Lição 19

Abraão 1

Introdução

Enquanto morava em Ur, Abraão buscou as bênçãos do sacerdócio e desejou ser maior seguidor da retidão. No entanto, seus pais haviam se afastado da retidão para adorar falsos deuses. Alguns sacerdotes iníquos tentaram sacrificar Abraão a seus falsos deuses, mas Jeová (Jesus Cristo) o salvou milagrosamente. Depois de contar a história de seu livramento, Abraão explicou as origens do antigo governo do Egito. Também explicou que lhe havia sido confiada pelo Senhor a preservação dos registros sagrados dos justos.

Observação: Em 5 de julho de 1835, Joseph Smith escreveu a respeito do surgimento do livro de Abraão e da importância desses antigos escritos egípcios: “‘Comecei a tradução de alguns dos caracteres hieroglíficos e, para minha grande alegria, descobri que os rolos continham escritos de Abraão. (…) Verdadeiramente posso dizer que o Senhor está começando a revelar a abundância de paz e verdade’ (History of the Church, vol. II, p. 236)” (A Pérola de Grande Valor, Manual do Aluno, manual do Sistema Educacional da Igreja, 2000, p. 28). Algumas pessoas já se perguntaram como o Profeta traduziu os escritos antigos. “O Profeta Joseph Smith não explicou o método de traduzir esses registros. Como acontece com todas as outras escrituras, um testemunho da veracidade desses escritos é basicamente uma questão de fé. A maior evidência da veracidade do livro de Abraão não se encontra em uma análise de suas evidências físicas nem de seu fundo histórico, mas ao ponderar-se fervorosamente o seu conteúdo e poder” (A Pérola de Grande Valor, Manual do Aluno, p. 28). Embora não saibamos exatamente qual foi o método que Joseph Smith usou para traduzir os escritos, sabemos que ele traduziu o livro de Abraão pelo dom e poder de Deus.

Sugestões Didáticas

Abraão 1:1–20

Abraão busca a retidão e é perseguido por falsos sacerdotes

Peça aos alunos que imaginem ter uma amiga que é membro da Igreja e que está tendo uma vida difícil em casa, onde os mandamentos do Senhor são negligenciados e não há apoio para guardá-los. Ela quer receber todas as bênçãos decorrentes de viver o evangelho, mas alguns de seus familiares tornam isso difícil para ela. Na verdade, com frequência a ridicularizam e a desencorajam de viver suas crenças.

• O que vocês diriam a sua amiga para ajudá-la a permanecer fiel? Será que ela pode esperar alcançar o que deseja apesar das circunstâncias em que vive? Por quê?

A situação dessa moça pode ser comparada a de um homem chamado Abraão, que nasceu por volta de 300 anos após o Dilúvio. Peça aos alunos que leiam Abraão 1:1–2 em silêncio e identifiquem as bênçãos espirituais que Abraão desejava e buscava obter. (Enquanto os alunos leem, escreva Desejar e Buscar no quadro.) Depois de dar-lhes tempo suficiente, destaque a frase “tendo eu mesmo sido seguidor da retidão” no versículo 2 e faça as seguintes perguntas:

• Embora Abraão já fosse seguidor da retidão, que bênçãos espirituais ele desejava e buscava obter? (Anote as respostas dos alunos embaixo de “Desejar e Buscar”.)

• De acordo com o versículo 2, por que Abraão desejava essas coisas e buscava obtê-las?

• Quais são alguns sinônimos da palavra desejar?

Para ajudar os alunos a entender melhor o que significa desejar algo, peça a um aluno que leia em voz alta a seguinte declaração do Élder Neal A. Maxwell, do Quórum dos Doze Apóstolos:

“Desejo denota uma vontade ou anseio real. (…)

O que insistentemente desejamos no decorrer da vida é o que acabaremos nos tornando e o que receberemos na eternidade” [“Segundo os Desejos de (Nossos) Corações”, A Liahona, janeiro de 1997, p. 21].

