbins e outros líderes americanos da Igreja. E isso, com suas frequentes visitas a Berlim Ocidental, fez dele suspeito de ser inimigo do estado.

Ele não era nada disso. Depois de ser selado no Templo da Suíça em novembro de 1955, Henry e sua esposa, Inge, retornaram à RDA e se submeteram às muitas restrições do governo às pessoas religiosas. Não havia missionários ou líderes estrangeiros no país, e Henry não podia se comunicar diretamente com as autoridades da Igreja em Salt Lake City. Ele e os santos também tinham que enviar seus discursos da reunião sacramental a funcionários do governo para serem examinados antes que pudessem proferi-los.

O fato de ser o líder da Igreja de mais alto escalão na RDA consumia a vida de Henry. Ele só via Inge e a filha recém-nascida, Heike, durante breves visitas à sua casa. No restante do tempo, ele ficava viajando por toda a missão, atendendo aos 5 mil santos espalhados em 45 ramos de todo o país.

Sempre que um membro da Igreja denunciava o governo, encorajava alguém a emigrar para os Estados Unidos ou deixava de pagar uma dívida, Henry era implicado. Dois anos antes, quando a polícia tentou impedir que os missionários locais visitassem outro membro da Igreja, ele apresentou uma queixa formal ao governo, reivindicando os direitos dos missionários e pedindo “melhor cooperação” da polícia. Ele era deliberadamente educado e diplomático com os funcionários do governo, e isso geralmente funcionava a seu favor.

Na delegacia de Königs Wusterhausen, Henry passou a noite sob interrogatório. Em seu carro, havia alguns presentes do presidente Robbins e materiais para o escritório da Igreja na Alemanha Oriental. Quando a polícia viu esses itens, acusou Henry de violar a proibição da RDA de que seus cidadãos recebessem doações de organizações estrangeiras. Ele havia cometido, nas palavras deles, uma “violação dos regulamentos econômicos”.

Henry nunca tinha ouvido falar daquela proibição. Ele disse aos interrogadores que viajava para Berlim Ocidental todos os meses. “O único propósito de minha reunião com o sr. Robbins”, explicou ele, “foi discutir atividades religiosas com ele, bem como as questões financeiras relacionadas”.

Os presentes do presidente da missão também não eram incomuns. “Recebi presentes assim, ou na forma de remédios, em cada uma de nossas reuniões mensais”, relatou Henry. “Também recebemos pacotes pelo correio enviados para nosso escritório em Dresden e do exterior.”

A polícia confiscou os presentes, vasculhou as pastas de Henry e examinou alguns dos relatórios da missão que ele levava consigo. Não encontrando nada suspeito, ordenaram que Henry lesse, aprovasse e assinasse um relatório oficial de seu encontro com o presidente Robbins. A essa altura, já passava das 4 horas da madrugada. Finalmente o libertaram mais tarde naquele dia.

A prisão de Henry poderia ter sido muito pior. Quando a polícia prendeu um missionário da Alemanha Oriental com um exemplar da Der Stern, a revista da Igreja em língua alemã, ele ficou preso por nove meses. Henry e outros tentaram ajudar o élder a manter sua coragem, mas havia pouco que pudessem fazer. Ele havia confessado a posse da revista, e os funcionários do governo — ao menos naquele caso — foram inflexíveis.

Esses desentendimentos com a polícia estavam mudando Henry. Ele não tinha mais medo de lidar com as autoridades, especialmente quando ele ou os santos não tinham feito nada de errado. Todo dia ele tinha que correr riscos pelo evangelho, e isso estava se tornando normal.

Ele se acostumou a sentir que já estivesse com um pé na cadeia.


Na manhã de 12 de abril de 1958, Mosese e Salavia Muti viram pela primeira vez o Templo da Nova Zelândia. Ficava no topo de uma colina gramada com vista para o extenso vale de um rio, 120 quilômetros ao sul de Auckland. Seu design era simples e moderno, como o Templo da Suíça. Tinha paredes de concreto armado pintadas de branco e uma única torre que se erguia a mais de 45 metros de altura.