• O que vocês acham que significa “ser maior seguidor da retidão”?

Aponte para a palavra “Buscar” no quadro.

• Quais são alguns sinônimos da palavra buscar?

Para ajudar os alunos a entender o que significa buscar ou procurar, peça a um aluno que leia em voz alta a seguinte explicação do Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze Apóstolos:

“A palavra procurar significa sair em busca, tentar descobrir, esforçar-se por adquirir. Isso requer uma abordagem ativa e vigorosa da vida. (…) É o oposto de esperar passivamente que algo de bom nos aconteça, sem esforço de nossa parte” (“Procurar o Bem”, A Liahona, julho de 1992, p. 91).

Peça a um aluno que leia Abraão 1:3–4 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e procure o que aconteceu a Abraão por ter desejado e buscado as bênçãos do evangelho. Peça aos alunos que relatem o que encontrarem.

Certifique-se de que os alunos entendam que Abraão recebeu o que buscava e que as bênçãos do sacerdócio lhe foram conferidas.

• Com base no que Deus fez por Abraão, o que vocês acham que Deus fará por nós se buscarmos a retidão? (Depois que os alunos responderem, escreva o seguinte princípio no quadro: Se buscarmos a retidão, Deus nos abençoará de acordo com nossos desejos.)

Lembre os alunos da situação que você apresentou no início da aula e faça a seguinte pergunta:

• Como o princípio anotado no quadro pode ajudar sua amiga a permanecer fiel mesmo que a família dela lhe torne difícil viver o evangelho?

Explique-lhes que, embora Abraão buscasse retidão na vida, ele vivia em circunstâncias que tornavam difícil para ele realizar seus desejos justos. Peça a um aluno que leia Abraão 1:5–7 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e identifique as circunstâncias difíceis em que Abraão vivia.

• Quais eram as circunstâncias difíceis que Abraão enfrentava?

• De acordo com os versículos 5 e 7, o que Abraão fez embora vivesse em circunstâncias difíceis? (Procurou ensinar o evangelho a sua família.)

Peça a um aluno que leia Abraão 1:8–11 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e identifique outras circunstâncias difíceis que existiam para Abraão e outras pessoas justas da Caldeia.

• Que circunstâncias difíceis existiam na terra da Caldeia?

• De acordo com o versículo 11, por que as três filhas de Onita foram sacrificadas?

• Com base nos exemplos de Abraão e das três filhas de Onita, o que podemos decidir fazer a despeito das circunstâncias em que vivemos? (Os alunos podem dar várias respostas diferentes. À medida que respondem, ajude-os a identificar o seguinte princípio: Podemos escolher a retidão independentemente das circunstâncias em que vivemos.)

• De que modo a crença nesse princípio pode ajudar sua amiga a continuar a viver o evangelho mesmo que isso lhe seja difícil de fazer?

Peça aos alunos que pensem em uma ocasião em que eles ou alguém que eles conhecem fizeram escolhas justas embora estivessem em circunstâncias difíceis. Convide alguns alunos a contar suas experiências.

Convidar os alunos a compartilhar experiências

Quando os alunos compartilham reflexões e experiências relevantes, isso pode ajudar a ampliar o entendimento que eles têm das doutrinas e dos princípios do evangelho. Quando os alunos compartilham experiências, muitas vezes o Espírito Santo os leva a receber um testemunho mais profundo daquilo que dizem. Pelo poder do Espírito Santo, as palavras e experiências deles podem ter um impacto considerável no coração e na mente de seus colegas.

Peça a um aluno que leia a seguinte declaração do Presidente Joseph Fielding Smith:

“Todos sabemos como é a coragem necessária para opor-nos ao costume e à crença da maioria. Nenhum de nós gosta de ser ridicularizado. Poucos são capazes de se colocar em posição contrária à opinião popular mesmo quando sabem que ela é errada, e é difícil compreender a magnífica coragem mostrada por Abraão em sua profunda obediência a Jeová em meio às circunstâncias à sua volta. Quase não há o que se compare à sua coragem moral, sua fé implícita em Deus, seu destemor em erguer a voz em oposição à iniquidade predominante (O Caminho da Perfeição, p. 86)” (A Pérola de Grande Valor, Manual do Aluno, p. 30).

Peça aos alunos que tracem a meta de fazer escolhas certas independentemente das circunstâncias em que se encontrem. Testifique-lhes que Deus vai abençoá-los ao fazerem essas escolhas certas.

Peça aos alunos que vejam o “Fac-símile do Livro de Abraão, Nº 1”, que se encontra no início do livro de Abraão. Resuma Abraão 1:12–14 e explique que essa gravura representa Abraão no altar e o falso sacerdote preparando-se para sacrificá-lo. A gravura também contém imagens de muitos falsos deuses que as pessoas adoravam na época.

Peça a alguns alunos que se revezem na leitura em voz alta de Abraão 1:15–17. Peça à classe que procure o que aconteceu a Abraão depois que ele foi colocado no altar.

Para ilustrar os acontecimentos descritos em Abraão 1:15–17, você pode mostrar o vídeo “O Livramento de Abraão” (1:31). Esse vídeo pode ser encontrado nos DVDs de Recursos Visuais do Velho Testamento ou no site LDS.org.

• O que aconteceu com Abraão?

• O que Jeová disse a Abraão?

Você pode salientar que as três filhas de Onita deram um exemplo de coragem para Abraão seguir ao recusarem-se a adorar falsos deuses. Aquelas jovens virtuosas preferiram morrer a negar suas crenças ou curvar-se perante ídolos. Abraão seguiu o exemplo de virtude e coragem delas, estando disposto a aceitar o mesmo fim.

Peça aos alunos que leiam Abraão 1:18–19 em silêncio e procurem as promessas que Jeová fez a Abraão. Você pode sugerir que os alunos marquem o que encontrarem.

Peça a um aluno que leia Abraão 1:20 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e identifique o que o Senhor fez depois de livrar Abraão dos sacerdotes iníquos. Peça aos alunos que relatem o que encontrarem. Você pode salientar que o Senhor também enviou uma fome sobre a terra (ver Abraão 1:29–30).

Abraão 1:21–27

Explicam-se as origens do governo do Egito

Resuma Abraão 1:21–24 e explique que, depois do Dilúvio, uma mulher chamada Egitus, que era neta de Noé por intermédio de Cão, estabeleceu-se numa terra com seus filhos. A terra veio a ser chamada de terra do Egito, e o filho mais velho de Egitus, Faraó, estabeleceu o primeiro governo (os líderes do Egito que se seguiram também foram chamados de Faraó). Peça a um aluno que leia Abraão 1:25–27 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e procure como Faraó tentou estabelecer seu reino.

• O que Faraó tentou imitar? [Embora Faraó não tivesse “direito ao sacerdócio”, ele tentou imitar a mesma “ordem (do sacerdócio) estabelecida pelos pais”.]

• De acordo com o versículo 27, no que acabou resultando o fato de ele tentar imitar o sacerdócio?

Você pode explicar que idolatria se refere à adoração de ídolos, deuses falsos e imagens de todo tipo.

Abraão 1:28–31

É confiado a Abraão o encargo de guardar os registros

• O que significa preservar algo? (Manter uma coisa em boas condições ou garantir a continuidade de sua existência. Proteger uma coisa de dano ou perda.)

Pergunte aos alunos como alguém preserva uma carta ou fotografia. Você pode mostrar aos alunos uma carta ou fotografia que você preservou.

Peça a um aluno que leia Abraão 1:28 em voz alta. Peça à classe que acompanhe a leitura e observe o que o Senhor ordenou que Abraão fizesse. (Você pode ter que explicar aos alunos que a palavra delinear significa descrever detalhadamente.) Peça-lhes que compartilhem o que encontrarem.