O casal Muti chegou à Nova Zelândia bem a tempo de participar da visitação pública. Milhares e milhares de pessoas de toda a Nova Zelândia, Austrália e ilhas do Pacífico estavam ansiosas para ver o templo, então Mosese e Salavia tiveram que esperar uma hora e meia antes de poderem fazer a visita.

Uma vez lá dentro, puderam admirar a beleza do templo e apreciar o tremendo sacrifício dos santos locais. Assim como a capela de Niue e um número cada vez maior de prédios da Igreja em toda a Oceania, o templo foi construído em grande parte por missionários. Esses trabalhadores se mudaram para lá com suas respectivas famílias a fim de construir não apenas o templo, mas também o campus adjacente ao Church College da Nova Zelândia, uma nova escola de Ensino Médio administrada pela Igreja.

No dia seguinte à visita ao templo, Mosese foi convidado a falar em uma reunião sacramental dos santos tonganeses da região. Ao se aproximar do púlpito, ele pensou na promessa que George Albert Smith lhe fizera 20 anos antes, quando disse que Mosese iria ao templo sem custo algum. Mosese não havia contado a Chuck Woodworth sobre essa promessa. Quando o jovem pagou a viagem da família Muti ao templo, ele cumpriu a profecia sem saber.

“Sou uma pessoa que testifica das palavras ditas pelo profeta moderno”, disse Mosese à congregação. “Sei que George Albert Smith é um verdadeiro profeta de Deus, pois minha esposa e eu nos tornamos testemunhas de suas palavras.” Falou então do sacrifício de Chuck pela família Muti. “Estamos aqui esta noite por causa do amor eterno de um homem”, testificou ele. “Jamais o esqueceremos em nossa vida, aconteça o que acontecer.”

Uma semana depois, o presidente David O. McKay visitou a Nova Zelândia e dedicou o templo. O prédio cumpriu uma profecia que ele havia feito quase 40 anos antes, quando visitou a Nova Zelândia em sua primeira missão apostólica ao redor do mundo. Naquela época, ele disse a um grupo de santos māori que um dia eles teriam um templo. Seu intérprete durante o discurso foi Stuart Meha, que acabara de traduzir a investidura para o māori.

Ao fazer a oração dedicatória do templo, o presidente McKay prestou homenagem aos missionários e a outros santos que haviam consagrado tudo para construir o templo e outros edifícios da Igreja. “Que cada colaborador seja consolado em espírito e prospere muitas vezes”, orou ele. “Que tenham a certeza de que contam com a gratidão de milhares, talvez milhões, do outro lado, para quem as portas da prisão podem agora ser abertas e a libertação proclamada.”

Mosese e Salavia receberam a investidura e foram selados para o tempo e a eternidade alguns dias depois. Enquanto estava no templo, Mosese sentiu a gloriosa presença de Deus. “Como posso deixar de amar meu Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, com tudo o que tenho, quando sei que Eles estiveram ao meu lado no templo?”, ele disse depois. A experiência deu a ele uma nova perspectiva sobre o plano eterno de Deus.

“Todas as coisas que fiz e faço na Igreja apontam para o templo”, percebeu ele. “É o único lugar sagrado em que uma organização familiar pode ser unida e permanecer intacta para sempre.”

  1. Muti e Muti, Man of Service, p. 154; “J. Archie Cottle and Family Called to Tongan Mission”, Church News, 4 de fevereiro de 1956, p. 10; Woodworth, Diário da missão, 2 de março–1º de junho de 1957; Distrito Niue, Missão Tonganesa, Atas, 27 de junho de 1956, vol. 3, pp. 27–28; “Mission Home”, “West Side of the Chapel”, “Concrete Wall and Part of the Tower; One Classroom and Office” e Partially Finished Mission Home, Fotografias, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja. Tópico: Programa de construção.