Peça a outro aluno que leia Abraão 1:31 em voz alta. Peça aos alunos que identifiquem o que continham aqueles registros preservados.

• O que foi preservado nos registros guardados por Abraão? (Informações sobre o direito ao sacerdócio e conhecimento do início da criação, dos planetas e das estrelas.)

• Como a posteridade de Abraão se beneficiaria com o conhecimento dessas verdades?

Convide os alunos a contarem algo que aprenderam na lição de hoje. Você pode também convidá-los a prestar testemunho dos princípios abordados ao estudarem Abraão 1.

Comentários e Informações Históricas

Abraão 1:2. Qual era “o direito que pertencia aos pais”?

O Presidente Ezra Taft Benson ensinou:

“A ordem do sacerdócio de que falam as escrituras também é às vezes citada como a ordem patriarcal, porque foi conferida de pai para filho. (…)

Abraão, um servo justo de Deus, desejando, conforme diz, ‘ser maior seguidor da retidão’, buscou obter [as bênçãos eternas associadas ao sacerdócio]. Falando da ordem do sacerdócio, ele disse: ‘Foi-me conferido pelos pais; veio dos pais desde o princípio do tempo, sim, desde o princípio, ou seja, antes da fundação da Terra até o presente, sim, o direito do primogênito, ou seja, do primeiro homem, que é Adão, ou seja, o primeiro pai; e por meio dos pais até mim’ (Abraão 1:2–3)” (“O Que Se Espera Que Ensineis a Vossos Filhos sobre o Templo”, A Liahona, abril/maio de 1986, p. 1).

Abraão 1:3. Quem conferiu o sacerdócio a Abraão?

O registro de Abraão mostra que seus pais tinham-se “afastado de sua retidão” (Abraão 1:5) e, portanto, não podiam conferir-lhe o santo sacerdócio. Por isso, Abraão não recebeu o sacerdócio de seu pai Terá. Mas Abraão se tornou um “herdeiro legítimo” do sacerdócio graças a sua retidão e “[buscou] as bênçãos dos pais” que possuíam o sacerdócio (Abraão 1:2). Doutrina e Convênios 84:14–16 explica que “Abraão recebeu o Sacerdócio de Melquisedeque, que o recebeu por meio da linhagem de seus pais, até Noé”, que o havia recebido por meio da linhagem de seus pais, que remontava até a Enoque e Adão.

O Profeta Joseph Smith também mencionou o relacionamento de Abraão com o justo patriarca Melquisedeque ao escrever: “Abraão diz a Melquisedeque: Creio em tudo que me ensinaste a respeito do sacerdócio e da vinda do Filho do Homem; então Melquisedeque ordenou Abraão e o despediu. Abraão regozijou-se, dizendo: Agora tenho o sacerdócio” (History of the Church, vol. V, p. 555).

Abraão 1:8–11. Sacrifício humano egípcio

O Presidente Joseph Fielding Smith, comentando sobre os sacrifícios humanos que ocorriam na época de Abraão, escreveu:

“Abraão era a [décima] geração de Noé. Várias centenas de anos haviam-se passado após o Dilúvio, e o povo multiplicara-se, alastrando-se sobre a face da Terra. Foram estabelecidas as civilizações do Egito, da Caldeia, da Assíria e as pequenas nações de Canaã. Com essa dispersão, o verdadeiro culto ao Pai quase foi perdido. O sacrifício instituído nos dias de Adão e continuado na prática e nos ensinamentos de Noé, à semelhança do grande sacrifício do Filho do Homem, foi pervertido. Em vez de oferecer animais limpos, tais como cordeiros ou bois, as nações apóstatas perderam-se na descrença, chegando ao ponto de oferecer sacrifício humano a seus falsos deuses” (O Caminho da Perfeição, 1953, p. 82).