  2. Muti e Muti, Man of Service, p. 168; Muti, Livro de recordações, pp. [33], [73]; Woodworth, Diário da missão, 29 de dezembro de 1956; 2 de março de 1957; 1º–3, 9, 13, 15 e 17 de abril de 1957; Charles Woodworth para Marsha Davis, 8 de janeiro de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; Mortensen, Diário da missão, 30 de março e 11 de abril de 1957; Mortensen, “Serving in Paradise”, pp. 20–22.

  3. Muti e Muti, Man of Service, p. 155; Woodworth, Diário da missão, 1º, 4, 9–10, 14, 22 e 30 de julho de 1956; 17 de agosto de 1956; 10 de setembro de 1956; 9 de novembro de 1956; 9 e 13 de dezembro de 1956; 21 de janeiro de 1957; 8–9 de junho de 1957; Charles Woodworth para Marsha Davis, 25 de junho de 1956; 26 de fevereiro de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; Primeira Presidência para os presidentes de missão, 2 de dezembro de 1949, Primeira Presidência, Cartas circulares, Biblioteca de História da Igreja; Muti, Anotações de entrevista [2012].

  4. Muti e Muti, Man of Service, pp. 154–155; Mortensen, “Serving in Paradise”, p. 37; Woodworth, Diário da missão, 17 de setembro de 1955; 22 de outubro de 1955; 7 e 13 de junho de 1956; 5–7, 9, 15, 18–19, 21 e 30 de março de 1957; 30 de julho de 1957; Mortensen, Diário da missão, 3 de setembro de 1956.

  5. Muti e Muti, Man of Service, pp. 126–127, 336–337; Woodworth, Diário da missão, 26 de dezembro de 1956; Harold Lundstrom, “Unification Affects Many Campuses”, Church News, 18 de julho de 1953, p. 9.

  6. Woodworth, Diário da missão, 16 de agosto de 1955; 21 de setembro de 1955; 4–5, 10, 24 e 26 de agosto de 1956; 7 e 9 de novembro de 1956; 8, 13 e 29 de dezembro de 1956; 17–18 de fevereiro de 1956; 31 de março de 1957; 22 de julho de 1957; Muti, Anotações de entrevista [2021], p. 2; Woodworth, Entrevista de história oral, pp. 42, 47, 56; Muti e Muti, Man of Service, pp. 181–182; Macke, “Oral History of Lois Maurine Lambert Woodworth Macke”, p. 13; Charles Woodworth para Marsha Davis, 16 e 25 de agosto de 1956; 8 de janeiro de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja.

  7. Woodworth, Diário da missão, 22 de janeiro de 1956; 19 de novembro de 1956; 2 e 18 de janeiro de 1957; 3 de fevereiro de 1957; 25 de abril de 1957; 5–6 de maio de 1957; Charles Woodworth para Marsha Davis, 8 de janeiro de 1957; Charles Woodworth para Ralph Olson, 17 de fevereiro de 1957; Charles Woodworth para Fred Stone, 26 de fevereiro de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; Dalton, Autobiografia, pp. 1, 4–5, 14–15.

  8. Muti e Muti, Man of Service, pp. 155, 165–166, 182.

  9. Woodworth, Diário da missão, 24 de abril de 1957; 15, 19 e 22 de junho de 1957; Woodworth, Autobiografia, p. 3; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 56; Charles Woodworth para Marsha Davis, 18 de fevereiro de 1957; 18 de junho de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja.

  10. Heaton, História pessoal, vol. 2, p. 116; Jue, Reminiscência, p. 5; Missão China Hong Kong, História manuscrita e relatórios históricos, 26 de maio de 1957; “Local Sister Called to Be a Missionary”, [p. 18].

  11. Heaton, História pessoal, vol. 2, p. 19; Hardy, “Personal History”, vol. 2, p. 87; Heaton e Heaton, Documentary History, p. 175; “Local Sister Called to Be a Missionary”, [p. 18].

  12. Jue, Reminiscência, p. 5; Relatório da Missão do Extremo Oriente Sul Asiático, pp. 16, 19–21.

  13. Jue, Reminiscências da missão, p. 1; Heaton e Heaton, Documentary History, p. 175; Jue, Reminiscência, pp. 1–2; Relatório da Missão do Extremo Oriente Sul Asiático, pp. 16–19; Peterson, “Crisis and Opportunity”, p. 141; Britsch, From the East, pp. 232–233.

  14. Heaton e Heaton, Documentary History, pp. 25, 32, 35–36, 54–55; Heaton, História pessoal, vol. 2, p. 70; Britsch, From the East, pp. 242–243, 251; Allen e Leonard, Story of the Latter-day Saints, p. 568; A Systematic Program for Teaching the Gospel, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1952; Heaton, Entrevista de história oral [Entrevista 3], p. 72. Tópico: Hong Kong.

  15. Britsch, From the East, p. 244; Família Jue, Entrevista de história oral [2019], pp. 56–61; Hardy, “Personal History”, vol. 2, p. 83.

  16. Woodworth, Diário da missão, 15–16 de agosto de 1957; 2 de setembro de 1957; 17 de outubro de 1957; 1º, 16 e 29 de novembro de 1957; 21 de dezembro de 1957; Muti e Muti, Man of Service, p. 201; Muti, Anotações de entrevista [2021], p. 1; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 57; Charles Woodworth para Marsha Davis, 2 de novembro de 1957, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja.

  17. “Chuck Woodworth Quits Ring to Perform Service for Church”, Joplin (MO) Globe, 31 de julho de 1955, p. C2; “Charles Pleases in Ring Exhibitions Here”, Rocky Mountain News (Denver), 30 de abril de 1954, p. 52; “Ezzard Charles”, em Odd, Encyclopedia of Boxing, p. 26; Al Warden, “The Tragedy of Rex Layne”, Ogden (UT) Standard-Examiner, 25 de maio de 1954, p. A8; “Woodworth Set for Ring Return”, Joplin Globe, 9 de janeiro de 1958, p. B2.

  18. Art Grace, “U-M Boxer Started Layne’s Ring Career”, Miami Daily News, 1º de abril de 1953, p. B2; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 63; “Layne, Chuck Tangle in Bout Tonight”, Salt Lake Tribune, 30 de agosto de 1954, p. 25; Al Warden, “The Tragedy of Rex Layne”, Ogden (UT) Standard-Examiner, 25 de maio de 1954, p. A8; “Tale of Tape for Monday’s Woodworth-Layne Scrap”, Salt Lake Tribune, 29 de agosto de 1954, p. B10; “Layne Continues Comeback with Win over Woodworth”, Daily Herald (Provo, UT), 31 de agosto de 1954, p. 6.

  19. Woodworth, Diário da missão, 13 de novembro e 6 de dezembro de 1957; “Kitione Lave—The Tongan Torpedo”, New Zealand Ring, 25 de fevereiro de 1958, p. 5; “Island Boxers Are Doing Well”, Pacific Islands Monthly, abril de 1955, p. 143; “Boxing Youth Prevails”, Times (Londres), 25 de abril de 1956, p. 15; “Grand Slam”, Daily News (Cidade de Nova York), 27 de abril de 1956, p. 72.

  20. Woodworth, Diário da missão, 26 e 30–31 de dezembro de 1957; 3 e 14 de janeiro de 1958; Salavia Muti para Charles Woodworth, 2 de fevereiro de 1958, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja.

  21. Woodworth, Diário da missão, 29 de fevereiro de 1958; Muti, Anotações de entrevista [2021], p. 2; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 64.

  22. “Ringwise American Too Good”, Auckland (Nova Zelândia) Star, 28 de fevereiro de 1958, p. 7; “Return Fight Here Soon for Woodworth and Kitione Lave?” e “Noel Holmes’ Sports Talk”, Auckland Star, 28 de fevereiro de 1958, p. 24; Auckland Boxing Association, “Announcer’s Card”, [27 de fevereiro de 1958], Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; Woodworth, Entrevista de história oral, pp. 60–61; ver também Britsch, “Charles (‘Chuck’) J. Woodworth”, pp. 175–176.

  23. “Ringwise American Too Good”, Auckland (New Zealand) Star, 28 de fevereiro de 1958, p. 7; Woodworth, Entrevista de história oral, pp. 61–63; “Return Fight Here Soon for Woodworth and Kitione Lave?”, Auckland Star, 28 de fevereiro de 1958, p. 24; Woodworth, Diário da missão, 29 de fevereiro de 1958; ver também Britsch, “Charles (‘Chuck’) J. Woodworth”, pp. 175–177.

  24. Mosese Muti para Charles Woodworth, Telegrama, 28 de fevereiro de 1958, Documentos de Charles J. Woodworth, Biblioteca de História da Igreja; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 63; Woodworth, Diário da missão, 29 de fevereiro de 1958.

  25. Kuehne, Henry Burkhardt, pp. 33–34. A Missão Alemanha Oriental passou a se chamar Missão Alemanha Norte em 1957 (Kuehne, Mormons as Citizens of a Communist State, p. 436).

  26. Wilke, Path to the Berlin Wall, pp. 65–66, 122; Trachtenberg, Constructed Peace, pp. 96–103, 146–147, 195, 204–205.

  27. Kuehne, Henry Burkhardt, pp. 13–37; Hall, “The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in the Former East Germany”, pp. 489–495; Alvin R. Dyer para a Primeira Presidência, 25 de outubro de 1960, Primeira Presidência, Correspondência da missão, 1946–1969, Biblioteca de História da Igreja. Tópicos: Guerra fria; Alemanha.

  28. Burkhardt, Diário, 11 de novembro de 1955; Spencer W. Kimball, Diário, 14 de janeiro de 1962; Burkhardt, Entrevista de história oral [1991], pp. 4–8; Kuehne, Henry Burkhardt, p. 42; ver também Kuehne, Mormons as Citizens of a Communist State, pp. 437–439.

  29. Kuehne, Henry Burkhardt, pp. 20–31, 34; Spencer W. Kimball, Diário, 14 de janeiro de 1962.

  30. Kuehne, Henry Burkhardt, pp. 30–35.

  31. Muti, Livro de recordações, [p. 70]; Gordon B. Hinckley, “Temple in the Pacific”, Improvement Era, julho de 1958, pp. 506–508; Theodore L. Cannon, “The President in New Zealand”, Church News, 26 de abril de 1958, pp. 8–9; Theodore L. Cannon, “Inside the New Zealand Temple”, Church News, 19 de abril de 1958, pp. 8–9; Santos, vol. 3, capítulo 39.

  32. Wendell Mendenhall, “Story of New Zealand Temple”, pp. 1–7, em First Session, 20 de abril de 1958, Cerimônia de dedicação do Templo da Nova Zelândia, Biblioteca de História da Igreja; Newton, Tiki and Temple, pp. 226, 232, 242–244, 249–250, 255–256; Cummings, Mighty Missionary of the Pacific, pp. 30, 38–39, 57–68; ver também Gordon T. Allred, “The Great Labor of Love”, Improvement Era, abril de 1958, pp. 229, 269–271. Tópicos: Programa de construção; Escolas da Igreja; Nova Zelândia; Construção de templos.

  33. Muti, Livro de recordações, pp. [70], [84]; Woodworth, Entrevista de história oral, p. 64.

  34. Gordon B. Hinckley, “Temple in the Pacific”, Improvement Era, julho de 1958, pp. 508–509; Santos, vol. 3, capítulo 14; McKay, Diário, 16 de maio de 1957; 18 de junho de 1957; 4, 7 e 15 de novembro de 1957; Newton, Tiki and Temple, p. 257; “Dedicatory Prayer by Pres. McKay”, Church News, 10 de maio de 1958, p. 6. Tópicos: David O. McKay; Dedicações e orações dedicatórias de templos.

  35. Hamilton New Zealand Temple, Temple Records for the Living, 1955–1991, 23 de abril de 1958, microfilme 458.071, FSL; Muti, Livro de recordações, [p. 82]; Muti e Muti, Man of Service, p. 199. Tópico: Selamento.